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Opinião|Diagnósticos e contribuições para o aprimoramento da administração pública


Uma gestão pública eficiente e responsável depende de diagnósticos precisos, evidências, soluções viáveis e acompanhamento contínuo. A lista é uma referência significativa, contribuindo com o diálogo institucional e ajudando a priorizar ações, alocar recursos de forma apropriada, reduzir desigualdades e, assim, impactar positivamente na vida das pessoas

Por Cezar Miola

Ao longo de tantos anos atuando no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e no sistema de controle, já ouvi inúmeras vezes que os órgãos de fiscalização, antes de qualquer sanção, deveriam orientar os gestores. E, mais recentemente, o assim batizado “apagão das canetas” passou a ser mencionado para expressar o que seria o receio do administrador na tomada de decisões, haja vista a legítima preocupação com os reflexos das mesmas no plano da responsabilização pessoal. Este último merece considerações e estudos diagnósticos mais aprofundados quanto aos seus impactos e às respectivas causas (que passam, dentre outras, não raro, por falta de atenção ao controle interno, à advocacia pública, à profissionalização dos quadros e à transparência); ficam, portanto, para abordagem específica.

A propósito da referência inicial, duas breves anotações. A primeira, e muito evidente, é que, embora não prevista expressamente na Constituição, a função pedagógica (preventiva, pois) é, na prática, exercida à exaustão pelos Tribunais de Contas, por meio de suas escolas e consultorias, com capacitações contínuas, treinamentos, respostas a consultas, audiências públicas, mesas técnicas, além de alertas, recomendações e outros instrumentos. Uma segunda ponderação envolve perguntas como: o que fazem os agentes públicos a partir dessas orientações e precedentes? Dão-lhes ouvidos e implementam medidas preventivas e corretivas, ou as ignoram?

Na verdade, essas formas de atuação dos Tribunais de Contas não são excludentes entre si. De fato, mostram-se complementares e se reforçam mutuamente, desde que permanentemente atentas às necessárias dimensões constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, eficácia e efetividade.

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Pois é exatamente esse amplo espectro da atuação dos Tribunais de Contas que me vem à mente quando consulto a Lista de Alto Risco da Administração Pública Federal - LAR, um trabalho de fôlego que, a cada dois anos, o Tribunal de Contas da União (TCU) entrega ao país. Trata-se de abordagem que reúne várias faces da atuação dessa relevante e exemplar instituição da República. A edição de 2024 (disponível em https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco) consolida a posição desse documento como uma ferramenta indispensável para o planejamento e a melhoria da gestão pública.

Temos aí um diagnóstico acerca de 29 áreas consideradas críticas no âmbito da administração federal, agrupadas em seis grandes eixos: social, desenvolvimento sustentável, comunicação e energia, infraestrutura, gestão fiscal, e governança e gestão organizacional. Essas esferas, essenciais para a qualidade dos serviços públicos, são criteriosamente analisadas, considerando aspectos como o volume de recursos envolvidos, o número de pessoas atingidas e os riscos socioeconômicos.

Mas o diferencial do estudo não se esgota em apontar problemas: em cada caso, o TCU indica caminhos, apresentando recomendações, determinações e decisões recentes a respeito. Ou seja, mais do que expor um panorama das vulnerabilidades, a Lista avança ao indicar a possibilidade de ações concretas.

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Trata-se, pois, de uma verdadeira “tomografia” acerca das principais carências e necessidades a serem atendidas, contendo também orientações pelas quais se pode superar os problemas, sempre respeitadas as competências e atribuições de cada Poder e órgão para avaliar, decidir e implementar. Enfim, tem-se uma relevante análise diagnóstica e uma “consultoria” altamente qualificada para a tomada de decisões, além de um instrumento sério e criterioso ao exercício da função fiscalizadora por parte do Legislativo, bem como ao controle social.

