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Opinião|Cíntia Chagas, o discurso de divisão de gênero e a perpetuação da violência contra a mulher


As circunstâncias mostram que a lei pode e deve ser aplicada a todas as mulheres, indistintamente, até mesmo aquelas que acreditam que um indivíduo pode se sobressair a outro. Nunca é tarde para compreender a importância de refletir sobre as dinâmicas de poder estabelecidas e, mais importante, dar voz à todas as vítimas

Por Beatriz Daguer
Atualização:

O recente caso envolvendo a influenciadora Cíntia Chagas trouxe à tona discussões relevantes sobre a efetividade da Lei Maria da Penha e a importância de conscientização sobre os papéis de gênero. O Brasil, que apresenta números alarmantes de violência de gênero, conta com um relevante aparato de leis e medidas que podem ser aplicadas após a prática das diversas formas de violência contra a mulher (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral).

Assistir a uma mulher famosa e de alta classe social ser vítima de agressão física e psicológica pelo marido é algo que nos faz questionar o quão difícil é identificar e romper o ciclo da violência. A situação posta reverberou principalmente porque Cíntia publicou um vídeo viralizado alguns meses antes afirmando que “mulheres deveriam ser submissas aos seus maridos”, propagando a ideia de divisão de funções e reforço de estereótipos que confinam as mulheres ao ambiente doméstico, que está ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, notadamente por intermédio de influenciadoras digitais.

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Como exemplo, a crescente cultura das “tradwifes” (ou esposas tradicionais) representa um movimento social e cultural que preconiza o retorno a papéis de gênero tradicionais, em que a mulher se dedica exclusivamente às funções de dona de casa, mãe e esposa, e o homem assume o papel de provedor, reforçando assim um papel estigmatizante, de controle e opressão que configura grande retrocesso aos direitos conquistados pelas mulheres.

Nesse contexto, o cuidado é visto como algo inerente à figura feminina e ao mesmo tempo coloca sua capacidade e contribuições como menos importante que a dos homens. Além disso, tanto divisão sexual do trabalho quanto a dupla jornada vivenciada pelas mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho, são fatores que contribuem para a desigualdade de oportunidades no ingresso e progressão da carreira.

Dentre as inúmeras repercussões trazidas por esse padrão, nota-se um fortalecimento da ideia de que os cuidados com os filhos e com a casa são exclusivos das mulheres e sustenta a noção de invisibilidade do trabalho doméstico. Além disso, esses movimentos e discursos colocam a submissão feminina como uma virtude e encoraja mulheres a aceitarem a autoridade do homem como líder, o que incentiva posições de desigualdade e abusos nos relacionamentos, romantizando a dependência emocional e financeira.

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A exemplo de Cíntia Chagas, que conta hoje com um público de mais de seis milhões de seguidores e ostenta vida de luxo em suas redes sociais, é evidente que, em um país tão desigual, muitas das pessoas que a assistem concordam com tais ideias não seriam capazes de contar com o mesmo aparato jurídico, psicológico e financeiro para denunciar um relacionamento abusivo e buscar assistência.

E é exatamente esse ponto que merece reflexão: quando figuras públicas propagam a submissão como sendo um ideal de feminilidade, as mulheres que a assistem e enfrentam abusos dentro de suas casas – sejam eles explícitos ou implícitos – podem se sentir mais pressionadas a aceitar essa dinâmica de poder e acabam por internalizar esses valores, normalizar condutas e ingressar em um espaço de vulnerabilidade emocional e de dependência financeira, que constitui um dos principais problemas para a manutenção desses relacionamentos.

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A desconstrução da concepção de papéis de gênero é essencial para garantir que as mulheres possam ter autonomia, exercendo plenamente sua liberdade e poder de escolha, estimulando o pensamento crítico e buscando espaços sociais, sem esquecer a importância de construção do alicerce familiar.

