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Bolsonaro vinculou troca na PF à proteção dos filhos, dizem investigadores sobre vídeo de reunião ministerial


Após quase três horas de exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto, investigadores avaliam que a gravação é 'devastadora para Bolsonaro' podendo complicar 'gravemente' o presidente no inquérito sobre suposta tentativa de interferência na Polícia Federal

Por Fausto Macedo, Eliane Cantanhêde, Pepita Ortega e Paulo Roberto Netto
O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos' e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", segundo relatos.

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Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informou o Estadão, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

"O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim", anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

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O vídeo tem cerca de duas horas e o início da exibição atrasou porque foi necessário fazer um espelhamento da mídia para garantir a integridade dos arquivos originais, afirmam fontes. O procedimento durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam a exibição tiveram que ficar sem o celular durante a sessão.

Segundo relatos feitos à reportagem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aparece no vídeo dizendo na reunião que "todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF". Assim como Bolsonaro, o ministro também é alvo de inquérito que tramita no STF. O caso apura se Weintraub cometeu racismo ao fazer declarações sobre a China nas redes sociais.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

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Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como 'confissão' de interferência política e o vídeo como 'prova material' para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". "Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.

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Reunião com Vice-Presidente da República, Ministros e Presidentes de Bancos. Foto: Marcos Corrêa/PR

Perícia e Sigilo

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Nesta segunda, 11, Celso de Mello determinou que uma equipe realize a perícia do vídeo logo após a exibição da gravação. O decano indicou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.

Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.

O material está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

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Palavrões e Ameaças

Como mostrou a repórter Jussara Soares, a reunião ministerial citada por Moro contou com palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão 'generalizada' a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

'Zero preocupação'

Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos' e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", segundo relatos.

Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informou o Estadão, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

"O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim", anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

O vídeo tem cerca de duas horas e o início da exibição atrasou porque foi necessário fazer um espelhamento da mídia para garantir a integridade dos arquivos originais, afirmam fontes. O procedimento durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam a exibição tiveram que ficar sem o celular durante a sessão.

Segundo relatos feitos à reportagem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aparece no vídeo dizendo na reunião que "todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF". Assim como Bolsonaro, o ministro também é alvo de inquérito que tramita no STF. O caso apura se Weintraub cometeu racismo ao fazer declarações sobre a China nas redes sociais.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como 'confissão' de interferência política e o vídeo como 'prova material' para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". "Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.

Reunião com Vice-Presidente da República, Ministros e Presidentes de Bancos. Foto: Marcos Corrêa/PR

Perícia e Sigilo

Nesta segunda, 11, Celso de Mello determinou que uma equipe realize a perícia do vídeo logo após a exibição da gravação. O decano indicou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.

Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.

O material está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

Palavrões e Ameaças

Como mostrou a repórter Jussara Soares, a reunião ministerial citada por Moro contou com palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão 'generalizada' a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

'Zero preocupação'

Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos' e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", segundo relatos.

Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informou o Estadão, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

"O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim", anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

O vídeo tem cerca de duas horas e o início da exibição atrasou porque foi necessário fazer um espelhamento da mídia para garantir a integridade dos arquivos originais, afirmam fontes. O procedimento durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam a exibição tiveram que ficar sem o celular durante a sessão.

Segundo relatos feitos à reportagem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aparece no vídeo dizendo na reunião que "todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF". Assim como Bolsonaro, o ministro também é alvo de inquérito que tramita no STF. O caso apura se Weintraub cometeu racismo ao fazer declarações sobre a China nas redes sociais.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como 'confissão' de interferência política e o vídeo como 'prova material' para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". "Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.

Reunião com Vice-Presidente da República, Ministros e Presidentes de Bancos. Foto: Marcos Corrêa/PR

Perícia e Sigilo

Nesta segunda, 11, Celso de Mello determinou que uma equipe realize a perícia do vídeo logo após a exibição da gravação. O decano indicou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.

Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.

O material está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

Palavrões e Ameaças

Como mostrou a repórter Jussara Soares, a reunião ministerial citada por Moro contou com palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão 'generalizada' a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

'Zero preocupação'

Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos' e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", segundo relatos.

Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informou o Estadão, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

"O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim", anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

O vídeo tem cerca de duas horas e o início da exibição atrasou porque foi necessário fazer um espelhamento da mídia para garantir a integridade dos arquivos originais, afirmam fontes. O procedimento durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam a exibição tiveram que ficar sem o celular durante a sessão.

Segundo relatos feitos à reportagem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aparece no vídeo dizendo na reunião que "todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF". Assim como Bolsonaro, o ministro também é alvo de inquérito que tramita no STF. O caso apura se Weintraub cometeu racismo ao fazer declarações sobre a China nas redes sociais.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como 'confissão' de interferência política e o vídeo como 'prova material' para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". "Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.

Reunião com Vice-Presidente da República, Ministros e Presidentes de Bancos. Foto: Marcos Corrêa/PR

Perícia e Sigilo

Nesta segunda, 11, Celso de Mello determinou que uma equipe realize a perícia do vídeo logo após a exibição da gravação. O decano indicou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.

Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.

O material está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

Palavrões e Ameaças

Como mostrou a repórter Jussara Soares, a reunião ministerial citada por Moro contou com palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão 'generalizada' a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

'Zero preocupação'

Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

O presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa no Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos' e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio de Janeiro à defesa de seus próprios filhos alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", segundo relatos.

Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente. Entendem que a gravação confirma cabalmente as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informou o Estadão, a reunião foi marcada por palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão "generalizada" a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

"O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim", anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

O registro da reunião foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores e investigadores que acompanham o caso.

O vídeo tem cerca de duas horas e o início da exibição atrasou porque foi necessário fazer um espelhamento da mídia para garantir a integridade dos arquivos originais, afirmam fontes. O procedimento durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam a exibição tiveram que ficar sem o celular durante a sessão.

Segundo relatos feitos à reportagem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, aparece no vídeo dizendo na reunião que "todos tinham que ir para a cadeia, começando pelos ministros do STF". Assim como Bolsonaro, o ministro também é alvo de inquérito que tramita no STF. O caso apura se Weintraub cometeu racismo ao fazer declarações sobre a China nas redes sociais.

Após a exibição o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

Nos bastidores, a defesa de Moro classifica a frase de Bolsonaro como 'confissão' de interferência política e o vídeo como 'prova material' para as acusações que Moro fez de interferência política na PF.

Outra forte expectativa é quanto aos depoimentos dos três generais do Planalto, na tarde desta terça-feira: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 12, que o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril não contém as palavras "Polícia Federal", "investigação" e nem "superintendência". "Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer", disse o presidente, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mídia. Esse informante, esse vazador está prestando um desserviço. Não existe no vídeo a palavra 'Polícia Federal' e nem 'superintendência", insistiu. Bolsonaro garantiu, ainda, que a palavra 'investigação' também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.

Reunião com Vice-Presidente da República, Ministros e Presidentes de Bancos. Foto: Marcos Corrêa/PR

Perícia e Sigilo

Nesta segunda, 11, Celso de Mello determinou que uma equipe realize a perícia do vídeo logo após a exibição da gravação. O decano indicou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.

Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.

O material está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

Palavrões e Ameaças

Como mostrou a repórter Jussara Soares, a reunião ministerial citada por Moro contou com palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça do presidente de demissão 'generalizada' a quem não adotasse a defesa das pautas do governo.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

'Zero preocupação'

Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

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