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Onde estão principais personagens da Lava Jato dez anos depois do início da operação


Nomes como Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Deltan Dallagnol e Sérgio Moro ocuparam o noticiário na última década

Por Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – Com 400 policiais federais em seis Estados e no Distrito Federal, a Polícia Federal (PF) deflagrou, em 17 de março de 2014, a Operação Lava Jato para desmontar um esquema de desvios e lavagem de dinheiro estimado, à época, em R$ 10 bilhões. Batizada em referência ao esquema com lavanderias e postos de combustíveis, a Lava Jato atingiu inicialmente os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater. Era apenas o começo da megaoperação que completou 80 fases e trouxe à tona personagens que ocuparam as páginas do noticiário na última década.

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Símbolo do combate à corrupção de políticos e empresários bilionários, a Lava Jato e as investigações abertas no decorrer das fases da operação viabilizaram 120 delações, mais de 500 denunciados, 174 condenados e a devolução de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos.

Policiais da sede da PF no centro do Rio de Janeiro durante a Operação Lava Jato Foto: Fabio Motta/Estadão

Alberto Youssef

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Pivô das investigações, o doleiro Alberto Youssef foi um dos primeiros presos na Lava Jato, em março de 2014. Foi condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa no decorrer das investigações, mas, após fechar novo acordo de delação, migrou para a prisão domiciliar em 17 de novembro de 2016 e, em 2017, para o regime aberto.

No ano passado, por ordem do juiz federal Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a PF voltou a prender Youssef em Itapoá, em Santa Catarina, onde mora, segundo sua defesa. Em menos de 24 horas, no entanto, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) determinou a soltura do doleiro.

Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro Foto: Dida Sampaio/Estadão
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Desde de que deixou a prisão, Youssef se mudou para Itapoá. Lá, passou a dar expediente num terminal de contêineres do Porto de Itapoá, em uma empresa de cargas.

Deltan Dallagnol

Após a primeira fase da Operação Lava Jato, em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) criou uma força-tarefa em Curitiba para atuar no caso. O procurador da República Deltan Dallagnol foi designado para comandar o grupo. Nos seis anos em que comandou a Lava Jato no Paraná, Dallagnol assinou diversas denúncias da força-tarefa, acumulou polêmicas em episódios envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros acusados, virou alvo de contestações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e angariou milhares de seguidores pela bandeira de combate à corrupção.

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Deltan Dallagno foi designado para comandar a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em 2019, a imagem de Deltan sofreu desgaste após ter diversas mensagens via aplicativo de celular expostas pelo site The Intercept Brasil. O episódio, batizado de “Vaza Jato”, mostrou que ele mantinha contato frequente com o então juiz da operação, Sérgio Moro, com quem trocava informações sobre o caso. As conversas levantaram suspeitas sobre uma possível imparcialidade do magistrado ao julgar os processos relacionados à operação. Eles negam a autenticidade das mensagens divulgadas.

A saída de Dallagnol da Lava Jato ocorreu em 2020, em meio a uma queda de braço que se instaurou entre os membros da operação e a cúpula da Procuradoria-Geral da República. Após deixar o MPF, Dallagnol entrou para a política e foi eleito deputado federal em 2022. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a trajetória do ex-procurador no Congresso Nacional foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio de 2023, condenado com base na Lei da Ficha Limpa.

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Agora, Dallagnol pretende voltar à cena pública em um cargo no Executivo. O Novo confirmou a pré-candidatura do deputado federal cassado à Prefeitura de Curitiba.

Sérgio Moro

As denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foram julgadas, em grande parte, pelo ex-juiz federal Sérgio Moro. O magistrado foi alçado ao patamar de símbolo nacional da luta anticorrupção por sua atuação na 13ª Vara Federal no âmbito da Lava Jato. A grande popularidade fez com que o próprio magistrado fosse cotado como um dos possíveis candidatos a presidente da República nas eleições 2018.

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A atuação de Moro à frente da Lava Jato foi alvo de críticas e questionamentos em diversos momentos. Um deles foi a decisão que determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula em março de 2016. Outra polêmica provocada por Moro, também em 2016, ocorreu quando o juiz decidiu tornar público o grampo de uma conversa entre a presidente cassada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula sobre o documento de posse do petista na Casa Civil. Na época, a divulgação agravou ainda mais a crise vivida por Dilma, que terminaria com o impeachment.

Sérgio Moro, ex-juiz, hoje é senador da República Foto: Wilton Junior/Estadão

Em ofício ao STF, Moro chegou a pedir desculpas pelo caso e negou que a decisão teve motivações políticas. Pouco após as eleições de 2018, em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, Moro largou o cargo de juiz federal e passou a integrar o governo federal desde seu início, em janeiro de 2019, como ministro da Justiça e Segurança Pública. No entanto, a relação entre presidente e ministro se desgastou ao longo do mandato.