E, muito embora seja uma produção com elevado rigor técnico, a Lista é organizada de maneira didática, com tabelas, gráficos e figuras que facilitam a compreensão. É um material acessível não só a gestores públicos e parlamentares, mas também à imprensa e à sociedade em geral. Assim, para além de constituir uma robusta e estruturada ferramenta a subsidiar a tomada de decisões estratégicas, o documento é importante aliado para que cidadãos, ONGs, pesquisadores e jornalistas possam acompanhar com mais qualidade o trabalho do governo e cobrar medidas capazes de resolver as fragilidades identificadas.

Ademais, a Lista não é estática, havendo a exclusão ou inclusão de itens conforme tenham sido adotadas medidas corretivas ou em razão de elementos novos surgidos no período de dois anos. Ou seja, reflete um processo dinâmico: problemas podem ser solucionados, novas questões surgem e, a cada edição, o TCU ajusta o foco. Esse acompanhamento contínuo é essencial para garantir que o documento se mantenha atualizado e relevante.

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Por fim, entendo que a iniciativa do TCU serve de inspiração aos próprios Tribunais de Contas estaduais e municipais, que, cada vez mais, cuidam de ouvir, interagir, buscar consensos e contribuir para o aprimoramento da gestão e da governança. Considero essa iniciativa uma das mais importantes entregas que um órgão de controle pode oferecer à sociedade e à política, tal qual se dá, exemplificativamente, na experiência norte-americana.

Uma gestão pública eficiente e responsável depende de diagnósticos precisos, evidências, soluções viáveis e acompanhamento contínuo. A Lista é uma referência significativa, contribuindo com o diálogo institucional e ajudando a priorizar ações, alocar recursos de forma apropriada, reduzir desigualdades e, assim, impactar positivamente na vida das pessoas.

Ao longo de tantos anos atuando no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e no sistema de controle, já ouvi inúmeras vezes que os órgãos de fiscalização, antes de qualquer sanção, deveriam orientar os gestores. E, mais recentemente, o assim batizado “apagão das canetas” passou a ser mencionado para expressar o que seria o receio do administrador na tomada de decisões, haja vista a legítima preocupação com os reflexos das mesmas no plano da responsabilização pessoal. Este último merece considerações e estudos diagnósticos mais aprofundados quanto aos seus impactos e às respectivas causas (que passam, dentre outras, não raro, por falta de atenção ao controle interno, à advocacia pública, à profissionalização dos quadros e à transparência); ficam, portanto, para abordagem específica.

A propósito da referência inicial, duas breves anotações. A primeira, e muito evidente, é que, embora não prevista expressamente na Constituição, a função pedagógica (preventiva, pois) é, na prática, exercida à exaustão pelos Tribunais de Contas, por meio de suas escolas e consultorias, com capacitações contínuas, treinamentos, respostas a consultas, audiências públicas, mesas técnicas, além de alertas, recomendações e outros instrumentos. Uma segunda ponderação envolve perguntas como: o que fazem os agentes públicos a partir dessas orientações e precedentes? Dão-lhes ouvidos e implementam medidas preventivas e corretivas, ou as ignoram?

Na verdade, essas formas de atuação dos Tribunais de Contas não são excludentes entre si. De fato, mostram-se complementares e se reforçam mutuamente, desde que permanentemente atentas às necessárias dimensões constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, eficácia e efetividade.

Pois é exatamente esse amplo espectro da atuação dos Tribunais de Contas que me vem à mente quando consulto a Lista de Alto Risco da Administração Pública Federal - LAR, um trabalho de fôlego que, a cada dois anos, o Tribunal de Contas da União (TCU) entrega ao país. Trata-se de abordagem que reúne várias faces da atuação dessa relevante e exemplar instituição da República. A edição de 2024 (disponível em https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco) consolida a posição desse documento como uma ferramenta indispensável para o planejamento e a melhoria da gestão pública.

Temos aí um diagnóstico acerca de 29 áreas consideradas críticas no âmbito da administração federal, agrupadas em seis grandes eixos: social, desenvolvimento sustentável, comunicação e energia, infraestrutura, gestão fiscal, e governança e gestão organizacional. Essas esferas, essenciais para a qualidade dos serviços públicos, são criteriosamente analisadas, considerando aspectos como o volume de recursos envolvidos, o número de pessoas atingidas e os riscos socioeconômicos.

