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Opinião|Após dez anos sem fumar, cai pela metade o risco de desenvolver câncer de bexiga. É a melhor prevenção


Por Marcelo Wroclawski
Marcelo Wroclawski. Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização da saúde masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo faz um apelo para a prevenção do câncer de bexiga.

No Brasil, ele é o 7º mais comum do sexo masculino, mas não figura entre os 10 primeiros tumores do sexo feminino.

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Já nos Estados Unidos, é o 6º mais comum, representando cerca de 4,5% de todos os novos tumores malignos. Em 2023, só no homem, estima-se 62.4200 mil novos casos e 12.160 mil mortes por esta neoplasia no País.

Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram uma previsão de incidência no Brasil de 7870 mil novos casos em homens em 2023, quando a mortalidade foi de 4517 óbitos por câncer de bexiga em 2019.

Como visto, esta doença é mais comum em homens. A chance de desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30, e na mulher, é 1 em praticamente 90.

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Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco.

Tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

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Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e, consequentemente, o aparecimento de tumores.

Além do cigarro, os principais fatores de risco para o câncer de bexiga são:

- Idade: mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é 73 anos;

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- Gênero: homens têm três a quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com câncer de bexiga;

- Raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem câncer de bexiga;

- Fatores de risco ocupacionais: compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem o aparecimento do câncer de bexiga. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha;

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- Medicamentos: um quimioterápico chamado ciclofosfamida aumenta o risco de câncer de bexiga;

- Problemas crônicos da bexiga: situações que causam inflamação na bexiga estão correlacionadas com risco para câncer de bexiga. Dentre elas, infecções urinárias constantes e, principalmente, a presença de pedras na bexiga;

- Infecção por esquistossomose: a infecção por um tipo específico desse parasita, o Schistosoma Haematobium, comum principalmente no norte da África, está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Vale lembrar que esse não é o parasita frequentemente encontrado no Brasil, nas chamadas lagoas de coceira, que causam a popular Barriga D'água.

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O câncer de bexiga não tem muita correlação com hereditariedade.

Existem algumas síndromes genéticas raras que têm por característica aumentar a predisposição ao aparecimento de tumores. Uma destas, a mais comumente associada ao tumor de bexiga, é chamada de Síndrome de Lynch. Indivíduos acometidos por esta síndrome têm maior risco de desenvolverem tumores intestinais, de útero, estomago, ovário e pâncreas, dentre outros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a hematúria macroscópica, ou seja, presença de sangue visível na urina. Entretanto, o câncer de bexiga também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar. Em um cenário de doença mais avançado, o paciente pode apresentar dores nas costas e emagrecimento.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado Cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Ou seja, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identificará uma eventual lesão no interior da bexiga. Na maioria das vezes, neste mesmo ato, poderá se realizar a ressecção do tumor, que vai para análise do patologista. Como isso saberemos se é ou não um tumor maligno, o tipo histológico (qual tumor maligno) e o estadiamento local, ou seja, até qual camada da bexiga o câncer acomete.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, o que antigamente era chamado de tumor superficial, muitas vezes, esse procedimento já é curativo e, em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de algumas substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório. Felizmente, pouco mais da metade dos casos são diagnosticados neste estágio e, a sobrevida, neste cenário, é superior a 95% em cinco anos.

Se o tumor invadir a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo, envolvendo muitas vezes a associação de quimioterapia e a necessidade de remoção da bexiga. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase. Como a doença ainda está restrita à bexiga, o câncer ainda é curável na maioria das vezes, com uma sobrevida de 70% em cinco anos.

Entretanto, quando a doença avança localmente, acometendo os tecidos ao redor da bexiga e, principalmente, quando se espalha para outros órgãos (metástase), o prognóstico é bastante reservado. Quando a doença invade estas camadas profundas, a sobrevida é de aproximadamente 37% em cinco anos. Por outro lado, na presença de metástase, a sobrevida é de apenas 6% em cinco anos. Felizmente só 5% dos pacientes apresentam este cenário.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Avante!

*Marcelo Wroclawski é urologista, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP)

Marcelo Wroclawski. Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização da saúde masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo faz um apelo para a prevenção do câncer de bexiga.

No Brasil, ele é o 7º mais comum do sexo masculino, mas não figura entre os 10 primeiros tumores do sexo feminino.

Já nos Estados Unidos, é o 6º mais comum, representando cerca de 4,5% de todos os novos tumores malignos. Em 2023, só no homem, estima-se 62.4200 mil novos casos e 12.160 mil mortes por esta neoplasia no País.

Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram uma previsão de incidência no Brasil de 7870 mil novos casos em homens em 2023, quando a mortalidade foi de 4517 óbitos por câncer de bexiga em 2019.

Como visto, esta doença é mais comum em homens. A chance de desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30, e na mulher, é 1 em praticamente 90.

Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco.

Tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e, consequentemente, o aparecimento de tumores.

Além do cigarro, os principais fatores de risco para o câncer de bexiga são:

- Idade: mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é 73 anos;

- Gênero: homens têm três a quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com câncer de bexiga;

- Raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem câncer de bexiga;

- Fatores de risco ocupacionais: compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem o aparecimento do câncer de bexiga. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha;

- Medicamentos: um quimioterápico chamado ciclofosfamida aumenta o risco de câncer de bexiga;

- Problemas crônicos da bexiga: situações que causam inflamação na bexiga estão correlacionadas com risco para câncer de bexiga. Dentre elas, infecções urinárias constantes e, principalmente, a presença de pedras na bexiga;

- Infecção por esquistossomose: a infecção por um tipo específico desse parasita, o Schistosoma Haematobium, comum principalmente no norte da África, está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Vale lembrar que esse não é o parasita frequentemente encontrado no Brasil, nas chamadas lagoas de coceira, que causam a popular Barriga D'água.

O câncer de bexiga não tem muita correlação com hereditariedade.

Existem algumas síndromes genéticas raras que têm por característica aumentar a predisposição ao aparecimento de tumores. Uma destas, a mais comumente associada ao tumor de bexiga, é chamada de Síndrome de Lynch. Indivíduos acometidos por esta síndrome têm maior risco de desenvolverem tumores intestinais, de útero, estomago, ovário e pâncreas, dentre outros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a hematúria macroscópica, ou seja, presença de sangue visível na urina. Entretanto, o câncer de bexiga também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar. Em um cenário de doença mais avançado, o paciente pode apresentar dores nas costas e emagrecimento.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado Cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Ou seja, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identificará uma eventual lesão no interior da bexiga. Na maioria das vezes, neste mesmo ato, poderá se realizar a ressecção do tumor, que vai para análise do patologista. Como isso saberemos se é ou não um tumor maligno, o tipo histológico (qual tumor maligno) e o estadiamento local, ou seja, até qual camada da bexiga o câncer acomete.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, o que antigamente era chamado de tumor superficial, muitas vezes, esse procedimento já é curativo e, em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de algumas substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório. Felizmente, pouco mais da metade dos casos são diagnosticados neste estágio e, a sobrevida, neste cenário, é superior a 95% em cinco anos.

Se o tumor invadir a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo, envolvendo muitas vezes a associação de quimioterapia e a necessidade de remoção da bexiga. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase. Como a doença ainda está restrita à bexiga, o câncer ainda é curável na maioria das vezes, com uma sobrevida de 70% em cinco anos.

Entretanto, quando a doença avança localmente, acometendo os tecidos ao redor da bexiga e, principalmente, quando se espalha para outros órgãos (metástase), o prognóstico é bastante reservado. Quando a doença invade estas camadas profundas, a sobrevida é de aproximadamente 37% em cinco anos. Por outro lado, na presença de metástase, a sobrevida é de apenas 6% em cinco anos. Felizmente só 5% dos pacientes apresentam este cenário.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Avante!

*Marcelo Wroclawski é urologista, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP)

Marcelo Wroclawski. Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização da saúde masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo faz um apelo para a prevenção do câncer de bexiga.

No Brasil, ele é o 7º mais comum do sexo masculino, mas não figura entre os 10 primeiros tumores do sexo feminino.

Já nos Estados Unidos, é o 6º mais comum, representando cerca de 4,5% de todos os novos tumores malignos. Em 2023, só no homem, estima-se 62.4200 mil novos casos e 12.160 mil mortes por esta neoplasia no País.

Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram uma previsão de incidência no Brasil de 7870 mil novos casos em homens em 2023, quando a mortalidade foi de 4517 óbitos por câncer de bexiga em 2019.

Como visto, esta doença é mais comum em homens. A chance de desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30, e na mulher, é 1 em praticamente 90.

Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco.

Tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e, consequentemente, o aparecimento de tumores.

Além do cigarro, os principais fatores de risco para o câncer de bexiga são:

- Idade: mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é 73 anos;

- Gênero: homens têm três a quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com câncer de bexiga;

- Raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem câncer de bexiga;

- Fatores de risco ocupacionais: compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem o aparecimento do câncer de bexiga. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha;

- Medicamentos: um quimioterápico chamado ciclofosfamida aumenta o risco de câncer de bexiga;

- Problemas crônicos da bexiga: situações que causam inflamação na bexiga estão correlacionadas com risco para câncer de bexiga. Dentre elas, infecções urinárias constantes e, principalmente, a presença de pedras na bexiga;

- Infecção por esquistossomose: a infecção por um tipo específico desse parasita, o Schistosoma Haematobium, comum principalmente no norte da África, está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Vale lembrar que esse não é o parasita frequentemente encontrado no Brasil, nas chamadas lagoas de coceira, que causam a popular Barriga D'água.

O câncer de bexiga não tem muita correlação com hereditariedade.

Existem algumas síndromes genéticas raras que têm por característica aumentar a predisposição ao aparecimento de tumores. Uma destas, a mais comumente associada ao tumor de bexiga, é chamada de Síndrome de Lynch. Indivíduos acometidos por esta síndrome têm maior risco de desenvolverem tumores intestinais, de útero, estomago, ovário e pâncreas, dentre outros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a hematúria macroscópica, ou seja, presença de sangue visível na urina. Entretanto, o câncer de bexiga também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar. Em um cenário de doença mais avançado, o paciente pode apresentar dores nas costas e emagrecimento.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado Cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Ou seja, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identificará uma eventual lesão no interior da bexiga. Na maioria das vezes, neste mesmo ato, poderá se realizar a ressecção do tumor, que vai para análise do patologista. Como isso saberemos se é ou não um tumor maligno, o tipo histológico (qual tumor maligno) e o estadiamento local, ou seja, até qual camada da bexiga o câncer acomete.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, o que antigamente era chamado de tumor superficial, muitas vezes, esse procedimento já é curativo e, em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de algumas substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório. Felizmente, pouco mais da metade dos casos são diagnosticados neste estágio e, a sobrevida, neste cenário, é superior a 95% em cinco anos.

Se o tumor invadir a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo, envolvendo muitas vezes a associação de quimioterapia e a necessidade de remoção da bexiga. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase. Como a doença ainda está restrita à bexiga, o câncer ainda é curável na maioria das vezes, com uma sobrevida de 70% em cinco anos.

Entretanto, quando a doença avança localmente, acometendo os tecidos ao redor da bexiga e, principalmente, quando se espalha para outros órgãos (metástase), o prognóstico é bastante reservado. Quando a doença invade estas camadas profundas, a sobrevida é de aproximadamente 37% em cinco anos. Por outro lado, na presença de metástase, a sobrevida é de apenas 6% em cinco anos. Felizmente só 5% dos pacientes apresentam este cenário.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Avante!

*Marcelo Wroclawski é urologista, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP)

Marcelo Wroclawski. Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização da saúde masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo faz um apelo para a prevenção do câncer de bexiga.

No Brasil, ele é o 7º mais comum do sexo masculino, mas não figura entre os 10 primeiros tumores do sexo feminino.

Já nos Estados Unidos, é o 6º mais comum, representando cerca de 4,5% de todos os novos tumores malignos. Em 2023, só no homem, estima-se 62.4200 mil novos casos e 12.160 mil mortes por esta neoplasia no País.

Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram uma previsão de incidência no Brasil de 7870 mil novos casos em homens em 2023, quando a mortalidade foi de 4517 óbitos por câncer de bexiga em 2019.

Como visto, esta doença é mais comum em homens. A chance de desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30, e na mulher, é 1 em praticamente 90.

Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco.

Tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e, consequentemente, o aparecimento de tumores.

Além do cigarro, os principais fatores de risco para o câncer de bexiga são:

- Idade: mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é 73 anos;

- Gênero: homens têm três a quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com câncer de bexiga;

- Raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem câncer de bexiga;

- Fatores de risco ocupacionais: compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem o aparecimento do câncer de bexiga. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha;

- Medicamentos: um quimioterápico chamado ciclofosfamida aumenta o risco de câncer de bexiga;

- Problemas crônicos da bexiga: situações que causam inflamação na bexiga estão correlacionadas com risco para câncer de bexiga. Dentre elas, infecções urinárias constantes e, principalmente, a presença de pedras na bexiga;

- Infecção por esquistossomose: a infecção por um tipo específico desse parasita, o Schistosoma Haematobium, comum principalmente no norte da África, está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Vale lembrar que esse não é o parasita frequentemente encontrado no Brasil, nas chamadas lagoas de coceira, que causam a popular Barriga D'água.

O câncer de bexiga não tem muita correlação com hereditariedade.

Existem algumas síndromes genéticas raras que têm por característica aumentar a predisposição ao aparecimento de tumores. Uma destas, a mais comumente associada ao tumor de bexiga, é chamada de Síndrome de Lynch. Indivíduos acometidos por esta síndrome têm maior risco de desenvolverem tumores intestinais, de útero, estomago, ovário e pâncreas, dentre outros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a hematúria macroscópica, ou seja, presença de sangue visível na urina. Entretanto, o câncer de bexiga também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar. Em um cenário de doença mais avançado, o paciente pode apresentar dores nas costas e emagrecimento.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado Cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Ou seja, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identificará uma eventual lesão no interior da bexiga. Na maioria das vezes, neste mesmo ato, poderá se realizar a ressecção do tumor, que vai para análise do patologista. Como isso saberemos se é ou não um tumor maligno, o tipo histológico (qual tumor maligno) e o estadiamento local, ou seja, até qual camada da bexiga o câncer acomete.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, o que antigamente era chamado de tumor superficial, muitas vezes, esse procedimento já é curativo e, em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de algumas substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório. Felizmente, pouco mais da metade dos casos são diagnosticados neste estágio e, a sobrevida, neste cenário, é superior a 95% em cinco anos.

Se o tumor invadir a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo, envolvendo muitas vezes a associação de quimioterapia e a necessidade de remoção da bexiga. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase. Como a doença ainda está restrita à bexiga, o câncer ainda é curável na maioria das vezes, com uma sobrevida de 70% em cinco anos.

Entretanto, quando a doença avança localmente, acometendo os tecidos ao redor da bexiga e, principalmente, quando se espalha para outros órgãos (metástase), o prognóstico é bastante reservado. Quando a doença invade estas camadas profundas, a sobrevida é de aproximadamente 37% em cinco anos. Por outro lado, na presença de metástase, a sobrevida é de apenas 6% em cinco anos. Felizmente só 5% dos pacientes apresentam este cenário.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Avante!

*Marcelo Wroclawski é urologista, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP)

Marcelo Wroclawski. Foto: Divulgação

No mês dedicado à conscientização da saúde masculina, a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo faz um apelo para a prevenção do câncer de bexiga.

No Brasil, ele é o 7º mais comum do sexo masculino, mas não figura entre os 10 primeiros tumores do sexo feminino.

Já nos Estados Unidos, é o 6º mais comum, representando cerca de 4,5% de todos os novos tumores malignos. Em 2023, só no homem, estima-se 62.4200 mil novos casos e 12.160 mil mortes por esta neoplasia no País.

Dados publicados recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, mostram uma previsão de incidência no Brasil de 7870 mil novos casos em homens em 2023, quando a mortalidade foi de 4517 óbitos por câncer de bexiga em 2019.

Como visto, esta doença é mais comum em homens. A chance de desenvolver câncer de bexiga ao longo da vida é de aproximadamente 1 em 25-30, e na mulher, é 1 em praticamente 90.

Provavelmente, isso ocorre porque indivíduos do sexo masculino estão, ou estiveram, mais expostos aos fatores de risco.

Tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Estima-se que o hábito de fumar seja responsável por cerca de 50% dos tumores vesicais e fumantes tem de 4 a 7 vezes mais chance de desenvolver esta neoplasia.

Isto ocorre porque, tanto no cigarro quanto em sua fumaça, há mais de 7 mil substâncias químicas e sabemos que, pelo menos 70 delas, são carcinogênicas. Isto é, favorecem o aparecimento de tumores através de danos às células e seus genes. No caso da bexiga, o risco é aumentado porque estes compostos químicos deletérios, ao serem inalados, são absorvidos pelo pulmão, caem na corrente sanguínea e serão filtrados pelo rim, que produzirá uma urina "contaminada".

Como a bexiga é um reservatório de urina, estas substâncias passarão horas em contato com a superfície vesical, propiciando o ambiente adequado para causar os danos celulares e, consequentemente, o aparecimento de tumores.

