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Quem são os delatores da Lava Jato e o que confessaram; veja vídeos


Acordos de colaboração tornaram-se pilares da operação; instrumento foi regulamentado durante o governo de Dilma Rousseff

Por Julia Affonso e Rayssa Motta
Atualização:

Um dos pilares da Operação Lava Jato na investigação que atingiu partidos políticos como o PT, o acordo de colaboração premiada foi regulamentado na legislação durante o governo Dilma Rousseff. Em setembro de 2013, a Lei das Organizações Criminosas entrou em vigor e abriu caminho para que as colaborações se tornassem um meio de obtenção de provas de crimes. Críticos à operação afirmaram que a Lava Jato criou a “indústria de delações” e forçou confissões.

O método se tornou tão popular que, em alguns processos da Lava Jato, todos os réus se tornaram delatores. O mecanismo foi expandido, paulatinamente, para fechar o cerco à classe política. Apenas 12 agentes públicos aderiram ao acordo, segundo levantamento da reportagem, enquanto dezenas de empresários e lobistas confessaram crimes e ajudaram a reconstituir o esquema de corrupção na Petrobras (veja a lista abaixo).

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Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi um dos agentes públicos que fizeram delação premiada na Lava Jato Foto: Reprodução/Justiça Federal

A Lava Jato fechou mais de 200 acordos entre 2014 e 2021, quando foi aberta a última fase da operação, tocada pela força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro investigado a firmar uma colaboração premiada, em agosto de 2014. Nos meses seguintes, os investigadores colheram mais relatos sobre corrupção na Petrobras e distribuição de propinas a ex-dirigentes da estatal e a políticos.

Embora tenham ajudado a força-tarefa a imprimir celeridade às investigações, o que foi fundamental para manter a sociedade civil engajada no auge da Lava Jato, as delações deram origem a denúncias que vêm sendo arquivadas por falta de provas complementares. O Poder Judiciário considera que o relato dos delatores não é suficiente para sustentar condenações e que o Ministério Público precisa apresentar elementos adicionais que corroborem as confissões.

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O uso do instrumento se tornou tão recorrente que provocou uma reação da classe política. Em 2019, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime, com mudanças na Lei das Organizações Criminosas e nas delações premiadas. Críticos da forma como o método era usado pela Lava Jato afirmaram, por exemplo, que havia benefícios excessivos a quem firmava os acordos.

O novo texto proibiu a divulgação dos termos do acordo da delação premiada enquanto a negociação estiver sob sigilo. Para casos de divulgação de acordos sigilosos, a lei classificou o ato como “violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé”. Se, durante a negociação, o acordo final não for assinado, nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo delator poderá ser usada para outra finalidade.

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Confissões em vídeo

Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Antônio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no primeiro mandato do petista, fechou delação com a Polícia Federal em Curitiba, após as negociações com o Ministério Público Federal fracassarem. O acordo foi assinado em 2018, quando Lula já havia sido condenado e preso no caso do triplex. O próprio ex-ministro estava há dois anos em prisão preventiva na Lava Jato quando decidiu colaborar com a investigação.

Antes de assinar o acordo, Palocci incriminou o presidente ao relatar a existência de um suposto “pacto de sangue” entre Lula e o empresário Emílio Odebrecht para repassar R$ 300 milhões ao PT. O depoimento foi prestado ao então juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela construtora.

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Em um dos anexos de sua delação, o ex-ministro detalhou também a prática da venda de medidas provisórias a grandes empresários em troca de caixa dois.

“É muito comum, um ano antes de uma eleição, o empresariado criar um tempo de grande porte, normalmente tributário, para que ele possa na negociação desse tema trabalhar o financiamento das campanhas dos políticos com dinheiro público.”

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Ex-ministro da Fazenda no primeiro governo do presidente disse em delação premiada que oferta foi feita por Emílio Odebrecht, dono da construtora

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“Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal.” A frase é de Emílio Odebrecht. O empresário, dono do império que carrega seu sobrenome, fazia parte do “clube das empreiteiras” que controlava contratos com a Petrobras em troca de propina. Em delação premiada na Lava Jato, confessou um longo histórico de corrupção. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos.”

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Dono da construtora detalhou em colaboração premiada na Lava Jato propinas em troca de favorecimento

Mais de 70 executivos da Odebrecht aderiram ao acordo de colaboração com a Lava Jato. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, a “máquina de propinas” da empreiteira, por exemplo, detalhou as planilhas de contabilidade paralela para políticos e campanhas.

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Hilberto Mascarenhas Filho, ex-chefe do setor de propinas da Odebrecht, contou, sorridente, que seu trabalho era feito na base da confiança

Quando a investigação da Lava Jato avançou sobre os financiamentos de campanha, chegou ao publicitário baiano João Santana, marqueteiro que ajudou a reeleger Lula em 2006, na ressaca do escândalo do Mensalão. A vitória selou uma parceria que se estenderia por outras campanhas petistas. João e a mulher, Mônica Santana, fecharam acordo de delação com a força-tarefa e confessaram que foram pagos com doações “não oficiais”.

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Marqueteiro de campanhas petistas admitiu em colaboração premiada na Lava Jato que recebeu cachê via repasses paralelos da Odebrecht

O primeiro delator da Lava Jato foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que assinou o termo de colaboração em 27 de agosto de 2014, cinco meses após a primeira fase ostensiva da operação. Foi ele quem descreveu, de maneira inédita, a cartelização das obras da Petrobras pelas grandes empreiteiras do País. Costa admitiu ter recebido propinas em casa e em um shopping e afirmou que agentes políticos ganhavam uma porcentagem sobre contratos da estatal.

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Primeiro delator da Lava Jato admitiu recebimento de propinas e revelou que grandes empreiteiras haviam formado um cartel em obras da estatal

A partir do acordo de Costa, estava pavimentado o caminho para as colaborações entre dirigentes que haviam ocupado a cúpula da Petrobras. O ex-gerente Pedro Barusco Filho, por exemplo, entregou à Lava Jato planilhas de controle da entrada de propinas pagas, mês a mês, a executivos do setor de Engenharia e Serviços da estatal.

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Ex-gerente executivo da Petrobras disse ter recebido propina em contas no exterior e dinheiro vivo sobre contratos da estatal

Antes de alcançar expoentes da política nacional, a Lava Jato mirou um esquema prosaico de lavagem de dinheiro envolvendo um velho conhecido da Justiça do Paraná, o doleiro Alberto Youssef, e um posto de gasolina em Brasília - endereço que deu origem ao nome da operação. Youssef – protagonista de um outro escândalo, o caso Banestado – foi preso em um hotel, em São Luís (MA), em 17 de março de 2014. Fechou delação em setembro de 2014. O doleiro confessou ter operacionalizado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões em propina.

