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Cai chefe da Polícia Rodoviária Federal que declarou pesar à morte de agente com covid-19 e irritou Bolsonaro


Na reunião ministerial de 22 de abril, presidente conta que ligou para Adriano Furtado, então comandante da corporação, para reclamar da manifestação

Por Rayssa Motta
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Adriano Furtado, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Twitter

Marcos Roberto Tokumori tinha 53 anos quando foi vítima de coronavírus. Após passar 23 dias na UTI, o agente administrativo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) morreu em 21 de abril. Tokumori integrava a corporação em Santa Catarina há seis anos e é um dos mais de 22 mil brasileiros que não resistiram às complicações da doença.

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"O que era difícil de se imaginar, hoje se tornou uma triste realidade para todos nós. A doença, a COVID-19, não escolhe sexo, idade, raça ou profissão", declarou, em nota, o então diretor-geral da corporação, Adriano Furtado, após tomar conhecimento da morte do agente.

Leia o texto completo:

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Reprodução/PRF Foto: Estadão

A nota foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro em um dos trechos da reunião ministerial de 22 de abril, que teve o conteúdo tornado público na sexta-feira, 22.

Bolsonaro interrompe o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, que falava sobre a importância do governo mostrar controle na condução da epidemia, e menciona a manifestação da PRF.

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"Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era COVID-19", começou o presidente.

Em seguida, o presidente reclama que na nota não havia menções a fatores de risco que pudessem ter agravado o quadro do agente. "Ali na nota dele só saiu CODIV-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar CODJV-19, mas bota também tinha fibrose nu... montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população", diz Bolsonaro aos ministros.

"A gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população", encerrou o presidente.

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O Estadão conversou com a mulher do agente, Ana Paula Gomes. Ela conta que recebeu condolências do presidente 'através do ministro [Sérgio Moro] para o diretor'. Para ela, Bolsonaro 'faz uma coisa e fala outra'. "Como uma simples nota enviada por qualquer empresa sobre um falecimento faria tamanha confusão. Desculpe mas pense se alguém pode ser condenado de fato por isso?", conta Ana Paula, que não quis falar mais sobre o caso. Foram os colegas de trabalho do agente administrativo que cuidaram do velório.

O diretor da PRF, Adriano Furtado, responsável pela nota, foi desligado da chefia da corporação na última sexta, 22. A substituição segue outras mudanças nos quadros de comando da Segurança Pública após o pedido de demissão de Sérgio Moro. Em publicação no Twitter, Furtado agradeceu a oportunidade ao presidente e desejou sorte ao sucessor, Eduardo Aggio.

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Adriano Furtado, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Twitter

Marcos Roberto Tokumori tinha 53 anos quando foi vítima de coronavírus. Após passar 23 dias na UTI, o agente administrativo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) morreu em 21 de abril. Tokumori integrava a corporação em Santa Catarina há seis anos e é um dos mais de 22 mil brasileiros que não resistiram às complicações da doença.

"O que era difícil de se imaginar, hoje se tornou uma triste realidade para todos nós. A doença, a COVID-19, não escolhe sexo, idade, raça ou profissão", declarou, em nota, o então diretor-geral da corporação, Adriano Furtado, após tomar conhecimento da morte do agente.

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Reprodução/PRF Foto: Estadão

A nota foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro em um dos trechos da reunião ministerial de 22 de abril, que teve o conteúdo tornado público na sexta-feira, 22.

Bolsonaro interrompe o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, que falava sobre a importância do governo mostrar controle na condução da epidemia, e menciona a manifestação da PRF.

"Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era COVID-19", começou o presidente.

Em seguida, o presidente reclama que na nota não havia menções a fatores de risco que pudessem ter agravado o quadro do agente. "Ali na nota dele só saiu CODIV-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar CODJV-19, mas bota também tinha fibrose nu... montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população", diz Bolsonaro aos ministros.

"A gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população", encerrou o presidente.

O Estadão conversou com a mulher do agente, Ana Paula Gomes. Ela conta que recebeu condolências do presidente 'através do ministro [Sérgio Moro] para o diretor'. Para ela, Bolsonaro 'faz uma coisa e fala outra'. "Como uma simples nota enviada por qualquer empresa sobre um falecimento faria tamanha confusão. Desculpe mas pense se alguém pode ser condenado de fato por isso?", conta Ana Paula, que não quis falar mais sobre o caso. Foram os colegas de trabalho do agente administrativo que cuidaram do velório.

O diretor da PRF, Adriano Furtado, responsável pela nota, foi desligado da chefia da corporação na última sexta, 22. A substituição segue outras mudanças nos quadros de comando da Segurança Pública após o pedido de demissão de Sérgio Moro. Em publicação no Twitter, Furtado agradeceu a oportunidade ao presidente e desejou sorte ao sucessor, Eduardo Aggio.

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Adriano Furtado, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Twitter

Marcos Roberto Tokumori tinha 53 anos quando foi vítima de coronavírus. Após passar 23 dias na UTI, o agente administrativo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) morreu em 21 de abril. Tokumori integrava a corporação em Santa Catarina há seis anos e é um dos mais de 22 mil brasileiros que não resistiram às complicações da doença.

"O que era difícil de se imaginar, hoje se tornou uma triste realidade para todos nós. A doença, a COVID-19, não escolhe sexo, idade, raça ou profissão", declarou, em nota, o então diretor-geral da corporação, Adriano Furtado, após tomar conhecimento da morte do agente.

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Reprodução/PRF Foto: Estadão

A nota foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro em um dos trechos da reunião ministerial de 22 de abril, que teve o conteúdo tornado público na sexta-feira, 22.

Bolsonaro interrompe o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, que falava sobre a importância do governo mostrar controle na condução da epidemia, e menciona a manifestação da PRF.

"Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era COVID-19", começou o presidente.

Em seguida, o presidente reclama que na nota não havia menções a fatores de risco que pudessem ter agravado o quadro do agente. "Ali na nota dele só saiu CODIV-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar CODJV-19, mas bota também tinha fibrose nu... montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população", diz Bolsonaro aos ministros.

"A gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população", encerrou o presidente.

O Estadão conversou com a mulher do agente, Ana Paula Gomes. Ela conta que recebeu condolências do presidente 'através do ministro [Sérgio Moro] para o diretor'. Para ela, Bolsonaro 'faz uma coisa e fala outra'. "Como uma simples nota enviada por qualquer empresa sobre um falecimento faria tamanha confusão. Desculpe mas pense se alguém pode ser condenado de fato por isso?", conta Ana Paula, que não quis falar mais sobre o caso. Foram os colegas de trabalho do agente administrativo que cuidaram do velório.

O diretor da PRF, Adriano Furtado, responsável pela nota, foi desligado da chefia da corporação na última sexta, 22. A substituição segue outras mudanças nos quadros de comando da Segurança Pública após o pedido de demissão de Sérgio Moro. Em publicação no Twitter, Furtado agradeceu a oportunidade ao presidente e desejou sorte ao sucessor, Eduardo Aggio.

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