O juiz Eduardo Fernando Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, deu dez dias para o procurador da República Walter José Mathias Júnior se defender da acusação de parcialidade lançada pelo advogado Rodrigo Tacla Duran.
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Leia toda a decisãoO advogado afirma que o procurador teria 'amizade íntima' com o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi coordenador da força-tarefa no Paraná e a quem Tacla Duran atribui uma tentativa de extorsão. O deputado nega irregularidades e afirma que Tacla Duran é um 'criminoso confesso'.
O advogado pediu o afastamento imediato do procurador de todos os processos e investigações que o atingem.
Tacla Duran entrou com a chamada 'exceção de suspeição criminal', instrumento usado para afastar alguma autoridade da causa quando há desconfiança de parcialidade. Esse recurso pode ser usado contra magistrados, membros do Ministério Público e até servidores auxiliares.
Audiência
O advogado foi ouvido em uma audiência no mês passado e já havia dito que o procurador seria 'amigo pessoal' de Dallagnol.
"Eu não sei o que o Ministério Público quer além de me perseguir, que é o que aconteceu aqui por anos. O que estava acontecendo não era um processo normal, era um bullying processual, onde me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito ser extorquido", afirmou.
Mathias Júnior, que também participou da audiência, negou prontamente a acusação. O procurador disse que 'mal conhece' o deputado e pediu que o caso fosse tratado de 'forma técnica' e desassociado de 'questões políticas ou de pessoas que já passaram'.
"Falar de ex-colegas, colegas que atuaram antes de mim, para mim é nada, porque eu tenho a minha independência institucional, meu entendimento, a minha convicção. Eu mal os conheço. Deltan Dallagnol, as únicas vezes que eu conversei com ele foi por causa de condições particulares, pessoais, de nossos familiares, nada mais", disse (assista acima).
"Eu quero deixar claro: se o senhor se sentir perseguido, e eu não sei por quê, o senhor tem o direito de se sentir assim, eu não tenho motivo nenhum a dar para o senhor se sentir perseguido", seguiu.
Intimação
Ao intimar o procurador para se defender da acusação, o juiz Eduardo Appio classificou o pedido como 'urgente' por causa do 'grande poderio político, social (mídias sociais) e econômico dos potenciais interessados'.
"Intime-se o excepto, Exmo Sr. Doutor Walter José Mathias Júnior, membro do Ministério Público Federal para que, no prazo de 10 (dez) dias, querendo se manifeste sobre os pedidos formulados nos eventos 1 e 2, em nome do contraditório e atendendo às garantias constitucionais do MPF, bem como em se considerando a natureza urgente da demanda, a qual envolve direitos irrenunciáveis do acusado/requerente (testemunha protegida que pode, eventualmente, estar sofrendo risco de vida, coação ou intimidação processual)", escreveu.
Apontado como operador de propinas na Operação Lava Jato, Tacla Duran afirma ter sido perseguido pela força-tarefa após negar um suposto pedido de propinas na negociação de acordos de colaboração. O caso está nas mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR).