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‘Morreu numa emboscada’; leia a denúncia contra agentes do DOPS por execução de Marighella


Em 42 páginas, inauguradas com trecho de obra de Jorge Amado, procurador detalha a ação de agentes do extinto Dops que culminou na derrubada de Carlos Marighella, então com 57 anos, na noite de 4 de novembro de 1969, na alameda Casa Branca, Jardins, São Paulo

Por Marcelo Godoy e Pepita Ortega
Atualização:
Reconstituição, feita por peritos, de disparos que atingiram Marighella no banco de trás de Fusca durante diratura militar Foto: Reprodução/denúncia

“Morreu numa emboscada. Deixou mulher, irmão e filho, deixou inúmeros amigos, um povo a quem amou desesperadamente e a todos legou uma lição de invencível juventude, de inabalável confiança na vida e no humanismo. Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella.”

Trecho de ‘Bahia de todos os Santos’, obra de Jorge Amado (1977), inaugura a denúncia do Ministério Público Federal que, ao longo de 42 páginas, atribui a um grupo de agentes da antiga polícia política do regime de exceção a emboscada e execução do líder comunista Carlos Marighella, na noite de 4 de novembro de 1969.

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Após oito anos de investigação, o procurador da República Andrey Borges de Mendonça descreve a dinâmica da ciada para a qual Marighella, então com 57 anos de idade, foi atraído na alameda Casa Branca, Jardins, em São Paulo.

O procurador acusa quatro agentes do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) - Amador Navarro Parra, Luiz Antônio Mariano, Walter Francisco e Djalma Oliveira da Silva, denunciados por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

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Também é acusado o médico Harry Shibata, que, à época, dirigia o Instituto Médico Legal e teria a missão de forjar laudos necroscópicos para ‘endossar’ versões recorrentes do aparato repressivo - ora atestava ‘suicídio’ do preso político, ora resistência ao cerco do Dops.

A ação que derrubou Marighella foi comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury - morto na madrugada de 1.º de maio de 1979 em um acidente em Ilhabela, litoral paulista. Outros 43 agentes da ditadura militar, que também já morreram, teriam participado do planejamento e da implacável caçada a Marighella, rotulado pelo Dops o ‘inimigo público número 1′, ‘chefe de todo o grupo de terror que vem agindo no país todo’.

Baiano de Salvador, ligado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) desde os anos 1930 até 1964, quando os militares tomaram o poder, Marighella se tornou líder da luta armada contra a repressão. Foi fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

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Na denúncia, o procurador reconstitui o assassinato de Marighella, Andrey remonta o plano de ação desenhado por Fleury para a armadilha. A operação mobilizou sete equipes, com 29 agentes. Cada equipe usou um carro descaracterizado e tinha determinada função na tocaia para a execução de Marighella.

A Procuradoria crava que todo o contexto do caso ‘indica que o objetivo dos agentes era, desde o início, executar Mariguella’.

Naquela noite, ali perto, um Pacaembu tomado de fanáticos testemunhou um massacre do Corinthians sobre o poderoso Santos de Pelé - 4 a 1 com baile de Rivelino e Ivair, o ‘Príncipe’.

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O País vivia a expectativa e a fantasia do milésimo gol do Rei do futebol, então com 996 tentos no currículo. Mas ele não marcou sobre o rival - chegaria à marca incomparável 15 dias depois.

Quando Marighella caiu, emissoras de rádio interromperam a transmissão da grande exibição do time de Parque São Jorge para noticiar a morte do líder comunista. Enfim, a glória de Fleury.

Reconstituição, feita por peritos, de disparos que atingiram Marighella no banco de trás de Fusca durante diratura militar Foto: Reprodução/denúncia

“Morreu numa emboscada. Deixou mulher, irmão e filho, deixou inúmeros amigos, um povo a quem amou desesperadamente e a todos legou uma lição de invencível juventude, de inabalável confiança na vida e no humanismo. Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella.”

Trecho de ‘Bahia de todos os Santos’, obra de Jorge Amado (1977), inaugura a denúncia do Ministério Público Federal que, ao longo de 42 páginas, atribui a um grupo de agentes da antiga polícia política do regime de exceção a emboscada e execução do líder comunista Carlos Marighella, na noite de 4 de novembro de 1969.

Após oito anos de investigação, o procurador da República Andrey Borges de Mendonça descreve a dinâmica da ciada para a qual Marighella, então com 57 anos de idade, foi atraído na alameda Casa Branca, Jardins, em São Paulo.

O procurador acusa quatro agentes do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) - Amador Navarro Parra, Luiz Antônio Mariano, Walter Francisco e Djalma Oliveira da Silva, denunciados por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Também é acusado o médico Harry Shibata, que, à época, dirigia o Instituto Médico Legal e teria a missão de forjar laudos necroscópicos para ‘endossar’ versões recorrentes do aparato repressivo - ora atestava ‘suicídio’ do preso político, ora resistência ao cerco do Dops.

