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Empresários que doaram R$ 1,3 mi a Bolsonaro mandaram 87 caminhões para atos antidemocráticos


Integrantes da família Bedin, que tiveram bloqueio de bens decretado por Alexandre de Moraes, são donos de 15 dos 87 veículos ligados a doadores já identificados; protestos com interdição de rodovias foram retomados nesta sexta

Por Luiz Vassallo, Pepita Ortega e Rayssa Motta
Atualização:
Apoiadores de Bolsonaro protestam contra o resultado das eleições presidenciais em frente ao Quartel General do Exército em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

Mais de um terço dos 234 caminhões que se dirigiram a Brasília para atos antidemocráticos em frente ao QG do Exército após o resultado do segundo turno das eleições de 2022 pertence a empresários que doaram R$ 1,3 milhão para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são donos de 87 veículos investigados pelos bloqueios e manifestações.

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É o que mostra um levantamento do Estadão com base em documentos da Polícia Civil do Distrito Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maior parte dos integrantes desta lista teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A suspeita é de que eles sejam financiadores de atos considerados ilegais nas estradas, retomados nesta sexta-feira, 18, após a liberação completa de bloqueios e interdições anunciada pela Polícia Rodoviária Federal no último dia 9.

Campeã em número de caminhões presentes nos atos da capital federal e de integrantes do clã investigados pelo Supremo, a família Bedin, tradicional do agronegócio de soja em Sorriso, em Mato Grosso, doou R$ 160 mil ao presidente, em repasses à campanha feitos por Sérgio e Luciano Bedin. Nos protestos monitorados em Brasília, 15 caminhões pertenciam aos Bedin.

O patriarca da família, Argino Bedin, um dos maiores produtores da região, recebeu Jair Bolsonaro em setembro de 2020 em uma visita da comitiva presidencial com a presença do então ministro Tarcísio de Freitas (governador eleito de São Paulo) e o general Augusto Heleno, do GSI. Em entrevista à agência de jornalismo investigativo Joio e o Trigo, o empresário disse que defende o capitão até "debaixo d'água".

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Somente em capital social, empresas dos Bedin somam mais de R$ 35 milhões - entre elas, há shoppings, uma universidade privada em Sorriso, e empresas de imóveis pessoais. Da família, além de Argino, Rafael, Roberta e Sergio Bedin tiveram seus bens bloqueados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Assédio eleitoral

O agropecuarista Victor Cezar Priori não foi atingido pela ordem de bloqueio de Moraes, mas é um dos mais expressivos doadores e fornecedores de caminhões para os atos que se dirigiram ao quartel do Exército e à Esplanada dos Ministérios. Doou R$ 300 mil à campanha do presidente e seis veículos listados pela Polícia Civil ao STF estão em seu nome.

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Em novembro, Priori foi notificado pela Justiça do Trabalho para que parasse de constranger funcionários a participar dos bloqueios ilegais nas estradas. As denúncias de assédio foram feitas pelos próprios empregados e, se Priori descumpri-las, a Justiça deve impor multa de até R$ 100 mil. Ele chegou a ser filmado em atos nas rodovias. O empresário atua na região de Jataí, no interior de Goiás, e é dono de empresas que tem um capital somado de R$ 41 milhões.

Atílio Rovaris foi o campeão de uma das categorias de UTV do rally dos Sertões de 2022, em uma prova de 4,5 mil quilômetros e mais de nove horas de duração. Ele também é empresário do agronegócio, e participou de pelo menos uma reunião entre representantes do ramo com o presidente Jair Bolsonaro no primeiro semestre deste ano. Doou R$ 500 mil à campanha de seu aliado. Individualmente, foi o maior valor oferecido ao atual chefe do Executivo.

Sua transportadora é proprietária de pelo menos seis caminhões identificados nos atos antidemocráticos pela Polícia Civil de Brasília. Rovaris teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Assim como os Bedins, suas empresas ficam em Sorriso (MT).

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No topo da lista das ordens de bloqueio de Moraes está a empresa Agritex, do empresário de Mato Grosso Gerson Luis Garbuio. Somadas, todas as empresas de Garbuio são donas de 14 caminhões flagrados em atos pela polícia. Outros alvos da investigação doaram quantias irrisórias, como R$ 1 ou R$ 2.

Os 234 caminhões listados pela Polícia Civil ao STF foram enviados para atos que se concentraram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O documento lista veículos com placas do DF e de dez Estados - Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O governo do DF, no entanto, não apontou nomes de líderes das manifestações.

O comandante-geral da PM do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, alegou que o movimento em curso desde o dia 1º diante de unidades militares 'não permite atribuir, categoricamente, o status de liderança a nenhum cidadão, por não haver entidades estruturadas na mobilização dos atos'.