Moro deixou o governo Bolsonaro em abril de 2020, acusando Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para ter acesso a informações sigilosas. Após deixar o governo, o ex-juiz ensaiou uma candidatura à Presidência, mas a entrada na política se deu pelo Senado. Foi eleito em 2022 pelo Paraná.

Agora, Moro pode ter o mandato cassado. O Ministério Público Eleitoral (MPE) defendeu a cassação do senador sob a alegação de abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral, e a decretação de inelegibilidade por oito anos. As ações foram propostas pelo PL de Bolsonaro e pela federação de partidos composta por PT, PV e PCdoB.

Rodrigo Janot

Rodrigo Janot Monteiro de Barros é ex-procurador-geral da República. Ocupou o cargo mais alto do Ministério Público Federal de 2013 a 2017, durante dois mandatos consecutivos no período de auge da Operação Lava Jato.

Ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot Foto: André Dusek/Estadão

Janot se transformou em uma espécie de símbolo da Lava Jato no MPF, após denunciar o então presidente Michel Temer e pedir investigações contra dezenas de políticos implicados em delações premiadas de executivos e outros colaboradores da operação – casos que ficaram conhecidos como “listas de Janot”. No cargo de procurador-geral, Janot chegou a apresentar duas denúncias contra Temer, no caso das gravações do presidente com o empresário Joesley Batista, da JBS.

Foi durante a gestão do ex-procurador-geral da República que a Lava Jato teve seu auge, e denúncias se multiplicaram contra políticos. Às vésperas de encerrar o mandato, em julho de 2017, Janot ainda mostrava disposição de dar andamento às ações. “Enquanto houver bambu, haverá flecha”, dizia ele.

Janot deixou a PGR em 2017. Chegou a cogitar uma candidatura nas eleições de 2022, mas voltou atrás.

Marcelo Odebrecht

Marcelo Odebrecht foi delator do conluio de empreiteiras que pagou propinas a centenas de políticos em troca de contratos com a Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Ele era presidente da construtora que levava o sobrenome da família quando a Lava Jato estourou em 2014 e prendeu os principais executivos do grupo.

Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Odebrecht foi preso em junho de 2015 quando foi deflagrada a Operação Erga Omnes, 14.ª fase da Lava Jato. Depois de uma temporada na prisão, o empresário passou a prestar serviços comunitários como parte do acordo de colaboração assinado com o Ministério Público Federal. No Hospital das Clínicas, trabalhou no setor administrativo, entre 2021 e 2023, e terminou de cumprir a pena.

O acordo de colaboração de Marcelo Odebrecht foi revisto em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Edson Fachin reduziu a pena de dez anos para sete anos e meio. O benefício foi concedido porque o acordo previa uma “cláusula de desempenho”, ou seja, se as informações compartilhadas fossem úteis, a pena seria reduzida. Em abril do ano passado, ele terminou de cumprir a sua pena.

Nestor Cerveró

Funcionário de carreira da Petrobras desde 1975, assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Nestor Cerveró era funcionário de carreira da Petrobras desde 1975 Foto: André Dusek/Estadão

Nestor Cerveró foi levado ao centro do debate da Petrobras quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao Estadão, em março de 2014, que só aprovou a primeira metade da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Em 2006, época da aquisição da refinaria, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Esse parecer sobre Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria Internacional, comandada por Cerveró. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de US$ 792,3 milhões para a Petrobras. Há suspeitas de desvios para pagamento de propina no negócio.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Aberto Youssef afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobras para desvio de recursos, a Diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró – indicado pelo PMDB para o cargo – recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a “comissões”.

Cerveró e outros ex-diretores da Petrobras são suspeitos de facilitar a atuação de operadores em contratos da estatal, em troca de comissões. Essas comissões eram divididas conforme a diretoria a que pertencia o contrato superfaturado.

Cerveró foi preso preventivamente em janeiro de 2015. Após ser preso, assumiu em delação premiada a cobrança de propina. Após deixar a cadeia no fim de 2016, Cerveró passou a cumprir prisão domiciliar em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro.

Paulo Roberto Costa

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro delator da Operação Lava Jato. Condenado a 12 anos de prisão, ele pôde cumprir parte da pena em regime domiciliar e parte em regime semiaberto. O ex-executivo da estatal petrolífera morreu em agosto de 2022, aos 68 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi consequência de um câncer de pâncreas.

Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa Foto: Dida Sampaio/Estadão

Na Petrobras, Costa foi acusado de causar prejuízos bilionários em obras superfaturadas de refinarias, como a Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

Quando firmou seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, Costa se comprometeu a devolver R$ 79 milhões. Eram recursos gerados por corrupção em negócios da petroleira, que mantinha em dólar, em contas no exterior. Sua delação atingiu o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, além de outros políticos.

