Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Inteligência da PM diz que PCC se instalou de ‘modo sistematizado’ na Câmara do Guarujá


Relatórios da Operação Hereditas, aos quais o Estadão teve acesso, levantam suspeitas sobre a conduta de vereadores da cidade do litoral de São Paulo

Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

“É possível inferir com alguma segurança que a organização criminosa PCC já tenha estabelecido, e de modo sistematizado, esquema ilícito de branqueamento de capitais junto à prefeitura e ao Poder Legislativo do mesmo município.”

Com esse alerta, o Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo levou ao conhecimento do Ministério Público do Estado, em junho, suspeitas de envolvimento de vereadores e outros agentes públicos do Guarujá, no litoral paulista, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Operação Hereditas mira fraudes em licitações da Câmara Municipal e da gestão municipal Foto: Goggle Maps
continua após a publicidade

O aviso levou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, a abrir um inquérito. Foi no âmbito da investigação que os vereadores Mário Lúcio da Conceição (PSB), Santiago dos Santos Angelo (PP) e Edmar Lima dos Santos (PP) foram alvo de buscas no dia 1º de outubro na Operação Hereditas.

Mas eles não são dos únicos políticos citados no processo. O candidato a prefeito do Guarujá, vereador Raphael Vitiello (PP) e seu vice, Fernando Peitola (MDB), foram mencionados em uma denúncia recebida pela Polícia Civil envolvendo suspeitas semelhantes. A chapa disputa o segundo turno na cidade. Ambos são implicados em um relatório da Delegacia Seccional de Praia Grande, que defende buscas em endereços ligados aos candidatos “para obter mais detalhes da estrutura criminosa que se instalou no município de Guarujá”.

O Estadão apurou que Peitola e Vitielo não foram alvo de buscas na Operação Hereditas. Embora seus nomes tenham sido citados no relatório da Polícia Civil, o Ministério Público estadual não encontrou indícios que corroborassem a versão do denunciante.

continua após a publicidade

A reportagem pediu posicionamento dos vereadores e dos candidatos (leia a íntegra das notas ao final da matéria). Santiago disse que ficou “surpreso” com a operação, dias antes da eleição, e afirmou que a investigação é fruto de uma denúncia “evidentemente de cunho eleitoreiro”. As defesas de Peitola e Vitielo informaram que eles sequer foram intimados para prestar esclarecimentos e que ambos estão à disposição das autoridades.

Relatório da Polícia Civil menciona vereadores sob suspeita de envolvimento com o PCC. Foto: Reprodução

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal com empresas ligadas a Cristiano Lopes Costa, o “Meia Folha”, líder do PCC na Baixada Santista, estão no centro das investigações. Meia Folha foi assassinado em março após um “racha” na facção.

continua após a publicidade

Os contratos envolvem a prestação de serviços de limpeza e o aluguel de equipamentos eletrônicos. Os vereadores são suspeitos de direcionar as licitações ao PCC em troca de uma “mesada”.

Para o PCC, os contratos públicos eram uma estratégia para lavar dinheiro do tráfico de drogas e armas e, no caso do Guarujá, recursos desviados também podem ter sido usados para financiar uma milícia.

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal são alvo de investigações Foto: Reprodução
continua após a publicidade

A criação de um grupo paramilitar para assumir o monopólio da segurança dos comércios nas imediações de Vicente de Carvalho, no Guarujá, era um projeto pessoal de “Meia Folha”, segundo o inquérito. A investigação mostra que o chefão do PCC chegou a viajar para o Rio de Janeiro para aprender em campo como operavam os milicianos.

Assassinatos em série de policiais que faziam bicos com segurança na região chamaram a atenção da Polícia Militar. Os agentes teriam sido eliminados para viabilizar o projeto de milícia de “Meia Folha”. Havia um comando para “caçar” esses policiais, segundo a PM. Esse foi o ponto de partida da investigação, que acabou se deparando com os contratos de empresas ligadas ao traficante com órgãos públicos.

O vereador Mário Lúcio da Conceição é apontado como uma espécie de operador das propinas. A suspeita é que ele estivesse encarregado de receber o dinheiro das empresas beneficiadas para depois repassar à Mesa Diretora da Câmara Municipal.

continua após a publicidade
Estão sob suspeita contratos de prestação de serviços de limpeza e de aluguel de equipamentos eletrônico Foto: Reprodução

As suspeitas também recaem sobre o vereador Edmar dos Santos, que chegou a empregar Gabrielle Ribeiro Correa, mulher de “Meia Folha”, como funcionária fantasma na Câmara Municipal, segundo o inquérito. Ela também foi servidora comissionada na prefeitura do Guarujá, entre 2017 e 2019. Nas redes sociais, ostentava uma rotina de luxo, viagens internacionais, joias e roupas de grife.

