Na semana do primeiro turno das eleições, a Polícia Federal promoveu um ‘arrastão eleitoral’ e colocou nas ruas ao menos 77 operações em 23 Estados para desbaratar crimes patrocinados por políticos, em especial a compra de votos. Nessa ofensiva sem precedentes, a PF flagrou candidatos usando dinheiro à farta para aliciar eleitores, especialmente de pequenos municípios do Norte e do Nordeste. Para driblar baixos índices de popularidade eles adotaram estratégias de compra de apoio nas urnas oferecendo simpatias e mimos, a saber: exames médicos de graça, material de construção, gasolina, motores de carro, roçadeiras, sacas de cimento, ‘cheque moradia’, cestas básicas e por aí vai.
Por reeleição, alguns atraíram eleitores com a promessa de cargos públicos de boa remuneração. A distribuição de valores em espécie seguiu, por vezes, rito escancarado, desprovido de cautelas - registros de pagamentos via PIX e imagens de chuva de dinheiro na via pública comprovam a prática e reforçam os feitos de competência da PF.
O balanço do primeiro turno é revelador: a PF apreendeu R$ 49,5 milhões em espécie durante as operações eleitorais. No Pará, um flagrante de R$ 5 milhões com um coronel da Polícia Militar e outro de R$ 1,1 milhão estocados em um jatinho no qual se encontrava um funcionário público no Aeroporto Internacional de Belém - a aeronave, avaliada em R$ 11 milhões, também foi apreendida.
Os federais acharam dinheiro em malas, caixas de papelão, porta-malas, subsolo, porta-luvas e dentro da meia. Em um episódio, para tentar escapar do flagrante, suspeitos até se passaram por policiais penais.
Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues Passos, os inquéritos de caixa dois e compra de votos apuram, em especial, possíveis desvios do fundo eleitoral ou dinheiro proveniente do patrocínio ilegal de campanha.
“A Polícia Federal é também a polícia judiciária eleitoral, e portanto criou um modelo de operação para combater todas as modalidades de crimes que afetem as eleições. Cumprimos nossas missões constitucionais com muito vigor, com autonomia e responsabilidade, e os resultados são fruto da dedicação de milhares de policiais federais, a partir de diretrizes claras e uma coordenação nacional efetiva”, afirmou Andrei ao Estadão.
Em meio às diligências da PF chamam a atenção operações em série contra a influência de facções do crime organizado. O tráfico e o contrabando miram administrações públicas e câmaras de vereadores por meio do aliciamento de candidatos. Faccionados pegos com títulos de eleitores que foram alvo de intimidações para votar em candidatos escolhidos pelo crime.
A PF identificou durante a campanha do primeiro turno a escalada de facções nas eleições de ao menos cinco Estados: Amazonas, Rio Grande do Sul, Acre, Ceará e Amapá. Na Paraíba, os federais prenderam a primeira-dama de João Pessoa Lauremília Lucena. Suspeita-se que sua gestão mantém as portas abertas para a facção Nova Okaida.
Como mostrou o Estadão, o PCC em São Paulo avança a passos largos no universo político.
Também foram realizadas ações contra a disseminação de desinformação contra candidatos e casos de violência política de gênero. No Ceará, investigados instalaram uma escuta clandestina para captar diálogos íntimos de um candidato e usá-los em vídeos recheados de calúnias e ameaças. No Pará, a PF barrou investigados que mesclaram pornografia com vídeos de campanha de uma vereadora trans.
Outro foco da PF foi o uso da máquina pública para corrupção eleitoral. Acenos ao coronelismo. Recursos do erário para compra de votos, distribuição de combustíveis e auxílios diversos. Servidores públicos foram detidos a bordo de veículos de campanha espalhando valores aos eleitores.
Em Parintins, no Amazonas, policiais militares e a cúpula do Governo, pessoal de patente na hierarquia do Executivo, estão sob suspeita de montarem um audacioso esquema para alçar uma aliada à prefeitura.