Paulo Roberto Costa foi preso no dia 20 de março de 2014, ainda na segunda fase da Lava Jato. Na ocasião, ele foi detido sob suspeita de destruir e ocultar documentos do esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimentos, ele relatou que cada grande contrato da estatal correspondia a propinas de até 3% de seus valores. A partilha, segundo Costa, envolvia repasses a partidos como PT, PP e MDB.

Renato Duque

O ex-diretor da Petrobras foi um dos primeiros alvos do alto escalão da companhia na Lava Jato. Estava preso desde 2015, mas foi solto em março de 2020, por ordem do Tribunal Regional da 4.ª Região, depois da mudança de entendimento sobre a execução antecipada de pena. As penas impostas a Duque ultrapassaram os 130 anos de prisão.

Renato Duque, ex-diretor da Petrobras Foto: Reprodução/MPF

Apesar de não ser delator, Duque chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT, e à alta cúpula do partido, como Antonio Palocci, José Dirceu e Lula.

João Vaccari Neto

Ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto chegou a ser condenado e preso na Operação Lava Jato por suposta corrupção na arrecadação de campanhas petistas. Os processos, no entanto, voltaram à estaca zero após cortes superiores identificarem conexão com crime de caixa dois e enviarem as ações à Justiça Eleitoral.

Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em 2022, Vaccari compareceu em um ato político de Lula e Fernando Haddad, no Largo do Anhangabaú (SP), e foi cumprimentado por militantes do partido em razão de sua “resistência” durante os processos que enfrentou em Curitiba. Ao contrário de outros alvos da força-tarefa por suspeitas de corrupção, Vaccari ficou calado durante todos os seus depoimentos aos juízes da Lava Jato e tem prestígio interno no partido por nunca ter fechado um acordo de delação premiada.

Segundo a Lava Jato, Vaccari teria intermediado o repasse, que seria parte das contrapartidas ao PT no esquema de corrupção na Petrobras.

Newton Ishii (Japonês da Federal)

Conhecido como o “japonês da Federal”, o agente aposentado da Polícia Federal Newton Ishii ficou conhecido por suas aparições ao lado de famosos alvos da Operação Lava Jato no momento em que eram conduzidos à carceragem da Polícia Federal.

Newton Ishii ficou conhecido como 'Japonês da Federal' Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em fevereiro de 2018, ele deixou o cargo para viver sua aposentadoria. Depois, chegou a presidir o diretório estadual do PEN no Paraná. Em 2018, foi lançada sua biografia, intitulada “O Carcereiro”.

Ele também chegou a ser, em 2016, preso, e, depois, liberado com o uso de tornozeleira eletrônica, para cumprir quatro anos e seis meses de pena por descaminho e corrupção.

Em 2020, o juiz Sérgio Luis Ruivo Marques, da 1.ª Vara da Justiça Federal de Foz do Iguaçu (PR), condenou Ishii e outras 23 pessoas pelo crime de facilitação de contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai. O agente aposentado foi condenado a perda do cargo e mais multa de R$ 200 mil.

RIO – Com 400 policiais federais em seis Estados e no Distrito Federal, a Polícia Federal (PF) deflagrou, em 17 de março de 2014, a Operação Lava Jato para desmontar um esquema de desvios e lavagem de dinheiro estimado, à época, em R$ 10 bilhões. Batizada em referência ao esquema com lavanderias e postos de combustíveis, a Lava Jato atingiu inicialmente os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater. Era apenas o começo da megaoperação que completou 80 fases e trouxe à tona personagens que ocuparam as páginas do noticiário na última década.

Símbolo do combate à corrupção de políticos e empresários bilionários, a Lava Jato e as investigações abertas no decorrer das fases da operação viabilizaram 120 delações, mais de 500 denunciados, 174 condenados e a devolução de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos.

Policiais da sede da PF no centro do Rio de Janeiro durante a Operação Lava Jato Foto: Fabio Motta/Estadão

Alberto Youssef

Pivô das investigações, o doleiro Alberto Youssef foi um dos primeiros presos na Lava Jato, em março de 2014. Foi condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa no decorrer das investigações, mas, após fechar novo acordo de delação, migrou para a prisão domiciliar em 17 de novembro de 2016 e, em 2017, para o regime aberto.

No ano passado, por ordem do juiz federal Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a PF voltou a prender Youssef em Itapoá, em Santa Catarina, onde mora, segundo sua defesa. Em menos de 24 horas, no entanto, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) determinou a soltura do doleiro.

Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro Foto: Dida Sampaio/Estadão

Desde de que deixou a prisão, Youssef se mudou para Itapoá. Lá, passou a dar expediente num terminal de contêineres do Porto de Itapoá, em uma empresa de cargas.

Deltan Dallagnol

Após a primeira fase da Operação Lava Jato, em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) criou uma força-tarefa em Curitiba para atuar no caso. O procurador da República Deltan Dallagnol foi designado para comandar o grupo. Nos seis anos em que comandou a Lava Jato no Paraná, Dallagnol assinou diversas denúncias da força-tarefa, acumulou polêmicas em episódios envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros acusados, virou alvo de contestações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e angariou milhares de seguidores pela bandeira de combate à corrupção.

Deltan Dallagno foi designado para comandar a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em 2019, a imagem de Deltan sofreu desgaste após ter diversas mensagens via aplicativo de celular expostas pelo site The Intercept Brasil. O episódio, batizado de “Vaza Jato”, mostrou que ele mantinha contato frequente com o então juiz da operação, Sérgio Moro, com quem trocava informações sobre o caso. As conversas levantaram suspeitas sobre uma possível imparcialidade do magistrado ao julgar os processos relacionados à operação. Eles negam a autenticidade das mensagens divulgadas.

A saída de Dallagnol da Lava Jato ocorreu em 2020, em meio a uma queda de braço que se instaurou entre os membros da operação e a cúpula da Procuradoria-Geral da República. Após deixar o MPF, Dallagnol entrou para a política e foi eleito deputado federal em 2022. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a trajetória do ex-procurador no Congresso Nacional foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio de 2023, condenado com base na Lei da Ficha Limpa.

Agora, Dallagnol pretende voltar à cena pública em um cargo no Executivo. O Novo confirmou a pré-candidatura do deputado federal cassado à Prefeitura de Curitiba.

Sérgio Moro

As denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foram julgadas, em grande parte, pelo ex-juiz federal Sérgio Moro. O magistrado foi alçado ao patamar de símbolo nacional da luta anticorrupção por sua atuação na 13ª Vara Federal no âmbito da Lava Jato. A grande popularidade fez com que o próprio magistrado fosse cotado como um dos possíveis candidatos a presidente da República nas eleições 2018.

A atuação de Moro à frente da Lava Jato foi alvo de críticas e questionamentos em diversos momentos. Um deles foi a decisão que determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula em março de 2016. Outra polêmica provocada por Moro, também em 2016, ocorreu quando o juiz decidiu tornar público o grampo de uma conversa entre a presidente cassada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula sobre o documento de posse do petista na Casa Civil. Na época, a divulgação agravou ainda mais a crise vivida por Dilma, que terminaria com o impeachment.

Sérgio Moro, ex-juiz, hoje é senador da República Foto: Wilton Junior/Estadão

Em ofício ao STF, Moro chegou a pedir desculpas pelo caso e negou que a decisão teve motivações políticas. Pouco após as eleições de 2018, em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, Moro largou o cargo de juiz federal e passou a integrar o governo federal desde seu início, em janeiro de 2019, como ministro da Justiça e Segurança Pública. No entanto, a relação entre presidente e ministro se desgastou ao longo do mandato.

Moro deixou o governo Bolsonaro em abril de 2020, acusando Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para ter acesso a informações sigilosas. Após deixar o governo, o ex-juiz ensaiou uma candidatura à Presidência, mas a entrada na política se deu pelo Senado. Foi eleito em 2022 pelo Paraná.

Agora, Moro pode ter o mandato cassado. O Ministério Público Eleitoral (MPE) defendeu a cassação do senador sob a alegação de abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral, e a decretação de inelegibilidade por oito anos. As ações foram propostas pelo PL de Bolsonaro e pela federação de partidos composta por PT, PV e PCdoB.

Rodrigo Janot

Rodrigo Janot Monteiro de Barros é ex-procurador-geral da República. Ocupou o cargo mais alto do Ministério Público Federal de 2013 a 2017, durante dois mandatos consecutivos no período de auge da Operação Lava Jato.

Ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot Foto: André Dusek/Estadão

Janot se transformou em uma espécie de símbolo da Lava Jato no MPF, após denunciar o então presidente Michel Temer e pedir investigações contra dezenas de políticos implicados em delações premiadas de executivos e outros colaboradores da operação – casos que ficaram conhecidos como “listas de Janot”. No cargo de procurador-geral, Janot chegou a apresentar duas denúncias contra Temer, no caso das gravações do presidente com o empresário Joesley Batista, da JBS.

Foi durante a gestão do ex-procurador-geral da República que a Lava Jato teve seu auge, e denúncias se multiplicaram contra políticos. Às vésperas de encerrar o mandato, em julho de 2017, Janot ainda mostrava disposição de dar andamento às ações. “Enquanto houver bambu, haverá flecha”, dizia ele.