Mas o diferencial do estudo não se esgota em apontar problemas: em cada caso, o TCU indica caminhos, apresentando recomendações, determinações e decisões recentes a respeito. Ou seja, mais do que expor um panorama das vulnerabilidades, a Lista avança ao indicar a possibilidade de ações concretas.

Trata-se, pois, de uma verdadeira “tomografia” acerca das principais carências e necessidades a serem atendidas, contendo também orientações pelas quais se pode superar os problemas, sempre respeitadas as competências e atribuições de cada Poder e órgão para avaliar, decidir e implementar. Enfim, tem-se uma relevante análise diagnóstica e uma “consultoria” altamente qualificada para a tomada de decisões, além de um instrumento sério e criterioso ao exercício da função fiscalizadora por parte do Legislativo, bem como ao controle social.

E, muito embora seja uma produção com elevado rigor técnico, a Lista é organizada de maneira didática, com tabelas, gráficos e figuras que facilitam a compreensão. É um material acessível não só a gestores públicos e parlamentares, mas também à imprensa e à sociedade em geral. Assim, para além de constituir uma robusta e estruturada ferramenta a subsidiar a tomada de decisões estratégicas, o documento é importante aliado para que cidadãos, ONGs, pesquisadores e jornalistas possam acompanhar com mais qualidade o trabalho do governo e cobrar medidas capazes de resolver as fragilidades identificadas.

Ademais, a Lista não é estática, havendo a exclusão ou inclusão de itens conforme tenham sido adotadas medidas corretivas ou em razão de elementos novos surgidos no período de dois anos. Ou seja, reflete um processo dinâmico: problemas podem ser solucionados, novas questões surgem e, a cada edição, o TCU ajusta o foco. Esse acompanhamento contínuo é essencial para garantir que o documento se mantenha atualizado e relevante.

Por fim, entendo que a iniciativa do TCU serve de inspiração aos próprios Tribunais de Contas estaduais e municipais, que, cada vez mais, cuidam de ouvir, interagir, buscar consensos e contribuir para o aprimoramento da gestão e da governança. Considero essa iniciativa uma das mais importantes entregas que um órgão de controle pode oferecer à sociedade e à política, tal qual se dá, exemplificativamente, na experiência norte-americana.

Uma gestão pública eficiente e responsável depende de diagnósticos precisos, evidências, soluções viáveis e acompanhamento contínuo. A Lista é uma referência significativa, contribuindo com o diálogo institucional e ajudando a priorizar ações, alocar recursos de forma apropriada, reduzir desigualdades e, assim, impactar positivamente na vida das pessoas.

Ao longo de tantos anos atuando no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e no sistema de controle, já ouvi inúmeras vezes que os órgãos de fiscalização, antes de qualquer sanção, deveriam orientar os gestores. E, mais recentemente, o assim batizado “apagão das canetas” passou a ser mencionado para expressar o que seria o receio do administrador na tomada de decisões, haja vista a legítima preocupação com os reflexos das mesmas no plano da responsabilização pessoal. Este último merece considerações e estudos diagnósticos mais aprofundados quanto aos seus impactos e às respectivas causas (que passam, dentre outras, não raro, por falta de atenção ao controle interno, à advocacia pública, à profissionalização dos quadros e à transparência); ficam, portanto, para abordagem específica.

A propósito da referência inicial, duas breves anotações. A primeira, e muito evidente, é que, embora não prevista expressamente na Constituição, a função pedagógica (preventiva, pois) é, na prática, exercida à exaustão pelos Tribunais de Contas, por meio de suas escolas e consultorias, com capacitações contínuas, treinamentos, respostas a consultas, audiências públicas, mesas técnicas, além de alertas, recomendações e outros instrumentos. Uma segunda ponderação envolve perguntas como: o que fazem os agentes públicos a partir dessas orientações e precedentes? Dão-lhes ouvidos e implementam medidas preventivas e corretivas, ou as ignoram?