As estratégias e truques incluem arregimentação de eleitores, compra de desistência de adversários, mudança de domicílio eleitoral e até aliciamento de menores.
Um candidato está sob investigação pela suposta aquisição de 3,6 mil votos em Boa Vista. Outro, em Minas, conseguiu transferir cerca de mil títulos de Governador Valadares para Divino das Laranjeiras, incrementando em 25% o colégio eleitoral.
A PF ainda conseguiu identificar, em alguns casos, os alvos dos corruptores. Em Roraima, um candidato foi flagrado em vídeo dizendo a um eleitor com deficiência visual que outra pessoa votaria em seu lugar. Na residência de outro político, a PF encontrou cópias de títulos de eleitores indígenas. No Piauí, 300 motoristas de aplicativo foram pegos recebendo entre R$ 100 e R$ 200 cada um por um adesivaço.
Siga as operações que a PF deflagrou nesta semana
Rondônia
04/10 – PF vasculhou a casa de um investigado por espalhar notícias falsas contra um candidato de Guajará-Mirim. A investigação pode envolver outros suspeitos e financiadores das postagens, diz a PF.
Paraná
03/10 – Preso em flagrante um candidato por compra de votos no município de Virmond. Com ele foram encontrados dinheiro em espécie, caderneta com nome de pessoas e valores discriminados, além de materiais de campanha. O homem foi indiciado por corrupção eleitoral ativa e solto após pagar fiança.
03/10 – PF prende em flagrante homem por compra de votos em Laranjeiras do Sul. Ele estava com um envelope cheio de dinheiro, materiais de campanha, anotações com nomes, placas de veículos e valores. Foram encontrados recibos, também. Ele foi preso, indiciado por corrupção eleitoral e encaminhado ao sistema prisional estadual.
Acre
01/10 - Operações Fortium e Atlas investigaram ameaças de uma quadrilha a candidatos nas cidades de Plácido de Castro e Senador Guiomard. A investigação é sobre organização criminosa e uso de violência ou ameaça com finalidade eleitoral.
03/10 - Operação Voto Edificado investiga compra de votos na cidade de Guajará, no Amazonas. A investigação teve início após a apreensão de um veículo com materiais de construção como motores e roçadeiras, que estavam sendo distribuídos a eleitores em troca de promessa de votos para um candidato.
Pará
04/10 – A PF flagrou o transporte de R$ 1.149.300 não declarados em um jato, no Aeroporto Internacional de Belém. O dinheiro estava em uma mala em poder de um funcionário público que foi preso em flagrante. Ele também foi autuado por porte ilegal de arma. A aeronave, avaliada em cerca de R$ 11 milhões, foi confiscada.
04/10 - Três presos - entre eles um coronel da PM – após o saque de R$ 4.98 milhões, dinheiro que seria usado para a compra de votos em favor de um candidato. Um veículo foi apreendido na operação.
02/10 - Operação Voto em Xeque vasculhou as casas de dois candidatos ao cargo de vereador em Marabá e um gabinete na Câmara municipal, para investigar o uso ilegal da máquina pública. Os candidatos, um deles concorrendo à reeleição, teriam oferecido cheque moradia, na prática um ‘auxílio financeiro’ de R$ 20 mil para famílias com renda de até três salários-mínimos construírem ou reformarem suas casas - em troca de votos, naturalmente.
30/09 – Operação Voto Limpo apreendeu R$ 5 mil em espécie no carro de um suspeito de crimes eleitorais. No veículo também havia folhetos de campanha do candidato e anotações com nomes de eleitores. A investigação teve início após uma denúncia de que eleitores estavam sendo atraídos ao local para receber dinheiro em troca de promessa de votos para o candidato a vereador de Macapá.
05/10 – Operação Eclésia investiga denúncia de que integrantes de um partido político teriam recebido vultosa quantia, em espécie, que chegou a bordo de uma caminhonete de Marabá, para compra de votos na véspera das eleições municipais.
