Em apenas 12 minutos, o ex-ministro Geddel Vieira Lima poderia caminhar de sua casa, no bairro da Graça, em Salvador, até o apartamento onde a Polícia Federal achou a fortuna de R$ 51 milhões com marcas de seus dedos, no âmbito da Operação Tesouro Perdido. O peemedebista, preso nesta sexta-feira, 8, mora em um imóvel a apenas 1,2 quilômetro do local onde as malas e caixas recheadas de dinheiro vivo foram confiscadas.
+ Delatores Joesley e Funaro afundam Geddel+ PF aponta relação de bunker de R$ 51 milhões com deputado irmão de Geddel+ Juiz afirma que prisão domiciliar para Geddel é 'completamente ineficaz'+ Juiz mandou fazer buscas na casa da mãe de Geddel+ PF achou digitais de Geddel e até fatura de empregada em bunker de R$ 51 milhões
A mãe do ex-ministro, que também foi alvo de busca e apreensão, mora no mesmo prédio de seu filho.
Partindo da rua Plínio Moscoso, 64, no Chame-Chame, onde mora o ex-ministro e sua mãe, seguindo até a rua Barão de Loreno, 360, na Graça, onde fica o bunker de R$ 51 milhões, a distância é de pouco mais de um quilômetro.
A rota também poderia ser feita de carro, em apenas 8 minutos, seguindo dados de satélite do Google Street View.
Na representação pelo encarceramento de Geddel a Procuradoria da República no Distrito Federal vê indícios de que o político era o responsável pelo dinheiro. O Ministério Público Federal ainda aponta relação do montante escondido naquele imóvel com os R$ 20 milhões que o doleiro Lúcio Funaro afirmou ter entregue, em espécie ao peemedebista, em delação premiada.
Segundo o delator, Geddel cobrava propinas de empresas que buscavam empréstimos junto à Caixa Econômica Federal à época em que foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco.
Exames periciais confirmaram as digitais do ex-ministro de Temer e Lula nas notas de dólares e reais que constituíram a maior apreensão de dinheiro vivo na história do país.Até mesmo a fatura de uma empregada do deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel,, foi achada no apartamento.
As marcas dos dedos do diretor da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Pedreira Couto Ferraz, apontado como interposto de Geddel e Eduardo Cunha, também foram identificadas no apartamento.
Além disso, duas testemunhas - uma delas, o dono do imóvel - confirmaram à polícia que Geddel usava o apartamento emprestado, a pretexto de guardar pertences do pai que morreu no ano passado.
A prisão do peemedebista foi decretada pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara, em Brasília.
COM A PALAVRA, GEDDEL
A defesa do peemedebista afirma que vai se manifestar quando tiver acesso aos autos.