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Fintechs embarcam em uma nova rota para a Índia


Por Guilherme França Mota
Guilherme França Mota. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Índia sempre habitou o imaginário coletivo dos brasileiros devido à forte influência da colonização portuguesa, responsável pelo estabelecimento de uma rota comercial marítima  para a região no fim do século XIV. A expansão registrada na chamada "Era dos Descobrimentos" foi cercada de dificuldades e moldou o mundo como conhecemos. Em meio a diversos projetos ambiciosos, Portugal também chegou ao Brasil, estabeleceu conexões culturais e econômicas com territórios completamente desconhecidos para toda a Humanidade.

Mais de cinco séculos depois, vivemos uma nova interpretação dessas fronteiras, ainda que muitas não sejam mais físicas. Hoje caminhamos pelos complexos pontos de vista financeiro, social, tecnológico e legal.

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Tal como as expectativas daquela época, o país asiático representa hoje um superlativo de oportunidades, particularidades e paixões pela tecnologia. Com quase 1,4 bilhão de habitantes, trata-se da nação mais populosa depois da China e conta com cerca de 760 milhões de pessoas com acesso à internet, com previsão de chegar próximo a um bilhão de usuários ativos até 2025, de acordo com as projeções do centro de pesquisa e dados Statista.

Somado a esse cenário, existem no país mais de 500 milhões de usuários de smartphones, mais do que o dobro da população inteira do Brasil. De tão grandiosos, os dados tendem a nos deixar atordoados devido a proporção da sua representatividade, o que podemos traduzir de uma maneira bem clara: o universo de possibilidades disponíveis na Índia é fabuloso.

Além da interpretação milenar de um país voltado para os preceitos da espiritualidade e a tradição, a Índia dispõe, por meio das suas novas gerações, uma nova base consumidora, com interesse genuíno na formação educacional, viagens, experiências internacionais, smartphones e outras tendências globais. Portanto, a compreensão sobre o crédito justo e ágil é um mecanismo para permitir o atendimento aos novos desejos e isso abre oportunidades para as fintechs do Brasil.

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E não se trata de um achismo da minha experiência como executivo local, são práticas realizadas oficialmente pelo governo indiano. O setor financeiro passa por grandes transformações estruturais, com as lideranças regionais promovendo novos pilares político-econômicos, como a inclusão financeira nas diversas camadas da população.

Nesse sentido, a digitalização tem sido um forte aliado, para migrar a economia arraigada no "cash to cash" para um modelo mais tecnológico, ambicionando a maior praticidade e controle dos fluxos de pagamento. O modelo anterior contribuiu demais para a evasão fiscal e em 2016 o governo indiano deu o primeiro grande passo ao, da noite pro dia, determinar a substituição de cédulas de maior valor para evitar transações ilegais, bem como a sonegação financeira. Recomendo também aprofundar o "2016 Indian banknote demonetisation".

Com essas práticas objetivas, as iniciativas financeiras embarcadas com tecnologia ganharam espaço no mercado local e deram a oportunidade para as fintechs se destacarem no farto ambiente de negócios indiano. Os e-wallets, por exemplo, chegaram a um grupo social ainda pouco atendido pelas operadoras de crédito, democratizando o acesso no país.

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Destaco a Paytm, líder do mercado, com mais de 450 milhões de usuários registrados, que trabalha no nicho de transações C2C e via e-commerce, com uma gama de serviços que vai desde pagamento de contas de consumo à oferta de Fundos de Investimento. Não à toa receberam investimentos do gigante chinês Alibaba Group em 2019 e se transformou no principal unicórnio indiano.

Esse ambiente novo e favorável a inovações tornou a Índia em um para-raio de oportunidades, ficando atrás apenas das superpotências China e Estados Unidos. E foi esse desafio que me levou até a operação local. Aqui na Índia, onde moro desde 2015, tivemos ganhos excelentes na percepção tecnológica, do match cultural e da análise legislativa a respeito da regulamentação do produto.