03/10 - PF vasculhou endereços para investigar crime eleitoral de violência política de gênero contra uma candidata trans ao cargo de vereadora de Belém. Os alvos são dois homens que mesclaram vídeos regulares de campanha política com imagens para “constranger e humilhar a candidata, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição de mulher com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral”.
Rio Grande do Sul
3/10 - Operação Los Intocables investigou corrupção eleitoral e caixa dois vasculhando a casa, o comitê e o posto de combustível de um candidato a vereador de Santana do Livramento. O inquérito também apura o suposto financiamento do crime organizado, uma quadrilha de contrabandistas. No dia 29, a PF flagrou distribuição de combustíveis por meio de vale emitido pelo então candidato.
3/10 – Operação Integridade Eleitoral mirou a interferência de facção criminosa no processo eleitoral de São Borja, com a compra de votos e caixa dois. A ofensiva cumpriu 16 ordens de busca e apreensão.
Roraima
3/10 – PF prendeu em flagrante três investigados em Boa Vista por compra de votos e associação criminosa no município de Mucajaí. Eles estavam em uma caminhonete que distribuía dinheiro à população. No veículo foram encontrados R$6,9 mil, material de campanha e cadernetas com anotações de nomes de eleitores. Um preso ainda levava R$ 2,3 mil em notas de R$ 200.
01/10 – PF prende um servidor público com R$ 120 mil. O dinheiro estava em uma bolsa dentro de um veículo oficial.
04/10 - Operação Sorriso Corrompido faz busca contra um homem preso em flagrante no dia 26 quando comprava votos. Ele articulava a captação ilícita de votos em favor de um candidato à Prefeitura de Boa Vista.
04/10 – PF prendeu 19 pessoas em flagrante por compra de votos para um candidato a vereador em Boa Vista. Apreensão de R$ 4 mil em dinheiro, além listas de eleitores e registros de pagamentos via PIX. Uma análise preliminar indica o possível envolvimento de 3,6 mil pessoas que teriam recebido entre R$ 250 e R$ 500 pela venda de seus votos.
05/10 - PF vasculhou endereços para apurar a divulgação de um vídeo nas redes sociais em que um candidato a prefeito de Pacaraima aparece oferecendo vantagens em troca de votos de eleitores da Comunidade Indígena do Contão. Ele ofereceu cinco sacos de cimento e dinheiro para cobrir despesas médicas em troca de votos. No vídeo ele diz a um eleitor portador de deficiência visual que outra pessoa votaria em seu lugar.
05/10 - PF fez buscas em endereços de um candidato a vereador e de um candidato a prefeito de Mucajaí após apreensão, no início do mês, de R$ 6.900, material de campanha e duas cadernetas com nomes de eleitores.
05/10 - PF inspecionou os endereços de três investigados, entre eles um vereador de Alto Alegre, após a prisão em flagrante de um cabo eleitoral na quinta, 3, por compra de votos.
05/10 - PF vai à casa de um candidato a vereador e recolhe materiais de campanha, celulares, valores em espécie e cópias de títulos de eleitores, incluindo documentos de indígenas.
03/10 - PF prendeu em flagrante um candidato a vereador que carregava R$ 1.100 em notas de R$ 50,00 para suposta compra de votos. Ele foi abordado em uma caminhonete que começou a trafegar na contramão. Os ocupantes do veículo se identificaram como policiais penais. Mas nenhum é policial. Um deles é instrutor de tiro. No carro havia santinhos, cartas de eleitores, formulários para cabos eleitorais, além de equipamentos eletrônicos e armas de fogo. Todos foram presos por corrupção eleitoral. O instrutor de tiro também responderá pelo porte ilegal de arma de fogo.
03/10 - PF apreendeu R$ 20 mil em espécie, distribuídos em notas de R$ 100, em uma meia no porta luvas de um carro abordado em Mucajaí. O veículo estava adesivado com a campanha de um candidato a prefeito.