A ação que derrubou Marighella foi comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury - morto na madrugada de 1.º de maio de 1979 em um acidente em Ilhabela, litoral paulista. Outros 43 agentes da ditadura militar, que também já morreram, teriam participado do planejamento e da implacável caçada a Marighella, rotulado pelo Dops o ‘inimigo público número 1′, ‘chefe de todo o grupo de terror que vem agindo no país todo’.

Baiano de Salvador, ligado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) desde os anos 1930 até 1964, quando os militares tomaram o poder, Marighella se tornou líder da luta armada contra a repressão. Foi fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Na denúncia, o procurador reconstitui o assassinato de Marighella, Andrey remonta o plano de ação desenhado por Fleury para a armadilha. A operação mobilizou sete equipes, com 29 agentes. Cada equipe usou um carro descaracterizado e tinha determinada função na tocaia para a execução de Marighella.

A Procuradoria crava que todo o contexto do caso ‘indica que o objetivo dos agentes era, desde o início, executar Mariguella’.

Naquela noite, ali perto, um Pacaembu tomado de fanáticos testemunhou um massacre do Corinthians sobre o poderoso Santos de Pelé - 4 a 1 com baile de Rivelino e Ivair, o ‘Príncipe’.

O País vivia a expectativa e a fantasia do milésimo gol do Rei do futebol, então com 996 tentos no currículo. Mas ele não marcou sobre o rival - chegaria à marca incomparável 15 dias depois.

Quando Marighella caiu, emissoras de rádio interromperam a transmissão da grande exibição do time de Parque São Jorge para noticiar a morte do líder comunista. Enfim, a glória de Fleury.

Reconstituição, feita por peritos, de disparos que atingiram Marighella no banco de trás de Fusca durante diratura militar Foto: Reprodução/denúncia

“Morreu numa emboscada. Deixou mulher, irmão e filho, deixou inúmeros amigos, um povo a quem amou desesperadamente e a todos legou uma lição de invencível juventude, de inabalável confiança na vida e no humanismo. Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella.”

Trecho de ‘Bahia de todos os Santos’, obra de Jorge Amado (1977), inaugura a denúncia do Ministério Público Federal que, ao longo de 42 páginas, atribui a um grupo de agentes da antiga polícia política do regime de exceção a emboscada e execução do líder comunista Carlos Marighella, na noite de 4 de novembro de 1969.

Após oito anos de investigação, o procurador da República Andrey Borges de Mendonça descreve a dinâmica da ciada para a qual Marighella, então com 57 anos de idade, foi atraído na alameda Casa Branca, Jardins, em São Paulo.

O procurador acusa quatro agentes do extinto Dops (Departamento de Ordem Política e Social) - Amador Navarro Parra, Luiz Antônio Mariano, Walter Francisco e Djalma Oliveira da Silva, denunciados por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Também é acusado o médico Harry Shibata, que, à época, dirigia o Instituto Médico Legal e teria a missão de forjar laudos necroscópicos para ‘endossar’ versões recorrentes do aparato repressivo - ora atestava ‘suicídio’ do preso político, ora resistência ao cerco do Dops.

A ação que derrubou Marighella foi comandada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury - morto na madrugada de 1.º de maio de 1979 em um acidente em Ilhabela, litoral paulista. Outros 43 agentes da ditadura militar, que também já morreram, teriam participado do planejamento e da implacável caçada a Marighella, rotulado pelo Dops o ‘inimigo público número 1′, ‘chefe de todo o grupo de terror que vem agindo no país todo’.

Baiano de Salvador, ligado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) desde os anos 1930 até 1964, quando os militares tomaram o poder, Marighella se tornou líder da luta armada contra a repressão. Foi fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Na denúncia, o procurador reconstitui o assassinato de Marighella, Andrey remonta o plano de ação desenhado por Fleury para a armadilha. A operação mobilizou sete equipes, com 29 agentes. Cada equipe usou um carro descaracterizado e tinha determinada função na tocaia para a execução de Marighella.

A Procuradoria crava que todo o contexto do caso ‘indica que o objetivo dos agentes era, desde o início, executar Mariguella’.

Naquela noite, ali perto, um Pacaembu tomado de fanáticos testemunhou um massacre do Corinthians sobre o poderoso Santos de Pelé - 4 a 1 com baile de Rivelino e Ivair, o ‘Príncipe’.

O País vivia a expectativa e a fantasia do milésimo gol do Rei do futebol, então com 996 tentos no currículo. Mas ele não marcou sobre o rival - chegaria à marca incomparável 15 dias depois.

Quando Marighella caiu, emissoras de rádio interromperam a transmissão da grande exibição do time de Parque São Jorge para noticiar a morte do líder comunista. Enfim, a glória de Fleury.

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