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Doleiro fechou acordo de colaboração premiada em setembro de 2014 e disse ter arrecadado entre R$ 150 e R$ 180 milhões em propinas

O Estadão identificou 183 investigados que fecharam acordos com a Lava Jato. Veja quem são:

  1. Adir Assad, doleiro
  2. Agenor Franklin Magalhães: ex-executivo da OAS
  3. Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobrás
  4. Alberto Elisio Vilaça Gomes, executivo da Carioca Engenharia
  5. Alberto Youssef, doleiro
  6. Alexandre Açakura, executivo da Carioca Engenharia
  7. Albuíno de Azevedo, executivo da Carioca Engenharia
  8. Alexandre Biselli, ex-executivo da Odebrecht
  9. Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht
  10. Alexandre Romano, ex-vereador do PT de Americana
  11. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da holding da Odebrecht
  12. Álvaro Monerat, executivo da Carioca Engenharia
  13. Angela Ferreira Palmeira, assistente administrativa da Odebrecht
  14. André Cardoso de Magalhães, executivo da Cockett Marine Oil
  15. André Reis Santana, funcionário dos marqueteiros João e Mônica Santana
  16. André Vital Pessoa de Melo, ex-diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Sergipe e Bahia
  17. Antônio Castro de Almeida, ex-executivo da Odebrecht
  18. Antônio Palocci, ex-ministro (Fazenda no governo Lula e Casa Civil no governo Dilma Roussef)
  19. Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-funcionário da Andrade Gutierrez
  20. Antônio Pessoa de Souza Couto, diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias
  21. Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa
  22. Ariel Parente Costa, ex-executivo da Odebrecht
  23. Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, ex-executivo da Odebrecht
  24. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, empresário ligado à Toyo Setal Empreendimentos
  25. Augusto Roque Dias Fernandes Filho, ex-executivo ligado à Odebrecht
  26. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
  27. Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz
  28. Carlos Alexandre de Souza Rocha, doleiro
  29. Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  30. Carlos Fernando do Vale Angeira, ex-executivo da Odebrecht
  31. Carlos Henrique Nogueira Herz, operador
  32. Carlos José Fadigas de Sousa, ex-presidente da Braskem
  33. Carlos José Vieira Machado da Cunha, ex-diretor Supervia, controlada pela Odebrecht Transport
  34. Carlos Miranda, operador financeiro
  35. Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da Odebrecht
  36. César Ramos Rocha, ex-executivo da Odebrecht
  37. Cid José Campos Barbosa da Silva
  38. Cláudio Barbosa, o “Tony”, doleiro
  39. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
  40. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  41. Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
  42. Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
  43. Delcídio Amaral, ex-senador
  44. Demilton Antonio de Castro, ex-diretor financeiro da JBS
  45. Diogo Ferreira Rodrigues, ex-assessor do ex-senador Delcídio do Amaral
  46. Djean Vasconcelos Cruz, ex-executivo da Odebrecht
  47. Edison Coutinho Freire, engenheiro do grupo Schahin
  48. Edison Krummenauer, ex-gerente da Petrobrás
  49. Eduardo Beckheuser, executivo da Carioca Engenharia
  50. Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral da área Internacional da Petrobras
  51. Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  52. Eduardo Sales Moacyr de Vasconcellos, executivo da Cockett Marine Oil
  53. Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  54. Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  55. Emyr Diniz Costa Júnior, engenheiro da Odebrecht
  56. Expedito Machado Neto, filho de Sérgio Machado
  57. Fabiano Rodrigues Munhoz, ex-executivo da Odebrecht
  58. Fábio Andreani Gandolfo, ex-executivo da Odebrecht
  59. Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa
  60. Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, empresário
  61. Fernando Falcão Soares, lobista
  62. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental
  63. Fernando Luiz Guimarães Nicola, executivo da Cockett Marine Oil
  64. Fernando Migliaccio, ex-funcionário do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  65. Flávio Calazans de Freitas, advogado
  66. Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia
  67. Flávio Gomes Machado Filho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  68. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo J&F
  69. Francisco de Assis e Silva, ex-vice-presidente de Assuntos Jurídicos da JBS
  70. Frank Geyer Abubakir, empresário
  71. Guilherme Pamplona Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  72. Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  73. Hamylton Pinheiro Padilha Junior, empresário
  74. Henrique Pessoa Mendes Neto, ex-executivo da Odebrecht
  75. Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da Odebrecht
  76. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  77. Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa
  78. João Antônio Bernardi Filho, empresário
  79. João Antônio Pacífico Ferreira, ex-executivo da Odebrecht
  80. João Borba Filho, ex-executivo da Odebrecht
  81. João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil
  82. João Carlos Mariz Nogueira, ex-executivo da Odebrecht
  83. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador das contas de Alberto Youssef no exterior
  84. João Ricardo Auler, ex-executivo da Camargo Corrêa
  85. João Santana, marqueteiro
  86. Joesley Batista, dono da JBS
  87. John O’Donnell, dono do curso de inglês Brasas
  88. John O’Donnell Júnior, filho do empresário dono do Brasas
  89. Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-conselheiro do TCE-RJ
  90. Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-conselheiro
  91. Jorge Luz, lobista
  92. José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS
  93. José Adolfo Pascowitch, lobista
  94. José Antônio Marsilio Schwarz, engenheiro do grupo Schahin
  95. José de Carvalho Filho, ex-funcionário da equipe de Relações Institucionais da Odebrecht
  96. Juliana Sendai Nakandakari, filha do operador Shinko Nakandakari
  97. Júlio Faerman, ligado à SBM Offshore
  98. Julio Gerin de Almeida Camargo, lobista
  99. Juscelino Gil Velloso, irmão do ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso
  100. Leandro Andrade Azevedo, ex-executivo da Odebrecht
  101. Leonardo Meirelles, lobista, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef
  102. Luccas Pace Júnior, operador da doleira Nelma Kodama
  103. Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, empresário
  104. Luiz Fernando dos Santos Reis, executivo da Carioca Engenharia
  105. Luis Fernando Sendai Nakandakari, filho do operador Shinko Nakandakari
  106. Luís Mário da Costa Mattoni, engenheiro da Andrade Gutierrez
  107. Luiz Antonio Bueno Junior, ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura
  108. Luiz Augusto França, empresário
  109. Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transporte do Rio
  110. Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  111. Luiz Eduardo Loureiro de Andrade, representante de empresas internacionais na compra e venda de petróleo
  112. Marcelo Hasson Chebar, operador
  113. Marcelo José Abbud, operador
  114. Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  115. Márcio Dutra Gonçalves, ex-presidente da Vitol do Brasil
  116. Márcio Faria da Silva, ex-executivo da Odebrecht
  117. Márcio Lewkowicz, genro de Paulo Roberto Costa
  118. Marco Pereira de Souza Bilinski, empresário
  119. Marcos de Queiroz Grillo, ex-executivo da Odebrecht
  120. Marcos Vidigal do Amaral, ex-executivo da Odebrecht
  121. Maria Cristina Mazzei de Almeida Prado, mulher de João Procópio
  122. Maria Lúcia Guimarães Tavares, ex-secretária do alto escalão da Odebrecht
  123. Mariano Marcondes Ferraz, vice-presidente da Decal Brasil
  124. Marici da Silva Azevedo Costa, esposa de Paulo Roberto Costa
  125. Mário Amaro da Silveira, ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental
  126. Mário Frederico de Mendonça Goes, lobista dono da Riomarine
  127. Mateus Coutinho de Sá, ex-executivo da OAS
  128. Milton Pascowitch, lobista
  129. Milton Schahin, empresário
  130. Mônica Moura, marqueteira
  131. Nelma Kodama, doleira
  132. Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras
  133. Newton de Azevedo Lima, ex-funcionário da Odebrecht
  134. Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  135. Olívio Rodrigues Júnior, operacionalizava repasses do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
  136. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
  137. Paul Elie Altit, ex-executivo da Odebrecht
  138. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, ex-funcionário da mesa de câmbio do Banco Paulista
  139. Paulo Cesena, ex-executivo da Odebrecht
  140. Paulo Falcão Corrêa Filho, ex-executivo da Odebrecht
  141. Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da área imobiliária da Odebrecht
  142. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
  143. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  144. Paulo Roberto Welzel, ex-executivo da Odebrecht
  145. Paulo Sergio Boghossian, ex-executivo da Odebrecht
  146. Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, ex-executivo da Odebrecht
  147. Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-diretor-presidente da holding Odebrecht
  148. Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras
  149. Pedro Corrêa, ex-deputado federal
  150. Rafael Ângulo Lopez, funcionário de Alberto Youssef
  151. Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht
  152. Renato Amaury Medeiros, ex-diretor regional da Odebrecht
  153. Renato Hasson Chebar, operador
  154. Ricardo Pernambuco, dono da Carioca Engenharia
  155. Ricardo Pernambuco Junior, dono da Carioca Engenharia
  156. Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia
  157. Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ex-diretor da Odebrecht
  158. Ricardo Saud, ex-diretor da JBS
  159. Roberto Cumplido, ex-executivo ligado à Odebrecht
  160. Roberto José Teixeira Gonçalves, executivo da Carioca Engenharia
  161. Roberto Trombeta, operador
  162. Rodrigo Costa Melo, ex-executivo da Odebrecht
  163. Rodrigo Morales, operador
  164. Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior
  165. Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  166. Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht
  167. Salim Schahin, empresário
  168. Samir Assad, irmão de Adir Assad
  169. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
  170. Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais
  171. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
  172. Sérgio Mizrahy, doleiro
  173. Shanni Azevedo Costa Bachmann, filha do Paulo Roberto Costa
  174. Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia
  175. Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia
  176. Valdir Aparecido Boni, ex-diretor de tributos da JBS
  177. Valter Luís Arruda Lana, ex-executivo da Odebrecht
  178. Victor Sérgio Colavitti, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  179. Vinicius Claret, o “Juca Bala”, doleiro
  180. Vinícius Veiga Borin, empresário
  181. Walmir Pinheiro Santana, ex-funcionário do setor financeiro da UTC Engenharia
  182. Wesley Batista, dono da JBS
  183. Zwi Skornicki, lobista

