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Em depoimento sobre milícias digitais, Heleno disse ter sido informado por grupo extremista de intenções contra o STF


Ministro-militar declarou ter mantido contato temporário com integrantes do 300 do Brasil porque 'vislumbrava possibilidade de conflito'

Por Weslley Galzo/Brasília e Rayssa Motta/São Paulo

Um relatório da Polícia Federal (PF) disponibilizado nesta quinta-feira, 10, conta com depoimento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, no qual ele declara ter realizado ao menos uma reunião com o grupo extremista 300 do Brasil, que já protagonizou ataques com fogos de artifício à sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro também disse ter designado um funcionário do seu gabinete para atuar como interlocutor do governo junto aos militantes. Durante a oitiva, em dezembro do ano passado, o ministro-militar afirmou ter mantido contato temporário com os ativistas porque "vislumbrava possibilidade de conflito".

As declarações de Heleno foram colhidas pela delegada da PF Denisse Dias Rosas no âmbito do inquérito das milícias digitais em curso no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As provas reunidas até o momento e o relatório da investigação foram disponibilizados na noite desta quinta ao magistrado para que dê encaminhamentos.

Segundo Heleno, as "ações hostis" dos 300 do Brasil "contra jornalistas que acompanhavam o dia a dia do presidente" não eram de interesse do governo. O ministro justificou, então, ter decidido promover uma reunião em seu gabinete no GSI para mitigar tais atos. No encontro, que durou aproximadamente uma hora, os militantes teriam mencionado o interesse em adotar "posturas contra o STF", mas o general disse à PF ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra a instituição.

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Além do grupo extremista, o ministro disse ter recebido em seu gabinete o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas não lembrava do que teriam tratado naquela ocasião. Segundo Heleno, o influenciador - atualmente foragido nos Estados Unidos - "era uma pessoa que tinha acesso ao presidente".

No depoimento, Heleno justificou que o contato com os extremistas era necessário diante da possibilidade de ataque, por isso era preciso "que houvesse uma posição pacífica de tal grupo para que o Governo Federal pudesse avançar nas negociações junto aos outros poderes". Durante o período que os 300 do Brasil permaneceu ativo, sob o comando da extremista e ex-bolsonarista Sara Winter, o Palácio do Planalto radicalizou o discurso contra o STF.

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O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, conversa com o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O ministro afirmou ter entrado em contato com a líder do grupo durante as manifestações antidemocráticas de 2020. Em um dos atos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, a milhares de manifestantes que pediam por intervenção militar. Na ocasião, o chefe do Executivo declarou que o governo não iria "negociar nada".

Diante das ofensivas dos 300 do Brasil às instituições democráticas, Heleno disse à PF ter nomeado o capitão de fragata Flávio Almeida, que atua na comunicação do GSI, para manter contato com o grupo e "evitar ações radicais dos militantes".

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Durante a oitiva, a PF chegou a questionar se o ministro esteve envolvido nos ataques com fogos de artifício ao STF, em junho de 2020. Ele negou a participação. O general também negou quando foi indagado sobre a realização de algum tipo de orientação, apoio ou estímulo aos grupos responsáveis por ataques aos ministros da Suprema Corte e ao deputado federal Rodrigo Maia (sem partido-RJ), à época presidente da Câmara.

No final da oitiva, a delegada da PF informou ao ministro ter dados que indicam a existência de pessoas ligadas a Bolsonaro responsáveis por orientar ações virtuais, inclusive com ataques à honra, contra desafetos e opositores ao governo. Indagado, Heleno respondeu que "tais dados não parecem ser verdadeiros".

COM A PALAVRA, O GENERAL AUGUSTO HELENO

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A reportagem entrou em contato com o general Augusto Heleno para comentar o depoimento e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.

Um relatório da Polícia Federal (PF) disponibilizado nesta quinta-feira, 10, conta com depoimento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, no qual ele declara ter realizado ao menos uma reunião com o grupo extremista 300 do Brasil, que já protagonizou ataques com fogos de artifício à sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro também disse ter designado um funcionário do seu gabinete para atuar como interlocutor do governo junto aos militantes. Durante a oitiva, em dezembro do ano passado, o ministro-militar afirmou ter mantido contato temporário com os ativistas porque "vislumbrava possibilidade de conflito".

As declarações de Heleno foram colhidas pela delegada da PF Denisse Dias Rosas no âmbito do inquérito das milícias digitais em curso no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As provas reunidas até o momento e o relatório da investigação foram disponibilizados na noite desta quinta ao magistrado para que dê encaminhamentos.

Segundo Heleno, as "ações hostis" dos 300 do Brasil "contra jornalistas que acompanhavam o dia a dia do presidente" não eram de interesse do governo. O ministro justificou, então, ter decidido promover uma reunião em seu gabinete no GSI para mitigar tais atos. No encontro, que durou aproximadamente uma hora, os militantes teriam mencionado o interesse em adotar "posturas contra o STF", mas o general disse à PF ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra a instituição.

Além do grupo extremista, o ministro disse ter recebido em seu gabinete o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas não lembrava do que teriam tratado naquela ocasião. Segundo Heleno, o influenciador - atualmente foragido nos Estados Unidos - "era uma pessoa que tinha acesso ao presidente".