Janot deixou a PGR em 2017. Chegou a cogitar uma candidatura nas eleições de 2022, mas voltou atrás.

Marcelo Odebrecht

Marcelo Odebrecht foi delator do conluio de empreiteiras que pagou propinas a centenas de políticos em troca de contratos com a Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Ele era presidente da construtora que levava o sobrenome da família quando a Lava Jato estourou em 2014 e prendeu os principais executivos do grupo.

Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Odebrecht foi preso em junho de 2015 quando foi deflagrada a Operação Erga Omnes, 14.ª fase da Lava Jato. Depois de uma temporada na prisão, o empresário passou a prestar serviços comunitários como parte do acordo de colaboração assinado com o Ministério Público Federal. No Hospital das Clínicas, trabalhou no setor administrativo, entre 2021 e 2023, e terminou de cumprir a pena.

O acordo de colaboração de Marcelo Odebrecht foi revisto em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Edson Fachin reduziu a pena de dez anos para sete anos e meio. O benefício foi concedido porque o acordo previa uma “cláusula de desempenho”, ou seja, se as informações compartilhadas fossem úteis, a pena seria reduzida. Em abril do ano passado, ele terminou de cumprir a sua pena.

Nestor Cerveró

Funcionário de carreira da Petrobras desde 1975, assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Nestor Cerveró era funcionário de carreira da Petrobras desde 1975 Foto: André Dusek/Estadão

Nestor Cerveró foi levado ao centro do debate da Petrobras quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao Estadão, em março de 2014, que só aprovou a primeira metade da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Em 2006, época da aquisição da refinaria, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Esse parecer sobre Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria Internacional, comandada por Cerveró. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de US$ 792,3 milhões para a Petrobras. Há suspeitas de desvios para pagamento de propina no negócio.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Aberto Youssef afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobras para desvio de recursos, a Diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró – indicado pelo PMDB para o cargo – recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a “comissões”.

Cerveró e outros ex-diretores da Petrobras são suspeitos de facilitar a atuação de operadores em contratos da estatal, em troca de comissões. Essas comissões eram divididas conforme a diretoria a que pertencia o contrato superfaturado.

Cerveró foi preso preventivamente em janeiro de 2015. Após ser preso, assumiu em delação premiada a cobrança de propina. Após deixar a cadeia no fim de 2016, Cerveró passou a cumprir prisão domiciliar em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro.

Paulo Roberto Costa

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro delator da Operação Lava Jato. Condenado a 12 anos de prisão, ele pôde cumprir parte da pena em regime domiciliar e parte em regime semiaberto. O ex-executivo da estatal petrolífera morreu em agosto de 2022, aos 68 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi consequência de um câncer de pâncreas.

Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa Foto: Dida Sampaio/Estadão

Na Petrobras, Costa foi acusado de causar prejuízos bilionários em obras superfaturadas de refinarias, como a Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

Quando firmou seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, Costa se comprometeu a devolver R$ 79 milhões. Eram recursos gerados por corrupção em negócios da petroleira, que mantinha em dólar, em contas no exterior. Sua delação atingiu o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, além de outros políticos.

Paulo Roberto Costa foi preso no dia 20 de março de 2014, ainda na segunda fase da Lava Jato. Na ocasião, ele foi detido sob suspeita de destruir e ocultar documentos do esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimentos, ele relatou que cada grande contrato da estatal correspondia a propinas de até 3% de seus valores. A partilha, segundo Costa, envolvia repasses a partidos como PT, PP e MDB.

Renato Duque

O ex-diretor da Petrobras foi um dos primeiros alvos do alto escalão da companhia na Lava Jato. Estava preso desde 2015, mas foi solto em março de 2020, por ordem do Tribunal Regional da 4.ª Região, depois da mudança de entendimento sobre a execução antecipada de pena. As penas impostas a Duque ultrapassaram os 130 anos de prisão.

Renato Duque, ex-diretor da Petrobras Foto: Reprodução/MPF

Apesar de não ser delator, Duque chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT, e à alta cúpula do partido, como Antonio Palocci, José Dirceu e Lula.

João Vaccari Neto

Ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto chegou a ser condenado e preso na Operação Lava Jato por suposta corrupção na arrecadação de campanhas petistas. Os processos, no entanto, voltaram à estaca zero após cortes superiores identificarem conexão com crime de caixa dois e enviarem as ações à Justiça Eleitoral.

Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em 2022, Vaccari compareceu em um ato político de Lula e Fernando Haddad, no Largo do Anhangabaú (SP), e foi cumprimentado por militantes do partido em razão de sua “resistência” durante os processos que enfrentou em Curitiba. Ao contrário de outros alvos da força-tarefa por suspeitas de corrupção, Vaccari ficou calado durante todos os seus depoimentos aos juízes da Lava Jato e tem prestígio interno no partido por nunca ter fechado um acordo de delação premiada.

