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É preciso impedir a relativização dos horrores do Holocausto


Por Luiz Kignel e Daniel Kignel
Luiz Kignel e Daniel Kignel. FOTOS: DIVULGAÇÃO  Foto: Estadão

Dentre todos os sentimentos a que estamos sujeitos, há aqueles que não podem ser explicados ou entendidos em sua totalidade. O homem é capaz de infligir ao seu semelhante experiências cuja intensidade não pode ser traduzida em palavras. São vivências inexprimíveis e inexpressáveis. Enfim, são a maior mácula naquilo que definimos como humanidade.

Não se pode compreender a aflição de uma família colocada em um vagão de trem, sem janelas, sem ar e sem esperança, juntamente com outras centenas de pessoas que também desconhecem seu destino. É impossível definir o desespero de pais e mães que são separados à força de seus filhos por soldados armados. É inútil tentar mensurar a saudade que os sobreviventes de campos de concentração sentem de seus familiares, de seus lares e de suas origens.

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Por essas razões, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto não foi estabelecido para que tentemos assimilar o que milhões de vítimas do nazismo tiveram de experimentar. Ao contrário, nesta data só nos resta recordar que, há algumas décadas, grupos étnicos e religiosos, que não se enquadravam no padrão ariano de uma raça dita superior, tiveram de suportar o inimaginável.

A cada ano, a responsabilidade das gerações futuras de impedir a relativização ou o esquecimento dos horrores do Holocausto aumenta consideravelmente. Passados quase 80 anos desde o término da 2ª Guerra Mundial, parece cada vez mais distante a noção de que o extermínio sistemático de judeus, negros, ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais não foi decidido ou executado em poucos dias.

A edição das Leis de Nuremberg, o pogrom da Noite dos Cristais, a implementação do programa Aktion T4, a reunião conhecida como Conferência de Wansee...Cada um desses eventos constitui evidência histórica de que a "solução final da questão judaica" foi planejada de forma meticulosa e que sua implementação não era apenas um efeito colateral da guerra. Em verdade, a limpeza étnica sempre esteve entre os principais objetivos da Alemanha Nazista, ao lado da obtenção do Lebensraum, a obsessão de Hitler pela expansão territorial que garantiria a existência do povo alemão.

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Olhando em retrospectiva, a análise das circunstâncias que levaram ao Holocausto deveria causar sentimentos de repulsa e indignação. Nada poderia ser mais desumano do que a ambição de se exterminar milhões de pessoas com a única finalidade de assegurar a pureza de uma raça imaginariamente superior.

Mas a insensatez é uma marca registrada do homem. O gosto pelo absurdo e a atração pelo inaceitável acabam por limitar a racionalidade de uma parcela considerável da sociedade moderna. Revisionistas e negacionistas do Holocausto têm conseguido espaço com teorias que transitam entre o conspiracionismo barato e o antissemitismo explícito. Não há diálogo que os convença do equívoco de suas posições. Não há sobreviventes de Auschwitz, Treblinka ou Majdanek, que nos contam suas histórias com firmeza inabalável, capazes de dissuadir aqueles que ostentam sua ignorância com orgulho.

Esse, infelizmente, não é um fenômeno novo. A filósofa americana Susan Neiman, em sua obra "Learning from the germans: race and the memory of evil", apresenta um paralelo bastante preciso entre a irracionalidade dos negacionistas do Holocausto e daqueles que defendem a teoria da "causa perdida", difundida principalmente no sul dos Estados Unidos, que não passa de uma constrangedora tentativa de desconsiderar o racismo e a escravidão como fatores determinantes para a guerra civil americana.

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A verdade é que, entre nós, sempre haverá aqueles que são capazes de buscar justificativas, ou de criar realidades alterativas, a fim de deturpar a memória de um passado que nos envergonha a todos. O Holocausto e a escravidão são dois dos maiores exemplos de uma história repleta de tragédias infligidas pelo homem contra o próprio homem, que em hipótese alguma deverão ser relativizadas.

Talvez seja esta uma das principais finalidades do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto: honrar aqueles que pereceram nos campos de extermínio, ao impedir que a barbárie que os vitimou se repita de qualquer modo. Se é verdade que há sentimentos que não podem ser explicados ou compreendidos em sua totalidade, um deles certamente é a esperança de que podemos aprender com os horrores do passado a fim de garantir às próximas gerações um futuro inteiramente digno.

