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Opinião|Guerra e Paz: 70 anos da utopia de Portinari


Por Ricardo Castilho*

Quando terminou de pintar Guerra e Paz, em 1956, Cândido Portinari (1903-1962) disse que dedicava sua obra à Humanidade e, resumindo o significado dos dois gigantescos painéis, fez um apelo que, lamentavelmente, continua tão atual e necessário como já o era há quase sete décadas. “Devemos organizar a luta pela paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da paz, da cultura, do progresso e da fraternidade entre os povos”.

Os painéis 'Guerra e Paz', de Candido Portinari, na época em que foram exibidos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Embora disseminada por longo tempo em todos os idiomas do planeta, a utopia dialética do pintor paulista - que nasceu na pequena Brodowski e chegaria aos 120 anos no próximo dia 29 de dezembro - não foi suficiente para sensibilizar a maioria de mentes e corações dos homens incumbidos de defender a paz mundial, nem de convencê-los de que, poucos anos depois, John Lennon não estava “apenas” cantando uma música quando disse que a Humanidade precisava dar uma chance para a paz.

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Um provérbio em latim recomenda: Se vis pacem, para bellum. Em tradução livre: Quem quer a paz deve estar pronto para a guerra. Vista pelas lentes da televisão, a guerra que se desenvolve do outro lado da telinha parece apenas um filme do velho oeste americano em que os caras pálidas tinham passe livre para expulsar os indígenas de suas terras. Como no prelúdio de Portinari, também o vaticínio de Thomas Jefferson, um dos “pais” da nação americana, ficou no limbo da História. Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível”.

A guerra, aqui ou alhures, continuará fazendo vítimas inocentes – como as crianças que Portinari pintou no painel da Paz. Estão ali, personagens de sua infância e do cotidiano brasileiro, crianças brincando de gangorra, pulando corda, jogando pião e bola-de-gude. No contraponto, avultam choro e lamentação de crianças e mães, inocentes uteis, claramente simbolizando as populações civis, as mais afetadas pela calamidade da guerra.

Ricardo Castilho Foto: Arquivo pessoal
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É unânime a opinião de quem viu a exposição quando os painéis vieram ao Brasil para ser restaurados: Portinari passa claramente a ideia de que a guerra, seja entre nações, fomentada por terroristas ou pelo crime organizado, como se vê no Rio de Janeiro, sempre foi e continuará sendo um evento inerente ao ser humano. Defensor obstinado dos Direitos Humanos, constataria, com desgosto, que as guerras na Europa e no Oriente Médio são mais um atestado de incompetência da Humanidade em administrar seus problemas rotineiros de convivência, o tal xadrez do Poder. E saberia, também, que elas têm potencial iminente de se transformarem no verdadeiro estopim do apocalipse, representado, em sua obra, pelos quatro cavaleiros que simbolizam a fome e o sofrimento gerados pela guerra.

*Ricardo Castilho é jurista e escritor, pós-doutor pela USP e Universidade Federal de Santa Catarina. É diretor acadêmico da Escola Paulista de Direito

Quando terminou de pintar Guerra e Paz, em 1956, Cândido Portinari (1903-1962) disse que dedicava sua obra à Humanidade e, resumindo o significado dos dois gigantescos painéis, fez um apelo que, lamentavelmente, continua tão atual e necessário como já o era há quase sete décadas. “Devemos organizar a luta pela paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da paz, da cultura, do progresso e da fraternidade entre os povos”.

Os painéis 'Guerra e Paz', de Candido Portinari, na época em que foram exibidos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Embora disseminada por longo tempo em todos os idiomas do planeta, a utopia dialética do pintor paulista - que nasceu na pequena Brodowski e chegaria aos 120 anos no próximo dia 29 de dezembro - não foi suficiente para sensibilizar a maioria de mentes e corações dos homens incumbidos de defender a paz mundial, nem de convencê-los de que, poucos anos depois, John Lennon não estava “apenas” cantando uma música quando disse que a Humanidade precisava dar uma chance para a paz.

