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Opinião|Cuidados com o sol na cabeça: exposição prolongada pode trazer riscos ao cérebro


Por Feres Chaddad*

A chegada do verão e as ondas de calor extremo são pontos importantes de atenção, mas não apenas pelo risco de câncer de pele, queimaduras, insolações e desidratação. Esta época do ano faz com que mais pessoas enfrentem perigos associados à exposição solar prolongada e sem proteção, que pode, inclusive, afetar o cérebro e causar danos neurológicos graves.

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível Foto: Marcos de Paula/Estadão

Efeitos do sol no cérebro

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Temperaturas extremas podem provocar danos às células, proteínas e até mesmo ao DNA, de forma significativa. Isso porque o corpo humano funciona adequadamente apenas entre 36,7°C e 37,5°C, graças ao sistema nervoso central que trabalha para coordenar o controle térmico dos órgãos para evitar danos.

Termorreceptores, presentes em nossa pele e órgãos internos, enviam sinais para o córtex tátil do cérebro, o que nos permite perceber o calor e reagir sobre ele. Há também um termostato localizado no hipotálamo, que detecta a temperatura corporal central e ativa, se necessário, sistemas autônomos para resfriar o corpo (transpiração ou dilatação dos vasos sanguíneos).

Outro efeito importante, apontado no estudo “Direct exposure of the head to solar heat radiation impairs motor-cognitive performance”, da revista Nature, diz que radiação solar pode aumentar a temperatura cerebral além da temperatura central do corpo, uma vez que pode penetrar e aquecer o tecido subjacente.

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Prejuízos na coordenação e produtividade

O artigo da Nature ainda evidencia que essa exposição prolongada provoca uma elevação da temperatura central em 1°C, com prejuízos que vão desde desconforto e diminuição da capacidade de trabalho físico, até ao aumento da morbilidade para trabalhadores que sofrem regularmente de hipertermia e maior mortalidade para cidadãos vulneráveis durante ondas de calor.

Em alta incidência, os raios solares podem também acarretar danos neurológicos a longo prazo, como disfunção do cerebelo, hipocampo, mesencéfalo e tálamo, comprometendo a memória, os movimentos dos olhos, a integração de informações auditivas, a retransmissão de sistemas sensitivos, o controle da motricidade (extrapiramidal), o comportamento emocional e o grau de ativação do córtex.

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Aumento do risco de AVC

Segundo a pesquisa “Ambient heat exposure after the rainy season is associated with an increased risk of Stroke”, publicada no European Heart Journal em fevereiro deste ano, o clima quente e a exteriorização intensa ao sol na região da cabeça, especialmente em idosos, também estão associados a acidentes vasculares cerebrais (AVC). O trabalho incluiu participantes de 65 anos ou mais que foram transportados para hospitais de emergência entre 2012 e 2019 com início do AVC nos meses seguintes à estação chuvosa e mostrou que para cada aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de visitas hospitalares.

Feres Chaddad Foto: Divulgação
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Sintomas iniciais e preocupantes

Os sintomas mais comuns são tonturas, fadiga, náuseas e/ou dor de cabeça, que podem evoluir para aumento da temperatura corporal. Alerta-se para confusão e desorientação mental, que pode se manifestar com mudanças de humor extremas, dificuldade de processamento de informações e até incapacidade de coordenar movimentos.

Prevenção

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Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível, assim como manter a ingestão hídrica, pois a desidratação é um preditor indireto para hipotensão e AVC do tipo isquêmico, e resfriar o corpo em caso de aumento da temperatura. Sob qualquer mal-estar ou alteração neurológica, deve-se procurar atendimento médico de emergência.

As pesquisas sobre os efeitos da exposição ao sol ao longo dos anos ainda são muito recentes, mas, diante das alterações climáticas que temos vivenciado, existe a necessidade de incluir o efeito do aquecimento radiativo da luz solar na cabeça e pescoço em futuras avaliações científicas.

*Feres Chaddad é professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo

A chegada do verão e as ondas de calor extremo são pontos importantes de atenção, mas não apenas pelo risco de câncer de pele, queimaduras, insolações e desidratação. Esta época do ano faz com que mais pessoas enfrentem perigos associados à exposição solar prolongada e sem proteção, que pode, inclusive, afetar o cérebro e causar danos neurológicos graves.

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível Foto: Marcos de Paula/Estadão

Efeitos do sol no cérebro

Temperaturas extremas podem provocar danos às células, proteínas e até mesmo ao DNA, de forma significativa. Isso porque o corpo humano funciona adequadamente apenas entre 36,7°C e 37,5°C, graças ao sistema nervoso central que trabalha para coordenar o controle térmico dos órgãos para evitar danos.

Termorreceptores, presentes em nossa pele e órgãos internos, enviam sinais para o córtex tátil do cérebro, o que nos permite perceber o calor e reagir sobre ele. Há também um termostato localizado no hipotálamo, que detecta a temperatura corporal central e ativa, se necessário, sistemas autônomos para resfriar o corpo (transpiração ou dilatação dos vasos sanguíneos).