Segundo a Lava Jato, Vaccari teria intermediado o repasse, que seria parte das contrapartidas ao PT no esquema de corrupção na Petrobras.

Newton Ishii (Japonês da Federal)

Conhecido como o “japonês da Federal”, o agente aposentado da Polícia Federal Newton Ishii ficou conhecido por suas aparições ao lado de famosos alvos da Operação Lava Jato no momento em que eram conduzidos à carceragem da Polícia Federal.

Newton Ishii ficou conhecido como 'Japonês da Federal' Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em fevereiro de 2018, ele deixou o cargo para viver sua aposentadoria. Depois, chegou a presidir o diretório estadual do PEN no Paraná. Em 2018, foi lançada sua biografia, intitulada “O Carcereiro”.

Ele também chegou a ser, em 2016, preso, e, depois, liberado com o uso de tornozeleira eletrônica, para cumprir quatro anos e seis meses de pena por descaminho e corrupção.

Em 2020, o juiz Sérgio Luis Ruivo Marques, da 1.ª Vara da Justiça Federal de Foz do Iguaçu (PR), condenou Ishii e outras 23 pessoas pelo crime de facilitação de contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai. O agente aposentado foi condenado a perda do cargo e mais multa de R$ 200 mil.

RIO – Com 400 policiais federais em seis Estados e no Distrito Federal, a Polícia Federal (PF) deflagrou, em 17 de março de 2014, a Operação Lava Jato para desmontar um esquema de desvios e lavagem de dinheiro estimado, à época, em R$ 10 bilhões. Batizada em referência ao esquema com lavanderias e postos de combustíveis, a Lava Jato atingiu inicialmente os doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater. Era apenas o começo da megaoperação que completou 80 fases e trouxe à tona personagens que ocuparam as páginas do noticiário na última década.

Símbolo do combate à corrupção de políticos e empresários bilionários, a Lava Jato e as investigações abertas no decorrer das fases da operação viabilizaram 120 delações, mais de 500 denunciados, 174 condenados e a devolução de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos.

Policiais da sede da PF no centro do Rio de Janeiro durante a Operação Lava Jato Foto: Fabio Motta/Estadão

Alberto Youssef

Pivô das investigações, o doleiro Alberto Youssef foi um dos primeiros presos na Lava Jato, em março de 2014. Foi condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa no decorrer das investigações, mas, após fechar novo acordo de delação, migrou para a prisão domiciliar em 17 de novembro de 2016 e, em 2017, para o regime aberto.

No ano passado, por ordem do juiz federal Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a PF voltou a prender Youssef em Itapoá, em Santa Catarina, onde mora, segundo sua defesa. Em menos de 24 horas, no entanto, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) determinou a soltura do doleiro.

Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro Foto: Dida Sampaio/Estadão

Desde de que deixou a prisão, Youssef se mudou para Itapoá. Lá, passou a dar expediente num terminal de contêineres do Porto de Itapoá, em uma empresa de cargas.

Deltan Dallagnol

Após a primeira fase da Operação Lava Jato, em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) criou uma força-tarefa em Curitiba para atuar no caso. O procurador da República Deltan Dallagnol foi designado para comandar o grupo. Nos seis anos em que comandou a Lava Jato no Paraná, Dallagnol assinou diversas denúncias da força-tarefa, acumulou polêmicas em episódios envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros acusados, virou alvo de contestações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e angariou milhares de seguidores pela bandeira de combate à corrupção.

Deltan Dallagno foi designado para comandar a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em 2019, a imagem de Deltan sofreu desgaste após ter diversas mensagens via aplicativo de celular expostas pelo site The Intercept Brasil. O episódio, batizado de “Vaza Jato”, mostrou que ele mantinha contato frequente com o então juiz da operação, Sérgio Moro, com quem trocava informações sobre o caso. As conversas levantaram suspeitas sobre uma possível imparcialidade do magistrado ao julgar os processos relacionados à operação. Eles negam a autenticidade das mensagens divulgadas.

A saída de Dallagnol da Lava Jato ocorreu em 2020, em meio a uma queda de braço que se instaurou entre os membros da operação e a cúpula da Procuradoria-Geral da República. Após deixar o MPF, Dallagnol entrou para a política e foi eleito deputado federal em 2022. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a trajetória do ex-procurador no Congresso Nacional foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio de 2023, condenado com base na Lei da Ficha Limpa.

Agora, Dallagnol pretende voltar à cena pública em um cargo no Executivo. O Novo confirmou a pré-candidatura do deputado federal cassado à Prefeitura de Curitiba.