03/10 - PF prendeu um suspeito de comprar votos, Em seu carro havia uma relação de eleitores e anotações de valores ao lado de cada nome, com a indicação “ok”, sugerindo que o pagamento havia sido realizado. Ele foi liberado após pagamento de fiança.
03/10 - PF achou R$ 47 mil em um carro de Caracaraí. A suspeita é que o dinheiro seria usado para compra de votos.
30/09 – Operação Voto Limpo mirou quadrilha responsável por corrupção eleitoral em Alto Alegre. A ofensiva afastou um funcionário público municipal por suspeita de compra de votos.
Piauí
03/10 - PF prendeu quatro em Teresina por suposta compra de votos e associação criminosa. Eles foram flagrados quando entregavam dinheiro a motoristas de aplicativo, mais de 300. Cada voto valia de R$ 100 a R$ 200. Os motoristas receberam por um adesivaço. Os federais apreenderam R$ 150 mil.
Pernambuco
04/10 – Foi preso em flagrante um homem suspeito de integrar a campanha de candidato a prefeito do município de Cabo de Santo Agostinho por suposta compra de votos via a distribuição de cestas básicas. A PF recebeu vídeo em que o suspeito aparece em um veículo fazendo a entrega das cestas a moradores. Ele foi preso em flagrante.
Sergipe
03/10 – PF apreendeu R$ 449 mil durante uma abordagem em via pública na cidade de Estância. Um dos três ocupantes do veículo portava uma pistola calibre .40, de uso restrito, sem autorização. Foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.
04/10 - PF conduziu 54 suspeitos de ligação com esquema de compra de votos.
Ceará
04/10 - Operação Mercato Clauso barrou a influência de grupos violentos nas eleições de Fortaleza. Há indícios de envolvimento do crime organizado. A PF apreendeu R$ 600 mil que supostamente seriam usados para a compra de votos. A corporação suspeita que o grupo tentou influenciar o processo eleitoral em outros municípios cearenses.
01/10 – PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão para desarticular suposta influência de organização criminosa violenta na campanha de Juazeiro do Norte. A Operação Integridade aponta para um candidato a vereador supostamente ligado a uma facção do tráfico de drogas.
03/10 – PF e PM prenderam quatro investigados por oferta de exames médicos por votos.
04/10 – PF foi a três endereços em Santa Quitéria para apurar suposta compra de votos. Durante as buscas, a PF apreendeu celulares e uma lista de eleitores com referência ao pagamento de valores.
04/10 – PF põe sob suspeita um homem em Cedro que recebia dinheiro e bens materiais para aliciar eleitores para diversos candidatos a vereador.
04/10 - Operação Sufrágio mirou esquema de compra de votos em Acarape com a possível participação de membros de uma facção criminosa. Segundo o inquérito, a corrupção eleitoral se dava mediante pagamento em espécie e retenção dos títulos dos eleitores, para influenciar o voto em determinados candidatos. Foram apreendidos quase R$ 7 mil em espécie, além de extratos de PIX e títulos eleitorais.
Alagoas
30/09 – A PF apreendeu R$ 790 mil em duas ações. A primeira diligência encontrou R$ 300 mil em um carro na cidade de São Miguel dos Campos e a segunda pegou R$ 490 mil em Arapiraca. Foram abertos dois inquéritos sobre compra de votos, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
02/10 – PF fez buscas em Barra de Santo Antônio após suposta denúncia de compra de votos por meio da distribuição de materiais de construção, com uso de dinheiro do município.
Goiás
04/10 - Operação Pervertire cumpriu sete mandados em São Simão. Suspeitos teriam usado recursos públicos para compra de votos. Galões de combustíveis foram ‘doados’ a eleitores em benefício de candidato a prefeito.
30/09 – Operação Eco Digital localizou escuta clandestina na casa de um candidato “para captação de diálogos íntimos e uso desse material em publicações de vídeos com teor calunioso e difamatório para fins eleitorais”. A PF vê crime de ódio em razão do teor ameaçador de vídeos contra o candidato, divulgados nas redes sociais. O conteúdo dos grampos estava sendo negociado com adversários políticos para obter a desistência da candidatura da vítima.