Um dos pilares da Operação Lava Jato na investigação que atingiu partidos políticos como o PT, o acordo de colaboração premiada foi regulamentado na legislação durante o governo Dilma Rousseff. Em setembro de 2013, a Lei das Organizações Criminosas entrou em vigor e abriu caminho para que as colaborações se tornassem um meio de obtenção de provas de crimes. Críticos à operação afirmaram que a Lava Jato criou a “indústria de delações” e forçou confissões.

O método se tornou tão popular que, em alguns processos da Lava Jato, todos os réus se tornaram delatores. O mecanismo foi expandido, paulatinamente, para fechar o cerco à classe política. Apenas 12 agentes públicos aderiram ao acordo, segundo levantamento da reportagem, enquanto dezenas de empresários e lobistas confessaram crimes e ajudaram a reconstituir o esquema de corrupção na Petrobras (veja a lista abaixo).

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi um dos agentes públicos que fizeram delação premiada na Lava Jato Foto: Reprodução/Justiça Federal

A Lava Jato fechou mais de 200 acordos entre 2014 e 2021, quando foi aberta a última fase da operação, tocada pela força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro investigado a firmar uma colaboração premiada, em agosto de 2014. Nos meses seguintes, os investigadores colheram mais relatos sobre corrupção na Petrobras e distribuição de propinas a ex-dirigentes da estatal e a políticos.

Embora tenham ajudado a força-tarefa a imprimir celeridade às investigações, o que foi fundamental para manter a sociedade civil engajada no auge da Lava Jato, as delações deram origem a denúncias que vêm sendo arquivadas por falta de provas complementares. O Poder Judiciário considera que o relato dos delatores não é suficiente para sustentar condenações e que o Ministério Público precisa apresentar elementos adicionais que corroborem as confissões.

O uso do instrumento se tornou tão recorrente que provocou uma reação da classe política. Em 2019, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime, com mudanças na Lei das Organizações Criminosas e nas delações premiadas. Críticos da forma como o método era usado pela Lava Jato afirmaram, por exemplo, que havia benefícios excessivos a quem firmava os acordos.

O novo texto proibiu a divulgação dos termos do acordo da delação premiada enquanto a negociação estiver sob sigilo. Para casos de divulgação de acordos sigilosos, a lei classificou o ato como “violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé”. Se, durante a negociação, o acordo final não for assinado, nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo delator poderá ser usada para outra finalidade.

Confissões em vídeo

Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Antônio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no primeiro mandato do petista, fechou delação com a Polícia Federal em Curitiba, após as negociações com o Ministério Público Federal fracassarem. O acordo foi assinado em 2018, quando Lula já havia sido condenado e preso no caso do triplex. O próprio ex-ministro estava há dois anos em prisão preventiva na Lava Jato quando decidiu colaborar com a investigação.

Antes de assinar o acordo, Palocci incriminou o presidente ao relatar a existência de um suposto “pacto de sangue” entre Lula e o empresário Emílio Odebrecht para repassar R$ 300 milhões ao PT. O depoimento foi prestado ao então juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela construtora.

Em um dos anexos de sua delação, o ex-ministro detalhou também a prática da venda de medidas provisórias a grandes empresários em troca de caixa dois.

“É muito comum, um ano antes de uma eleição, o empresariado criar um tempo de grande porte, normalmente tributário, para que ele possa na negociação desse tema trabalhar o financiamento das campanhas dos políticos com dinheiro público.”

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Ex-ministro da Fazenda no primeiro governo do presidente disse em delação premiada que oferta foi feita por Emílio Odebrecht, dono da construtora

“Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal.” A frase é de Emílio Odebrecht. O empresário, dono do império que carrega seu sobrenome, fazia parte do “clube das empreiteiras” que controlava contratos com a Petrobras em troca de propina. Em delação premiada na Lava Jato, confessou um longo histórico de corrupção. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos.”

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Dono da construtora detalhou em colaboração premiada na Lava Jato propinas em troca de favorecimento

Mais de 70 executivos da Odebrecht aderiram ao acordo de colaboração com a Lava Jato. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, a “máquina de propinas” da empreiteira, por exemplo, detalhou as planilhas de contabilidade paralela para políticos e campanhas.

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Hilberto Mascarenhas Filho, ex-chefe do setor de propinas da Odebrecht, contou, sorridente, que seu trabalho era feito na base da confiança

Quando a investigação da Lava Jato avançou sobre os financiamentos de campanha, chegou ao publicitário baiano João Santana, marqueteiro que ajudou a reeleger Lula em 2006, na ressaca do escândalo do Mensalão. A vitória selou uma parceria que se estenderia por outras campanhas petistas. João e a mulher, Mônica Santana, fecharam acordo de delação com a força-tarefa e confessaram que foram pagos com doações “não oficiais”.

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Marqueteiro de campanhas petistas admitiu em colaboração premiada na Lava Jato que recebeu cachê via repasses paralelos da Odebrecht

O primeiro delator da Lava Jato foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que assinou o termo de colaboração em 27 de agosto de 2014, cinco meses após a primeira fase ostensiva da operação. Foi ele quem descreveu, de maneira inédita, a cartelização das obras da Petrobras pelas grandes empreiteiras do País. Costa admitiu ter recebido propinas em casa e em um shopping e afirmou que agentes políticos ganhavam uma porcentagem sobre contratos da estatal.

