O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, afirmou nesta segunda-feira, 22, ter usado o código ‘LUL22′ como sigla de acesso aos sistemas da Justiça Federal como uma forma de ‘protesto isolado contra uma prisão que considerava ilegal’, no caso a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O magistrado argumentou que, à época em que usava tal identificação, trabalhava com direito previdenciário e o hoje presidente estava detido no bojo da Operação Lava Jato.
A declaração foi feita durante entrevista do juiz à GloboNews. Horas depois, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu afastar cautelarmente o magistrado. Os argumentos que fundamentaram a decisão da Corte regional ainda não foram divulgados.
O magistrado classificou o uso da sigla como uma ‘questão individual’ e afirmou não ser petista’. “Acho que o atual presidente Lula é uma figura histórica, muito importante para o País. Erros e acertos vão ser julgados pela Justiça. O juiz fala nos autos. Eu falo no processo”, afirmou.
O magistrado já havia comentado como a sigla de acesso em entrevista à revista Veja, no dia 14 de abril. Appio destacou que a prisão de Lula foi posteriormente considerada 'ilegal' pelo Supremo Tribunal Federal - a Corte máxima considerou o ex-juiz Sérgio Moro suspeito para atuar nos processos do petista, dinamitando as investigações contra o atual presidente.
Ao Estadão, Appio ressaltou que a sigla de acesso foi usada à época em que Lula estava preso, indicando que não se trata de algo 'que se apresente ao público'. "Ninguém via isso, não interfere em nada", afirmou. O magistrado diz ter admiração por Lula, mas frisa que tal cenário 'não interfere em nada suas decisões'.
Appio ocupa hoje a cadeira que foi do ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, no auge da Lava Jato. Desde que assumiu o juízo base da Operação, o magistrado tomou medidas que inquietam a antiga força-tarefa, como o resgate do capítulo Tacla Duran, ex-operador financeiro da Odecbrecht que acusa Moro e Deltan Dallagnol - deputado cassado que chefiou o grupo de procuradores da Operação.