Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
Em sua delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco afirmou que o ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada também fez parte do esquema de propinas na companhia. Segundo o delator, Zelada teria recebido os pagamentos enquanto ocupava o cargo de gerente.
Zelada sucedeu Nestor Cerveró na Diretoria de Internacional. Cerveró está preso desde janeiro na Custódia da Polícia Federal no Paraná, sob suspeita de ter recebido R$ 30 milhões em propinas.
"Que Jorge Zelada, á época em que foi Gerente Geral das obras que a engenharia fazia para a Área de Exploração e Produção, era beneficiário na divisão de propinas, mas em poucos casos", diz o termo de colaboração. "Não sabe dizer se Jorge Zelada, já na condição de Diretor Internacional, recebeu vantagem indevida."
Barusco contou que entregou R$ 120 mil, em mãos, na casa de Zelada. Ele não soube afirmar quanto dinheiro o ex-diretor recebeu indevidamente. O ex-gerente da Petrobrás disse acreditar que Zelada recebeu propina no exterior, pois ambos tinham conta no mesmo banco, na Suíça.
"Que o declarante (Pedro Barusco) recebia em nome de Jorge Zelada, mas na realidade fazia um "encontro de contas" com ele, pois Zelada negociava propinas diretamente junto a algumas empresas que não sabe dizer quais, em contratos na Área de Exploração e Produção", diz Barusco.
Zelada substitui Nestor Cerveró no cargo em 2008. Indicado por lideranças do PMDB, ele permaneceu na direção da área Internacional até julho de 2012.
O ex-gerente da estatal contou ainda que, ao assumir a Diretoria Internacional, Zelada convidou o funcionário Roberto Gonçalves para o cargo de gerente executivo.
Segundo Barusco, o funcionário Roberto Gonçalves também participou do esquema de propina. O delator afirmou que Gonçalves recebeu "muito pouco" em duas negociações de propina. Menos de US$ 1 milhão da Engevix e mais de US$ 1 milhão da SeteBrasil.
"Que se recorda que houve um projeto de cascos do pré-sal que Roberto participou e houve ajuste para recebimento de propina da Engevix, sendo o contrato no âmbito da Diretoria de Exploração e Produção; que neste caso, acredita que Roberto tratava diretamente com Milton Pascovitch, operador da Engevix", disse.
Em maio de 2014, Jorge Zelada prestou depoimento à CPI da Petrobrás no Senado. Na ocasião, ele afirmou que uma decisão da Justiça validou o laudo da arbitragem favorável à compra a segunda metade de Pasadena. Segundo o ex-diretor, a decisão da arbitragem foi de fazer a compra com o valor abaixo do que tinha sido negociado inicialmente. "O acordo final, depois que saíram todas as decisões judiciais, foi conduzido pela área Corporativa da Petrobras", afirmou.
COM A PALAVRA, A ENGEVIX.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Engevix informou. "As relações entre as empresas do Grupo Engevix e de Milton Pascowitch existem há 17 anos. Ele prestou e presta serviços às empresas do Grupo."
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