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Em sua decisão, o ministro destacou o papel dos financiadores dos bloqueios em rodovias e atos em frente a quartéis do Exército. Segundo Moraes, o "potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos". O ministro ainda destaca que eles "possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas".

"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", anotou.

Procurada, a família Bedin não se manifestou. Gerson Garbuio e Atílio Rovaris também não responderam até a publicação desta reportagem.

Apoiadores de Bolsonaro protestam contra o resultado das eleições presidenciais em frente ao Quartel General do Exército em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

Mais de um terço dos 234 caminhões que se dirigiram a Brasília para atos antidemocráticos em frente ao QG do Exército após o resultado do segundo turno das eleições de 2022 pertence a empresários que doaram R$ 1,3 milhão para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são donos de 87 veículos investigados pelos bloqueios e manifestações.

É o que mostra um levantamento do Estadão com base em documentos da Polícia Civil do Distrito Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maior parte dos integrantes desta lista teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A suspeita é de que eles sejam financiadores de atos considerados ilegais nas estradas, retomados nesta sexta-feira, 18, após a liberação completa de bloqueios e interdições anunciada pela Polícia Rodoviária Federal no último dia 9.

Campeã em número de caminhões presentes nos atos da capital federal e de integrantes do clã investigados pelo Supremo, a família Bedin, tradicional do agronegócio de soja em Sorriso, em Mato Grosso, doou R$ 160 mil ao presidente, em repasses à campanha feitos por Sérgio e Luciano Bedin. Nos protestos monitorados em Brasília, 15 caminhões pertenciam aos Bedin.

O patriarca da família, Argino Bedin, um dos maiores produtores da região, recebeu Jair Bolsonaro em setembro de 2020 em uma visita da comitiva presidencial com a presença do então ministro Tarcísio de Freitas (governador eleito de São Paulo) e o general Augusto Heleno, do GSI. Em entrevista à agência de jornalismo investigativo Joio e o Trigo, o empresário disse que defende o capitão até "debaixo d'água".

Somente em capital social, empresas dos Bedin somam mais de R$ 35 milhões - entre elas, há shoppings, uma universidade privada em Sorriso, e empresas de imóveis pessoais. Da família, além de Argino, Rafael, Roberta e Sergio Bedin tiveram seus bens bloqueados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Assédio eleitoral

O agropecuarista Victor Cezar Priori não foi atingido pela ordem de bloqueio de Moraes, mas é um dos mais expressivos doadores e fornecedores de caminhões para os atos que se dirigiram ao quartel do Exército e à Esplanada dos Ministérios. Doou R$ 300 mil à campanha do presidente e seis veículos listados pela Polícia Civil ao STF estão em seu nome.

Em novembro, Priori foi notificado pela Justiça do Trabalho para que parasse de constranger funcionários a participar dos bloqueios ilegais nas estradas. As denúncias de assédio foram feitas pelos próprios empregados e, se Priori descumpri-las, a Justiça deve impor multa de até R$ 100 mil. Ele chegou a ser filmado em atos nas rodovias. O empresário atua na região de Jataí, no interior de Goiás, e é dono de empresas que tem um capital somado de R$ 41 milhões.

Atílio Rovaris foi o campeão de uma das categorias de UTV do rally dos Sertões de 2022, em uma prova de 4,5 mil quilômetros e mais de nove horas de duração. Ele também é empresário do agronegócio, e participou de pelo menos uma reunião entre representantes do ramo com o presidente Jair Bolsonaro no primeiro semestre deste ano. Doou R$ 500 mil à campanha de seu aliado. Individualmente, foi o maior valor oferecido ao atual chefe do Executivo.

Sua transportadora é proprietária de pelo menos seis caminhões identificados nos atos antidemocráticos pela Polícia Civil de Brasília. Rovaris teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Assim como os Bedins, suas empresas ficam em Sorriso (MT).

No topo da lista das ordens de bloqueio de Moraes está a empresa Agritex, do empresário de Mato Grosso Gerson Luis Garbuio. Somadas, todas as empresas de Garbuio são donas de 14 caminhões flagrados em atos pela polícia. Outros alvos da investigação doaram quantias irrisórias, como R$ 1 ou R$ 2.

Os 234 caminhões listados pela Polícia Civil ao STF foram enviados para atos que se concentraram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O documento lista veículos com placas do DF e de dez Estados - Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O governo do DF, no entanto, não apontou nomes de líderes das manifestações.

O comandante-geral da PM do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, alegou que o movimento em curso desde o dia 1º diante de unidades militares 'não permite atribuir, categoricamente, o status de liderança a nenhum cidadão, por não haver entidades estruturadas na mobilização dos atos'.

Em sua decisão, o ministro destacou o papel dos financiadores dos bloqueios em rodovias e atos em frente a quartéis do Exército. Segundo Moraes, o "potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos". O ministro ainda destaca que eles "possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas".

"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", anotou.

