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Opinião|O populismo e a demagogia são perversões da democracia


O populismo e a demagogia promovem aplausos temporários, como cantos da sereia, mas desgraçam as gerações vindouras. Parafraseando Dante, os piores lugares do inferno deveriam ser reservados a esses governantes que seduzem o povo com promessas e feitos temporários, porém logo adiante geram miséria, inflação e comprometem o futuro

Por Jacir Venturi

Quando líderes propõem mudanças significativas para um futuro melhor, mas que exigem sacrifícios no presente, por certo encontrarão uma resistência feroz de muitos e o apoio tíbio de uns poucos. São dirigentes que vão além do seu tempo, não se dobrando a uma maioria míope e reivindicadora, sendo por isso alvos da incompreensão, da maledicência, do isolamento e das agressões. Confortam-se com o dever cumprido e com o julgamento da posteridade. Sim, a História – essa “juíza imparcial” − repara injustiças, mas tem o péssimo hábito de andar tão devagar que raramente esses governantes veem em vida o justo reconhecimento, sem contar aqueles que, pela postura de estadista, pagaram com a própria vida. E os exemplos são muitos.

Abraham Lincoln, presidente dos EUA entre 1861 1865, um dos períodos mais conturbados da História estadunidense, conseguiu manter a reunificação do país após os quatro anos da Guerra Civil e sancionou a lei da abolição da escravidão. Mesmo com esses feitos e em meio a uma avalanche de agressões, costumava repetir que, se fosse responder a todas as críticas que lhe eram dirigidas, não trataria de mais nada. Tempos antes de ser assassinado por um fanático sulista em um teatro de Washington, proferiu um aforisma sobejamente conhecido: “Você pode enganar todo o povo durante algum tempo e parte do povo durante todo o tempo, mas não pode enganar todo o povo todo o tempo.”

Winston Churchill, ao assumir o governo de coalizão em 1940, proclamou em seu histórico discurso: “I have nothing to offer but blood, toil, sweat and tears” (Eu não tenho nada a oferecer, a não ser sangue, trabalho, suor e lágrimas). Hodiernamente considerado o maior estadista do século XX, conheceu o gosto amargo do ostracismo e da ingratidão dos ingleses, sofrendo derrotas diretas ou indiretas em três eleições. Dizia ainda que, se fosse parar para atirar uma pedra em todo cão que late pelo caminho, nunca chegaria a lugar algum.

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E o que dizer de um dos maiores líderes indianos? Para Mahatma Gandhi, a pobreza é a pior forma de violência. Acusado de traidor por fanáticos hindus, foi morto em 1948 a tiros por um deles. Logo ele, o apóstolo da não-violência, que costumava catequizar: “olho por olho e o mundo acabará inteiramente cego.”

Em 44 a.C., um dos mais cultuados imperadores romanos, Caio Júlio César, foi atraiçoado por 23 punhaladas, vítima de uma conspiração. Suas palavras derradeiras demonstram, antes de tudo, um coração dilacerado pela ingratidão, especialmente de Brutus, filho único e adotivo: “Tu quoque, Brutus, fili mi!” (Até tu, Brutus, filho meu!).

Mesmo tendo um histórico de boas realizações, quando o líder comete um erro, incúria, ou nega um pedido, é crucificado. Até mesmo Ele, por se insurgir contra o status quo do poder religioso da época, de ovacionado pelas ruas de Jerusalém em um domingo, já na sexta-feira acabou agonizando na cruz.

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E assim padecem muitos dos bons líderes, e só não erra quem nada faz.

Também se faz apropriada uma breve incursão no reino animal. Em algumas regiões inóspitas da Mongólia e do Cazaquistão, há manadas de cavalos selvagens que galopam céleres as pradarias e estepes, guiados por um deles. É o cavalo líder, que, quando expõe os demais a uma situação de grande risco de vida, é golpeado com coices e patadas por toda a tropa, independentemente de quantas vezes a levou pelo caminho aprazível. Por sua vez, um bando de macacos sempre escolhe um líder-olheiro, experiente e vivaz, que é severamente punido se não alertar a tempo a iminência de um perigo ou razia, não importando quantas vezes tenha, em um bom exercício de sua função, salvo o bando de outras ameaças.