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Primeiro delator da Lava Jato admitiu recebimento de propinas e revelou que grandes empreiteiras haviam formado um cartel em obras da estatal

A partir do acordo de Costa, estava pavimentado o caminho para as colaborações entre dirigentes que haviam ocupado a cúpula da Petrobras. O ex-gerente Pedro Barusco Filho, por exemplo, entregou à Lava Jato planilhas de controle da entrada de propinas pagas, mês a mês, a executivos do setor de Engenharia e Serviços da estatal.

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Ex-gerente executivo da Petrobras disse ter recebido propina em contas no exterior e dinheiro vivo sobre contratos da estatal

Antes de alcançar expoentes da política nacional, a Lava Jato mirou um esquema prosaico de lavagem de dinheiro envolvendo um velho conhecido da Justiça do Paraná, o doleiro Alberto Youssef, e um posto de gasolina em Brasília - endereço que deu origem ao nome da operação. Youssef – protagonista de um outro escândalo, o caso Banestado – foi preso em um hotel, em São Luís (MA), em 17 de março de 2014. Fechou delação em setembro de 2014. O doleiro confessou ter operacionalizado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões em propina.

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Doleiro fechou acordo de colaboração premiada em setembro de 2014 e disse ter arrecadado entre R$ 150 e R$ 180 milhões em propinas

O Estadão identificou 183 investigados que fecharam acordos com a Lava Jato. Veja quem são:

  1. Adir Assad, doleiro
  2. Agenor Franklin Magalhães: ex-executivo da OAS
  3. Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobrás
  4. Alberto Elisio Vilaça Gomes, executivo da Carioca Engenharia
  5. Alberto Youssef, doleiro
  6. Alexandre Açakura, executivo da Carioca Engenharia
  7. Albuíno de Azevedo, executivo da Carioca Engenharia
  8. Alexandre Biselli, ex-executivo da Odebrecht
  9. Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht
  10. Alexandre Romano, ex-vereador do PT de Americana
  11. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da holding da Odebrecht
  12. Álvaro Monerat, executivo da Carioca Engenharia
  13. Angela Ferreira Palmeira, assistente administrativa da Odebrecht
  14. André Cardoso de Magalhães, executivo da Cockett Marine Oil
  15. André Reis Santana, funcionário dos marqueteiros João e Mônica Santana
  16. André Vital Pessoa de Melo, ex-diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Sergipe e Bahia
  17. Antônio Castro de Almeida, ex-executivo da Odebrecht
  18. Antônio Palocci, ex-ministro (Fazenda no governo Lula e Casa Civil no governo Dilma Roussef)
  19. Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-funcionário da Andrade Gutierrez
  20. Antônio Pessoa de Souza Couto, diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias
  21. Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa
  22. Ariel Parente Costa, ex-executivo da Odebrecht
  23. Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, ex-executivo da Odebrecht
  24. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, empresário ligado à Toyo Setal Empreendimentos
  25. Augusto Roque Dias Fernandes Filho, ex-executivo ligado à Odebrecht
  26. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
  27. Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz
  28. Carlos Alexandre de Souza Rocha, doleiro
  29. Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  30. Carlos Fernando do Vale Angeira, ex-executivo da Odebrecht
  31. Carlos Henrique Nogueira Herz, operador
  32. Carlos José Fadigas de Sousa, ex-presidente da Braskem
  33. Carlos José Vieira Machado da Cunha, ex-diretor Supervia, controlada pela Odebrecht Transport
  34. Carlos Miranda, operador financeiro
  35. Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da Odebrecht
  36. César Ramos Rocha, ex-executivo da Odebrecht
  37. Cid José Campos Barbosa da Silva
  38. Cláudio Barbosa, o “Tony”, doleiro
  39. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
  40. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  41. Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
  42. Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
  43. Delcídio Amaral, ex-senador
  44. Demilton Antonio de Castro, ex-diretor financeiro da JBS
  45. Diogo Ferreira Rodrigues, ex-assessor do ex-senador Delcídio do Amaral
  46. Djean Vasconcelos Cruz, ex-executivo da Odebrecht
  47. Edison Coutinho Freire, engenheiro do grupo Schahin
  48. Edison Krummenauer, ex-gerente da Petrobrás
  49. Eduardo Beckheuser, executivo da Carioca Engenharia
  50. Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral da área Internacional da Petrobras
  51. Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  52. Eduardo Sales Moacyr de Vasconcellos, executivo da Cockett Marine Oil
  53. Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  54. Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  55. Emyr Diniz Costa Júnior, engenheiro da Odebrecht
  56. Expedito Machado Neto, filho de Sérgio Machado
  57. Fabiano Rodrigues Munhoz, ex-executivo da Odebrecht
  58. Fábio Andreani Gandolfo, ex-executivo da Odebrecht
  59. Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa
  60. Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, empresário
  61. Fernando Falcão Soares, lobista
  62. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental
  63. Fernando Luiz Guimarães Nicola, executivo da Cockett Marine Oil
  64. Fernando Migliaccio, ex-funcionário do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  65. Flávio Calazans de Freitas, advogado
  66. Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia
  67. Flávio Gomes Machado Filho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  68. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo J&F
  69. Francisco de Assis e Silva, ex-vice-presidente de Assuntos Jurídicos da JBS
  70. Frank Geyer Abubakir, empresário
  71. Guilherme Pamplona Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  72. Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  73. Hamylton Pinheiro Padilha Junior, empresário
  74. Henrique Pessoa Mendes Neto, ex-executivo da Odebrecht
  75. Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da Odebrecht
  76. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  77. Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa
  78. João Antônio Bernardi Filho, empresário
  79. João Antônio Pacífico Ferreira, ex-executivo da Odebrecht
  80. João Borba Filho, ex-executivo da Odebrecht
  81. João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil
  82. João Carlos Mariz Nogueira, ex-executivo da Odebrecht
  83. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador das contas de Alberto Youssef no exterior
  84. João Ricardo Auler, ex-executivo da Camargo Corrêa
  85. João Santana, marqueteiro
  86. Joesley Batista, dono da JBS
  87. John O’Donnell, dono do curso de inglês Brasas
  88. John O’Donnell Júnior, filho do empresário dono do Brasas
  89. Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-conselheiro do TCE-RJ
  90. Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-conselheiro
  91. Jorge Luz, lobista
  92. José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS
  93. José Adolfo Pascowitch, lobista
  94. José Antônio Marsilio Schwarz, engenheiro do grupo Schahin
  95. José de Carvalho Filho, ex-funcionário da equipe de Relações Institucionais da Odebrecht
  96. Juliana Sendai Nakandakari, filha do operador Shinko Nakandakari
  97. Júlio Faerman, ligado à SBM Offshore
  98. Julio Gerin de Almeida Camargo, lobista
  99. Juscelino Gil Velloso, irmão do ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso
  100. Leandro Andrade Azevedo, ex-executivo da Odebrecht
  101. Leonardo Meirelles, lobista, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef
  102. Luccas Pace Júnior, operador da doleira Nelma Kodama
  103. Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, empresário
  104. Luiz Fernando dos Santos Reis, executivo da Carioca Engenharia
  105. Luis Fernando Sendai Nakandakari, filho do operador Shinko Nakandakari
  106. Luís Mário da Costa Mattoni, engenheiro da Andrade Gutierrez
  107. Luiz Antonio Bueno Junior, ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura
  108. Luiz Augusto França, empresário
  109. Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transporte do Rio
  110. Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  111. Luiz Eduardo Loureiro de Andrade, representante de empresas internacionais na compra e venda de petróleo
  112. Marcelo Hasson Chebar, operador
  113. Marcelo José Abbud, operador
  114. Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  115. Márcio Dutra Gonçalves, ex-presidente da Vitol do Brasil
  116. Márcio Faria da Silva, ex-executivo da Odebrecht
  117. Márcio Lewkowicz, genro de Paulo Roberto Costa
  118. Marco Pereira de Souza Bilinski, empresário
  119. Marcos de Queiroz Grillo, ex-executivo da Odebrecht
  120. Marcos Vidigal do Amaral, ex-executivo da Odebrecht
  121. Maria Cristina Mazzei de Almeida Prado, mulher de João Procópio
  122. Maria Lúcia Guimarães Tavares, ex-secretária do alto escalão da Odebrecht
  123. Mariano Marcondes Ferraz, vice-presidente da Decal Brasil
  124. Marici da Silva Azevedo Costa, esposa de Paulo Roberto Costa
  125. Mário Amaro da Silveira, ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental
  126. Mário Frederico de Mendonça Goes, lobista dono da Riomarine
  127. Mateus Coutinho de Sá, ex-executivo da OAS
  128. Milton Pascowitch, lobista
  129. Milton Schahin, empresário
  130. Mônica Moura, marqueteira
  131. Nelma Kodama, doleira
  132. Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras
  133. Newton de Azevedo Lima, ex-funcionário da Odebrecht
  134. Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  135. Olívio Rodrigues Júnior, operacionalizava repasses do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
  136. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
  137. Paul Elie Altit, ex-executivo da Odebrecht
  138. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, ex-funcionário da mesa de câmbio do Banco Paulista
  139. Paulo Cesena, ex-executivo da Odebrecht
  140. Paulo Falcão Corrêa Filho, ex-executivo da Odebrecht
  141. Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da área imobiliária da Odebrecht
  142. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
  143. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  144. Paulo Roberto Welzel, ex-executivo da Odebrecht
  145. Paulo Sergio Boghossian, ex-executivo da Odebrecht
  146. Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, ex-executivo da Odebrecht
  147. Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-diretor-presidente da holding Odebrecht
  148. Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras
  149. Pedro Corrêa, ex-deputado federal
  150. Rafael Ângulo Lopez, funcionário de Alberto Youssef
  151. Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht
  152. Renato Amaury Medeiros, ex-diretor regional da Odebrecht
  153. Renato Hasson Chebar, operador
  154. Ricardo Pernambuco, dono da Carioca Engenharia
  155. Ricardo Pernambuco Junior, dono da Carioca Engenharia
  156. Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia
  157. Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ex-diretor da Odebrecht
  158. Ricardo Saud, ex-diretor da JBS
  159. Roberto Cumplido, ex-executivo ligado à Odebrecht
  160. Roberto José Teixeira Gonçalves, executivo da Carioca Engenharia
  161. Roberto Trombeta, operador
  162. Rodrigo Costa Melo, ex-executivo da Odebrecht
  163. Rodrigo Morales, operador
  164. Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior
  165. Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  166. Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht
  167. Salim Schahin, empresário
  168. Samir Assad, irmão de Adir Assad
  169. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
  170. Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais
  171. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
  172. Sérgio Mizrahy, doleiro
  173. Shanni Azevedo Costa Bachmann, filha do Paulo Roberto Costa
  174. Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia
  175. Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia
  176. Valdir Aparecido Boni, ex-diretor de tributos da JBS
  177. Valter Luís Arruda Lana, ex-executivo da Odebrecht
  178. Victor Sérgio Colavitti, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  179. Vinicius Claret, o “Juca Bala”, doleiro
  180. Vinícius Veiga Borin, empresário
  181. Walmir Pinheiro Santana, ex-funcionário do setor financeiro da UTC Engenharia
  182. Wesley Batista, dono da JBS
  183. Zwi Skornicki, lobista