Além do cigarro, os principais fatores de risco para o câncer de bexiga são:

- Idade: mais de 70% dos tumores são diagnosticados após os 65 anos e a idade mediana ao diagnóstico é 73 anos;

- Gênero: homens têm três a quatro vezes mais chance de serem diagnosticados com câncer de bexiga;

- Raça: brancos têm aproximadamente duas vezes mais risco de desenvolverem câncer de bexiga;

- Fatores de risco ocupacionais: compostos químicos chamados aminas aromáticas, dentre outros, favorecem o aparecimento do câncer de bexiga. Então, trabalhadores de alguns setores da indústria estariam em maior risco, como os da tinta, de corantes e da borracha;

- Medicamentos: um quimioterápico chamado ciclofosfamida aumenta o risco de câncer de bexiga;

- Problemas crônicos da bexiga: situações que causam inflamação na bexiga estão correlacionadas com risco para câncer de bexiga. Dentre elas, infecções urinárias constantes e, principalmente, a presença de pedras na bexiga;

- Infecção por esquistossomose: a infecção por um tipo específico desse parasita, o Schistosoma Haematobium, comum principalmente no norte da África, está ligada ao desenvolvimento do câncer de bexiga. Vale lembrar que esse não é o parasita frequentemente encontrado no Brasil, nas chamadas lagoas de coceira, que causam a popular Barriga D'água.

O câncer de bexiga não tem muita correlação com hereditariedade.

Existem algumas síndromes genéticas raras que têm por característica aumentar a predisposição ao aparecimento de tumores. Uma destas, a mais comumente associada ao tumor de bexiga, é chamada de Síndrome de Lynch. Indivíduos acometidos por esta síndrome têm maior risco de desenvolverem tumores intestinais, de útero, estomago, ovário e pâncreas, dentre outros.

O principal sinal relacionado aos tumores de bexiga é a hematúria macroscópica, ou seja, presença de sangue visível na urina. Entretanto, o câncer de bexiga também pode causar alteração do padrão urinário, provocando sintomas chamados de armazenamento, ou irritativos, que são o aumento da frequência com que o indivíduo urina, tanto de dia quanto de noite, a necessidade de urinar com urgência, além de dor/queimação ao urinar. Em um cenário de doença mais avançado, o paciente pode apresentar dores nas costas e emagrecimento.

Uma vez suspeitado, o paciente deverá ser submetido a um procedimento chamado Cistoscopia, que é uma endoscopia das vias urinárias. Ou seja, por meio da uretra (canal da urina), introduz-se uma câmera que identificará uma eventual lesão no interior da bexiga. Na maioria das vezes, neste mesmo ato, poderá se realizar a ressecção do tumor, que vai para análise do patologista. Como isso saberemos se é ou não um tumor maligno, o tipo histológico (qual tumor maligno) e o estadiamento local, ou seja, até qual camada da bexiga o câncer acomete.

Se a lesão não invadir o músculo da bexiga, o que antigamente era chamado de tumor superficial, muitas vezes, esse procedimento já é curativo e, em alguns casos, só é necessário complementar a terapêutica com instilações de algumas substâncias na bexiga durante o seguimento pós-operatório. Felizmente, pouco mais da metade dos casos são diagnosticados neste estágio e, a sobrevida, neste cenário, é superior a 95% em cinco anos.

Se o tumor invadir a musculatura da bexiga, o câncer é mais avançado e o tratamento precisa ser mais agressivo, envolvendo muitas vezes a associação de quimioterapia e a necessidade de remoção da bexiga. Aproximadamente 1/3 dos casos são diagnosticados nesta fase. Como a doença ainda está restrita à bexiga, o câncer ainda é curável na maioria das vezes, com uma sobrevida de 70% em cinco anos.

Entretanto, quando a doença avança localmente, acometendo os tecidos ao redor da bexiga e, principalmente, quando se espalha para outros órgãos (metástase), o prognóstico é bastante reservado. Quando a doença invade estas camadas profundas, a sobrevida é de aproximadamente 37% em cinco anos. Por outro lado, na presença de metástase, a sobrevida é de apenas 6% em cinco anos. Felizmente só 5% dos pacientes apresentam este cenário.

A boa notícia é que algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de desenvolver um câncer na bexiga. A mais importante atitude seria parar de fumar. Após cessar o tabagismo por dez anos, o risco de câncer de bexiga cai pela metade. Esse seria a principal prevenção. Além disso, outros hábitos podem ser incorporados, como proteção adequada no ambiente de trabalho em que há exposição às aminas aromáticas, beber muito líquido, bem como introduzir uma dieta rica em frutas e vegetais. É útil para saúde cardiovascular, além de ajudar na prevenção de outros tumores.

Avante!

*Marcelo Wroclawski é urologista, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (seccional SP)

Opinião por Marcelo Wroclawski

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