Já no outro extremo, o populismo e a demagogia promovem aplausos temporários, como cantos da sereia, mas desgraçam as gerações vindouras. “Ainda não descobri a maneira infalível de governar. Mas aprendi a fórmula certa de fracassar: querer agradar a todos, ao mesmo tempo” – discursava apropriadamente John F. Kennedy (1917-1963), meses antes de ser abatido por tiros certeiros em Dallas. E de fato, parafraseando Dante, os piores lugares do inferno deveriam ser reservados a esses governantes que seduzem o povo com promessas e feitos temporários, porém logo adiante geram miséria, inflação e comprometem o futuro.

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Só para citar três exemplos aqui na América Latina: a Argentina, no início do século XX, foi a 7ª economia do mundo; a Venezuela, nos anos 50, detinha uma renda per capita, só superada pelos norte-americanos, suíços e neozelandeses; Cuba, também nos anos 50, antes da Revolução Cubana de Fidel Castro, era a 7ª economia entre todos os 47 países da América Latina. E todos conhecem o nefasto legado das políticas populistas implementadas nessas nações.

Para finalizar, vale relembrar dois pensamentos que se fazem pertinentes e se complementam. O primeiro de Roberto Campos (1917-2001): “Nas veias dos demagogos não corre o leite da ternura humana e sim o veneno da hipocrisia.”

E o segundo, de quem nos apropriamos para o título deste artigo, o conspícuo filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), que já advertia: “a demagogia é a perversão da democracia”.

Quando líderes propõem mudanças significativas para um futuro melhor, mas que exigem sacrifícios no presente, por certo encontrarão uma resistência feroz de muitos e o apoio tíbio de uns poucos. São dirigentes que vão além do seu tempo, não se dobrando a uma maioria míope e reivindicadora, sendo por isso alvos da incompreensão, da maledicência, do isolamento e das agressões. Confortam-se com o dever cumprido e com o julgamento da posteridade. Sim, a História – essa “juíza imparcial” − repara injustiças, mas tem o péssimo hábito de andar tão devagar que raramente esses governantes veem em vida o justo reconhecimento, sem contar aqueles que, pela postura de estadista, pagaram com a própria vida. E os exemplos são muitos.

Abraham Lincoln, presidente dos EUA entre 1861 1865, um dos períodos mais conturbados da História estadunidense, conseguiu manter a reunificação do país após os quatro anos da Guerra Civil e sancionou a lei da abolição da escravidão. Mesmo com esses feitos e em meio a uma avalanche de agressões, costumava repetir que, se fosse responder a todas as críticas que lhe eram dirigidas, não trataria de mais nada. Tempos antes de ser assassinado por um fanático sulista em um teatro de Washington, proferiu um aforisma sobejamente conhecido: “Você pode enganar todo o povo durante algum tempo e parte do povo durante todo o tempo, mas não pode enganar todo o povo todo o tempo.”

Winston Churchill, ao assumir o governo de coalizão em 1940, proclamou em seu histórico discurso: “I have nothing to offer but blood, toil, sweat and tears” (Eu não tenho nada a oferecer, a não ser sangue, trabalho, suor e lágrimas). Hodiernamente considerado o maior estadista do século XX, conheceu o gosto amargo do ostracismo e da ingratidão dos ingleses, sofrendo derrotas diretas ou indiretas em três eleições. Dizia ainda que, se fosse parar para atirar uma pedra em todo cão que late pelo caminho, nunca chegaria a lugar algum.

E o que dizer de um dos maiores líderes indianos? Para Mahatma Gandhi, a pobreza é a pior forma de violência. Acusado de traidor por fanáticos hindus, foi morto em 1948 a tiros por um deles. Logo ele, o apóstolo da não-violência, que costumava catequizar: “olho por olho e o mundo acabará inteiramente cego.”

Em 44 a.C., um dos mais cultuados imperadores romanos, Caio Júlio César, foi atraiçoado por 23 punhaladas, vítima de uma conspiração. Suas palavras derradeiras demonstram, antes de tudo, um coração dilacerado pela ingratidão, especialmente de Brutus, filho único e adotivo: “Tu quoque, Brutus, fili mi!” (Até tu, Brutus, filho meu!).

Mesmo tendo um histórico de boas realizações, quando o líder comete um erro, incúria, ou nega um pedido, é crucificado. Até mesmo Ele, por se insurgir contra o status quo do poder religioso da época, de ovacionado pelas ruas de Jerusalém em um domingo, já na sexta-feira acabou agonizando na cruz.