Entender a particularidade do país agregou muito aos nossos desenvolvimentos tecnológicos e de serviços ofertados não só no Brasil, mas em outras partes do mundo. A exploração desse novo mundo nos permitiu estar sempre atento às adequações e à condição profissional de cada um dos usuários dos nossos serviços. Hoje levamos em consideração a estrutura técnica e legal que representam seus salários e suas condições trabalhistas.

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Além disso, também passamos a compreender que os conceitos de poupança e investimentos na Índia são completamente particulares. O indiano com perfil mais tradicional poupa em média 30% dos seus rendimentos para despesas de emergência ou até mesmo para festividades religiosas e celebrações como o casamento, contudo os mais jovens já estão mais abertos ao consumo de bens materiais e, consequentemente, demandam por crédito.

Aliás, esse fato é um outro ponto com grandes oportunidades a serem explorados por meio de soluções inovadoras. Devido a uma jovem base consumidora, "new to credit", e democratização sem precedentes da oferta de crédito, canais financeiros tradicionais encontram dificuldades em avaliar o score financeiro de milhões de jovens, afinal nunca se envolveram com produtos financeiros anteriormente, e oferecer produtos mais atrativos e modernos. Então, com toda a nossa capacidade de análise de crédito e comportamento desses perfis profissionais, tivemos a oportunidade de trazer o conceito original do Brasil de crédito consignado até esse país. Uma maneira inovadora de proporcionar empréstimos a baixo custo em uma odisséia financeira ainda no seu leito de formação.

*Guilherme França Mota é Country Manager da SalaryFits Índia

Guilherme França Mota. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Índia sempre habitou o imaginário coletivo dos brasileiros devido à forte influência da colonização portuguesa, responsável pelo estabelecimento de uma rota comercial marítima  para a região no fim do século XIV. A expansão registrada na chamada "Era dos Descobrimentos" foi cercada de dificuldades e moldou o mundo como conhecemos. Em meio a diversos projetos ambiciosos, Portugal também chegou ao Brasil, estabeleceu conexões culturais e econômicas com territórios completamente desconhecidos para toda a Humanidade.

Mais de cinco séculos depois, vivemos uma nova interpretação dessas fronteiras, ainda que muitas não sejam mais físicas. Hoje caminhamos pelos complexos pontos de vista financeiro, social, tecnológico e legal.

Tal como as expectativas daquela época, o país asiático representa hoje um superlativo de oportunidades, particularidades e paixões pela tecnologia. Com quase 1,4 bilhão de habitantes, trata-se da nação mais populosa depois da China e conta com cerca de 760 milhões de pessoas com acesso à internet, com previsão de chegar próximo a um bilhão de usuários ativos até 2025, de acordo com as projeções do centro de pesquisa e dados Statista.

Somado a esse cenário, existem no país mais de 500 milhões de usuários de smartphones, mais do que o dobro da população inteira do Brasil. De tão grandiosos, os dados tendem a nos deixar atordoados devido a proporção da sua representatividade, o que podemos traduzir de uma maneira bem clara: o universo de possibilidades disponíveis na Índia é fabuloso.

Além da interpretação milenar de um país voltado para os preceitos da espiritualidade e a tradição, a Índia dispõe, por meio das suas novas gerações, uma nova base consumidora, com interesse genuíno na formação educacional, viagens, experiências internacionais, smartphones e outras tendências globais. Portanto, a compreensão sobre o crédito justo e ágil é um mecanismo para permitir o atendimento aos novos desejos e isso abre oportunidades para as fintechs do Brasil.

E não se trata de um achismo da minha experiência como executivo local, são práticas realizadas oficialmente pelo governo indiano. O setor financeiro passa por grandes transformações estruturais, com as lideranças regionais promovendo novos pilares político-econômicos, como a inclusão financeira nas diversas camadas da população.

Nesse sentido, a digitalização tem sido um forte aliado, para migrar a economia arraigada no "cash to cash" para um modelo mais tecnológico, ambicionando a maior praticidade e controle dos fluxos de pagamento. O modelo anterior contribuiu demais para a evasão fiscal e em 2016 o governo indiano deu o primeiro grande passo ao, da noite pro dia, determinar a substituição de cédulas de maior valor para evitar transações ilegais, bem como a sonegação financeira. Recomendo também aprofundar o "2016 Indian banknote demonetisation".

Com essas práticas objetivas, as iniciativas financeiras embarcadas com tecnologia ganharam espaço no mercado local e deram a oportunidade para as fintechs se destacarem no farto ambiente de negócios indiano. Os e-wallets, por exemplo, chegaram a um grupo social ainda pouco atendido pelas operadoras de crédito, democratizando o acesso no país.

Destaco a Paytm, líder do mercado, com mais de 450 milhões de usuários registrados, que trabalha no nicho de transações C2C e via e-commerce, com uma gama de serviços que vai desde pagamento de contas de consumo à oferta de Fundos de Investimento. Não à toa receberam investimentos do gigante chinês Alibaba Group em 2019 e se transformou no principal unicórnio indiano.

Esse ambiente novo e favorável a inovações tornou a Índia em um para-raio de oportunidades, ficando atrás apenas das superpotências China e Estados Unidos. E foi esse desafio que me levou até a operação local. Aqui na Índia, onde moro desde 2015, tivemos ganhos excelentes na percepção tecnológica, do match cultural e da análise legislativa a respeito da regulamentação do produto.

Entender a particularidade do país agregou muito aos nossos desenvolvimentos tecnológicos e de serviços ofertados não só no Brasil, mas em outras partes do mundo. A exploração desse novo mundo nos permitiu estar sempre atento às adequações e à condição profissional de cada um dos usuários dos nossos serviços. Hoje levamos em consideração a estrutura técnica e legal que representam seus salários e suas condições trabalhistas.

Além disso, também passamos a compreender que os conceitos de poupança e investimentos na Índia são completamente particulares. O indiano com perfil mais tradicional poupa em média 30% dos seus rendimentos para despesas de emergência ou até mesmo para festividades religiosas e celebrações como o casamento, contudo os mais jovens já estão mais abertos ao consumo de bens materiais e, consequentemente, demandam por crédito.

Aliás, esse fato é um outro ponto com grandes oportunidades a serem explorados por meio de soluções inovadoras. Devido a uma jovem base consumidora, "new to credit", e democratização sem precedentes da oferta de crédito, canais financeiros tradicionais encontram dificuldades em avaliar o score financeiro de milhões de jovens, afinal nunca se envolveram com produtos financeiros anteriormente, e oferecer produtos mais atrativos e modernos. Então, com toda a nossa capacidade de análise de crédito e comportamento desses perfis profissionais, tivemos a oportunidade de trazer o conceito original do Brasil de crédito consignado até esse país. Uma maneira inovadora de proporcionar empréstimos a baixo custo em uma odisséia financeira ainda no seu leito de formação.

*Guilherme França Mota é Country Manager da SalaryFits Índia

Guilherme França Mota. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A Índia sempre habitou o imaginário coletivo dos brasileiros devido à forte influência da colonização portuguesa, responsável pelo estabelecimento de uma rota comercial marítima  para a região no fim do século XIV. A expansão registrada na chamada "Era dos Descobrimentos" foi cercada de dificuldades e moldou o mundo como conhecemos. Em meio a diversos projetos ambiciosos, Portugal também chegou ao Brasil, estabeleceu conexões culturais e econômicas com territórios completamente desconhecidos para toda a Humanidade.

Mais de cinco séculos depois, vivemos uma nova interpretação dessas fronteiras, ainda que muitas não sejam mais físicas. Hoje caminhamos pelos complexos pontos de vista financeiro, social, tecnológico e legal.

Tal como as expectativas daquela época, o país asiático representa hoje um superlativo de oportunidades, particularidades e paixões pela tecnologia. Com quase 1,4 bilhão de habitantes, trata-se da nação mais populosa depois da China e conta com cerca de 760 milhões de pessoas com acesso à internet, com previsão de chegar próximo a um bilhão de usuários ativos até 2025, de acordo com as projeções do centro de pesquisa e dados Statista.