Outro investigado é o empresário Cláudio Fernando de Aguiar (Novo), candidato derrotado a prefeito do Guarujá. Segundo a investigação, ele teria “forte ligação” com “Meia Folha” e com Caio Fé, o “Maradona”, também vinculado ao PCC.

continua após a publicidade

Já Raphael Vitiello e seu vice, Fernando Peitola, foram implicados em denúncia formalizada junto à Polícia Civil como “incluídos no esquema criminoso”.

COM A PALAVRA, O VEREADOR SANTIAGO

Procurado pelo Estadão, o vereador informou que, como a investigação tramita em sigilo, não poderia se aprofundar nas declarações, mas disse que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.

“Fiquei surpreso com o ocorrido, se tratando de busca e apreensão dias antes das eleições, com uma denúncia evidentemente de cunho eleitoreiro. De qualquer modo, estou tranquilo, confiante na justiça, sendo o maior interessado na apuração dos fatos e neste momento, me coloco ao inteiro dispor das autoridades, para auxiliar nas investigações.

A minha maior resposta já foi dada no último domingo fui reeleito com a segunda maior votação entre os vereadores concorrentes ao legislativo do município do Guarujá.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RAPHAEL VITIELLO

“A Assessoria Jurídica informa que Raphael Vitiello não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento sequer foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na Justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento, estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE FERNANDO PEITOLA

“Fernando Martins dos Santos não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento se quer foi intimidado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento. Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A CÂMARA MUNICIPAL

Quando a Operação Hereditas foi deflagrada, no dia 1º de outubro, a Câmara Municipal de Guarujá afirmou que “entende que a apuração de denúncias de irregularidades é fundamental para a manutenção da confiança da população nas instituições públicas, e, por isso, acompanhará atentamente o desenrolar das investigações”.

“Além disso, em nome da Presidência, se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos. É importante ressaltar que o Legislativo preza pelo princípio de que todo acusado de um crime é considerado inocente até que o contrário seja provado em um processo judicial. Esta Casa de Leis reitera seu compromisso com a ética e com o cumprimento da legislação.”

“É possível inferir com alguma segurança que a organização criminosa PCC já tenha estabelecido, e de modo sistematizado, esquema ilícito de branqueamento de capitais junto à prefeitura e ao Poder Legislativo do mesmo município.”

Com esse alerta, o Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo levou ao conhecimento do Ministério Público do Estado, em junho, suspeitas de envolvimento de vereadores e outros agentes públicos do Guarujá, no litoral paulista, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Operação Hereditas mira fraudes em licitações da Câmara Municipal e da gestão municipal Foto: Goggle Maps

O aviso levou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, a abrir um inquérito. Foi no âmbito da investigação que os vereadores Mário Lúcio da Conceição (PSB), Santiago dos Santos Angelo (PP) e Edmar Lima dos Santos (PP) foram alvo de buscas no dia 1º de outubro na Operação Hereditas.

Mas eles não são dos únicos políticos citados no processo. O candidato a prefeito do Guarujá, vereador Raphael Vitiello (PP) e seu vice, Fernando Peitola (MDB), foram mencionados em uma denúncia recebida pela Polícia Civil envolvendo suspeitas semelhantes. A chapa disputa o segundo turno na cidade. Ambos são implicados em um relatório da Delegacia Seccional de Praia Grande, que defende buscas em endereços ligados aos candidatos “para obter mais detalhes da estrutura criminosa que se instalou no município de Guarujá”.

O Estadão apurou que Peitola e Vitielo não foram alvo de buscas na Operação Hereditas. Embora seus nomes tenham sido citados no relatório da Polícia Civil, o Ministério Público estadual não encontrou indícios que corroborassem a versão do denunciante.

A reportagem pediu posicionamento dos vereadores e dos candidatos (leia a íntegra das notas ao final da matéria). Santiago disse que ficou “surpreso” com a operação, dias antes da eleição, e afirmou que a investigação é fruto de uma denúncia “evidentemente de cunho eleitoreiro”. As defesas de Peitola e Vitielo informaram que eles sequer foram intimados para prestar esclarecimentos e que ambos estão à disposição das autoridades.