Um provérbio em latim recomenda: Se vis pacem, para bellum. Em tradução livre: Quem quer a paz deve estar pronto para a guerra. Vista pelas lentes da televisão, a guerra que se desenvolve do outro lado da telinha parece apenas um filme do velho oeste americano em que os caras pálidas tinham passe livre para expulsar os indígenas de suas terras. Como no prelúdio de Portinari, também o vaticínio de Thomas Jefferson, um dos “pais” da nação americana, ficou no limbo da História. Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível”.

A guerra, aqui ou alhures, continuará fazendo vítimas inocentes – como as crianças que Portinari pintou no painel da Paz. Estão ali, personagens de sua infância e do cotidiano brasileiro, crianças brincando de gangorra, pulando corda, jogando pião e bola-de-gude. No contraponto, avultam choro e lamentação de crianças e mães, inocentes uteis, claramente simbolizando as populações civis, as mais afetadas pela calamidade da guerra.

Ricardo Castilho Foto: Arquivo pessoal

É unânime a opinião de quem viu a exposição quando os painéis vieram ao Brasil para ser restaurados: Portinari passa claramente a ideia de que a guerra, seja entre nações, fomentada por terroristas ou pelo crime organizado, como se vê no Rio de Janeiro, sempre foi e continuará sendo um evento inerente ao ser humano. Defensor obstinado dos Direitos Humanos, constataria, com desgosto, que as guerras na Europa e no Oriente Médio são mais um atestado de incompetência da Humanidade em administrar seus problemas rotineiros de convivência, o tal xadrez do Poder. E saberia, também, que elas têm potencial iminente de se transformarem no verdadeiro estopim do apocalipse, representado, em sua obra, pelos quatro cavaleiros que simbolizam a fome e o sofrimento gerados pela guerra.

*Ricardo Castilho é jurista e escritor, pós-doutor pela USP e Universidade Federal de Santa Catarina. É diretor acadêmico da Escola Paulista de Direito

Quando terminou de pintar Guerra e Paz, em 1956, Cândido Portinari (1903-1962) disse que dedicava sua obra à Humanidade e, resumindo o significado dos dois gigantescos painéis, fez um apelo que, lamentavelmente, continua tão atual e necessário como já o era há quase sete décadas. “Devemos organizar a luta pela paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da paz, da cultura, do progresso e da fraternidade entre os povos”.

Os painéis 'Guerra e Paz', de Candido Portinari, na época em que foram exibidos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Embora disseminada por longo tempo em todos os idiomas do planeta, a utopia dialética do pintor paulista - que nasceu na pequena Brodowski e chegaria aos 120 anos no próximo dia 29 de dezembro - não foi suficiente para sensibilizar a maioria de mentes e corações dos homens incumbidos de defender a paz mundial, nem de convencê-los de que, poucos anos depois, John Lennon não estava “apenas” cantando uma música quando disse que a Humanidade precisava dar uma chance para a paz.

Um provérbio em latim recomenda: Se vis pacem, para bellum. Em tradução livre: Quem quer a paz deve estar pronto para a guerra. Vista pelas lentes da televisão, a guerra que se desenvolve do outro lado da telinha parece apenas um filme do velho oeste americano em que os caras pálidas tinham passe livre para expulsar os indígenas de suas terras. Como no prelúdio de Portinari, também o vaticínio de Thomas Jefferson, um dos “pais” da nação americana, ficou no limbo da História. Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível”.

A guerra, aqui ou alhures, continuará fazendo vítimas inocentes – como as crianças que Portinari pintou no painel da Paz. Estão ali, personagens de sua infância e do cotidiano brasileiro, crianças brincando de gangorra, pulando corda, jogando pião e bola-de-gude. No contraponto, avultam choro e lamentação de crianças e mães, inocentes uteis, claramente simbolizando as populações civis, as mais afetadas pela calamidade da guerra.