*Luiz Kignel, advogado familiarista, sócio do PLKC Advogados

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*Daniel Kignel, advogado criminalista, sócio do Oliveira Lima & Dall'Acqua Advogados

Luiz Kignel e Daniel Kignel. FOTOS: DIVULGAÇÃO  Foto: Estadão

Dentre todos os sentimentos a que estamos sujeitos, há aqueles que não podem ser explicados ou entendidos em sua totalidade. O homem é capaz de infligir ao seu semelhante experiências cuja intensidade não pode ser traduzida em palavras. São vivências inexprimíveis e inexpressáveis. Enfim, são a maior mácula naquilo que definimos como humanidade.

Não se pode compreender a aflição de uma família colocada em um vagão de trem, sem janelas, sem ar e sem esperança, juntamente com outras centenas de pessoas que também desconhecem seu destino. É impossível definir o desespero de pais e mães que são separados à força de seus filhos por soldados armados. É inútil tentar mensurar a saudade que os sobreviventes de campos de concentração sentem de seus familiares, de seus lares e de suas origens.

Por essas razões, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto não foi estabelecido para que tentemos assimilar o que milhões de vítimas do nazismo tiveram de experimentar. Ao contrário, nesta data só nos resta recordar que, há algumas décadas, grupos étnicos e religiosos, que não se enquadravam no padrão ariano de uma raça dita superior, tiveram de suportar o inimaginável.

A cada ano, a responsabilidade das gerações futuras de impedir a relativização ou o esquecimento dos horrores do Holocausto aumenta consideravelmente. Passados quase 80 anos desde o término da 2ª Guerra Mundial, parece cada vez mais distante a noção de que o extermínio sistemático de judeus, negros, ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais não foi decidido ou executado em poucos dias.

A edição das Leis de Nuremberg, o pogrom da Noite dos Cristais, a implementação do programa Aktion T4, a reunião conhecida como Conferência de Wansee...Cada um desses eventos constitui evidência histórica de que a "solução final da questão judaica" foi planejada de forma meticulosa e que sua implementação não era apenas um efeito colateral da guerra. Em verdade, a limpeza étnica sempre esteve entre os principais objetivos da Alemanha Nazista, ao lado da obtenção do Lebensraum, a obsessão de Hitler pela expansão territorial que garantiria a existência do povo alemão.

Olhando em retrospectiva, a análise das circunstâncias que levaram ao Holocausto deveria causar sentimentos de repulsa e indignação. Nada poderia ser mais desumano do que a ambição de se exterminar milhões de pessoas com a única finalidade de assegurar a pureza de uma raça imaginariamente superior.

Mas a insensatez é uma marca registrada do homem. O gosto pelo absurdo e a atração pelo inaceitável acabam por limitar a racionalidade de uma parcela considerável da sociedade moderna. Revisionistas e negacionistas do Holocausto têm conseguido espaço com teorias que transitam entre o conspiracionismo barato e o antissemitismo explícito. Não há diálogo que os convença do equívoco de suas posições. Não há sobreviventes de Auschwitz, Treblinka ou Majdanek, que nos contam suas histórias com firmeza inabalável, capazes de dissuadir aqueles que ostentam sua ignorância com orgulho.

Esse, infelizmente, não é um fenômeno novo. A filósofa americana Susan Neiman, em sua obra "Learning from the germans: race and the memory of evil", apresenta um paralelo bastante preciso entre a irracionalidade dos negacionistas do Holocausto e daqueles que defendem a teoria da "causa perdida", difundida principalmente no sul dos Estados Unidos, que não passa de uma constrangedora tentativa de desconsiderar o racismo e a escravidão como fatores determinantes para a guerra civil americana.

A verdade é que, entre nós, sempre haverá aqueles que são capazes de buscar justificativas, ou de criar realidades alterativas, a fim de deturpar a memória de um passado que nos envergonha a todos. O Holocausto e a escravidão são dois dos maiores exemplos de uma história repleta de tragédias infligidas pelo homem contra o próprio homem, que em hipótese alguma deverão ser relativizadas.

Talvez seja esta uma das principais finalidades do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto: honrar aqueles que pereceram nos campos de extermínio, ao impedir que a barbárie que os vitimou se repita de qualquer modo. Se é verdade que há sentimentos que não podem ser explicados ou compreendidos em sua totalidade, um deles certamente é a esperança de que podemos aprender com os horrores do passado a fim de garantir às próximas gerações um futuro inteiramente digno.