Outro efeito importante, apontado no estudo “Direct exposure of the head to solar heat radiation impairs motor-cognitive performance”, da revista Nature, diz que radiação solar pode aumentar a temperatura cerebral além da temperatura central do corpo, uma vez que pode penetrar e aquecer o tecido subjacente.

Prejuízos na coordenação e produtividade

O artigo da Nature ainda evidencia que essa exposição prolongada provoca uma elevação da temperatura central em 1°C, com prejuízos que vão desde desconforto e diminuição da capacidade de trabalho físico, até ao aumento da morbilidade para trabalhadores que sofrem regularmente de hipertermia e maior mortalidade para cidadãos vulneráveis durante ondas de calor.

Em alta incidência, os raios solares podem também acarretar danos neurológicos a longo prazo, como disfunção do cerebelo, hipocampo, mesencéfalo e tálamo, comprometendo a memória, os movimentos dos olhos, a integração de informações auditivas, a retransmissão de sistemas sensitivos, o controle da motricidade (extrapiramidal), o comportamento emocional e o grau de ativação do córtex.

Aumento do risco de AVC

Segundo a pesquisa “Ambient heat exposure after the rainy season is associated with an increased risk of Stroke”, publicada no European Heart Journal em fevereiro deste ano, o clima quente e a exteriorização intensa ao sol na região da cabeça, especialmente em idosos, também estão associados a acidentes vasculares cerebrais (AVC). O trabalho incluiu participantes de 65 anos ou mais que foram transportados para hospitais de emergência entre 2012 e 2019 com início do AVC nos meses seguintes à estação chuvosa e mostrou que para cada aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de visitas hospitalares.

Feres Chaddad Foto: Divulgação

Sintomas iniciais e preocupantes

Os sintomas mais comuns são tonturas, fadiga, náuseas e/ou dor de cabeça, que podem evoluir para aumento da temperatura corporal. Alerta-se para confusão e desorientação mental, que pode se manifestar com mudanças de humor extremas, dificuldade de processamento de informações e até incapacidade de coordenar movimentos.

Prevenção

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível, assim como manter a ingestão hídrica, pois a desidratação é um preditor indireto para hipotensão e AVC do tipo isquêmico, e resfriar o corpo em caso de aumento da temperatura. Sob qualquer mal-estar ou alteração neurológica, deve-se procurar atendimento médico de emergência.

As pesquisas sobre os efeitos da exposição ao sol ao longo dos anos ainda são muito recentes, mas, diante das alterações climáticas que temos vivenciado, existe a necessidade de incluir o efeito do aquecimento radiativo da luz solar na cabeça e pescoço em futuras avaliações científicas.

*Feres Chaddad é professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo

A chegada do verão e as ondas de calor extremo são pontos importantes de atenção, mas não apenas pelo risco de câncer de pele, queimaduras, insolações e desidratação. Esta época do ano faz com que mais pessoas enfrentem perigos associados à exposição solar prolongada e sem proteção, que pode, inclusive, afetar o cérebro e causar danos neurológicos graves.

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível Foto: Marcos de Paula/Estadão

Efeitos do sol no cérebro

Temperaturas extremas podem provocar danos às células, proteínas e até mesmo ao DNA, de forma significativa. Isso porque o corpo humano funciona adequadamente apenas entre 36,7°C e 37,5°C, graças ao sistema nervoso central que trabalha para coordenar o controle térmico dos órgãos para evitar danos.

Termorreceptores, presentes em nossa pele e órgãos internos, enviam sinais para o córtex tátil do cérebro, o que nos permite perceber o calor e reagir sobre ele. Há também um termostato localizado no hipotálamo, que detecta a temperatura corporal central e ativa, se necessário, sistemas autônomos para resfriar o corpo (transpiração ou dilatação dos vasos sanguíneos).

Outro efeito importante, apontado no estudo “Direct exposure of the head to solar heat radiation impairs motor-cognitive performance”, da revista Nature, diz que radiação solar pode aumentar a temperatura cerebral além da temperatura central do corpo, uma vez que pode penetrar e aquecer o tecido subjacente.

Prejuízos na coordenação e produtividade

O artigo da Nature ainda evidencia que essa exposição prolongada provoca uma elevação da temperatura central em 1°C, com prejuízos que vão desde desconforto e diminuição da capacidade de trabalho físico, até ao aumento da morbilidade para trabalhadores que sofrem regularmente de hipertermia e maior mortalidade para cidadãos vulneráveis durante ondas de calor.

Em alta incidência, os raios solares podem também acarretar danos neurológicos a longo prazo, como disfunção do cerebelo, hipocampo, mesencéfalo e tálamo, comprometendo a memória, os movimentos dos olhos, a integração de informações auditivas, a retransmissão de sistemas sensitivos, o controle da motricidade (extrapiramidal), o comportamento emocional e o grau de ativação do córtex.

Aumento do risco de AVC

Segundo a pesquisa “Ambient heat exposure after the rainy season is associated with an increased risk of Stroke”, publicada no European Heart Journal em fevereiro deste ano, o clima quente e a exteriorização intensa ao sol na região da cabeça, especialmente em idosos, também estão associados a acidentes vasculares cerebrais (AVC). O trabalho incluiu participantes de 65 anos ou mais que foram transportados para hospitais de emergência entre 2012 e 2019 com início do AVC nos meses seguintes à estação chuvosa e mostrou que para cada aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de visitas hospitalares.