No depoimento, Heleno justificou que o contato com os extremistas era necessário diante da possibilidade de ataque, por isso era preciso "que houvesse uma posição pacífica de tal grupo para que o Governo Federal pudesse avançar nas negociações junto aos outros poderes". Durante o período que os 300 do Brasil permaneceu ativo, sob o comando da extremista e ex-bolsonarista Sara Winter, o Palácio do Planalto radicalizou o discurso contra o STF.

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, conversa com o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O ministro afirmou ter entrado em contato com a líder do grupo durante as manifestações antidemocráticas de 2020. Em um dos atos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, a milhares de manifestantes que pediam por intervenção militar. Na ocasião, o chefe do Executivo declarou que o governo não iria "negociar nada".

Diante das ofensivas dos 300 do Brasil às instituições democráticas, Heleno disse à PF ter nomeado o capitão de fragata Flávio Almeida, que atua na comunicação do GSI, para manter contato com o grupo e "evitar ações radicais dos militantes".

Durante a oitiva, a PF chegou a questionar se o ministro esteve envolvido nos ataques com fogos de artifício ao STF, em junho de 2020. Ele negou a participação. O general também negou quando foi indagado sobre a realização de algum tipo de orientação, apoio ou estímulo aos grupos responsáveis por ataques aos ministros da Suprema Corte e ao deputado federal Rodrigo Maia (sem partido-RJ), à época presidente da Câmara.

No final da oitiva, a delegada da PF informou ao ministro ter dados que indicam a existência de pessoas ligadas a Bolsonaro responsáveis por orientar ações virtuais, inclusive com ataques à honra, contra desafetos e opositores ao governo. Indagado, Heleno respondeu que "tais dados não parecem ser verdadeiros".

COM A PALAVRA, O GENERAL AUGUSTO HELENO

A reportagem entrou em contato com o general Augusto Heleno para comentar o depoimento e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestação.

Um relatório da Polícia Federal (PF) disponibilizado nesta quinta-feira, 10, conta com depoimento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, no qual ele declara ter realizado ao menos uma reunião com o grupo extremista 300 do Brasil, que já protagonizou ataques com fogos de artifício à sede do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro também disse ter designado um funcionário do seu gabinete para atuar como interlocutor do governo junto aos militantes. Durante a oitiva, em dezembro do ano passado, o ministro-militar afirmou ter mantido contato temporário com os ativistas porque "vislumbrava possibilidade de conflito".

As declarações de Heleno foram colhidas pela delegada da PF Denisse Dias Rosas no âmbito do inquérito das milícias digitais em curso no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As provas reunidas até o momento e o relatório da investigação foram disponibilizados na noite desta quinta ao magistrado para que dê encaminhamentos.

Segundo Heleno, as "ações hostis" dos 300 do Brasil "contra jornalistas que acompanhavam o dia a dia do presidente" não eram de interesse do governo. O ministro justificou, então, ter decidido promover uma reunião em seu gabinete no GSI para mitigar tais atos. No encontro, que durou aproximadamente uma hora, os militantes teriam mencionado o interesse em adotar "posturas contra o STF", mas o general disse à PF ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra a instituição.

Além do grupo extremista, o ministro disse ter recebido em seu gabinete o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas não lembrava do que teriam tratado naquela ocasião. Segundo Heleno, o influenciador - atualmente foragido nos Estados Unidos - "era uma pessoa que tinha acesso ao presidente".

No depoimento, Heleno justificou que o contato com os extremistas era necessário diante da possibilidade de ataque, por isso era preciso "que houvesse uma posição pacífica de tal grupo para que o Governo Federal pudesse avançar nas negociações junto aos outros poderes". Durante o período que os 300 do Brasil permaneceu ativo, sob o comando da extremista e ex-bolsonarista Sara Winter, o Palácio do Planalto radicalizou o discurso contra o STF.

O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, conversa com o presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O ministro afirmou ter entrado em contato com a líder do grupo durante as manifestações antidemocráticas de 2020. Em um dos atos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, a milhares de manifestantes que pediam por intervenção militar. Na ocasião, o chefe do Executivo declarou que o governo não iria "negociar nada".

Diante das ofensivas dos 300 do Brasil às instituições democráticas, Heleno disse à PF ter nomeado o capitão de fragata Flávio Almeida, que atua na comunicação do GSI, para manter contato com o grupo e "evitar ações radicais dos militantes".

Durante a oitiva, a PF chegou a questionar se o ministro esteve envolvido nos ataques com fogos de artifício ao STF, em junho de 2020. Ele negou a participação. O general também negou quando foi indagado sobre a realização de algum tipo de orientação, apoio ou estímulo aos grupos responsáveis por ataques aos ministros da Suprema Corte e ao deputado federal Rodrigo Maia (sem partido-RJ), à época presidente da Câmara.

No final da oitiva, a delegada da PF informou ao ministro ter dados que indicam a existência de pessoas ligadas a Bolsonaro responsáveis por orientar ações virtuais, inclusive com ataques à honra, contra desafetos e opositores ao governo. Indagado, Heleno respondeu que "tais dados não parecem ser verdadeiros".

COM A PALAVRA, O GENERAL AUGUSTO HELENO

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