O diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Celso Campilongo, disse esperar que as eleições transcorram com "tranquilidade".
"Que não tenha confusões no momento do voto, de gente alegando coisas que sabidamente são impossíveis de ocorrer, do tipo: 'Eu votei em um candidato e apareceu o rosto do outro'. Tudo isso é mentira, é impossível que isso aconteça", disse na terça-feira, 27, em transmissão ao vivo com o promotor de Justiça João Linhares, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
A Faculdade de Direito da USP foi palco no mês passado de um ato suprapartidário em defesa da democracia e do processo eleitoral. O movimento ganhou amplo apoio popular. O manifesto lançado por ex-alunos teve mais de um milhão de assinaturas.
Para Campilongo, as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a manifestação acabaram atraindo apoio para o movimento.
"Se ele [Bolsonaro] tivesse dito logo no início: 'eu quero assinar também porque eu sou a favor da democracia', esse movimento não teria tido essa repercussão. Mas ele fez questão de menosprezar, de hostilizar, de menosprezar, de tratar de uma forma leviana. E isso gerou muitas adesões", disse o jurista.
Campilongo também criticou o orçamento secreto e os decretos de sigilo impostos pelo governo a documentos oficiais. Levantamento do Estadão mostra que, entre 2019 e 2022, o governo Jair Bolsonaro impôs segredo de 100 anos a informações que deveriam ser públicas em ao menos 65 casos.
"A regra da democracia é a publicidade, é a transparência, e não o seu oposto", defendeu Campilongo. "Isso é uma ironia, isso é uma sátira, isso é um deboche com essa pouca vergonha de sigilo centenário. Absolutamente incompatível com o Estado democrático de Direito."