Um dos pilares da Operação Lava Jato na investigação que atingiu partidos políticos como o PT, o acordo de colaboração premiada foi regulamentado na legislação durante o governo Dilma Rousseff. Em setembro de 2013, a Lei das Organizações Criminosas entrou em vigor e abriu caminho para que as colaborações se tornassem um meio de obtenção de provas de crimes. Críticos à operação afirmaram que a Lava Jato criou a “indústria de delações” e forçou confissões.

O método se tornou tão popular que, em alguns processos da Lava Jato, todos os réus se tornaram delatores. O mecanismo foi expandido, paulatinamente, para fechar o cerco à classe política. Apenas 12 agentes públicos aderiram ao acordo, segundo levantamento da reportagem, enquanto dezenas de empresários e lobistas confessaram crimes e ajudaram a reconstituir o esquema de corrupção na Petrobras (veja a lista abaixo).

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi um dos agentes públicos que fizeram delação premiada na Lava Jato Foto: Reprodução/Justiça Federal

A Lava Jato fechou mais de 200 acordos entre 2014 e 2021, quando foi aberta a última fase da operação, tocada pela força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro investigado a firmar uma colaboração premiada, em agosto de 2014. Nos meses seguintes, os investigadores colheram mais relatos sobre corrupção na Petrobras e distribuição de propinas a ex-dirigentes da estatal e a políticos.

Embora tenham ajudado a força-tarefa a imprimir celeridade às investigações, o que foi fundamental para manter a sociedade civil engajada no auge da Lava Jato, as delações deram origem a denúncias que vêm sendo arquivadas por falta de provas complementares. O Poder Judiciário considera que o relato dos delatores não é suficiente para sustentar condenações e que o Ministério Público precisa apresentar elementos adicionais que corroborem as confissões.

O uso do instrumento se tornou tão recorrente que provocou uma reação da classe política. Em 2019, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime, com mudanças na Lei das Organizações Criminosas e nas delações premiadas. Críticos da forma como o método era usado pela Lava Jato afirmaram, por exemplo, que havia benefícios excessivos a quem firmava os acordos.

O novo texto proibiu a divulgação dos termos do acordo da delação premiada enquanto a negociação estiver sob sigilo. Para casos de divulgação de acordos sigilosos, a lei classificou o ato como “violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé”. Se, durante a negociação, o acordo final não for assinado, nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo delator poderá ser usada para outra finalidade.

Confissões em vídeo

Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Antônio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no primeiro mandato do petista, fechou delação com a Polícia Federal em Curitiba, após as negociações com o Ministério Público Federal fracassarem. O acordo foi assinado em 2018, quando Lula já havia sido condenado e preso no caso do triplex. O próprio ex-ministro estava há dois anos em prisão preventiva na Lava Jato quando decidiu colaborar com a investigação.

Antes de assinar o acordo, Palocci incriminou o presidente ao relatar a existência de um suposto “pacto de sangue” entre Lula e o empresário Emílio Odebrecht para repassar R$ 300 milhões ao PT. O depoimento foi prestado ao então juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela construtora.

Em um dos anexos de sua delação, o ex-ministro detalhou também a prática da venda de medidas provisórias a grandes empresários em troca de caixa dois.

“É muito comum, um ano antes de uma eleição, o empresariado criar um tempo de grande porte, normalmente tributário, para que ele possa na negociação desse tema trabalhar o financiamento das campanhas dos políticos com dinheiro público.”