30/09 – Operação Fake Name foi a dois endereços e prendeu um investigado na posse de diversos títulos eleitorais emitidos com documentos falsos. Ele vai responder por crime previsto no Código Eleitoral que prevê pena de até cinco anos de reclusão.
Amazonas
05/10 - PF vasculhou três endereços para apurar corrupção eleitoral e caixa dois. Investigação teve início após uma blitz flagrar dois homens, parentes de uma candidata a vereadora municipal, que levavam cestas básicas, galões de combustíveis, caixas de fogos de artifícios, dinheiros em espécie e inúmeros documentos “indicando o contato com lideranças políticas da região e indicações de distribuição do material apreendido”. A PF apreendeu ainda um mapa com divisões por áreas, doações de combustíveis e indicativos de troca por apoio e voto em comunidades e escolas.
03/10 - Operação Tupinambarana Liberta cerca uma quadrilha de faccionados e agentes públicos por crimes eleitorais em prol de uma candidatura à prefeitura de Parintins. O inquérito aponta o uso da estrutura do Estado, como a Polícia Militar, para benefício de uma chapa concorrente à prefeitura de Parintins. O secretário da Cultura do Amazonas Marcos Apolo, o secretário de Administração Fabrício Barbosa, o presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas Armando do Valle, o comandante de Rondas Ostensivas (grupo de elite da PM) Jackson Ribeiro, e o ex-chefe do Setor de Inteligência da Rocam Guilherme Navarro são citados. Todos foram exonerados de seus cargos por ordem do governador Wilson Lima.
03/10 - A Polícia Federal prendeu o candidato a prefeito de Coari dr. Raione Cabral (Mobiliza) em flagrante quando ele fazia chover dinheiro vivo para a população durante comício na cidade de 70 mil habitantes a 363 quilômetros de Manaus. Dr, Raione, advogado, será investigado por supostos crimes de corrupção eleitoral e caixa dois, com penas que podem chegar a nove anos de prisão.
05/10 - Operação Saque Espúrio cumpriu quatro mandados de busca e apreensão para reprimir corrupção eleitoral e caixa dois. A operação se deu na esteira da apreensão de R$ 38 mil em espécie, em notas de R$ 50 e R$ 100, que supostamente seria direcionado para a compra de votos eleitorais.
30/09 - Em uma fiscalização no Aeroclube do Amazonas a PF apreendeu R$ 798,7 mil em um avião que seguiria de Manaus para Jutaí. O dinheiro estava em uma sacola e uma caixa de papelão de um avião fretado.
03/10 – PF apreendeu R$ 20 mil em espécie com uma assessora parlamentar que embarcava para Benjamin Constant do Aeroporto de Flores. Ela não tinha comprovação do saque e nem explicou a origem do dinheiro. O parlamentar que a acompanhava assumiu que o dinheiro era dele.
05/10 – PF mira a participação de pessoas ligadas à administração municipal e candidatos a vereador de São Gabriel da Cachoeira, sob acusação de envolvimento em um esquema de corrupção eleitoral e distribuição irregular de combustíveis. O inquérito apura supostos crimes de corrupção eleitoral, lavagem e sonegação tributária.
Rio de Janeiro
30/09 – Operação vasculhou três endereços no rastro de um esquema de coação de eleitores e compra de votos nas eleições municipais de Campos dos Goytacazes. Os alvos guardavam o dinheiro e compravam os votos, coagindo eleitores a votarem em um determinado candidato a vereador. O inquérito foi aberto após a prisão do candidato, suspeito de envolvimento com a morte de um cabo eleitoral.
