Por Fausto Macedo, Julia Affonso e Caio do Valle
O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar, na quinta-feira, 29, à Comunidade Religiosa João XXIII em que barra obras do metrô da Linha 17-Ouro no Cemitério do Morumbi, região nobre da capital paulista. A associação foi à Justiça contra desapropriação de jazigos e quer alterar o polêmico traçado do monotrilho que passa dentro do terreno.
"Examinados os argumentos e documentos acostados aos autos, identifica-se a possibilidade de ocorrência de lesão grave e de difícil reparação", afirmou o relator do processo, desembargador Moacir Peres.
A comunidade detém o cemitério e quer também anular a desapropriação de uma área onde 15 jazigos estão ocupados. O projeto do metrô prevê, para a linha, 18 estações e o atendimento de 400 mil passageiros.
"(A obra) infringe um monte de direitos, a dignidade das pessoas que estão enterradas, dos familiares, o direito ao silêncio", explicou o advogado da associação, Rui Fragoso.
O objetivo do Metrô, que em novembro do ano passado iniciou o processo desapropriatório, é obter 7,2 mil metros quadrados do local, inaugurado em 1971. De acordo com o projeto, uma faixa de 30 metros de largura do cemitério é "área necessária" para as obras.
Haverá intervenções em três quadras de jazigos. Pelo projeto do Metrô, uma parte da Quadra 1 de sepulcros passará por desapropriação. No cemitério, estão enterradas personalidades como Elis Regina e Ayrton Senna.
"Tem gente sepultada lá desde 1975", diz o gerente administrativo do cemitério, Francisco Cláudio Raváglia de Mattos.
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