Ricardo Castilho Foto: Arquivo pessoal

É unânime a opinião de quem viu a exposição quando os painéis vieram ao Brasil para ser restaurados: Portinari passa claramente a ideia de que a guerra, seja entre nações, fomentada por terroristas ou pelo crime organizado, como se vê no Rio de Janeiro, sempre foi e continuará sendo um evento inerente ao ser humano. Defensor obstinado dos Direitos Humanos, constataria, com desgosto, que as guerras na Europa e no Oriente Médio são mais um atestado de incompetência da Humanidade em administrar seus problemas rotineiros de convivência, o tal xadrez do Poder. E saberia, também, que elas têm potencial iminente de se transformarem no verdadeiro estopim do apocalipse, representado, em sua obra, pelos quatro cavaleiros que simbolizam a fome e o sofrimento gerados pela guerra.

*Ricardo Castilho é jurista e escritor, pós-doutor pela USP e Universidade Federal de Santa Catarina. É diretor acadêmico da Escola Paulista de Direito

Quando terminou de pintar Guerra e Paz, em 1956, Cândido Portinari (1903-1962) disse que dedicava sua obra à Humanidade e, resumindo o significado dos dois gigantescos painéis, fez um apelo que, lamentavelmente, continua tão atual e necessário como já o era há quase sete décadas. “Devemos organizar a luta pela paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerreira, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da paz, da cultura, do progresso e da fraternidade entre os povos”.

Os painéis 'Guerra e Paz', de Candido Portinari, na época em que foram exibidos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Embora disseminada por longo tempo em todos os idiomas do planeta, a utopia dialética do pintor paulista - que nasceu na pequena Brodowski e chegaria aos 120 anos no próximo dia 29 de dezembro - não foi suficiente para sensibilizar a maioria de mentes e corações dos homens incumbidos de defender a paz mundial, nem de convencê-los de que, poucos anos depois, John Lennon não estava “apenas” cantando uma música quando disse que a Humanidade precisava dar uma chance para a paz.

Um provérbio em latim recomenda: Se vis pacem, para bellum. Em tradução livre: Quem quer a paz deve estar pronto para a guerra. Vista pelas lentes da televisão, a guerra que se desenvolve do outro lado da telinha parece apenas um filme do velho oeste americano em que os caras pálidas tinham passe livre para expulsar os indígenas de suas terras. Como no prelúdio de Portinari, também o vaticínio de Thomas Jefferson, um dos “pais” da nação americana, ficou no limbo da História. Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível”.

A guerra, aqui ou alhures, continuará fazendo vítimas inocentes – como as crianças que Portinari pintou no painel da Paz. Estão ali, personagens de sua infância e do cotidiano brasileiro, crianças brincando de gangorra, pulando corda, jogando pião e bola-de-gude. No contraponto, avultam choro e lamentação de crianças e mães, inocentes uteis, claramente simbolizando as populações civis, as mais afetadas pela calamidade da guerra.

Ricardo Castilho Foto: Arquivo pessoal

É unânime a opinião de quem viu a exposição quando os painéis vieram ao Brasil para ser restaurados: Portinari passa claramente a ideia de que a guerra, seja entre nações, fomentada por terroristas ou pelo crime organizado, como se vê no Rio de Janeiro, sempre foi e continuará sendo um evento inerente ao ser humano. Defensor obstinado dos Direitos Humanos, constataria, com desgosto, que as guerras na Europa e no Oriente Médio são mais um atestado de incompetência da Humanidade em administrar seus problemas rotineiros de convivência, o tal xadrez do Poder. E saberia, também, que elas têm potencial iminente de se transformarem no verdadeiro estopim do apocalipse, representado, em sua obra, pelos quatro cavaleiros que simbolizam a fome e o sofrimento gerados pela guerra.

*Ricardo Castilho é jurista e escritor, pós-doutor pela USP e Universidade Federal de Santa Catarina. É diretor acadêmico da Escola Paulista de Direito

Opinião por Ricardo Castilho*

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