O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) gastou R$ 258.945,00 em roupas e terno de grife entre 2011 e 2015, segundo denúncia contra o peemedebista na Operação Lava Jato. As 'peças luxuosas de vestuário masculino', descreve a acusação da Procuradoria da República no Paraná, teriam sido pagas 'utilizando produto do crime'.
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OS TERNOS DE CABRALSérgio Cabral foi preso em 17 de novembro pela Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato. Após um período preso no Complexo de Bangu, no Rio, o peemedebista foi transferido para Curitiba por suspeita de irregularidade nas visitas na penitenciária fluminense. Nesta sexta-feira, 16, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região ordenou o retorno do peemedebista a Bangu.
Durante as buscas da Operação Calicute em seu apartamento, no Leblon, no Rio, a Polícia Federal 'identificou uma grande quantidade de ternos da marca Ermenegildo Zegna, inclusive com alguns dos itens com etiqueta de fabricação exclusiva' para o ex-governador. Um agente, então, informou ao delegado federal Igor Romário de Paula, da Operação Lava Jato, no Paraná, sobre os ternos.
"Inicialmente, tal fato não foi considerado relevante e por este motivo não constou circunstanciado em Auto de Arrecadação. Entretanto, como identificou-se através dos Exmos. Procuradores da República que tais informações seriam relevantes às investigações", anotou o agente federal.
Fotos enviadas pelo agente federal à Lava Jato mostram um armário, na casa de Sérgio Cabral, com ao menos 10 blazers. Alguns têm detalhes com o nome do ex-governador do Rio.
O peemedebista governou o Rio por dois mandatos, entre 2007 e abril de 2014.
Entre 2011 e 2013, o então governador gastou R$ 201.845,00 em seis compras na Ermenegildo Zegna. Depois que deixou o cargo, Cabral pagou R$ 57,1 mil em duas compras.
Na maior compra, em 2012, Sérgio Cabral pagou R$ 89.950,00 'por meio de 11 operações bancárias de depósito em dinheiro, fracionadas em valores inferiores a R$ 10 mil', segundo a denúncia do Ministério Público Federal.
A Procuradoria da República vê lavagem de dinheiro na compra dos ternos por causa dos pagamentos de valores abaixo dos R$ 10 mil em espécie. Isto porque o Banco Central estabelece obrigação de comunicação de operações bancárias suspeitas de lavagem de dinheiro de valor igual ou superior a R$ 10 mil.
Na decisão que abre ação contra Sérgio Cabral, o juiz federal Sérgio Moro apontou para este tipo de transação.
"Não é incomum que criminosos, buscando ocultar transações com dinheiro de origem e natureza ilícita, utilizem expedientes para estruturar suas operações em valores fracionados para que fiquem abaixo dos parâmetros de R$ 10 mil", observou o magistrado.
Denúncias - O peemedebista é alvo de duas ações penais, uma na Lava Jato, no Paraná, outra na Calicute, no Rio.
Nesta sexta, 16, o juiz federal Sérgio Moro abriu ação penal contra o ex-governador por propina de pelo menos R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, referente as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás. Sérgio Cabral é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
A Procuradoria da República, no Rio, denunciou Sérgio Cabral por associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, aceitou a denúncia. Sérgio Cabral é acusado por 164 atos de lavagem de dinheiro e 49 de corrupção passiva.
OS GASTOS DE SÉRGIO CABRAL COM ROUPAS DE ALTO PADRÃO
Entre 26 de maio de 2011 e 20 de julho de 2011: R$ 26.840,00 Entre 12 de maio de 2011 e 29 de setembro de 2011: R$ 14.255,00 Entre 13 de abril de 2012 e 23 de maio de 2012: R$ 31.925,00 Entre 06 de julho de 2012 e 14 de setembro de 2012: R$ 89.950,00 Entre 23 de outubro de 2012 e 30 de novembro de 2012: R$ 23.875,00 Entre 15 de maio de 2013 e 21 de maio de 2013: R$ 15 mil Entre 09 de junho de 2015 e 10 de junho de 2015: R$ 37.715,00 Entre 03 de julho de 2015 e 16 de dezembro de 2015: R$ 19.385,00