E assim padecem muitos dos bons líderes, e só não erra quem nada faz.

Também se faz apropriada uma breve incursão no reino animal. Em algumas regiões inóspitas da Mongólia e do Cazaquistão, há manadas de cavalos selvagens que galopam céleres as pradarias e estepes, guiados por um deles. É o cavalo líder, que, quando expõe os demais a uma situação de grande risco de vida, é golpeado com coices e patadas por toda a tropa, independentemente de quantas vezes a levou pelo caminho aprazível. Por sua vez, um bando de macacos sempre escolhe um líder-olheiro, experiente e vivaz, que é severamente punido se não alertar a tempo a iminência de um perigo ou razia, não importando quantas vezes tenha, em um bom exercício de sua função, salvo o bando de outras ameaças.

Já no outro extremo, o populismo e a demagogia promovem aplausos temporários, como cantos da sereia, mas desgraçam as gerações vindouras. “Ainda não descobri a maneira infalível de governar. Mas aprendi a fórmula certa de fracassar: querer agradar a todos, ao mesmo tempo” – discursava apropriadamente John F. Kennedy (1917-1963), meses antes de ser abatido por tiros certeiros em Dallas. E de fato, parafraseando Dante, os piores lugares do inferno deveriam ser reservados a esses governantes que seduzem o povo com promessas e feitos temporários, porém logo adiante geram miséria, inflação e comprometem o futuro.

Só para citar três exemplos aqui na América Latina: a Argentina, no início do século XX, foi a 7ª economia do mundo; a Venezuela, nos anos 50, detinha uma renda per capita, só superada pelos norte-americanos, suíços e neozelandeses; Cuba, também nos anos 50, antes da Revolução Cubana de Fidel Castro, era a 7ª economia entre todos os 47 países da América Latina. E todos conhecem o nefasto legado das políticas populistas implementadas nessas nações.

Para finalizar, vale relembrar dois pensamentos que se fazem pertinentes e se complementam. O primeiro de Roberto Campos (1917-2001): “Nas veias dos demagogos não corre o leite da ternura humana e sim o veneno da hipocrisia.”

E o segundo, de quem nos apropriamos para o título deste artigo, o conspícuo filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), que já advertia: “a demagogia é a perversão da democracia”.

Quando líderes propõem mudanças significativas para um futuro melhor, mas que exigem sacrifícios no presente, por certo encontrarão uma resistência feroz de muitos e o apoio tíbio de uns poucos. São dirigentes que vão além do seu tempo, não se dobrando a uma maioria míope e reivindicadora, sendo por isso alvos da incompreensão, da maledicência, do isolamento e das agressões. Confortam-se com o dever cumprido e com o julgamento da posteridade. Sim, a História – essa “juíza imparcial” − repara injustiças, mas tem o péssimo hábito de andar tão devagar que raramente esses governantes veem em vida o justo reconhecimento, sem contar aqueles que, pela postura de estadista, pagaram com a própria vida. E os exemplos são muitos.

Abraham Lincoln, presidente dos EUA entre 1861 1865, um dos períodos mais conturbados da História estadunidense, conseguiu manter a reunificação do país após os quatro anos da Guerra Civil e sancionou a lei da abolição da escravidão. Mesmo com esses feitos e em meio a uma avalanche de agressões, costumava repetir que, se fosse responder a todas as críticas que lhe eram dirigidas, não trataria de mais nada. Tempos antes de ser assassinado por um fanático sulista em um teatro de Washington, proferiu um aforisma sobejamente conhecido: “Você pode enganar todo o povo durante algum tempo e parte do povo durante todo o tempo, mas não pode enganar todo o povo todo o tempo.”

Winston Churchill, ao assumir o governo de coalizão em 1940, proclamou em seu histórico discurso: “I have nothing to offer but blood, toil, sweat and tears” (Eu não tenho nada a oferecer, a não ser sangue, trabalho, suor e lágrimas). Hodiernamente considerado o maior estadista do século XX, conheceu o gosto amargo do ostracismo e da ingratidão dos ingleses, sofrendo derrotas diretas ou indiretas em três eleições. Dizia ainda que, se fosse parar para atirar uma pedra em todo cão que late pelo caminho, nunca chegaria a lugar algum.

E o que dizer de um dos maiores líderes indianos? Para Mahatma Gandhi, a pobreza é a pior forma de violência. Acusado de traidor por fanáticos hindus, foi morto em 1948 a tiros por um deles. Logo ele, o apóstolo da não-violência, que costumava catequizar: “olho por olho e o mundo acabará inteiramente cego.”

Em 44 a.C., um dos mais cultuados imperadores romanos, Caio Júlio César, foi atraiçoado por 23 punhaladas, vítima de uma conspiração. Suas palavras derradeiras demonstram, antes de tudo, um coração dilacerado pela ingratidão, especialmente de Brutus, filho único e adotivo: “Tu quoque, Brutus, fili mi!” (Até tu, Brutus, filho meu!).

Mesmo tendo um histórico de boas realizações, quando o líder comete um erro, incúria, ou nega um pedido, é crucificado. Até mesmo Ele, por se insurgir contra o status quo do poder religioso da época, de ovacionado pelas ruas de Jerusalém em um domingo, já na sexta-feira acabou agonizando na cruz.

E assim padecem muitos dos bons líderes, e só não erra quem nada faz.

Também se faz apropriada uma breve incursão no reino animal. Em algumas regiões inóspitas da Mongólia e do Cazaquistão, há manadas de cavalos selvagens que galopam céleres as pradarias e estepes, guiados por um deles. É o cavalo líder, que, quando expõe os demais a uma situação de grande risco de vida, é golpeado com coices e patadas por toda a tropa, independentemente de quantas vezes a levou pelo caminho aprazível. Por sua vez, um bando de macacos sempre escolhe um líder-olheiro, experiente e vivaz, que é severamente punido se não alertar a tempo a iminência de um perigo ou razia, não importando quantas vezes tenha, em um bom exercício de sua função, salvo o bando de outras ameaças.

Já no outro extremo, o populismo e a demagogia promovem aplausos temporários, como cantos da sereia, mas desgraçam as gerações vindouras. “Ainda não descobri a maneira infalível de governar. Mas aprendi a fórmula certa de fracassar: querer agradar a todos, ao mesmo tempo” – discursava apropriadamente John F. Kennedy (1917-1963), meses antes de ser abatido por tiros certeiros em Dallas. E de fato, parafraseando Dante, os piores lugares do inferno deveriam ser reservados a esses governantes que seduzem o povo com promessas e feitos temporários, porém logo adiante geram miséria, inflação e comprometem o futuro.

Só para citar três exemplos aqui na América Latina: a Argentina, no início do século XX, foi a 7ª economia do mundo; a Venezuela, nos anos 50, detinha uma renda per capita, só superada pelos norte-americanos, suíços e neozelandeses; Cuba, também nos anos 50, antes da Revolução Cubana de Fidel Castro, era a 7ª economia entre todos os 47 países da América Latina. E todos conhecem o nefasto legado das políticas populistas implementadas nessas nações.

Para finalizar, vale relembrar dois pensamentos que se fazem pertinentes e se complementam. O primeiro de Roberto Campos (1917-2001): “Nas veias dos demagogos não corre o leite da ternura humana e sim o veneno da hipocrisia.”

E o segundo, de quem nos apropriamos para o título deste artigo, o conspícuo filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), que já advertia: “a demagogia é a perversão da democracia”.

Quando líderes propõem mudanças significativas para um futuro melhor, mas que exigem sacrifícios no presente, por certo encontrarão uma resistência feroz de muitos e o apoio tíbio de uns poucos. São dirigentes que vão além do seu tempo, não se dobrando a uma maioria míope e reivindicadora, sendo por isso alvos da incompreensão, da maledicência, do isolamento e das agressões. Confortam-se com o dever cumprido e com o julgamento da posteridade. Sim, a História – essa “juíza imparcial” − repara injustiças, mas tem o péssimo hábito de andar tão devagar que raramente esses governantes veem em vida o justo reconhecimento, sem contar aqueles que, pela postura de estadista, pagaram com a própria vida. E os exemplos são muitos.