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Ex-ministro da Fazenda no primeiro governo do presidente disse em delação premiada que oferta foi feita por Emílio Odebrecht, dono da construtora

“Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal.” A frase é de Emílio Odebrecht. O empresário, dono do império que carrega seu sobrenome, fazia parte do “clube das empreiteiras” que controlava contratos com a Petrobras em troca de propina. Em delação premiada na Lava Jato, confessou um longo histórico de corrupção. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos.”

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Dono da construtora detalhou em colaboração premiada na Lava Jato propinas em troca de favorecimento

Mais de 70 executivos da Odebrecht aderiram ao acordo de colaboração com a Lava Jato. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, a “máquina de propinas” da empreiteira, por exemplo, detalhou as planilhas de contabilidade paralela para políticos e campanhas.

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Hilberto Mascarenhas Filho, ex-chefe do setor de propinas da Odebrecht, contou, sorridente, que seu trabalho era feito na base da confiança

Quando a investigação da Lava Jato avançou sobre os financiamentos de campanha, chegou ao publicitário baiano João Santana, marqueteiro que ajudou a reeleger Lula em 2006, na ressaca do escândalo do Mensalão. A vitória selou uma parceria que se estenderia por outras campanhas petistas. João e a mulher, Mônica Santana, fecharam acordo de delação com a força-tarefa e confessaram que foram pagos com doações “não oficiais”.

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Marqueteiro de campanhas petistas admitiu em colaboração premiada na Lava Jato que recebeu cachê via repasses paralelos da Odebrecht

O primeiro delator da Lava Jato foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que assinou o termo de colaboração em 27 de agosto de 2014, cinco meses após a primeira fase ostensiva da operação. Foi ele quem descreveu, de maneira inédita, a cartelização das obras da Petrobras pelas grandes empreiteiras do País. Costa admitiu ter recebido propinas em casa e em um shopping e afirmou que agentes políticos ganhavam uma porcentagem sobre contratos da estatal.

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Primeiro delator da Lava Jato admitiu recebimento de propinas e revelou que grandes empreiteiras haviam formado um cartel em obras da estatal

A partir do acordo de Costa, estava pavimentado o caminho para as colaborações entre dirigentes que haviam ocupado a cúpula da Petrobras. O ex-gerente Pedro Barusco Filho, por exemplo, entregou à Lava Jato planilhas de controle da entrada de propinas pagas, mês a mês, a executivos do setor de Engenharia e Serviços da estatal.

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Ex-gerente executivo da Petrobras disse ter recebido propina em contas no exterior e dinheiro vivo sobre contratos da estatal

Antes de alcançar expoentes da política nacional, a Lava Jato mirou um esquema prosaico de lavagem de dinheiro envolvendo um velho conhecido da Justiça do Paraná, o doleiro Alberto Youssef, e um posto de gasolina em Brasília - endereço que deu origem ao nome da operação. Youssef – protagonista de um outro escândalo, o caso Banestado – foi preso em um hotel, em São Luís (MA), em 17 de março de 2014. Fechou delação em setembro de 2014. O doleiro confessou ter operacionalizado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões em propina.

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Doleiro fechou acordo de colaboração premiada em setembro de 2014 e disse ter arrecadado entre R$ 150 e R$ 180 milhões em propinas

O Estadão identificou 183 investigados que fecharam acordos com a Lava Jato. Veja quem são:

  1. Adir Assad, doleiro
  2. Agenor Franklin Magalhães: ex-executivo da OAS
  3. Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobrás
  4. Alberto Elisio Vilaça Gomes, executivo da Carioca Engenharia
  5. Alberto Youssef, doleiro
  6. Alexandre Açakura, executivo da Carioca Engenharia
  7. Albuíno de Azevedo, executivo da Carioca Engenharia
  8. Alexandre Biselli, ex-executivo da Odebrecht
  9. Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht
  10. Alexandre Romano, ex-vereador do PT de Americana
  11. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da holding da Odebrecht
  12. Álvaro Monerat, executivo da Carioca Engenharia
  13. Angela Ferreira Palmeira, assistente administrativa da Odebrecht
  14. André Cardoso de Magalhães, executivo da Cockett Marine Oil
  15. André Reis Santana, funcionário dos marqueteiros João e Mônica Santana
  16. André Vital Pessoa de Melo, ex-diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Sergipe e Bahia
  17. Antônio Castro de Almeida, ex-executivo da Odebrecht
  18. Antônio Palocci, ex-ministro (Fazenda no governo Lula e Casa Civil no governo Dilma Roussef)
  19. Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-funcionário da Andrade Gutierrez
  20. Antônio Pessoa de Souza Couto, diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias
  21. Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa
  22. Ariel Parente Costa, ex-executivo da Odebrecht
  23. Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, ex-executivo da Odebrecht
  24. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, empresário ligado à Toyo Setal Empreendimentos
  25. Augusto Roque Dias Fernandes Filho, ex-executivo ligado à Odebrecht
  26. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
  27. Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz
  28. Carlos Alexandre de Souza Rocha, doleiro
  29. Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  30. Carlos Fernando do Vale Angeira, ex-executivo da Odebrecht
  31. Carlos Henrique Nogueira Herz, operador
  32. Carlos José Fadigas de Sousa, ex-presidente da Braskem
  33. Carlos José Vieira Machado da Cunha, ex-diretor Supervia, controlada pela Odebrecht Transport
  34. Carlos Miranda, operador financeiro
  35. Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da Odebrecht
  36. César Ramos Rocha, ex-executivo da Odebrecht
  37. Cid José Campos Barbosa da Silva
  38. Cláudio Barbosa, o “Tony”, doleiro
  39. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
  40. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  41. Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
  42. Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
  43. Delcídio Amaral, ex-senador
  44. Demilton Antonio de Castro, ex-diretor financeiro da JBS
  45. Diogo Ferreira Rodrigues, ex-assessor do ex-senador Delcídio do Amaral
  46. Djean Vasconcelos Cruz, ex-executivo da Odebrecht
  47. Edison Coutinho Freire, engenheiro do grupo Schahin
  48. Edison Krummenauer, ex-gerente da Petrobrás
  49. Eduardo Beckheuser, executivo da Carioca Engenharia
  50. Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral da área Internacional da Petrobras
  51. Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  52. Eduardo Sales Moacyr de Vasconcellos, executivo da Cockett Marine Oil
  53. Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  54. Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  55. Emyr Diniz Costa Júnior, engenheiro da Odebrecht
  56. Expedito Machado Neto, filho de Sérgio Machado
  57. Fabiano Rodrigues Munhoz, ex-executivo da Odebrecht
  58. Fábio Andreani Gandolfo, ex-executivo da Odebrecht
  59. Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa
  60. Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, empresário
  61. Fernando Falcão Soares, lobista
  62. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental
  63. Fernando Luiz Guimarães Nicola, executivo da Cockett Marine Oil
  64. Fernando Migliaccio, ex-funcionário do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  65. Flávio Calazans de Freitas, advogado
  66. Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia
  67. Flávio Gomes Machado Filho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  68. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo J&F
  69. Francisco de Assis e Silva, ex-vice-presidente de Assuntos Jurídicos da JBS
  70. Frank Geyer Abubakir, empresário
  71. Guilherme Pamplona Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  72. Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  73. Hamylton Pinheiro Padilha Junior, empresário
  74. Henrique Pessoa Mendes Neto, ex-executivo da Odebrecht
  75. Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da Odebrecht
  76. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  77. Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa
  78. João Antônio Bernardi Filho, empresário
  79. João Antônio Pacífico Ferreira, ex-executivo da Odebrecht
  80. João Borba Filho, ex-executivo da Odebrecht
  81. João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil
  82. João Carlos Mariz Nogueira, ex-executivo da Odebrecht
  83. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador das contas de Alberto Youssef no exterior
  84. João Ricardo Auler, ex-executivo da Camargo Corrêa
  85. João Santana, marqueteiro
  86. Joesley Batista, dono da JBS
  87. John O’Donnell, dono do curso de inglês Brasas
  88. John O’Donnell Júnior, filho do empresário dono do Brasas
  89. Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-conselheiro do TCE-RJ
  90. Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-conselheiro
  91. Jorge Luz, lobista
  92. José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS
  93. José Adolfo Pascowitch, lobista
  94. José Antônio Marsilio Schwarz, engenheiro do grupo Schahin
  95. José de Carvalho Filho, ex-funcionário da equipe de Relações Institucionais da Odebrecht
  96. Juliana Sendai Nakandakari, filha do operador Shinko Nakandakari
  97. Júlio Faerman, ligado à SBM Offshore
  98. Julio Gerin de Almeida Camargo, lobista
  99. Juscelino Gil Velloso, irmão do ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso
  100. Leandro Andrade Azevedo, ex-executivo da Odebrecht
  101. Leonardo Meirelles, lobista, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef
  102. Luccas Pace Júnior, operador da doleira Nelma Kodama
  103. Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, empresário
  104. Luiz Fernando dos Santos Reis, executivo da Carioca Engenharia
  105. Luis Fernando Sendai Nakandakari, filho do operador Shinko Nakandakari
  106. Luís Mário da Costa Mattoni, engenheiro da Andrade Gutierrez
  107. Luiz Antonio Bueno Junior, ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura
  108. Luiz Augusto França, empresário
  109. Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transporte do Rio
  110. Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  111. Luiz Eduardo Loureiro de Andrade, representante de empresas internacionais na compra e venda de petróleo
  112. Marcelo Hasson Chebar, operador
  113. Marcelo José Abbud, operador
  114. Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  115. Márcio Dutra Gonçalves, ex-presidente da Vitol do Brasil
  116. Márcio Faria da Silva, ex-executivo da Odebrecht
  117. Márcio Lewkowicz, genro de Paulo Roberto Costa
  118. Marco Pereira de Souza Bilinski, empresário
  119. Marcos de Queiroz Grillo, ex-executivo da Odebrecht
  120. Marcos Vidigal do Amaral, ex-executivo da Odebrecht
  121. Maria Cristina Mazzei de Almeida Prado, mulher de João Procópio
  122. Maria Lúcia Guimarães Tavares, ex-secretária do alto escalão da Odebrecht
  123. Mariano Marcondes Ferraz, vice-presidente da Decal Brasil
  124. Marici da Silva Azevedo Costa, esposa de Paulo Roberto Costa
  125. Mário Amaro da Silveira, ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental
  126. Mário Frederico de Mendonça Goes, lobista dono da Riomarine
  127. Mateus Coutinho de Sá, ex-executivo da OAS
  128. Milton Pascowitch, lobista
  129. Milton Schahin, empresário
  130. Mônica Moura, marqueteira
  131. Nelma Kodama, doleira
  132. Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras
  133. Newton de Azevedo Lima, ex-funcionário da Odebrecht
  134. Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  135. Olívio Rodrigues Júnior, operacionalizava repasses do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
  136. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
  137. Paul Elie Altit, ex-executivo da Odebrecht
  138. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, ex-funcionário da mesa de câmbio do Banco Paulista
  139. Paulo Cesena, ex-executivo da Odebrecht
  140. Paulo Falcão Corrêa Filho, ex-executivo da Odebrecht
  141. Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da área imobiliária da Odebrecht
  142. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
  143. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  144. Paulo Roberto Welzel, ex-executivo da Odebrecht
  145. Paulo Sergio Boghossian, ex-executivo da Odebrecht
  146. Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, ex-executivo da Odebrecht
  147. Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-diretor-presidente da holding Odebrecht
  148. Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras
  149. Pedro Corrêa, ex-deputado federal
  150. Rafael Ângulo Lopez, funcionário de Alberto Youssef
  151. Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht
  152. Renato Amaury Medeiros, ex-diretor regional da Odebrecht
  153. Renato Hasson Chebar, operador
  154. Ricardo Pernambuco, dono da Carioca Engenharia
  155. Ricardo Pernambuco Junior, dono da Carioca Engenharia
  156. Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia
  157. Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ex-diretor da Odebrecht
  158. Ricardo Saud, ex-diretor da JBS
  159. Roberto Cumplido, ex-executivo ligado à Odebrecht
  160. Roberto José Teixeira Gonçalves, executivo da Carioca Engenharia
  161. Roberto Trombeta, operador
  162. Rodrigo Costa Melo, ex-executivo da Odebrecht
  163. Rodrigo Morales, operador
  164. Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior
  165. Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  166. Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht
  167. Salim Schahin, empresário
  168. Samir Assad, irmão de Adir Assad
  169. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
  170. Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais
  171. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
  172. Sérgio Mizrahy, doleiro
  173. Shanni Azevedo Costa Bachmann, filha do Paulo Roberto Costa
  174. Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia
  175. Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia
  176. Valdir Aparecido Boni, ex-diretor de tributos da JBS
  177. Valter Luís Arruda Lana, ex-executivo da Odebrecht
  178. Victor Sérgio Colavitti, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  179. Vinicius Claret, o “Juca Bala”, doleiro
  180. Vinícius Veiga Borin, empresário
  181. Walmir Pinheiro Santana, ex-funcionário do setor financeiro da UTC Engenharia
  182. Wesley Batista, dono da JBS
  183. Zwi Skornicki, lobista

Um dos pilares da Operação Lava Jato na investigação que atingiu partidos políticos como o PT, o acordo de colaboração premiada foi regulamentado na legislação durante o governo Dilma Rousseff. Em setembro de 2013, a Lei das Organizações Criminosas entrou em vigor e abriu caminho para que as colaborações se tornassem um meio de obtenção de provas de crimes. Críticos à operação afirmaram que a Lava Jato criou a “indústria de delações” e forçou confissões.

O método se tornou tão popular que, em alguns processos da Lava Jato, todos os réus se tornaram delatores. O mecanismo foi expandido, paulatinamente, para fechar o cerco à classe política. Apenas 12 agentes públicos aderiram ao acordo, segundo levantamento da reportagem, enquanto dezenas de empresários e lobistas confessaram crimes e ajudaram a reconstituir o esquema de corrupção na Petrobras (veja a lista abaixo).

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi um dos agentes públicos que fizeram delação premiada na Lava Jato Foto: Reprodução/Justiça Federal

A Lava Jato fechou mais de 200 acordos entre 2014 e 2021, quando foi aberta a última fase da operação, tocada pela força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro investigado a firmar uma colaboração premiada, em agosto de 2014. Nos meses seguintes, os investigadores colheram mais relatos sobre corrupção na Petrobras e distribuição de propinas a ex-dirigentes da estatal e a políticos.

Embora tenham ajudado a força-tarefa a imprimir celeridade às investigações, o que foi fundamental para manter a sociedade civil engajada no auge da Lava Jato, as delações deram origem a denúncias que vêm sendo arquivadas por falta de provas complementares. O Poder Judiciário considera que o relato dos delatores não é suficiente para sustentar condenações e que o Ministério Público precisa apresentar elementos adicionais que corroborem as confissões.