Relatório da Polícia Civil menciona vereadores sob suspeita de envolvimento com o PCC. Foto: Reprodução

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal com empresas ligadas a Cristiano Lopes Costa, o “Meia Folha”, líder do PCC na Baixada Santista, estão no centro das investigações. Meia Folha foi assassinado em março após um “racha” na facção.

Os contratos envolvem a prestação de serviços de limpeza e o aluguel de equipamentos eletrônicos. Os vereadores são suspeitos de direcionar as licitações ao PCC em troca de uma “mesada”.

Para o PCC, os contratos públicos eram uma estratégia para lavar dinheiro do tráfico de drogas e armas e, no caso do Guarujá, recursos desviados também podem ter sido usados para financiar uma milícia.

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal são alvo de investigações Foto: Reprodução

A criação de um grupo paramilitar para assumir o monopólio da segurança dos comércios nas imediações de Vicente de Carvalho, no Guarujá, era um projeto pessoal de “Meia Folha”, segundo o inquérito. A investigação mostra que o chefão do PCC chegou a viajar para o Rio de Janeiro para aprender em campo como operavam os milicianos.

Assassinatos em série de policiais que faziam bicos com segurança na região chamaram a atenção da Polícia Militar. Os agentes teriam sido eliminados para viabilizar o projeto de milícia de “Meia Folha”. Havia um comando para “caçar” esses policiais, segundo a PM. Esse foi o ponto de partida da investigação, que acabou se deparando com os contratos de empresas ligadas ao traficante com órgãos públicos.

O vereador Mário Lúcio da Conceição é apontado como uma espécie de operador das propinas. A suspeita é que ele estivesse encarregado de receber o dinheiro das empresas beneficiadas para depois repassar à Mesa Diretora da Câmara Municipal.

Estão sob suspeita contratos de prestação de serviços de limpeza e de aluguel de equipamentos eletrônico Foto: Reprodução

As suspeitas também recaem sobre o vereador Edmar dos Santos, que chegou a empregar Gabrielle Ribeiro Correa, mulher de “Meia Folha”, como funcionária fantasma na Câmara Municipal, segundo o inquérito. Ela também foi servidora comissionada na prefeitura do Guarujá, entre 2017 e 2019. Nas redes sociais, ostentava uma rotina de luxo, viagens internacionais, joias e roupas de grife.

Outro investigado é o empresário Cláudio Fernando de Aguiar (Novo), candidato derrotado a prefeito do Guarujá. Segundo a investigação, ele teria “forte ligação” com “Meia Folha” e com Caio Fé, o “Maradona”, também vinculado ao PCC.

Já Raphael Vitiello e seu vice, Fernando Peitola, foram implicados em denúncia formalizada junto à Polícia Civil como “incluídos no esquema criminoso”.

COM A PALAVRA, O VEREADOR SANTIAGO

Procurado pelo Estadão, o vereador informou que, como a investigação tramita em sigilo, não poderia se aprofundar nas declarações, mas disse que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.

“Fiquei surpreso com o ocorrido, se tratando de busca e apreensão dias antes das eleições, com uma denúncia evidentemente de cunho eleitoreiro. De qualquer modo, estou tranquilo, confiante na justiça, sendo o maior interessado na apuração dos fatos e neste momento, me coloco ao inteiro dispor das autoridades, para auxiliar nas investigações.

A minha maior resposta já foi dada no último domingo fui reeleito com a segunda maior votação entre os vereadores concorrentes ao legislativo do município do Guarujá.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RAPHAEL VITIELLO

“A Assessoria Jurídica informa que Raphael Vitiello não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento sequer foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na Justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento, estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE FERNANDO PEITOLA

“Fernando Martins dos Santos não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento se quer foi intimidado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento. Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A CÂMARA MUNICIPAL

Quando a Operação Hereditas foi deflagrada, no dia 1º de outubro, a Câmara Municipal de Guarujá afirmou que “entende que a apuração de denúncias de irregularidades é fundamental para a manutenção da confiança da população nas instituições públicas, e, por isso, acompanhará atentamente o desenrolar das investigações”.

“Além disso, em nome da Presidência, se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos. É importante ressaltar que o Legislativo preza pelo princípio de que todo acusado de um crime é considerado inocente até que o contrário seja provado em um processo judicial. Esta Casa de Leis reitera seu compromisso com a ética e com o cumprimento da legislação.”

