A Polícia Federal obteve imagens de operadores que fizeram depósitos fracionados em dinheiro vivo na conta do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e da ex-mulher dele, a advogada Ana Paula Correia da Silva Cameli.
O material foi compartilhado pelos bancos, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na Operação Ptolomeu. Os investigadores afirmam que o dinheiro é ‘possivelmente não declarado e sem lastro legal’.
Uma das pessoas identificadas nas imagens é Jerffson Luiz Pereira de Oliveira. A PF fez buscas na casa dele, no mês passado, e encontrou boletos bancários em nome do governador.
Em 15 de dezembro de 2021, ele chegou a uma agência bancária carregando uma mochila de dinheiro e fez 37 depósitos fracionados, de no máximo R$ 2 mil, na conta da ex-primeira-dama. O valor total foi de R$ 59,9 mil. As transações levaram quase uma hora.
Ele foi filmado novamente em 17 de agosto de 2022, enquanto fazia cinco depósitos, no valor total de R$ 5 mil, na conta pessoal de Cameli. A transações duram cerca de oito minutos.
Outro homem, que ainda não foi identificado, fez três depósitos, também no valor de R$ 5 mil, na conta de Ana Paula, em 30 de março de 2022. “Trata-se de um servidor público do Estado do Acre, posto que compareceu à agência bancária usando uniforme do governo”, afirma a Polícia Federal em relatório enviado ao STJ.
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A PF não conseguiu imagens junto a um dos bancos, que alegou já ter descartado os registros, mas identificou ainda operações suspeitas no dia 25 de abril de 2022. Foram depositados R$ 46,6 mil na conta do governador em 37 operações, que levaram 1 hora e seis minutos. A agência usada fica a 450 metros do Palácio Rio Branco, sede do Governo do Acre.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR E DA EX-PRIMEIRA-DAMA
“Lamentamos mais um vazamento de dados sigilosos de relatório da Polícia Federal.
O vazamento de informações seletivas é similar aos métodos da Lava Jato.
Uma fonte, que se esconde no anonimato, está claramente tentando desgastar o governo do Acre e influenciar nas decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
A tentativa de condenação por meio dos jornais, antes mesmo da conclusão das investigações, é um abuso.
Esperamos que seja devidamente repelido.
Reafirmamos aqui também que as investigações sobre supostas movimentações financeiras da ex-mulher e do filho de seis anos de idade de Gladson Cameli foram uma forma indireta de investigar o governador sem autorização prévia do STJ.”
Ticiano Figueiredo
Pedro Ivo Velloso