O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário, afastou o juiz Sandro Nunes Vieira, da 1.ª Vara Federal de Paranaguá, no Paraná, por suspeita de envolvimento na campanha do Partido Liberal para desacreditar as urnas eletrônicas.
O Estadão busca contato com o magistrado. O espaço está aberto para manifestação.
O juiz Sandro Vieira foi citado no relatório final do inquérito do golpe, elaborado pela Polícia Federal, que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de 36 aliados.
O afastamento foi determinado pelo ministro Mauro Campbell, corregedor nacional de Justiça, em uma decisão sigilosa. O ministro despachou após ter sido notificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a conduta do magistrado.
O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) também abriu um processo administrativo para verificar a conduta do juiz. Procurada, a Corte informou que vai cumprir todas as determinações do CNJ.
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O relatório da Polícia Federal afirma que Sandro Vieira “atuou de forma ilegal e clandestina, ao assessorar o Partido Liberal na representação eleitoral contra as urnas eletrônicas”.
O PL foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em R$ 22,9 milhões por questionar a segurança das urnas e pedir a anulação de parte dos votos após o segundo turno. Os ministros concluíram que houve “má-fé” do partido de Bolsonaro.
O juiz foi citado em conversas entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, em novembro de 2022. As mensagens indicam que o magistrado pediu para não ter o nome vinculado à campanha do PL contra as urnas. Os investigadores também encontraram arquivo em pdf intitulado “nota juiz sandro vieira nunes”.
Sandro Vieira atuou junto ao Tribunal Superior Eleitoral entre 2019 e agosto de 2022.