“É possível inferir com alguma segurança que a organização criminosa PCC já tenha estabelecido, e de modo sistematizado, esquema ilícito de branqueamento de capitais junto à prefeitura e ao Poder Legislativo do mesmo município.”

Com esse alerta, o Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo levou ao conhecimento do Ministério Público do Estado, em junho, suspeitas de envolvimento de vereadores e outros agentes públicos do Guarujá, no litoral paulista, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Operação Hereditas mira fraudes em licitações da Câmara Municipal e da gestão municipal Foto: Goggle Maps

O aviso levou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, a abrir um inquérito. Foi no âmbito da investigação que os vereadores Mário Lúcio da Conceição (PSB), Santiago dos Santos Angelo (PP) e Edmar Lima dos Santos (PP) foram alvo de buscas no dia 1º de outubro na Operação Hereditas.

Mas eles não são dos únicos políticos citados no processo. O candidato a prefeito do Guarujá, vereador Raphael Vitiello (PP) e seu vice, Fernando Peitola (MDB), foram mencionados em uma denúncia recebida pela Polícia Civil envolvendo suspeitas semelhantes. A chapa disputa o segundo turno na cidade. Ambos são implicados em um relatório da Delegacia Seccional de Praia Grande, que defende buscas em endereços ligados aos candidatos “para obter mais detalhes da estrutura criminosa que se instalou no município de Guarujá”.

O Estadão apurou que Peitola e Vitielo não foram alvo de buscas na Operação Hereditas. Embora seus nomes tenham sido citados no relatório da Polícia Civil, o Ministério Público estadual não encontrou indícios que corroborassem a versão do denunciante.

A reportagem pediu posicionamento dos vereadores e dos candidatos (leia a íntegra das notas ao final da matéria). Santiago disse que ficou “surpreso” com a operação, dias antes da eleição, e afirmou que a investigação é fruto de uma denúncia “evidentemente de cunho eleitoreiro”. As defesas de Peitola e Vitielo informaram que eles sequer foram intimados para prestar esclarecimentos e que ambos estão à disposição das autoridades.

Relatório da Polícia Civil menciona vereadores sob suspeita de envolvimento com o PCC. Foto: Reprodução

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal com empresas ligadas a Cristiano Lopes Costa, o “Meia Folha”, líder do PCC na Baixada Santista, estão no centro das investigações. Meia Folha foi assassinado em março após um “racha” na facção.

Os contratos envolvem a prestação de serviços de limpeza e o aluguel de equipamentos eletrônicos. Os vereadores são suspeitos de direcionar as licitações ao PCC em troca de uma “mesada”.

Para o PCC, os contratos públicos eram uma estratégia para lavar dinheiro do tráfico de drogas e armas e, no caso do Guarujá, recursos desviados também podem ter sido usados para financiar uma milícia.

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal são alvo de investigações Foto: Reprodução

A criação de um grupo paramilitar para assumir o monopólio da segurança dos comércios nas imediações de Vicente de Carvalho, no Guarujá, era um projeto pessoal de “Meia Folha”, segundo o inquérito. A investigação mostra que o chefão do PCC chegou a viajar para o Rio de Janeiro para aprender em campo como operavam os milicianos.

Assassinatos em série de policiais que faziam bicos com segurança na região chamaram a atenção da Polícia Militar. Os agentes teriam sido eliminados para viabilizar o projeto de milícia de “Meia Folha”. Havia um comando para “caçar” esses policiais, segundo a PM. Esse foi o ponto de partida da investigação, que acabou se deparando com os contratos de empresas ligadas ao traficante com órgãos públicos.

O vereador Mário Lúcio da Conceição é apontado como uma espécie de operador das propinas. A suspeita é que ele estivesse encarregado de receber o dinheiro das empresas beneficiadas para depois repassar à Mesa Diretora da Câmara Municipal.

Estão sob suspeita contratos de prestação de serviços de limpeza e de aluguel de equipamentos eletrônico Foto: Reprodução

As suspeitas também recaem sobre o vereador Edmar dos Santos, que chegou a empregar Gabrielle Ribeiro Correa, mulher de “Meia Folha”, como funcionária fantasma na Câmara Municipal, segundo o inquérito. Ela também foi servidora comissionada na prefeitura do Guarujá, entre 2017 e 2019. Nas redes sociais, ostentava uma rotina de luxo, viagens internacionais, joias e roupas de grife.