Abraham Lincoln, presidente dos EUA entre 1861 1865, um dos períodos mais conturbados da História estadunidense, conseguiu manter a reunificação do país após os quatro anos da Guerra Civil e sancionou a lei da abolição da escravidão. Mesmo com esses feitos e em meio a uma avalanche de agressões, costumava repetir que, se fosse responder a todas as críticas que lhe eram dirigidas, não trataria de mais nada. Tempos antes de ser assassinado por um fanático sulista em um teatro de Washington, proferiu um aforisma sobejamente conhecido: “Você pode enganar todo o povo durante algum tempo e parte do povo durante todo o tempo, mas não pode enganar todo o povo todo o tempo.”

Winston Churchill, ao assumir o governo de coalizão em 1940, proclamou em seu histórico discurso: “I have nothing to offer but blood, toil, sweat and tears” (Eu não tenho nada a oferecer, a não ser sangue, trabalho, suor e lágrimas). Hodiernamente considerado o maior estadista do século XX, conheceu o gosto amargo do ostracismo e da ingratidão dos ingleses, sofrendo derrotas diretas ou indiretas em três eleições. Dizia ainda que, se fosse parar para atirar uma pedra em todo cão que late pelo caminho, nunca chegaria a lugar algum.

E o que dizer de um dos maiores líderes indianos? Para Mahatma Gandhi, a pobreza é a pior forma de violência. Acusado de traidor por fanáticos hindus, foi morto em 1948 a tiros por um deles. Logo ele, o apóstolo da não-violência, que costumava catequizar: “olho por olho e o mundo acabará inteiramente cego.”

Em 44 a.C., um dos mais cultuados imperadores romanos, Caio Júlio César, foi atraiçoado por 23 punhaladas, vítima de uma conspiração. Suas palavras derradeiras demonstram, antes de tudo, um coração dilacerado pela ingratidão, especialmente de Brutus, filho único e adotivo: “Tu quoque, Brutus, fili mi!” (Até tu, Brutus, filho meu!).

Mesmo tendo um histórico de boas realizações, quando o líder comete um erro, incúria, ou nega um pedido, é crucificado. Até mesmo Ele, por se insurgir contra o status quo do poder religioso da época, de ovacionado pelas ruas de Jerusalém em um domingo, já na sexta-feira acabou agonizando na cruz.

E assim padecem muitos dos bons líderes, e só não erra quem nada faz.

Também se faz apropriada uma breve incursão no reino animal. Em algumas regiões inóspitas da Mongólia e do Cazaquistão, há manadas de cavalos selvagens que galopam céleres as pradarias e estepes, guiados por um deles. É o cavalo líder, que, quando expõe os demais a uma situação de grande risco de vida, é golpeado com coices e patadas por toda a tropa, independentemente de quantas vezes a levou pelo caminho aprazível. Por sua vez, um bando de macacos sempre escolhe um líder-olheiro, experiente e vivaz, que é severamente punido se não alertar a tempo a iminência de um perigo ou razia, não importando quantas vezes tenha, em um bom exercício de sua função, salvo o bando de outras ameaças.

Já no outro extremo, o populismo e a demagogia promovem aplausos temporários, como cantos da sereia, mas desgraçam as gerações vindouras. “Ainda não descobri a maneira infalível de governar. Mas aprendi a fórmula certa de fracassar: querer agradar a todos, ao mesmo tempo” – discursava apropriadamente John F. Kennedy (1917-1963), meses antes de ser abatido por tiros certeiros em Dallas. E de fato, parafraseando Dante, os piores lugares do inferno deveriam ser reservados a esses governantes que seduzem o povo com promessas e feitos temporários, porém logo adiante geram miséria, inflação e comprometem o futuro.

Só para citar três exemplos aqui na América Latina: a Argentina, no início do século XX, foi a 7ª economia do mundo; a Venezuela, nos anos 50, detinha uma renda per capita, só superada pelos norte-americanos, suíços e neozelandeses; Cuba, também nos anos 50, antes da Revolução Cubana de Fidel Castro, era a 7ª economia entre todos os 47 países da América Latina. E todos conhecem o nefasto legado das políticas populistas implementadas nessas nações.

Para finalizar, vale relembrar dois pensamentos que se fazem pertinentes e se complementam. O primeiro de Roberto Campos (1917-2001): “Nas veias dos demagogos não corre o leite da ternura humana e sim o veneno da hipocrisia.”

E o segundo, de quem nos apropriamos para o título deste artigo, o conspícuo filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), que já advertia: “a demagogia é a perversão da democracia”.

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