*Luiz Kignel, advogado familiarista, sócio do PLKC Advogados

*Daniel Kignel, advogado criminalista, sócio do Oliveira Lima & Dall'Acqua Advogados

Luiz Kignel e Daniel Kignel. FOTOS: DIVULGAÇÃO  Foto: Estadão

Dentre todos os sentimentos a que estamos sujeitos, há aqueles que não podem ser explicados ou entendidos em sua totalidade. O homem é capaz de infligir ao seu semelhante experiências cuja intensidade não pode ser traduzida em palavras. São vivências inexprimíveis e inexpressáveis. Enfim, são a maior mácula naquilo que definimos como humanidade.

Não se pode compreender a aflição de uma família colocada em um vagão de trem, sem janelas, sem ar e sem esperança, juntamente com outras centenas de pessoas que também desconhecem seu destino. É impossível definir o desespero de pais e mães que são separados à força de seus filhos por soldados armados. É inútil tentar mensurar a saudade que os sobreviventes de campos de concentração sentem de seus familiares, de seus lares e de suas origens.

Por essas razões, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto não foi estabelecido para que tentemos assimilar o que milhões de vítimas do nazismo tiveram de experimentar. Ao contrário, nesta data só nos resta recordar que, há algumas décadas, grupos étnicos e religiosos, que não se enquadravam no padrão ariano de uma raça dita superior, tiveram de suportar o inimaginável.

A cada ano, a responsabilidade das gerações futuras de impedir a relativização ou o esquecimento dos horrores do Holocausto aumenta consideravelmente. Passados quase 80 anos desde o término da 2ª Guerra Mundial, parece cada vez mais distante a noção de que o extermínio sistemático de judeus, negros, ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais não foi decidido ou executado em poucos dias.

A edição das Leis de Nuremberg, o pogrom da Noite dos Cristais, a implementação do programa Aktion T4, a reunião conhecida como Conferência de Wansee...Cada um desses eventos constitui evidência histórica de que a "solução final da questão judaica" foi planejada de forma meticulosa e que sua implementação não era apenas um efeito colateral da guerra. Em verdade, a limpeza étnica sempre esteve entre os principais objetivos da Alemanha Nazista, ao lado da obtenção do Lebensraum, a obsessão de Hitler pela expansão territorial que garantiria a existência do povo alemão.

Olhando em retrospectiva, a análise das circunstâncias que levaram ao Holocausto deveria causar sentimentos de repulsa e indignação. Nada poderia ser mais desumano do que a ambição de se exterminar milhões de pessoas com a única finalidade de assegurar a pureza de uma raça imaginariamente superior.

Mas a insensatez é uma marca registrada do homem. O gosto pelo absurdo e a atração pelo inaceitável acabam por limitar a racionalidade de uma parcela considerável da sociedade moderna. Revisionistas e negacionistas do Holocausto têm conseguido espaço com teorias que transitam entre o conspiracionismo barato e o antissemitismo explícito. Não há diálogo que os convença do equívoco de suas posições. Não há sobreviventes de Auschwitz, Treblinka ou Majdanek, que nos contam suas histórias com firmeza inabalável, capazes de dissuadir aqueles que ostentam sua ignorância com orgulho.

Esse, infelizmente, não é um fenômeno novo. A filósofa americana Susan Neiman, em sua obra "Learning from the germans: race and the memory of evil", apresenta um paralelo bastante preciso entre a irracionalidade dos negacionistas do Holocausto e daqueles que defendem a teoria da "causa perdida", difundida principalmente no sul dos Estados Unidos, que não passa de uma constrangedora tentativa de desconsiderar o racismo e a escravidão como fatores determinantes para a guerra civil americana.

A verdade é que, entre nós, sempre haverá aqueles que são capazes de buscar justificativas, ou de criar realidades alterativas, a fim de deturpar a memória de um passado que nos envergonha a todos. O Holocausto e a escravidão são dois dos maiores exemplos de uma história repleta de tragédias infligidas pelo homem contra o próprio homem, que em hipótese alguma deverão ser relativizadas.

Talvez seja esta uma das principais finalidades do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto: honrar aqueles que pereceram nos campos de extermínio, ao impedir que a barbárie que os vitimou se repita de qualquer modo. Se é verdade que há sentimentos que não podem ser explicados ou compreendidos em sua totalidade, um deles certamente é a esperança de que podemos aprender com os horrores do passado a fim de garantir às próximas gerações um futuro inteiramente digno.