As circunstâncias mostram que a lei pode e deve ser aplicada a todas as mulheres, indistintamente, até mesmo aquelas que acreditam que um indivíduo pode se sobressair a outro. Nunca é tarde para compreender a importância de refletir sobre as dinâmicas de poder estabelecidas e, mais importante, dar voz à todas as vítimas, que não se calem diante dos abusos vivenciados em relações disfuncionais.

O recente caso envolvendo a influenciadora Cíntia Chagas trouxe à tona discussões relevantes sobre a efetividade da Lei Maria da Penha e a importância de conscientização sobre os papéis de gênero. O Brasil, que apresenta números alarmantes de violência de gênero, conta com um relevante aparato de leis e medidas que podem ser aplicadas após a prática das diversas formas de violência contra a mulher (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral).

Assistir a uma mulher famosa e de alta classe social ser vítima de agressão física e psicológica pelo marido é algo que nos faz questionar o quão difícil é identificar e romper o ciclo da violência. A situação posta reverberou principalmente porque Cíntia publicou um vídeo viralizado alguns meses antes afirmando que “mulheres deveriam ser submissas aos seus maridos”, propagando a ideia de divisão de funções e reforço de estereótipos que confinam as mulheres ao ambiente doméstico, que está ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, notadamente por intermédio de influenciadoras digitais.

Como exemplo, a crescente cultura das “tradwifes” (ou esposas tradicionais) representa um movimento social e cultural que preconiza o retorno a papéis de gênero tradicionais, em que a mulher se dedica exclusivamente às funções de dona de casa, mãe e esposa, e o homem assume o papel de provedor, reforçando assim um papel estigmatizante, de controle e opressão que configura grande retrocesso aos direitos conquistados pelas mulheres.

Nesse contexto, o cuidado é visto como algo inerente à figura feminina e ao mesmo tempo coloca sua capacidade e contribuições como menos importante que a dos homens. Além disso, tanto divisão sexual do trabalho quanto a dupla jornada vivenciada pelas mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho, são fatores que contribuem para a desigualdade de oportunidades no ingresso e progressão da carreira.

Dentre as inúmeras repercussões trazidas por esse padrão, nota-se um fortalecimento da ideia de que os cuidados com os filhos e com a casa são exclusivos das mulheres e sustenta a noção de invisibilidade do trabalho doméstico. Além disso, esses movimentos e discursos colocam a submissão feminina como uma virtude e encoraja mulheres a aceitarem a autoridade do homem como líder, o que incentiva posições de desigualdade e abusos nos relacionamentos, romantizando a dependência emocional e financeira.

A exemplo de Cíntia Chagas, que conta hoje com um público de mais de seis milhões de seguidores e ostenta vida de luxo em suas redes sociais, é evidente que, em um país tão desigual, muitas das pessoas que a assistem concordam com tais ideias não seriam capazes de contar com o mesmo aparato jurídico, psicológico e financeiro para denunciar um relacionamento abusivo e buscar assistência.

E é exatamente esse ponto que merece reflexão: quando figuras públicas propagam a submissão como sendo um ideal de feminilidade, as mulheres que a assistem e enfrentam abusos dentro de suas casas – sejam eles explícitos ou implícitos – podem se sentir mais pressionadas a aceitar essa dinâmica de poder e acabam por internalizar esses valores, normalizar condutas e ingressar em um espaço de vulnerabilidade emocional e de dependência financeira, que constitui um dos principais problemas para a manutenção desses relacionamentos.

A desconstrução da concepção de papéis de gênero é essencial para garantir que as mulheres possam ter autonomia, exercendo plenamente sua liberdade e poder de escolha, estimulando o pensamento crítico e buscando espaços sociais, sem esquecer a importância de construção do alicerce familiar.

As circunstâncias mostram que a lei pode e deve ser aplicada a todas as mulheres, indistintamente, até mesmo aquelas que acreditam que um indivíduo pode se sobressair a outro. Nunca é tarde para compreender a importância de refletir sobre as dinâmicas de poder estabelecidas e, mais importante, dar voz à todas as vítimas, que não se calem diante dos abusos vivenciados em relações disfuncionais.

