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'Parece que eu não tô querendo te dar obra, é isso?'; mensagens trocadas pelo governador do Acre são 'estarrecedoras', diz PF


Investigadores veem diálogos como indicativo de que Gladson Cameli (PP) tentou beneficiar familiares em licitações

Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
'O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí', afirma governador em mensagem ao primo. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Conversas de WhatsApp encontradas pela Polícia Federal (PF) em celulares apreendidos na Operação Ptolomeu reforçam as suspeitas de corrupção que recaem sobre o governador do Acre Gladson Cameli (PP). Os diálogos foram classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores.

Relatório de 444 páginas subscrito pelos delegados Pedro Henrique Do Monte Miranda e Anderson Rodrigo Andrade De Lima, da Divisão de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Acre, detalha as trocas de mensagens.

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O governador é o principal alvo da investigação conduzida e tem sido apontado nos relatórios parciais do inquérito como o líder de um suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio do direcionamento e superfaturamento de contratos, com a ajuda de familiares. Cameli nega as acusações.

Diálogos são classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores. Foto: Reprodução

A PF chegou a pediu o afastamento do governador, mas a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu mantê-lo nas funções, por não ver indícios de que ele tenha tentado usar o cargo para obstruir a investigação. Galdson foi reeleito no ano passado.

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Uma das conversas que chamou a atenção da Polícia Federal foi entre Gladson e seu primo, Linker Cameli, apontado como 'gerente' da construtora Colorado, que segundo os investigadores seria controlada por Eládio Cameli, pai do governador.

Diálogos entre governador e primo foram classificados como 'estarrecedores' pela PF. Foto: Reprodução

Em uma mensagem de áudio, em maio de 2020, Gladson se queixa: "Linker, tua mãe mandou aqui essa mensagem, aí eu pergunto aqui: por que é que tu não corre atrás? Parece que eu não tô querendo te dar obra, é isso? Fica um negócio chato para mim, Linker, entendeu? Tu tem que dizer tu tem que se movimentar, ou tu quer que eu vá aí atrás de ti. O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí."

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Na avaliação da PF, a conversa indica que 'quer dar obras ao primo, bastando que ele lhe diga o que precisa ser feito'. "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher", destaca a Polícia Federal.

PF: "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher". Foto: Reprodução

Em outra conversa, o governador sugere que o primo acompanhe 'as coisas' e complementa dizendo: "Todo mês eu tô soltando pacote de obras. Depois não pode é vim dizer que eu não tô avisando (sic)."

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Para a PF, as conversas 'nada republicanas' indicam que a empresa supostamente controlada pelo pai do governador foi beneficiada em licitações e contratações públicas.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR

"O governador não cometeu qualquer ilegalidade. A investigação caminha sem conclusão há dois anos e, ao final, servirá para comprovar sua inocência.

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O inquérito é todo ele derivado de relatórios encomendados do COAF, que além de tudo são desprovidos de qualquer coerência.

A gestão do Governador Gladson Cameli sempre foi pautada pela ética e eficiência e, não por outra razão, foi reeleito pelo povo do Acre.

Desde o início do inquérito, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece."

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Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira, advogados do governador Gladson Cameli.

'O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí', afirma governador em mensagem ao primo. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Conversas de WhatsApp encontradas pela Polícia Federal (PF) em celulares apreendidos na Operação Ptolomeu reforçam as suspeitas de corrupção que recaem sobre o governador do Acre Gladson Cameli (PP). Os diálogos foram classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores.

Relatório de 444 páginas subscrito pelos delegados Pedro Henrique Do Monte Miranda e Anderson Rodrigo Andrade De Lima, da Divisão de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Acre, detalha as trocas de mensagens.

O governador é o principal alvo da investigação conduzida e tem sido apontado nos relatórios parciais do inquérito como o líder de um suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio do direcionamento e superfaturamento de contratos, com a ajuda de familiares. Cameli nega as acusações.

Diálogos são classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores. Foto: Reprodução

A PF chegou a pediu o afastamento do governador, mas a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu mantê-lo nas funções, por não ver indícios de que ele tenha tentado usar o cargo para obstruir a investigação. Galdson foi reeleito no ano passado.

Uma das conversas que chamou a atenção da Polícia Federal foi entre Gladson e seu primo, Linker Cameli, apontado como 'gerente' da construtora Colorado, que segundo os investigadores seria controlada por Eládio Cameli, pai do governador.

Diálogos entre governador e primo foram classificados como 'estarrecedores' pela PF. Foto: Reprodução

Em uma mensagem de áudio, em maio de 2020, Gladson se queixa: "Linker, tua mãe mandou aqui essa mensagem, aí eu pergunto aqui: por que é que tu não corre atrás? Parece que eu não tô querendo te dar obra, é isso? Fica um negócio chato para mim, Linker, entendeu? Tu tem que dizer tu tem que se movimentar, ou tu quer que eu vá aí atrás de ti. O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí."

Na avaliação da PF, a conversa indica que 'quer dar obras ao primo, bastando que ele lhe diga o que precisa ser feito'. "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher", destaca a Polícia Federal.

PF: "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher". Foto: Reprodução

Em outra conversa, o governador sugere que o primo acompanhe 'as coisas' e complementa dizendo: "Todo mês eu tô soltando pacote de obras. Depois não pode é vim dizer que eu não tô avisando (sic)."

Para a PF, as conversas 'nada republicanas' indicam que a empresa supostamente controlada pelo pai do governador foi beneficiada em licitações e contratações públicas.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR

"O governador não cometeu qualquer ilegalidade. A investigação caminha sem conclusão há dois anos e, ao final, servirá para comprovar sua inocência.

O inquérito é todo ele derivado de relatórios encomendados do COAF, que além de tudo são desprovidos de qualquer coerência.

A gestão do Governador Gladson Cameli sempre foi pautada pela ética e eficiência e, não por outra razão, foi reeleito pelo povo do Acre.

Desde o início do inquérito, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece."

Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira, advogados do governador Gladson Cameli.

'O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí', afirma governador em mensagem ao primo. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Conversas de WhatsApp encontradas pela Polícia Federal (PF) em celulares apreendidos na Operação Ptolomeu reforçam as suspeitas de corrupção que recaem sobre o governador do Acre Gladson Cameli (PP). Os diálogos foram classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores.

Relatório de 444 páginas subscrito pelos delegados Pedro Henrique Do Monte Miranda e Anderson Rodrigo Andrade De Lima, da Divisão de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Acre, detalha as trocas de mensagens.

O governador é o principal alvo da investigação conduzida e tem sido apontado nos relatórios parciais do inquérito como o líder de um suposto esquema de desvio de recursos públicos por meio do direcionamento e superfaturamento de contratos, com a ajuda de familiares. Cameli nega as acusações.

Diálogos são classificados como 'chocantes', 'estarrecedores' e 'gravíssimos' pelos investigadores. Foto: Reprodução

A PF chegou a pediu o afastamento do governador, mas a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu mantê-lo nas funções, por não ver indícios de que ele tenha tentado usar o cargo para obstruir a investigação. Galdson foi reeleito no ano passado.

Uma das conversas que chamou a atenção da Polícia Federal foi entre Gladson e seu primo, Linker Cameli, apontado como 'gerente' da construtora Colorado, que segundo os investigadores seria controlada por Eládio Cameli, pai do governador.

Diálogos entre governador e primo foram classificados como 'estarrecedores' pela PF. Foto: Reprodução

Em uma mensagem de áudio, em maio de 2020, Gladson se queixa: "Linker, tua mãe mandou aqui essa mensagem, aí eu pergunto aqui: por que é que tu não corre atrás? Parece que eu não tô querendo te dar obra, é isso? Fica um negócio chato para mim, Linker, entendeu? Tu tem que dizer tu tem que se movimentar, ou tu quer que eu vá aí atrás de ti. O que é que eu tenho que fazer? Me diz aí."

Na avaliação da PF, a conversa indica que 'quer dar obras ao primo, bastando que ele lhe diga o que precisa ser feito'. "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher", destaca a Polícia Federal.

PF: "Absurdamente, Gladson chega a sugerir obras, como se fizessem parte de um cardápio, para que o primo as pudesse escolher". Foto: Reprodução

Em outra conversa, o governador sugere que o primo acompanhe 'as coisas' e complementa dizendo: "Todo mês eu tô soltando pacote de obras. Depois não pode é vim dizer que eu não tô avisando (sic)."

Para a PF, as conversas 'nada republicanas' indicam que a empresa supostamente controlada pelo pai do governador foi beneficiada em licitações e contratações públicas.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO GOVERNADOR

"O governador não cometeu qualquer ilegalidade. A investigação caminha sem conclusão há dois anos e, ao final, servirá para comprovar sua inocência.

O inquérito é todo ele derivado de relatórios encomendados do COAF, que além de tudo são desprovidos de qualquer coerência.

A gestão do Governador Gladson Cameli sempre foi pautada pela ética e eficiência e, não por outra razão, foi reeleito pelo povo do Acre.

Desde o início do inquérito, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se à disposição das autoridades e assim permanece."

Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto e Telson Ferreira, advogados do governador Gladson Cameli.

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