Sérgio Moro

As denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foram julgadas, em grande parte, pelo ex-juiz federal Sérgio Moro. O magistrado foi alçado ao patamar de símbolo nacional da luta anticorrupção por sua atuação na 13ª Vara Federal no âmbito da Lava Jato. A grande popularidade fez com que o próprio magistrado fosse cotado como um dos possíveis candidatos a presidente da República nas eleições 2018.

A atuação de Moro à frente da Lava Jato foi alvo de críticas e questionamentos em diversos momentos. Um deles foi a decisão que determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula em março de 2016. Outra polêmica provocada por Moro, também em 2016, ocorreu quando o juiz decidiu tornar público o grampo de uma conversa entre a presidente cassada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula sobre o documento de posse do petista na Casa Civil. Na época, a divulgação agravou ainda mais a crise vivida por Dilma, que terminaria com o impeachment.

Sérgio Moro, ex-juiz, hoje é senador da República Foto: Wilton Junior/Estadão

Em ofício ao STF, Moro chegou a pedir desculpas pelo caso e negou que a decisão teve motivações políticas. Pouco após as eleições de 2018, em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, Moro largou o cargo de juiz federal e passou a integrar o governo federal desde seu início, em janeiro de 2019, como ministro da Justiça e Segurança Pública. No entanto, a relação entre presidente e ministro se desgastou ao longo do mandato.

Moro deixou o governo Bolsonaro em abril de 2020, acusando Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para ter acesso a informações sigilosas. Após deixar o governo, o ex-juiz ensaiou uma candidatura à Presidência, mas a entrada na política se deu pelo Senado. Foi eleito em 2022 pelo Paraná.

Agora, Moro pode ter o mandato cassado. O Ministério Público Eleitoral (MPE) defendeu a cassação do senador sob a alegação de abuso do poder econômico durante a campanha eleitoral, e a decretação de inelegibilidade por oito anos. As ações foram propostas pelo PL de Bolsonaro e pela federação de partidos composta por PT, PV e PCdoB.

Rodrigo Janot

Rodrigo Janot Monteiro de Barros é ex-procurador-geral da República. Ocupou o cargo mais alto do Ministério Público Federal de 2013 a 2017, durante dois mandatos consecutivos no período de auge da Operação Lava Jato.

Ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot Foto: André Dusek/Estadão

Janot se transformou em uma espécie de símbolo da Lava Jato no MPF, após denunciar o então presidente Michel Temer e pedir investigações contra dezenas de políticos implicados em delações premiadas de executivos e outros colaboradores da operação – casos que ficaram conhecidos como “listas de Janot”. No cargo de procurador-geral, Janot chegou a apresentar duas denúncias contra Temer, no caso das gravações do presidente com o empresário Joesley Batista, da JBS.

Foi durante a gestão do ex-procurador-geral da República que a Lava Jato teve seu auge, e denúncias se multiplicaram contra políticos. Às vésperas de encerrar o mandato, em julho de 2017, Janot ainda mostrava disposição de dar andamento às ações. “Enquanto houver bambu, haverá flecha”, dizia ele.

Janot deixou a PGR em 2017. Chegou a cogitar uma candidatura nas eleições de 2022, mas voltou atrás.

Marcelo Odebrecht

Marcelo Odebrecht foi delator do conluio de empreiteiras que pagou propinas a centenas de políticos em troca de contratos com a Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Ele era presidente da construtora que levava o sobrenome da família quando a Lava Jato estourou em 2014 e prendeu os principais executivos do grupo.

Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015 Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Odebrecht foi preso em junho de 2015 quando foi deflagrada a Operação Erga Omnes, 14.ª fase da Lava Jato. Depois de uma temporada na prisão, o empresário passou a prestar serviços comunitários como parte do acordo de colaboração assinado com o Ministério Público Federal. No Hospital das Clínicas, trabalhou no setor administrativo, entre 2021 e 2023, e terminou de cumprir a pena.

O acordo de colaboração de Marcelo Odebrecht foi revisto em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Edson Fachin reduziu a pena de dez anos para sete anos e meio. O benefício foi concedido porque o acordo previa uma “cláusula de desempenho”, ou seja, se as informações compartilhadas fossem úteis, a pena seria reduzida. Em abril do ano passado, ele terminou de cumprir a sua pena.

Nestor Cerveró

Funcionário de carreira da Petrobras desde 1975, assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Nestor Cerveró era funcionário de carreira da Petrobras desde 1975 Foto: André Dusek/Estadão

Nestor Cerveró foi levado ao centro do debate da Petrobras quando a presidente Dilma Rousseff afirmou ao Estadão, em março de 2014, que só aprovou a primeira metade da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Em 2006, época da aquisição da refinaria, Dilma presidia o Conselho de Administração da Petrobras. Esse parecer sobre Pasadena foi elaborado em 2006 pela diretoria Internacional, comandada por Cerveró. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de US$ 792,3 milhões para a Petrobras. Há suspeitas de desvios para pagamento de propina no negócio.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Aberto Youssef afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobras para desvio de recursos, a Diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró – indicado pelo PMDB para o cargo – recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a “comissões”.