Na verdade, essas formas de atuação dos Tribunais de Contas não são excludentes entre si. De fato, mostram-se complementares e se reforçam mutuamente, desde que permanentemente atentas às necessárias dimensões constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, eficácia e efetividade.

Pois é exatamente esse amplo espectro da atuação dos Tribunais de Contas que me vem à mente quando consulto a Lista de Alto Risco da Administração Pública Federal - LAR, um trabalho de fôlego que, a cada dois anos, o Tribunal de Contas da União (TCU) entrega ao país. Trata-se de abordagem que reúne várias faces da atuação dessa relevante e exemplar instituição da República. A edição de 2024 (disponível em https://sites.tcu.gov.br/listadealtorisco) consolida a posição desse documento como uma ferramenta indispensável para o planejamento e a melhoria da gestão pública.

Temos aí um diagnóstico acerca de 29 áreas consideradas críticas no âmbito da administração federal, agrupadas em seis grandes eixos: social, desenvolvimento sustentável, comunicação e energia, infraestrutura, gestão fiscal, e governança e gestão organizacional. Essas esferas, essenciais para a qualidade dos serviços públicos, são criteriosamente analisadas, considerando aspectos como o volume de recursos envolvidos, o número de pessoas atingidas e os riscos socioeconômicos.

Mas o diferencial do estudo não se esgota em apontar problemas: em cada caso, o TCU indica caminhos, apresentando recomendações, determinações e decisões recentes a respeito. Ou seja, mais do que expor um panorama das vulnerabilidades, a Lista avança ao indicar a possibilidade de ações concretas.

Trata-se, pois, de uma verdadeira “tomografia” acerca das principais carências e necessidades a serem atendidas, contendo também orientações pelas quais se pode superar os problemas, sempre respeitadas as competências e atribuições de cada Poder e órgão para avaliar, decidir e implementar. Enfim, tem-se uma relevante análise diagnóstica e uma “consultoria” altamente qualificada para a tomada de decisões, além de um instrumento sério e criterioso ao exercício da função fiscalizadora por parte do Legislativo, bem como ao controle social.

E, muito embora seja uma produção com elevado rigor técnico, a Lista é organizada de maneira didática, com tabelas, gráficos e figuras que facilitam a compreensão. É um material acessível não só a gestores públicos e parlamentares, mas também à imprensa e à sociedade em geral. Assim, para além de constituir uma robusta e estruturada ferramenta a subsidiar a tomada de decisões estratégicas, o documento é importante aliado para que cidadãos, ONGs, pesquisadores e jornalistas possam acompanhar com mais qualidade o trabalho do governo e cobrar medidas capazes de resolver as fragilidades identificadas.

Ademais, a Lista não é estática, havendo a exclusão ou inclusão de itens conforme tenham sido adotadas medidas corretivas ou em razão de elementos novos surgidos no período de dois anos. Ou seja, reflete um processo dinâmico: problemas podem ser solucionados, novas questões surgem e, a cada edição, o TCU ajusta o foco. Esse acompanhamento contínuo é essencial para garantir que o documento se mantenha atualizado e relevante.

Por fim, entendo que a iniciativa do TCU serve de inspiração aos próprios Tribunais de Contas estaduais e municipais, que, cada vez mais, cuidam de ouvir, interagir, buscar consensos e contribuir para o aprimoramento da gestão e da governança. Considero essa iniciativa uma das mais importantes entregas que um órgão de controle pode oferecer à sociedade e à política, tal qual se dá, exemplificativamente, na experiência norte-americana.

Uma gestão pública eficiente e responsável depende de diagnósticos precisos, evidências, soluções viáveis e acompanhamento contínuo. A Lista é uma referência significativa, contribuindo com o diálogo institucional e ajudando a priorizar ações, alocar recursos de forma apropriada, reduzir desigualdades e, assim, impactar positivamente na vida das pessoas.

Opinião por Cezar Miola

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