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Desafios da mulher na pandemia


Por Claudia Carletto
Claudia Carletto. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

"O mundo não é um lugar seguro para as mulheres." Esta frase é repetida diariamente por um colega de trabalho, para sua filha de 12 anos. Ele está certo. Só nos equipamentos de direitos humanos da rede de proteção à mulher da cidade de São Paulo recebemos mais de 24 mil pedidos de ajuda em 2020 e 2,4 mil em janeiro deste ano. A maior parte relacionada à violência doméstica, assédio e importunação sexual. Não há como relacionar o aumento na procura por serviços de apoio ao surgimento do Coronavírus e suas implicações, porque ainda não há estudos conclusivos e no mesmo período tivemos aumento também da oferta de serviços. Mas é fato que o pesadelo coletivo que o mundo compartilha desde o início do ano passado não tornou a situação das mulheres mais fácil.

A pandemia de Coronavírus afetou a vida de bilhões de pessoas ao redor do globo gerando impactos econômicos e sociais. A evolução da crise de saúde trouxe novas exigências de comportamento que afetam diretamente a organização social e a forma como as pessoas se relacionam, trabalham e vivem sob a ameaça da Covid-19. Mas algo ainda pouco discutido no contexto desta crise global é seu impacto na vida da mulher, e nada mais justo que estes efeitos encontrem espaço de discussão, pelo menos, na semana em que se assenta a data internacional dedicada a elas.

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É certo que a Covid-19 afeta a todos e a todas, mas basta uma observação dos novos desafios impostos para entender como a pandemia impacta muito particularmente a vida da mulher. O longo período de fechamento das escolas e creches, por exemplo, afetou diretamente aquelas que são vistas pela sociedade como as principais responsáveis pela educação e proteção das crianças dentro de casa.

Mulheres que precisam deixar o lar para trabalhar, multiplicaram o medo natural da contaminação por outros temores, como a preocupação com os filhos dentro de casa, sem a sua supervisão, os reflexos psicológicos deste isolamento prolongado o desenvolvimento das crianças e na luta difícil por oportunidades e, consequentemente, o medo racional de que este estado de preocupação constante comprometa seu desempenho no trabalho e resulte na perda de renda, num momento de grande desemprego e retração econômica.

Entre a parcela menor, que pode trabalhar remotamente, este medo em particular ganhou outra dimensão, na medida em que o escritório invadiu o espaço das crianças e tornou difícil separar as demandas dos pequenos daquela reunião importante nas plataformas de trabalho remoto. A supervisão dos estudos das crianças que têm aulas à distância, a preocupação se estão participando aprendendo e realizando as atividades adequadamente também, na maior parte dos casos, tornou-se outra atribuição da mulher.

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Ambos os grupos ainda têm de lidar com a dupla jornada de trabalho, a administração da casa e a série interminável de deveres impostos à mulher, por uma sociedade que segue eminentemente machista a ponto de considerar que quando um homem lava uma louça está ajudando a companheira.

É claro que as violações mais graves dos direitos da mulher chamam muito mais a atenção e merecem a ação diligente do poder público. Mas também é fato que este impacto causado pela Covid piorou muito a vida delas. Em grande parte, pela forma como a sociedade imputa estes papéis à mulher e como se sobrepõem e muitas vezes formam o pano de fundo para agressões e abusos.

É hora da sociedade rediscutir o papel da mulher denunciando e enfrentando o machismo estrutural para que o mundo se torne verdadeiramente um lugar seguro para as mulheres.

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*Claudia Carletto, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo

Claudia Carletto. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

"O mundo não é um lugar seguro para as mulheres." Esta frase é repetida diariamente por um colega de trabalho, para sua filha de 12 anos. Ele está certo. Só nos equipamentos de direitos humanos da rede de proteção à mulher da cidade de São Paulo recebemos mais de 24 mil pedidos de ajuda em 2020 e 2,4 mil em janeiro deste ano. A maior parte relacionada à violência doméstica, assédio e importunação sexual. Não há como relacionar o aumento na procura por serviços de apoio ao surgimento do Coronavírus e suas implicações, porque ainda não há estudos conclusivos e no mesmo período tivemos aumento também da oferta de serviços. Mas é fato que o pesadelo coletivo que o mundo compartilha desde o início do ano passado não tornou a situação das mulheres mais fácil.

A pandemia de Coronavírus afetou a vida de bilhões de pessoas ao redor do globo gerando impactos econômicos e sociais. A evolução da crise de saúde trouxe novas exigências de comportamento que afetam diretamente a organização social e a forma como as pessoas se relacionam, trabalham e vivem sob a ameaça da Covid-19. Mas algo ainda pouco discutido no contexto desta crise global é seu impacto na vida da mulher, e nada mais justo que estes efeitos encontrem espaço de discussão, pelo menos, na semana em que se assenta a data internacional dedicada a elas.

É certo que a Covid-19 afeta a todos e a todas, mas basta uma observação dos novos desafios impostos para entender como a pandemia impacta muito particularmente a vida da mulher. O longo período de fechamento das escolas e creches, por exemplo, afetou diretamente aquelas que são vistas pela sociedade como as principais responsáveis pela educação e proteção das crianças dentro de casa.

