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Brancos, homens, héteros: o perfil da maioria dos juízes, segundo o CNJ


Censo do Conselho Nacional de Justiça ouviu magistrados estaduais, federais, militares e do Trabalho em todo o País

Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:
Último censo do CNJ foi realizado em 2013. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ 

Homens brancos, héterossexuais, formados em universidades públicas e egressos de famílias escolarizadas. Esse é o retrato do Judiciário no Brasil encontrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O CNJ, órgão que administra o Poder Judiciário, consultou todos os tribunais do País para produzir um levantamento sobre o perfil de magistrados e servidores.

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O resultado é que 82,7% dos magistrados são brancos, 59,6% são homens, 94,6% heterossexuais e 52,1% concluíram o curso de Direito em universidades públicas.

O Supremo Tribunal Federal (STF), instituição de cúpula do Judiciário, é um espelho dos dados encontrados. Com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, no final do mês, a Corte terá apenas uma mulher - Cármen Lúcia - na composição. Todos os 11 ministros são brancos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido pressionado por setores progressistas para escolher uma mulher negra para a vaga de Rosa Weber. Lula evitou se comprometer com a indicação. Aliados argumentam que a fidelidade é o primeiro critério para a escolha. Reconhecem, no entanto, que se não indicar uma mulher, Lula precisará enfrentar o ônus de ter reduzido a já desequilibrada representação de gênero no tribunal.

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também reflete a desigualdade de gênero e raça no Judiciário. O único ministro negro é Benedito Gonçalves. Das 33 cadeiras, apenas seis são ocupadas por mulheres. Se for aprovada na sabatina no Senado, a advogada Daniela Teixeira se somará ao colegiado.

Para a advogada Luciana Zaffalon, diretora-executiva do JUSTA, centro de pesquisas sobre economia política da justiça, o problema é estrutural. Levantamento feito pela entidade aponta que seis Tribunais de Justiça do País nunca foram presididos por mulheres.

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“O que os dados do CNJ nos mostram é que, no que se refere à proteção da igualdade de direitos, princípio fundamental previsto na Constituição Federal e em diversos tratados internacionais, o Judiciário é, antes de tudo, parte do problema”, afirma.

O último Censo do Judiciário foi feito em 2013. O perfil da magistratura permaneceu praticamente o mesmo nos últimos dez anos. O CNJ quer usar as informações para melhorar ações afirmativas. A consulta vai até sexta-feira, 22, mas um relatório parcial já foi divulgado.

Antes mesmo da consolidação dos resultados, o Conselho Nacional de Justiça, na gestão de Rosa Weber, aprovou cotas para indígenas nos concursos para a magistratura. Apenas 0,3% dos magistrados se declararam indígenas. Cotas para negros existem desde 2015.

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Como uma de suas últimas medidas na presidência do CNJ, Rosa Weber pautou também uma proposta para garantir a paridade de gênero nos tribunais de segunda instância. A votação está prevista para ser concluída na próxima semana. A tendência é que a nova regra seja aprovada. Conselheiros avaliam que é o momento de abandonar a retórica e adotar uma postura resolutiva.

Outros dados sobre o perfil dos magistrados brasileiros do Censo do Judiciário 2023:

A maioria têm entre 35 e 45 anos e pai e mãe com ensino superior;

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  • 97,1% não têm deficiência;
  • 55% são católicos;
  • 79,9% são casados;
  • 47,2% estão insatisfeitos na carreira;
  • 79,7% acham que trabalham demais;
  • 73,9% acham que recebem pouco;
  • 87,8% não pretendem deixar a magistratura.
Último censo do CNJ foi realizado em 2013. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ 

Homens brancos, héterossexuais, formados em universidades públicas e egressos de famílias escolarizadas. Esse é o retrato do Judiciário no Brasil encontrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O CNJ, órgão que administra o Poder Judiciário, consultou todos os tribunais do País para produzir um levantamento sobre o perfil de magistrados e servidores.

O resultado é que 82,7% dos magistrados são brancos, 59,6% são homens, 94,6% heterossexuais e 52,1% concluíram o curso de Direito em universidades públicas.

O Supremo Tribunal Federal (STF), instituição de cúpula do Judiciário, é um espelho dos dados encontrados. Com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, no final do mês, a Corte terá apenas uma mulher - Cármen Lúcia - na composição. Todos os 11 ministros são brancos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido pressionado por setores progressistas para escolher uma mulher negra para a vaga de Rosa Weber. Lula evitou se comprometer com a indicação. Aliados argumentam que a fidelidade é o primeiro critério para a escolha. Reconhecem, no entanto, que se não indicar uma mulher, Lula precisará enfrentar o ônus de ter reduzido a já desequilibrada representação de gênero no tribunal.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também reflete a desigualdade de gênero e raça no Judiciário. O único ministro negro é Benedito Gonçalves. Das 33 cadeiras, apenas seis são ocupadas por mulheres. Se for aprovada na sabatina no Senado, a advogada Daniela Teixeira se somará ao colegiado.

