O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, condenou nesta segunda-feira, 21, o hacker Walter Delgatti Neto, o ‘Vermelho’ no bojo da Operação Spoofing – apuração sobre a invasão de mensagens de autoridades como o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da antiga força-tarefa da Operação Lava Jato. Agora pivô central de investigações que respingam no ex-presidente Jair Bolsonaro e em seus aliados, Delgatti pegou 20 anos e 1 mês de reclusão e 736 dias-multa.
A decisão abarca ainda outros cinco investigados da Operação Spoofing: Gustavo Henrique Elias Santos (13 anos e 9 meses de reclusão), Thiago Eliezer Martins Santos (18 anos e 11 meses de reclusão), Suelen Priscila de Oliveira (6 anos de reclusão), Danilo Cristiano Marques (10 anos e 5 meses de reclusão). Luiz Henrique Molição, que também foi alvo da Spoofing, também foi sentenciado, mas em razão de ele ter fechado uma delação premiada com o Ministério Público Federal, recebeu perdão judicial.
Nessa linha, com relação a ‘Vermelho’ o juiz da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília apontou ‘comprovação de materialidade e autoria’ do crime de invasão de dispositivo informático, ‘fato por ele confessado e que encontra respaldo probatório pela investigação realizada pela Polícia Federal’. Ele também foi enquadrado na lei que trata de interceptação de comunicações telefônicas e condenado por crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O juiz trata Delgatti Neto como ‘líder da organização criminosa’. Segundo Leite, o hacker teria usado de facilidades que cada um dos outros réus poderia lhe proporcionar, ‘situação que contribuiu para o sucesso da atividade criminosa’.
Leite destacou que o próprio Walter relatou ‘ter obtido o código de acesso da conta de aplicativo do Telegram do então Ministro da Justiça Sérgio Moro’. O magistrado indicou ainda como laudo da Polícia Federal comprovou que ‘foi explorada uma brecha no sistema de telefonia móvel, aliado a um esforço de engenharia social para acessar, de maneira ilícita, o histórico de mensagens das vítimas’.
O juiz ainda narrou como os investigadores encontraram 176 atalhos encontrados no computador do hacker, relativos a interceptação de comunicações telefônicas. Segundo o magistrado, de tais links, 110 ainda estavam ativos, viabilizando até a criação de novas mensagens em nome da pessoa que teve o aplicativo invadido. “O próprio Walter admitiu a autoria tanto na fase judicial quanto extrajudicial. A condenação de Walter é medida que se impõe”, ressaltou.