Somado a esse cenário, existem no país mais de 500 milhões de usuários de smartphones, mais do que o dobro da população inteira do Brasil. De tão grandiosos, os dados tendem a nos deixar atordoados devido a proporção da sua representatividade, o que podemos traduzir de uma maneira bem clara: o universo de possibilidades disponíveis na Índia é fabuloso.

Além da interpretação milenar de um país voltado para os preceitos da espiritualidade e a tradição, a Índia dispõe, por meio das suas novas gerações, uma nova base consumidora, com interesse genuíno na formação educacional, viagens, experiências internacionais, smartphones e outras tendências globais. Portanto, a compreensão sobre o crédito justo e ágil é um mecanismo para permitir o atendimento aos novos desejos e isso abre oportunidades para as fintechs do Brasil.

E não se trata de um achismo da minha experiência como executivo local, são práticas realizadas oficialmente pelo governo indiano. O setor financeiro passa por grandes transformações estruturais, com as lideranças regionais promovendo novos pilares político-econômicos, como a inclusão financeira nas diversas camadas da população.

Nesse sentido, a digitalização tem sido um forte aliado, para migrar a economia arraigada no "cash to cash" para um modelo mais tecnológico, ambicionando a maior praticidade e controle dos fluxos de pagamento. O modelo anterior contribuiu demais para a evasão fiscal e em 2016 o governo indiano deu o primeiro grande passo ao, da noite pro dia, determinar a substituição de cédulas de maior valor para evitar transações ilegais, bem como a sonegação financeira. Recomendo também aprofundar o "2016 Indian banknote demonetisation".

Com essas práticas objetivas, as iniciativas financeiras embarcadas com tecnologia ganharam espaço no mercado local e deram a oportunidade para as fintechs se destacarem no farto ambiente de negócios indiano. Os e-wallets, por exemplo, chegaram a um grupo social ainda pouco atendido pelas operadoras de crédito, democratizando o acesso no país.

Destaco a Paytm, líder do mercado, com mais de 450 milhões de usuários registrados, que trabalha no nicho de transações C2C e via e-commerce, com uma gama de serviços que vai desde pagamento de contas de consumo à oferta de Fundos de Investimento. Não à toa receberam investimentos do gigante chinês Alibaba Group em 2019 e se transformou no principal unicórnio indiano.

Esse ambiente novo e favorável a inovações tornou a Índia em um para-raio de oportunidades, ficando atrás apenas das superpotências China e Estados Unidos. E foi esse desafio que me levou até a operação local. Aqui na Índia, onde moro desde 2015, tivemos ganhos excelentes na percepção tecnológica, do match cultural e da análise legislativa a respeito da regulamentação do produto.

Entender a particularidade do país agregou muito aos nossos desenvolvimentos tecnológicos e de serviços ofertados não só no Brasil, mas em outras partes do mundo. A exploração desse novo mundo nos permitiu estar sempre atento às adequações e à condição profissional de cada um dos usuários dos nossos serviços. Hoje levamos em consideração a estrutura técnica e legal que representam seus salários e suas condições trabalhistas.

Além disso, também passamos a compreender que os conceitos de poupança e investimentos na Índia são completamente particulares. O indiano com perfil mais tradicional poupa em média 30% dos seus rendimentos para despesas de emergência ou até mesmo para festividades religiosas e celebrações como o casamento, contudo os mais jovens já estão mais abertos ao consumo de bens materiais e, consequentemente, demandam por crédito.

Aliás, esse fato é um outro ponto com grandes oportunidades a serem explorados por meio de soluções inovadoras. Devido a uma jovem base consumidora, "new to credit", e democratização sem precedentes da oferta de crédito, canais financeiros tradicionais encontram dificuldades em avaliar o score financeiro de milhões de jovens, afinal nunca se envolveram com produtos financeiros anteriormente, e oferecer produtos mais atrativos e modernos. Então, com toda a nossa capacidade de análise de crédito e comportamento desses perfis profissionais, tivemos a oportunidade de trazer o conceito original do Brasil de crédito consignado até esse país. Uma maneira inovadora de proporcionar empréstimos a baixo custo em uma odisséia financeira ainda no seu leito de formação.

*Guilherme França Mota é Country Manager da SalaryFits Índia

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