Feres Chaddad Foto: Divulgação

Sintomas iniciais e preocupantes

Os sintomas mais comuns são tonturas, fadiga, náuseas e/ou dor de cabeça, que podem evoluir para aumento da temperatura corporal. Alerta-se para confusão e desorientação mental, que pode se manifestar com mudanças de humor extremas, dificuldade de processamento de informações e até incapacidade de coordenar movimentos.

Prevenção

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível, assim como manter a ingestão hídrica, pois a desidratação é um preditor indireto para hipotensão e AVC do tipo isquêmico, e resfriar o corpo em caso de aumento da temperatura. Sob qualquer mal-estar ou alteração neurológica, deve-se procurar atendimento médico de emergência.

As pesquisas sobre os efeitos da exposição ao sol ao longo dos anos ainda são muito recentes, mas, diante das alterações climáticas que temos vivenciado, existe a necessidade de incluir o efeito do aquecimento radiativo da luz solar na cabeça e pescoço em futuras avaliações científicas.

*Feres Chaddad é professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo

A chegada do verão e as ondas de calor extremo são pontos importantes de atenção, mas não apenas pelo risco de câncer de pele, queimaduras, insolações e desidratação. Esta época do ano faz com que mais pessoas enfrentem perigos associados à exposição solar prolongada e sem proteção, que pode, inclusive, afetar o cérebro e causar danos neurológicos graves.

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível Foto: Marcos de Paula/Estadão

Efeitos do sol no cérebro

Temperaturas extremas podem provocar danos às células, proteínas e até mesmo ao DNA, de forma significativa. Isso porque o corpo humano funciona adequadamente apenas entre 36,7°C e 37,5°C, graças ao sistema nervoso central que trabalha para coordenar o controle térmico dos órgãos para evitar danos.

Termorreceptores, presentes em nossa pele e órgãos internos, enviam sinais para o córtex tátil do cérebro, o que nos permite perceber o calor e reagir sobre ele. Há também um termostato localizado no hipotálamo, que detecta a temperatura corporal central e ativa, se necessário, sistemas autônomos para resfriar o corpo (transpiração ou dilatação dos vasos sanguíneos).

Outro efeito importante, apontado no estudo “Direct exposure of the head to solar heat radiation impairs motor-cognitive performance”, da revista Nature, diz que radiação solar pode aumentar a temperatura cerebral além da temperatura central do corpo, uma vez que pode penetrar e aquecer o tecido subjacente.

Prejuízos na coordenação e produtividade

O artigo da Nature ainda evidencia que essa exposição prolongada provoca uma elevação da temperatura central em 1°C, com prejuízos que vão desde desconforto e diminuição da capacidade de trabalho físico, até ao aumento da morbilidade para trabalhadores que sofrem regularmente de hipertermia e maior mortalidade para cidadãos vulneráveis durante ondas de calor.

Em alta incidência, os raios solares podem também acarretar danos neurológicos a longo prazo, como disfunção do cerebelo, hipocampo, mesencéfalo e tálamo, comprometendo a memória, os movimentos dos olhos, a integração de informações auditivas, a retransmissão de sistemas sensitivos, o controle da motricidade (extrapiramidal), o comportamento emocional e o grau de ativação do córtex.

Aumento do risco de AVC

Segundo a pesquisa “Ambient heat exposure after the rainy season is associated with an increased risk of Stroke”, publicada no European Heart Journal em fevereiro deste ano, o clima quente e a exteriorização intensa ao sol na região da cabeça, especialmente em idosos, também estão associados a acidentes vasculares cerebrais (AVC). O trabalho incluiu participantes de 65 anos ou mais que foram transportados para hospitais de emergência entre 2012 e 2019 com início do AVC nos meses seguintes à estação chuvosa e mostrou que para cada aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de visitas hospitalares.

Feres Chaddad Foto: Divulgação

Sintomas iniciais e preocupantes

Os sintomas mais comuns são tonturas, fadiga, náuseas e/ou dor de cabeça, que podem evoluir para aumento da temperatura corporal. Alerta-se para confusão e desorientação mental, que pode se manifestar com mudanças de humor extremas, dificuldade de processamento de informações e até incapacidade de coordenar movimentos.

Prevenção

Evitar o contato com os raios solares sem a proteção necessária e fora dos horários seguros é imprescindível, assim como manter a ingestão hídrica, pois a desidratação é um preditor indireto para hipotensão e AVC do tipo isquêmico, e resfriar o corpo em caso de aumento da temperatura. Sob qualquer mal-estar ou alteração neurológica, deve-se procurar atendimento médico de emergência.

As pesquisas sobre os efeitos da exposição ao sol ao longo dos anos ainda são muito recentes, mas, diante das alterações climáticas que temos vivenciado, existe a necessidade de incluir o efeito do aquecimento radiativo da luz solar na cabeça e pescoço em futuras avaliações científicas.

*Feres Chaddad é professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo

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