Para a advogada Luciana Zaffalon, diretora-executiva do JUSTA, centro de pesquisas sobre economia política da justiça, o problema é estrutural. Levantamento feito pela entidade aponta que seis Tribunais de Justiça do País nunca foram presididos por mulheres.

“O que os dados do CNJ nos mostram é que, no que se refere à proteção da igualdade de direitos, princípio fundamental previsto na Constituição Federal e em diversos tratados internacionais, o Judiciário é, antes de tudo, parte do problema”, afirma.

O último Censo do Judiciário foi feito em 2013. O perfil da magistratura permaneceu praticamente o mesmo nos últimos dez anos. O CNJ quer usar as informações para melhorar ações afirmativas. A consulta vai até sexta-feira, 22, mas um relatório parcial já foi divulgado.

Antes mesmo da consolidação dos resultados, o Conselho Nacional de Justiça, na gestão de Rosa Weber, aprovou cotas para indígenas nos concursos para a magistratura. Apenas 0,3% dos magistrados se declararam indígenas. Cotas para negros existem desde 2015.

Como uma de suas últimas medidas na presidência do CNJ, Rosa Weber pautou também uma proposta para garantir a paridade de gênero nos tribunais de segunda instância. A votação está prevista para ser concluída na próxima semana. A tendência é que a nova regra seja aprovada. Conselheiros avaliam que é o momento de abandonar a retórica e adotar uma postura resolutiva.

Outros dados sobre o perfil dos magistrados brasileiros do Censo do Judiciário 2023:

A maioria têm entre 35 e 45 anos e pai e mãe com ensino superior;

  • 97,1% não têm deficiência;
  • 55% são católicos;
  • 79,9% são casados;
  • 47,2% estão insatisfeitos na carreira;
  • 79,7% acham que trabalham demais;
  • 73,9% acham que recebem pouco;
  • 87,8% não pretendem deixar a magistratura.
Último censo do CNJ foi realizado em 2013. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ 

Homens brancos, héterossexuais, formados em universidades públicas e egressos de famílias escolarizadas. Esse é o retrato do Judiciário no Brasil encontrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O CNJ, órgão que administra o Poder Judiciário, consultou todos os tribunais do País para produzir um levantamento sobre o perfil de magistrados e servidores.

O resultado é que 82,7% dos magistrados são brancos, 59,6% são homens, 94,6% heterossexuais e 52,1% concluíram o curso de Direito em universidades públicas.

O Supremo Tribunal Federal (STF), instituição de cúpula do Judiciário, é um espelho dos dados encontrados. Com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, no final do mês, a Corte terá apenas uma mulher - Cármen Lúcia - na composição. Todos os 11 ministros são brancos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido pressionado por setores progressistas para escolher uma mulher negra para a vaga de Rosa Weber. Lula evitou se comprometer com a indicação. Aliados argumentam que a fidelidade é o primeiro critério para a escolha. Reconhecem, no entanto, que se não indicar uma mulher, Lula precisará enfrentar o ônus de ter reduzido a já desequilibrada representação de gênero no tribunal.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também reflete a desigualdade de gênero e raça no Judiciário. O único ministro negro é Benedito Gonçalves. Das 33 cadeiras, apenas seis são ocupadas por mulheres. Se for aprovada na sabatina no Senado, a advogada Daniela Teixeira se somará ao colegiado.

Para a advogada Luciana Zaffalon, diretora-executiva do JUSTA, centro de pesquisas sobre economia política da justiça, o problema é estrutural. Levantamento feito pela entidade aponta que seis Tribunais de Justiça do País nunca foram presididos por mulheres.

“O que os dados do CNJ nos mostram é que, no que se refere à proteção da igualdade de direitos, princípio fundamental previsto na Constituição Federal e em diversos tratados internacionais, o Judiciário é, antes de tudo, parte do problema”, afirma.

O último Censo do Judiciário foi feito em 2013. O perfil da magistratura permaneceu praticamente o mesmo nos últimos dez anos. O CNJ quer usar as informações para melhorar ações afirmativas. A consulta vai até sexta-feira, 22, mas um relatório parcial já foi divulgado.

Antes mesmo da consolidação dos resultados, o Conselho Nacional de Justiça, na gestão de Rosa Weber, aprovou cotas para indígenas nos concursos para a magistratura. Apenas 0,3% dos magistrados se declararam indígenas. Cotas para negros existem desde 2015.

Como uma de suas últimas medidas na presidência do CNJ, Rosa Weber pautou também uma proposta para garantir a paridade de gênero nos tribunais de segunda instância. A votação está prevista para ser concluída na próxima semana. A tendência é que a nova regra seja aprovada. Conselheiros avaliam que é o momento de abandonar a retórica e adotar uma postura resolutiva.

Outros dados sobre o perfil dos magistrados brasileiros do Censo do Judiciário 2023:

A maioria têm entre 35 e 45 anos e pai e mãe com ensino superior;

  • 97,1% não têm deficiência;
  • 55% são católicos;
  • 79,9% são casados;
  • 47,2% estão insatisfeitos na carreira;
  • 79,7% acham que trabalham demais;
  • 73,9% acham que recebem pouco;
  • 87,8% não pretendem deixar a magistratura.

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