Procurada, a família Bedin não se manifestou. Gerson Garbuio e Atílio Rovaris também não responderam até a publicação desta reportagem.

Apoiadores de Bolsonaro protestam contra o resultado das eleições presidenciais em frente ao Quartel General do Exército em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

Mais de um terço dos 234 caminhões que se dirigiram a Brasília para atos antidemocráticos em frente ao QG do Exército após o resultado do segundo turno das eleições de 2022 pertence a empresários que doaram R$ 1,3 milhão para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são donos de 87 veículos investigados pelos bloqueios e manifestações.

É o que mostra um levantamento do Estadão com base em documentos da Polícia Civil do Distrito Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maior parte dos integrantes desta lista teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A suspeita é de que eles sejam financiadores de atos considerados ilegais nas estradas, retomados nesta sexta-feira, 18, após a liberação completa de bloqueios e interdições anunciada pela Polícia Rodoviária Federal no último dia 9.

Campeã em número de caminhões presentes nos atos da capital federal e de integrantes do clã investigados pelo Supremo, a família Bedin, tradicional do agronegócio de soja em Sorriso, em Mato Grosso, doou R$ 160 mil ao presidente, em repasses à campanha feitos por Sérgio e Luciano Bedin. Nos protestos monitorados em Brasília, 15 caminhões pertenciam aos Bedin.

O patriarca da família, Argino Bedin, um dos maiores produtores da região, recebeu Jair Bolsonaro em setembro de 2020 em uma visita da comitiva presidencial com a presença do então ministro Tarcísio de Freitas (governador eleito de São Paulo) e o general Augusto Heleno, do GSI. Em entrevista à agência de jornalismo investigativo Joio e o Trigo, o empresário disse que defende o capitão até "debaixo d'água".

Somente em capital social, empresas dos Bedin somam mais de R$ 35 milhões - entre elas, há shoppings, uma universidade privada em Sorriso, e empresas de imóveis pessoais. Da família, além de Argino, Rafael, Roberta e Sergio Bedin tiveram seus bens bloqueados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Assédio eleitoral

O agropecuarista Victor Cezar Priori não foi atingido pela ordem de bloqueio de Moraes, mas é um dos mais expressivos doadores e fornecedores de caminhões para os atos que se dirigiram ao quartel do Exército e à Esplanada dos Ministérios. Doou R$ 300 mil à campanha do presidente e seis veículos listados pela Polícia Civil ao STF estão em seu nome.

Em novembro, Priori foi notificado pela Justiça do Trabalho para que parasse de constranger funcionários a participar dos bloqueios ilegais nas estradas. As denúncias de assédio foram feitas pelos próprios empregados e, se Priori descumpri-las, a Justiça deve impor multa de até R$ 100 mil. Ele chegou a ser filmado em atos nas rodovias. O empresário atua na região de Jataí, no interior de Goiás, e é dono de empresas que tem um capital somado de R$ 41 milhões.

Atílio Rovaris foi o campeão de uma das categorias de UTV do rally dos Sertões de 2022, em uma prova de 4,5 mil quilômetros e mais de nove horas de duração. Ele também é empresário do agronegócio, e participou de pelo menos uma reunião entre representantes do ramo com o presidente Jair Bolsonaro no primeiro semestre deste ano. Doou R$ 500 mil à campanha de seu aliado. Individualmente, foi o maior valor oferecido ao atual chefe do Executivo.

Sua transportadora é proprietária de pelo menos seis caminhões identificados nos atos antidemocráticos pela Polícia Civil de Brasília. Rovaris teve suas contas bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Assim como os Bedins, suas empresas ficam em Sorriso (MT).

No topo da lista das ordens de bloqueio de Moraes está a empresa Agritex, do empresário de Mato Grosso Gerson Luis Garbuio. Somadas, todas as empresas de Garbuio são donas de 14 caminhões flagrados em atos pela polícia. Outros alvos da investigação doaram quantias irrisórias, como R$ 1 ou R$ 2.

Os 234 caminhões listados pela Polícia Civil ao STF foram enviados para atos que se concentraram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O documento lista veículos com placas do DF e de dez Estados - Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O governo do DF, no entanto, não apontou nomes de líderes das manifestações.

O comandante-geral da PM do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, alegou que o movimento em curso desde o dia 1º diante de unidades militares 'não permite atribuir, categoricamente, o status de liderança a nenhum cidadão, por não haver entidades estruturadas na mobilização dos atos'.

Em sua decisão, o ministro destacou o papel dos financiadores dos bloqueios em rodovias e atos em frente a quartéis do Exército. Segundo Moraes, o "potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos". O ministro ainda destaca que eles "possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas".

"Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas", anotou.

Procurada, a família Bedin não se manifestou. Gerson Garbuio e Atílio Rovaris também não responderam até a publicação desta reportagem.

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