*Luiz Kignel, advogado familiarista, sócio do PLKC Advogados

*Daniel Kignel, advogado criminalista, sócio do Oliveira Lima & Dall'Acqua Advogados

Luiz Kignel e Daniel Kignel. FOTOS: DIVULGAÇÃO  Foto: Estadão

Dentre todos os sentimentos a que estamos sujeitos, há aqueles que não podem ser explicados ou entendidos em sua totalidade. O homem é capaz de infligir ao seu semelhante experiências cuja intensidade não pode ser traduzida em palavras. São vivências inexprimíveis e inexpressáveis. Enfim, são a maior mácula naquilo que definimos como humanidade.

Não se pode compreender a aflição de uma família colocada em um vagão de trem, sem janelas, sem ar e sem esperança, juntamente com outras centenas de pessoas que também desconhecem seu destino. É impossível definir o desespero de pais e mães que são separados à força de seus filhos por soldados armados. É inútil tentar mensurar a saudade que os sobreviventes de campos de concentração sentem de seus familiares, de seus lares e de suas origens.

Por essas razões, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto não foi estabelecido para que tentemos assimilar o que milhões de vítimas do nazismo tiveram de experimentar. Ao contrário, nesta data só nos resta recordar que, há algumas décadas, grupos étnicos e religiosos, que não se enquadravam no padrão ariano de uma raça dita superior, tiveram de suportar o inimaginável.

A cada ano, a responsabilidade das gerações futuras de impedir a relativização ou o esquecimento dos horrores do Holocausto aumenta consideravelmente. Passados quase 80 anos desde o término da 2ª Guerra Mundial, parece cada vez mais distante a noção de que o extermínio sistemático de judeus, negros, ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais não foi decidido ou executado em poucos dias.

A edição das Leis de Nuremberg, o pogrom da Noite dos Cristais, a implementação do programa Aktion T4, a reunião conhecida como Conferência de Wansee...Cada um desses eventos constitui evidência histórica de que a "solução final da questão judaica" foi planejada de forma meticulosa e que sua implementação não era apenas um efeito colateral da guerra. Em verdade, a limpeza étnica sempre esteve entre os principais objetivos da Alemanha Nazista, ao lado da obtenção do Lebensraum, a obsessão de Hitler pela expansão territorial que garantiria a existência do povo alemão.

Olhando em retrospectiva, a análise das circunstâncias que levaram ao Holocausto deveria causar sentimentos de repulsa e indignação. Nada poderia ser mais desumano do que a ambição de se exterminar milhões de pessoas com a única finalidade de assegurar a pureza de uma raça imaginariamente superior.

Mas a insensatez é uma marca registrada do homem. O gosto pelo absurdo e a atração pelo inaceitável acabam por limitar a racionalidade de uma parcela considerável da sociedade moderna. Revisionistas e negacionistas do Holocausto têm conseguido espaço com teorias que transitam entre o conspiracionismo barato e o antissemitismo explícito. Não há diálogo que os convença do equívoco de suas posições. Não há sobreviventes de Auschwitz, Treblinka ou Majdanek, que nos contam suas histórias com firmeza inabalável, capazes de dissuadir aqueles que ostentam sua ignorância com orgulho.

Esse, infelizmente, não é um fenômeno novo. A filósofa americana Susan Neiman, em sua obra "Learning from the germans: race and the memory of evil", apresenta um paralelo bastante preciso entre a irracionalidade dos negacionistas do Holocausto e daqueles que defendem a teoria da "causa perdida", difundida principalmente no sul dos Estados Unidos, que não passa de uma constrangedora tentativa de desconsiderar o racismo e a escravidão como fatores determinantes para a guerra civil americana.

A verdade é que, entre nós, sempre haverá aqueles que são capazes de buscar justificativas, ou de criar realidades alterativas, a fim de deturpar a memória de um passado que nos envergonha a todos. O Holocausto e a escravidão são dois dos maiores exemplos de uma história repleta de tragédias infligidas pelo homem contra o próprio homem, que em hipótese alguma deverão ser relativizadas.

Talvez seja esta uma das principais finalidades do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto: honrar aqueles que pereceram nos campos de extermínio, ao impedir que a barbárie que os vitimou se repita de qualquer modo. Se é verdade que há sentimentos que não podem ser explicados ou compreendidos em sua totalidade, um deles certamente é a esperança de que podemos aprender com os horrores do passado a fim de garantir às próximas gerações um futuro inteiramente digno.

*Luiz Kignel, advogado familiarista, sócio do PLKC Advogados

*Daniel Kignel, advogado criminalista, sócio do Oliveira Lima & Dall'Acqua Advogados

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