Mulheres que precisam deixar o lar para trabalhar, multiplicaram o medo natural da contaminação por outros temores, como a preocupação com os filhos dentro de casa, sem a sua supervisão, os reflexos psicológicos deste isolamento prolongado o desenvolvimento das crianças e na luta difícil por oportunidades e, consequentemente, o medo racional de que este estado de preocupação constante comprometa seu desempenho no trabalho e resulte na perda de renda, num momento de grande desemprego e retração econômica.

Entre a parcela menor, que pode trabalhar remotamente, este medo em particular ganhou outra dimensão, na medida em que o escritório invadiu o espaço das crianças e tornou difícil separar as demandas dos pequenos daquela reunião importante nas plataformas de trabalho remoto. A supervisão dos estudos das crianças que têm aulas à distância, a preocupação se estão participando aprendendo e realizando as atividades adequadamente também, na maior parte dos casos, tornou-se outra atribuição da mulher.

Ambos os grupos ainda têm de lidar com a dupla jornada de trabalho, a administração da casa e a série interminável de deveres impostos à mulher, por uma sociedade que segue eminentemente machista a ponto de considerar que quando um homem lava uma louça está ajudando a companheira.

É claro que as violações mais graves dos direitos da mulher chamam muito mais a atenção e merecem a ação diligente do poder público. Mas também é fato que este impacto causado pela Covid piorou muito a vida delas. Em grande parte, pela forma como a sociedade imputa estes papéis à mulher e como se sobrepõem e muitas vezes formam o pano de fundo para agressões e abusos.

É hora da sociedade rediscutir o papel da mulher denunciando e enfrentando o machismo estrutural para que o mundo se torne verdadeiramente um lugar seguro para as mulheres.

*Claudia Carletto, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo

Claudia Carletto. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

"O mundo não é um lugar seguro para as mulheres." Esta frase é repetida diariamente por um colega de trabalho, para sua filha de 12 anos. Ele está certo. Só nos equipamentos de direitos humanos da rede de proteção à mulher da cidade de São Paulo recebemos mais de 24 mil pedidos de ajuda em 2020 e 2,4 mil em janeiro deste ano. A maior parte relacionada à violência doméstica, assédio e importunação sexual. Não há como relacionar o aumento na procura por serviços de apoio ao surgimento do Coronavírus e suas implicações, porque ainda não há estudos conclusivos e no mesmo período tivemos aumento também da oferta de serviços. Mas é fato que o pesadelo coletivo que o mundo compartilha desde o início do ano passado não tornou a situação das mulheres mais fácil.

A pandemia de Coronavírus afetou a vida de bilhões de pessoas ao redor do globo gerando impactos econômicos e sociais. A evolução da crise de saúde trouxe novas exigências de comportamento que afetam diretamente a organização social e a forma como as pessoas se relacionam, trabalham e vivem sob a ameaça da Covid-19. Mas algo ainda pouco discutido no contexto desta crise global é seu impacto na vida da mulher, e nada mais justo que estes efeitos encontrem espaço de discussão, pelo menos, na semana em que se assenta a data internacional dedicada a elas.

É certo que a Covid-19 afeta a todos e a todas, mas basta uma observação dos novos desafios impostos para entender como a pandemia impacta muito particularmente a vida da mulher. O longo período de fechamento das escolas e creches, por exemplo, afetou diretamente aquelas que são vistas pela sociedade como as principais responsáveis pela educação e proteção das crianças dentro de casa.

Mulheres que precisam deixar o lar para trabalhar, multiplicaram o medo natural da contaminação por outros temores, como a preocupação com os filhos dentro de casa, sem a sua supervisão, os reflexos psicológicos deste isolamento prolongado o desenvolvimento das crianças e na luta difícil por oportunidades e, consequentemente, o medo racional de que este estado de preocupação constante comprometa seu desempenho no trabalho e resulte na perda de renda, num momento de grande desemprego e retração econômica.

Entre a parcela menor, que pode trabalhar remotamente, este medo em particular ganhou outra dimensão, na medida em que o escritório invadiu o espaço das crianças e tornou difícil separar as demandas dos pequenos daquela reunião importante nas plataformas de trabalho remoto. A supervisão dos estudos das crianças que têm aulas à distância, a preocupação se estão participando aprendendo e realizando as atividades adequadamente também, na maior parte dos casos, tornou-se outra atribuição da mulher.

Ambos os grupos ainda têm de lidar com a dupla jornada de trabalho, a administração da casa e a série interminável de deveres impostos à mulher, por uma sociedade que segue eminentemente machista a ponto de considerar que quando um homem lava uma louça está ajudando a companheira.

É claro que as violações mais graves dos direitos da mulher chamam muito mais a atenção e merecem a ação diligente do poder público. Mas também é fato que este impacto causado pela Covid piorou muito a vida delas. Em grande parte, pela forma como a sociedade imputa estes papéis à mulher e como se sobrepõem e muitas vezes formam o pano de fundo para agressões e abusos.

É hora da sociedade rediscutir o papel da mulher denunciando e enfrentando o machismo estrutural para que o mundo se torne verdadeiramente um lugar seguro para as mulheres.

*Claudia Carletto, secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo

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