Outro investigado é o empresário Cláudio Fernando de Aguiar (Novo), candidato derrotado a prefeito do Guarujá. Segundo a investigação, ele teria “forte ligação” com “Meia Folha” e com Caio Fé, o “Maradona”, também vinculado ao PCC.

Já Raphael Vitiello e seu vice, Fernando Peitola, foram implicados em denúncia formalizada junto à Polícia Civil como “incluídos no esquema criminoso”.

COM A PALAVRA, O VEREADOR SANTIAGO

Procurado pelo Estadão, o vereador informou que, como a investigação tramita em sigilo, não poderia se aprofundar nas declarações, mas disse que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.

“Fiquei surpreso com o ocorrido, se tratando de busca e apreensão dias antes das eleições, com uma denúncia evidentemente de cunho eleitoreiro. De qualquer modo, estou tranquilo, confiante na justiça, sendo o maior interessado na apuração dos fatos e neste momento, me coloco ao inteiro dispor das autoridades, para auxiliar nas investigações.

A minha maior resposta já foi dada no último domingo fui reeleito com a segunda maior votação entre os vereadores concorrentes ao legislativo do município do Guarujá.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RAPHAEL VITIELLO

“A Assessoria Jurídica informa que Raphael Vitiello não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento sequer foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na Justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento, estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE FERNANDO PEITOLA

“Fernando Martins dos Santos não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento se quer foi intimidado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento. Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A CÂMARA MUNICIPAL

Quando a Operação Hereditas foi deflagrada, no dia 1º de outubro, a Câmara Municipal de Guarujá afirmou que “entende que a apuração de denúncias de irregularidades é fundamental para a manutenção da confiança da população nas instituições públicas, e, por isso, acompanhará atentamente o desenrolar das investigações”.

“Além disso, em nome da Presidência, se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos. É importante ressaltar que o Legislativo preza pelo princípio de que todo acusado de um crime é considerado inocente até que o contrário seja provado em um processo judicial. Esta Casa de Leis reitera seu compromisso com a ética e com o cumprimento da legislação.”

“É possível inferir com alguma segurança que a organização criminosa PCC já tenha estabelecido, e de modo sistematizado, esquema ilícito de branqueamento de capitais junto à prefeitura e ao Poder Legislativo do mesmo município.”

Com esse alerta, o Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo levou ao conhecimento do Ministério Público do Estado, em junho, suspeitas de envolvimento de vereadores e outros agentes públicos do Guarujá, no litoral paulista, com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Operação Hereditas mira fraudes em licitações da Câmara Municipal e da gestão municipal Foto: Goggle Maps

O aviso levou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo, a abrir um inquérito. Foi no âmbito da investigação que os vereadores Mário Lúcio da Conceição (PSB), Santiago dos Santos Angelo (PP) e Edmar Lima dos Santos (PP) foram alvo de buscas no dia 1º de outubro na Operação Hereditas.

Mas eles não são dos únicos políticos citados no processo. O candidato a prefeito do Guarujá, vereador Raphael Vitiello (PP) e seu vice, Fernando Peitola (MDB), foram mencionados em uma denúncia recebida pela Polícia Civil envolvendo suspeitas semelhantes. A chapa disputa o segundo turno na cidade. Ambos são implicados em um relatório da Delegacia Seccional de Praia Grande, que defende buscas em endereços ligados aos candidatos “para obter mais detalhes da estrutura criminosa que se instalou no município de Guarujá”.

O Estadão apurou que Peitola e Vitielo não foram alvo de buscas na Operação Hereditas. Embora seus nomes tenham sido citados no relatório da Polícia Civil, o Ministério Público estadual não encontrou indícios que corroborassem a versão do denunciante.

A reportagem pediu posicionamento dos vereadores e dos candidatos (leia a íntegra das notas ao final da matéria). Santiago disse que ficou “surpreso” com a operação, dias antes da eleição, e afirmou que a investigação é fruto de uma denúncia “evidentemente de cunho eleitoreiro”. As defesas de Peitola e Vitielo informaram que eles sequer foram intimados para prestar esclarecimentos e que ambos estão à disposição das autoridades.

Relatório da Polícia Civil menciona vereadores sob suspeita de envolvimento com o PCC. Foto: Reprodução

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal com empresas ligadas a Cristiano Lopes Costa, o “Meia Folha”, líder do PCC na Baixada Santista, estão no centro das investigações. Meia Folha foi assassinado em março após um “racha” na facção.