3/10 – Operação Nômade Eleitoral visa quadrilha que cooptava moradores para alistamento eleitoral e mudança de domicílio eleitoral em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro. Um candidato a vereador e seus cabos eleitorais davam comprovantes de residência falsos para eleitores, prometendo dinheiro em troca de votos, para que estes se alistassem ou alterassem seu domicílio eleitoral para Itaguaí. A PF flagrou investigados pagando multas eleitorais de eleitores supostamente cooptados. O inquérito apura até corrupção de menores. Muitos levados à sessão eleitoral para a inscrição ou alteração do domicílio eleitoral são menores de idade.
Sergipe
02/10 - Operação Listagem identificou grupo criminoso que comprava votos na zona rural de Lagarto. Inquérito foi aberto após denúncias sobre supostas movimentações de compra de votos em um povoado do município. A PF encontrou listas de nomes de eleitores indicando a organização do esquema de compra de votos.
Bahia
01/10 - Operação Coronelismo fez nove buscas para investigar o uso ilegal da estrutura pública municipal de Ilhéus, com emprego de servidores, veículos e combustíveis públicos, em benefício de determinada coligação partidária. O inquérito aponta supostas fraudes documentais para superfaturamento de contratos e para encobrir o uso ilegal da estrutura pública em benefício privado.
04/10 - Operação Compra de Voto fez buscas após receber áudios em que uma servidora de Caraíbas oferece R$ 800 a um eleitor para que ele vote em um candidato a prefeito. A oferta incluía emprego para o eleitor. A servidora também teria fornecido combustível e quitado passagens de ônibus para que eleitores residentes em outras cidades se deslocassem a Caraíbas para votar.
São Paulo
04/10 - Operação Erro de Tipo II investiga possível manipulação de pesquisas eleitorais de intenção de votos para prefeitos em cidades da região de São José do Rio Preto. Segundo o inquérito, um homem que seria representante de um instituto de pesquisas, abordou candidatos e a eles ofereceu seus serviços e prometeu ‘ajustes’ nos resultados das pesquisas. Caso o candidato não aceitasse a proposta, o investigado iria oferecer seus serviços a seus rivais. O inquérito trata de extorsão e pesquisa eleitoral fraudulenta.
Amapá
01/10 - No Oiapoque, a PF abriu duas operações para desarticular suposto financiamento do Comando Vermelho às campanhas de dois candidatos a vereador, por meio do tráfico de drogas e compra de votos. Segundo a PF, a facção teria interesse em garantir a eleição de candidatos que facilitariam a distribuição de entorpecentes e armamentos para os garimpos da região.
Maranhão
04/10 - PF prendeu em flagrante candidato a vereador de Mata Roma por corrupção eleitoral. Durante a abordagem, foram encontrados com o candidato 36 envelopes com valores entre R$ 150 e R$ 400, totalizando R$ 8.550. Havia anotações com nomes de eleitores que receberam ou que ainda iriam pegar dinheiro.
02/10 - Operação Funâmbulo pegou uma quadrilha que oferecia até R$ 40 mil, em espécie, para que candidatos desistissem da campanha eleitoral e apoiassem outro grupo, com a finalidade de prejudicar a quantidade mínima de candidatos registrados no partido adversário.
01/10 - Apreensão de R$ 830 mil em duas ações sobre caixa dois eleitoral. Cinco suspeitos foram conduzidos para depor sobre supostos saques ilegais para compra de votos. Um investigado foi abordado em frente ao Comando Geral da Polícia Militar, após entregar o valor sacado em um comitê político.
Mato Grosso
02/10 – PF cumpriu mandado de busca em endereço ligado à campanha de candidato a prefeito de Sinop. Os federais localizaram uma casa com uma placa de “aluga-se” onde funcionava um comitê não oficial de campanha. Lá, os agentes flagraram uma colaboradora pagando R$ 2,5 mil em espécie para um eleitor. Ela foi autuada por caixa 2.
04/10 – PF conduziu à delegacia um homem que dirigia um trio elétrico que apoiava a realização de comício fora do prazo previsto pela legislação eleitoral. Ele foi ouvido e liberado. Não houve a apreensão do veículo.
