A Corregedoria da Polícia Federal (PF) pediu esclarecimentos ao perito Willy Hauffe Neto, presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), depois que a entidade divulgou uma nota questionando a análise do vídeo das hostilidades ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no aeroporto de Roma.
As filmagens não passaram por perícia técnica. Um agente da corporação foi quem produziu o relatório entregue ao Supremo no mês passado. A análise foi feita a partir de cada frame do vídeo. Como as imagens não têm som, o trabalho levou em conta expressões corporais e reações dos funcionários e de passageiros do aeroporto.
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“É preocupante que procedimentos não periciais possam ser recepcionados como se fossem ‘prova pericial’, uma vez que não atendem às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter, obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos peritos oficiais de natureza criminal”, diz um trecho da nota divulgada pela entidade no último dia 6.
A iniciativa levou a Polícia Federal a abrir um registro de fato disciplinar. Isso significa que o caso está em análise preliminar. A associação foi notificada para prestar esclarecimentos e, a partir das informações, que já foram enviadas, a Corregedoria da PF vai decidir se abre ou não um processo administrativo. O procedimento foi relevado pela revista Veja e confirmado pelo Estadão.
O relatório das imagens, compartilhadas por autoridades italianas, concluiu que o empresário Roberto Mantovani ‘aparentemente’ bateu com ‘hostilidade’ no rosto do filho de Moraes.
A PF afirma que uma instrução normativa do diretor-geral da corporação, Andrei Passos, publicada em julho, autorizou servidores designados pelo delegado do caso a produzirem relatórios de provas audiovisuais, exceto quando houver questionamento sobre a autenticidade do material.
Uma ala da Polícia Federal recebeu mal a reação dos peritos. A avaliação é que, mesmo indiretamente, a nota divulgada deu munição à defesa dos empresários. Para os investigadores, embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, já há provas suficientes para uma condenação.
COM A PALAVRA, WILLY HAUFFE NETO
A reportagem do Estadão tentou contato com o presidente da Associação dos Peritos Criminais da PF, que não se manifestou.