O recente caso envolvendo a influenciadora Cíntia Chagas trouxe à tona discussões relevantes sobre a efetividade da Lei Maria da Penha e a importância de conscientização sobre os papéis de gênero. O Brasil, que apresenta números alarmantes de violência de gênero, conta com um relevante aparato de leis e medidas que podem ser aplicadas após a prática das diversas formas de violência contra a mulher (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral).

Assistir a uma mulher famosa e de alta classe social ser vítima de agressão física e psicológica pelo marido é algo que nos faz questionar o quão difícil é identificar e romper o ciclo da violência. A situação posta reverberou principalmente porque Cíntia publicou um vídeo viralizado alguns meses antes afirmando que “mulheres deveriam ser submissas aos seus maridos”, propagando a ideia de divisão de funções e reforço de estereótipos que confinam as mulheres ao ambiente doméstico, que está ganhando cada vez mais espaço em nossa sociedade, notadamente por intermédio de influenciadoras digitais.

Como exemplo, a crescente cultura das “tradwifes” (ou esposas tradicionais) representa um movimento social e cultural que preconiza o retorno a papéis de gênero tradicionais, em que a mulher se dedica exclusivamente às funções de dona de casa, mãe e esposa, e o homem assume o papel de provedor, reforçando assim um papel estigmatizante, de controle e opressão que configura grande retrocesso aos direitos conquistados pelas mulheres.

Nesse contexto, o cuidado é visto como algo inerente à figura feminina e ao mesmo tempo coloca sua capacidade e contribuições como menos importante que a dos homens. Além disso, tanto divisão sexual do trabalho quanto a dupla jornada vivenciada pelas mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho, são fatores que contribuem para a desigualdade de oportunidades no ingresso e progressão da carreira.

Dentre as inúmeras repercussões trazidas por esse padrão, nota-se um fortalecimento da ideia de que os cuidados com os filhos e com a casa são exclusivos das mulheres e sustenta a noção de invisibilidade do trabalho doméstico. Além disso, esses movimentos e discursos colocam a submissão feminina como uma virtude e encoraja mulheres a aceitarem a autoridade do homem como líder, o que incentiva posições de desigualdade e abusos nos relacionamentos, romantizando a dependência emocional e financeira.

A exemplo de Cíntia Chagas, que conta hoje com um público de mais de seis milhões de seguidores e ostenta vida de luxo em suas redes sociais, é evidente que, em um país tão desigual, muitas das pessoas que a assistem concordam com tais ideias não seriam capazes de contar com o mesmo aparato jurídico, psicológico e financeiro para denunciar um relacionamento abusivo e buscar assistência.

E é exatamente esse ponto que merece reflexão: quando figuras públicas propagam a submissão como sendo um ideal de feminilidade, as mulheres que a assistem e enfrentam abusos dentro de suas casas – sejam eles explícitos ou implícitos – podem se sentir mais pressionadas a aceitar essa dinâmica de poder e acabam por internalizar esses valores, normalizar condutas e ingressar em um espaço de vulnerabilidade emocional e de dependência financeira, que constitui um dos principais problemas para a manutenção desses relacionamentos.

A desconstrução da concepção de papéis de gênero é essencial para garantir que as mulheres possam ter autonomia, exercendo plenamente sua liberdade e poder de escolha, estimulando o pensamento crítico e buscando espaços sociais, sem esquecer a importância de construção do alicerce familiar.

As circunstâncias mostram que a lei pode e deve ser aplicada a todas as mulheres, indistintamente, até mesmo aquelas que acreditam que um indivíduo pode se sobressair a outro. Nunca é tarde para compreender a importância de refletir sobre as dinâmicas de poder estabelecidas e, mais importante, dar voz à todas as vítimas, que não se calem diante dos abusos vivenciados em relações disfuncionais.

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