03/10 – PF apreendeu R$ 300 mil em espécie em um carro na BR-163, nas proximidades de Sorriso. O dinheiro estava em uma caixa de papelão. O motorista não revelou a origem do recurso que seria possivelmente utilizado para a compra de votos para um candidato a prefeito.
Minas Gerais
04/10 - Operação Sufrágio fez buscas em oito endereços para apurar um esquema de arregimentação de eleitores, inclusive com pagamento em dinheiro. Entre dezembro de 2023 e maio de 2024 foram transferidos cerca de mil títulos de Governador Valadares e municípios vizinhos para Divino das Laranjeiras, o que representou um incremento em 25% de eleitores no colégio eleitoral. A quadrilha usou documentos falsos para comprovar a residência e visava fazer com que os eleitores transferidos votem em candidatos pré-indicados nas eleições municipais. O Ministério Público Eleitoral pediu a suspensão imediata do direito de votar dos eleitores envolvidos na fraude.
04/10 - Operação Sufrágio Limpo fez duas buscas para investigar omissão de informação ou inserção de falsa informação em documento público ou particular para fins eleitorais e o crime de inscrever fraudulentamente eleitor.
04/10 – PF apreendeu R$ 61 mil que supostamente seriam utilizados em campanha eleitoral, no município de Betim. Uma mulher que trabalha para um candidato estaria sacando valores para uso irregular na campanha eleitoral. Ela foi abordada após sacar a quantia em uma agência bancária.
Rio de Janeiro
03/10 - A PF apreendeu R$ 150 mil em espécie no Centro de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no carro de um candidato a vereador. O segurança do candidato estava no veículo. As suspeitas são de que o dinheiro seria usado para corrupção eleitoral.
04/10 – PF apreendeu no centro de Macaé R$ 49.900 possivelmente reservados para compra de votos. O dinheiro foi encontrado com uma mulher e seu marido, candidato a vereador.
03/10 - PF apreendeu R$ 1,85 milhões em espécie em dois veículos estacionados na garagem de um centro empresarial na Barra da Tijuca. Os carros são de um empresário suspeito de corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro. O dinheiro estava estocado em caixas de papelão nos carros estacionados no subsolo do centro empresarial.
Paraíba
04/10 – PF em Campina Grande apreendeu 377 cestas básicas que seriam usadas para a compra de votos por parte de um candidato a vereador. Foram apreendidos anotações, material de campanha e R$3.725,00. O candidato foi ouvido e liberado.
03/10 – Federais apreenderam R$ 300 mil com dois homens em um carro em João Pessoa, sob suspeita de crimes eleitorais.
COM A PALAVRA O DIRETOR-GERAL DA POLÍCIA FEDERAL, DELEGADO ANDREI RODRIGUES PASSOS
ESTADÃO: O que explica tanto dinheiro vivo circulando nessa época, especialmente em pequenos municípios das regiões Norte e Nordeste? Qual a origem desse dinheiro?
ANDREI: Com a proximidade do pleito eleitoral, há uma intensificação das ações de compra de votos nos municípios, bem como formação de caixa 2 eleitoral. As origens estão sendo objeto de investigação, podendo ser desvio do Fundo Eleitoral ou dinheiro proveniente do patrocínio ilegal de campanha.
ESTADÃO: Que destino será dado a todo esse dinheiro?
ANDREI: Foram apreendidos e estarão à disposição da Justiça.
ESTADÃO: Muitos candidatos foram flagrados promovendo ‘chuva de dinheiro’ a eleitores em praça pública. Como o sr analisa o comportamento desses políticos?
ANDREI: Tal comportamento caracteriza compra de votos e é caracterizado como crime eleitoral, estando os autores sujeitos a sanções penais e administrativas.
ESTADÃO: Qual a punição que eles devem receber?
ANDREI: As condutas podem caracterizar os crimes previstos nos artigos 299 e 350 do Código Eleitoral, além de tipos penais da Lei 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa) e da Lei 9613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), a depender do caso concreto.