Os contratos envolvem a prestação de serviços de limpeza e o aluguel de equipamentos eletrônicos. Os vereadores são suspeitos de direcionar as licitações ao PCC em troca de uma “mesada”.

Para o PCC, os contratos públicos eram uma estratégia para lavar dinheiro do tráfico de drogas e armas e, no caso do Guarujá, recursos desviados também podem ter sido usados para financiar uma milícia.

Contratos fechados pela prefeitura e pela Câmara Municipal são alvo de investigações Foto: Reprodução

A criação de um grupo paramilitar para assumir o monopólio da segurança dos comércios nas imediações de Vicente de Carvalho, no Guarujá, era um projeto pessoal de “Meia Folha”, segundo o inquérito. A investigação mostra que o chefão do PCC chegou a viajar para o Rio de Janeiro para aprender em campo como operavam os milicianos.

Assassinatos em série de policiais que faziam bicos com segurança na região chamaram a atenção da Polícia Militar. Os agentes teriam sido eliminados para viabilizar o projeto de milícia de “Meia Folha”. Havia um comando para “caçar” esses policiais, segundo a PM. Esse foi o ponto de partida da investigação, que acabou se deparando com os contratos de empresas ligadas ao traficante com órgãos públicos.

O vereador Mário Lúcio da Conceição é apontado como uma espécie de operador das propinas. A suspeita é que ele estivesse encarregado de receber o dinheiro das empresas beneficiadas para depois repassar à Mesa Diretora da Câmara Municipal.

Estão sob suspeita contratos de prestação de serviços de limpeza e de aluguel de equipamentos eletrônico Foto: Reprodução

As suspeitas também recaem sobre o vereador Edmar dos Santos, que chegou a empregar Gabrielle Ribeiro Correa, mulher de “Meia Folha”, como funcionária fantasma na Câmara Municipal, segundo o inquérito. Ela também foi servidora comissionada na prefeitura do Guarujá, entre 2017 e 2019. Nas redes sociais, ostentava uma rotina de luxo, viagens internacionais, joias e roupas de grife.

Outro investigado é o empresário Cláudio Fernando de Aguiar (Novo), candidato derrotado a prefeito do Guarujá. Segundo a investigação, ele teria “forte ligação” com “Meia Folha” e com Caio Fé, o “Maradona”, também vinculado ao PCC.

Já Raphael Vitiello e seu vice, Fernando Peitola, foram implicados em denúncia formalizada junto à Polícia Civil como “incluídos no esquema criminoso”.

COM A PALAVRA, O VEREADOR SANTIAGO

Procurado pelo Estadão, o vereador informou que, como a investigação tramita em sigilo, não poderia se aprofundar nas declarações, mas disse que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.

“Fiquei surpreso com o ocorrido, se tratando de busca e apreensão dias antes das eleições, com uma denúncia evidentemente de cunho eleitoreiro. De qualquer modo, estou tranquilo, confiante na justiça, sendo o maior interessado na apuração dos fatos e neste momento, me coloco ao inteiro dispor das autoridades, para auxiliar nas investigações.

A minha maior resposta já foi dada no último domingo fui reeleito com a segunda maior votação entre os vereadores concorrentes ao legislativo do município do Guarujá.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RAPHAEL VITIELLO

“A Assessoria Jurídica informa que Raphael Vitiello não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento sequer foi intimado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na Justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento, estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE FERNANDO PEITOLA

“Fernando Martins dos Santos não foi alvo da operação supracitada, bem como em nenhum momento se quer foi intimidado para prestar qualquer tipo de esclarecimento. Ademais, confiamos na justiça e na apuração dos fatos. Outrossim, é sabido que o processo está em segredo de justiça. Sem mais para o momento. Estamos à disposição para maiores esclarecimentos.”

COM A PALAVRA, A CÂMARA MUNICIPAL

Quando a Operação Hereditas foi deflagrada, no dia 1º de outubro, a Câmara Municipal de Guarujá afirmou que “entende que a apuração de denúncias de irregularidades é fundamental para a manutenção da confiança da população nas instituições públicas, e, por isso, acompanhará atentamente o desenrolar das investigações”.

“Além disso, em nome da Presidência, se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos. É importante ressaltar que o Legislativo preza pelo princípio de que todo acusado de um crime é considerado inocente até que o contrário seja provado em um processo judicial. Esta Casa de Leis reitera seu compromisso com a ética e com o cumprimento da legislação.”

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.