Cerveró e outros ex-diretores da Petrobras são suspeitos de facilitar a atuação de operadores em contratos da estatal, em troca de comissões. Essas comissões eram divididas conforme a diretoria a que pertencia o contrato superfaturado.

Cerveró foi preso preventivamente em janeiro de 2015. Após ser preso, assumiu em delação premiada a cobrança de propina. Após deixar a cadeia no fim de 2016, Cerveró passou a cumprir prisão domiciliar em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro.

Paulo Roberto Costa

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro delator da Operação Lava Jato. Condenado a 12 anos de prisão, ele pôde cumprir parte da pena em regime domiciliar e parte em regime semiaberto. O ex-executivo da estatal petrolífera morreu em agosto de 2022, aos 68 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi consequência de um câncer de pâncreas.

Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa Foto: Dida Sampaio/Estadão

Na Petrobras, Costa foi acusado de causar prejuízos bilionários em obras superfaturadas de refinarias, como a Abreu Lima (Rnest), em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

Quando firmou seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, Costa se comprometeu a devolver R$ 79 milhões. Eram recursos gerados por corrupção em negócios da petroleira, que mantinha em dólar, em contas no exterior. Sua delação atingiu o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, além de outros políticos.

Paulo Roberto Costa foi preso no dia 20 de março de 2014, ainda na segunda fase da Lava Jato. Na ocasião, ele foi detido sob suspeita de destruir e ocultar documentos do esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimentos, ele relatou que cada grande contrato da estatal correspondia a propinas de até 3% de seus valores. A partilha, segundo Costa, envolvia repasses a partidos como PT, PP e MDB.

Renato Duque

O ex-diretor da Petrobras foi um dos primeiros alvos do alto escalão da companhia na Lava Jato. Estava preso desde 2015, mas foi solto em março de 2020, por ordem do Tribunal Regional da 4.ª Região, depois da mudança de entendimento sobre a execução antecipada de pena. As penas impostas a Duque ultrapassaram os 130 anos de prisão.

Renato Duque, ex-diretor da Petrobras Foto: Reprodução/MPF

Apesar de não ser delator, Duque chegou a confessar crimes, que envolveram suposta operação de propinas ao PT, e à alta cúpula do partido, como Antonio Palocci, José Dirceu e Lula.

João Vaccari Neto

Ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto chegou a ser condenado e preso na Operação Lava Jato por suposta corrupção na arrecadação de campanhas petistas. Os processos, no entanto, voltaram à estaca zero após cortes superiores identificarem conexão com crime de caixa dois e enviarem as ações à Justiça Eleitoral.

Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em 2022, Vaccari compareceu em um ato político de Lula e Fernando Haddad, no Largo do Anhangabaú (SP), e foi cumprimentado por militantes do partido em razão de sua “resistência” durante os processos que enfrentou em Curitiba. Ao contrário de outros alvos da força-tarefa por suspeitas de corrupção, Vaccari ficou calado durante todos os seus depoimentos aos juízes da Lava Jato e tem prestígio interno no partido por nunca ter fechado um acordo de delação premiada.

Segundo a Lava Jato, Vaccari teria intermediado o repasse, que seria parte das contrapartidas ao PT no esquema de corrupção na Petrobras.

Newton Ishii (Japonês da Federal)

Conhecido como o “japonês da Federal”, o agente aposentado da Polícia Federal Newton Ishii ficou conhecido por suas aparições ao lado de famosos alvos da Operação Lava Jato no momento em que eram conduzidos à carceragem da Polícia Federal.

Newton Ishii ficou conhecido como 'Japonês da Federal' Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em fevereiro de 2018, ele deixou o cargo para viver sua aposentadoria. Depois, chegou a presidir o diretório estadual do PEN no Paraná. Em 2018, foi lançada sua biografia, intitulada “O Carcereiro”.

Ele também chegou a ser, em 2016, preso, e, depois, liberado com o uso de tornozeleira eletrônica, para cumprir quatro anos e seis meses de pena por descaminho e corrupção.

Em 2020, o juiz Sérgio Luis Ruivo Marques, da 1.ª Vara da Justiça Federal de Foz do Iguaçu (PR), condenou Ishii e outras 23 pessoas pelo crime de facilitação de contrabando na fronteira entre Brasil e Paraguai. O agente aposentado foi condenado a perda do cargo e mais multa de R$ 200 mil.

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