O uso do instrumento se tornou tão recorrente que provocou uma reação da classe política. Em 2019, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime, com mudanças na Lei das Organizações Criminosas e nas delações premiadas. Críticos da forma como o método era usado pela Lava Jato afirmaram, por exemplo, que havia benefícios excessivos a quem firmava os acordos.

O novo texto proibiu a divulgação dos termos do acordo da delação premiada enquanto a negociação estiver sob sigilo. Para casos de divulgação de acordos sigilosos, a lei classificou o ato como “violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé”. Se, durante a negociação, o acordo final não for assinado, nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo delator poderá ser usada para outra finalidade.

Confissões em vídeo

Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Antônio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no primeiro mandato do petista, fechou delação com a Polícia Federal em Curitiba, após as negociações com o Ministério Público Federal fracassarem. O acordo foi assinado em 2018, quando Lula já havia sido condenado e preso no caso do triplex. O próprio ex-ministro estava há dois anos em prisão preventiva na Lava Jato quando decidiu colaborar com a investigação.

Antes de assinar o acordo, Palocci incriminou o presidente ao relatar a existência de um suposto “pacto de sangue” entre Lula e o empresário Emílio Odebrecht para repassar R$ 300 milhões ao PT. O depoimento foi prestado ao então juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela construtora.

Em um dos anexos de sua delação, o ex-ministro detalhou também a prática da venda de medidas provisórias a grandes empresários em troca de caixa dois.

“É muito comum, um ano antes de uma eleição, o empresariado criar um tempo de grande porte, normalmente tributário, para que ele possa na negociação desse tema trabalhar o financiamento das campanhas dos políticos com dinheiro público.”

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Ex-ministro da Fazenda no primeiro governo do presidente disse em delação premiada que oferta foi feita por Emílio Odebrecht, dono da construtora

“Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal.” A frase é de Emílio Odebrecht. O empresário, dono do império que carrega seu sobrenome, fazia parte do “clube das empreiteiras” que controlava contratos com a Petrobras em troca de propina. Em delação premiada na Lava Jato, confessou um longo histórico de corrupção. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos.”

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Dono da construtora detalhou em colaboração premiada na Lava Jato propinas em troca de favorecimento

Mais de 70 executivos da Odebrecht aderiram ao acordo de colaboração com a Lava Jato. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, a “máquina de propinas” da empreiteira, por exemplo, detalhou as planilhas de contabilidade paralela para políticos e campanhas.

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Hilberto Mascarenhas Filho, ex-chefe do setor de propinas da Odebrecht, contou, sorridente, que seu trabalho era feito na base da confiança

Quando a investigação da Lava Jato avançou sobre os financiamentos de campanha, chegou ao publicitário baiano João Santana, marqueteiro que ajudou a reeleger Lula em 2006, na ressaca do escândalo do Mensalão. A vitória selou uma parceria que se estenderia por outras campanhas petistas. João e a mulher, Mônica Santana, fecharam acordo de delação com a força-tarefa e confessaram que foram pagos com doações “não oficiais”.

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Marqueteiro de campanhas petistas admitiu em colaboração premiada na Lava Jato que recebeu cachê via repasses paralelos da Odebrecht

O primeiro delator da Lava Jato foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que assinou o termo de colaboração em 27 de agosto de 2014, cinco meses após a primeira fase ostensiva da operação. Foi ele quem descreveu, de maneira inédita, a cartelização das obras da Petrobras pelas grandes empreiteiras do País. Costa admitiu ter recebido propinas em casa e em um shopping e afirmou que agentes políticos ganhavam uma porcentagem sobre contratos da estatal.

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Primeiro delator da Lava Jato admitiu recebimento de propinas e revelou que grandes empreiteiras haviam formado um cartel em obras da estatal

A partir do acordo de Costa, estava pavimentado o caminho para as colaborações entre dirigentes que haviam ocupado a cúpula da Petrobras. O ex-gerente Pedro Barusco Filho, por exemplo, entregou à Lava Jato planilhas de controle da entrada de propinas pagas, mês a mês, a executivos do setor de Engenharia e Serviços da estatal.

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Ex-gerente executivo da Petrobras disse ter recebido propina em contas no exterior e dinheiro vivo sobre contratos da estatal

Antes de alcançar expoentes da política nacional, a Lava Jato mirou um esquema prosaico de lavagem de dinheiro envolvendo um velho conhecido da Justiça do Paraná, o doleiro Alberto Youssef, e um posto de gasolina em Brasília - endereço que deu origem ao nome da operação. Youssef – protagonista de um outro escândalo, o caso Banestado – foi preso em um hotel, em São Luís (MA), em 17 de março de 2014. Fechou delação em setembro de 2014. O doleiro confessou ter operacionalizado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões em propina.

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Doleiro fechou acordo de colaboração premiada em setembro de 2014 e disse ter arrecadado entre R$ 150 e R$ 180 milhões em propinas

O Estadão identificou 183 investigados que fecharam acordos com a Lava Jato. Veja quem são:

  1. Adir Assad, doleiro
  2. Agenor Franklin Magalhães: ex-executivo da OAS
  3. Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobrás
  4. Alberto Elisio Vilaça Gomes, executivo da Carioca Engenharia
  5. Alberto Youssef, doleiro
  6. Alexandre Açakura, executivo da Carioca Engenharia
  7. Albuíno de Azevedo, executivo da Carioca Engenharia
  8. Alexandre Biselli, ex-executivo da Odebrecht
  9. Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht
  10. Alexandre Romano, ex-vereador do PT de Americana
  11. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da holding da Odebrecht
  12. Álvaro Monerat, executivo da Carioca Engenharia
  13. Angela Ferreira Palmeira, assistente administrativa da Odebrecht
  14. André Cardoso de Magalhães, executivo da Cockett Marine Oil
  15. André Reis Santana, funcionário dos marqueteiros João e Mônica Santana
  16. André Vital Pessoa de Melo, ex-diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Sergipe e Bahia
  17. Antônio Castro de Almeida, ex-executivo da Odebrecht
  18. Antônio Palocci, ex-ministro (Fazenda no governo Lula e Casa Civil no governo Dilma Roussef)
  19. Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-funcionário da Andrade Gutierrez
  20. Antônio Pessoa de Souza Couto, diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias
  21. Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa
  22. Ariel Parente Costa, ex-executivo da Odebrecht
  23. Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, ex-executivo da Odebrecht
  24. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, empresário ligado à Toyo Setal Empreendimentos
  25. Augusto Roque Dias Fernandes Filho, ex-executivo ligado à Odebrecht
  26. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
  27. Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz
  28. Carlos Alexandre de Souza Rocha, doleiro
  29. Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  30. Carlos Fernando do Vale Angeira, ex-executivo da Odebrecht
  31. Carlos Henrique Nogueira Herz, operador
  32. Carlos José Fadigas de Sousa, ex-presidente da Braskem
  33. Carlos José Vieira Machado da Cunha, ex-diretor Supervia, controlada pela Odebrecht Transport
  34. Carlos Miranda, operador financeiro
  35. Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da Odebrecht
  36. César Ramos Rocha, ex-executivo da Odebrecht
  37. Cid José Campos Barbosa da Silva
  38. Cláudio Barbosa, o “Tony”, doleiro
  39. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
  40. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  41. Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
  42. Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
  43. Delcídio Amaral, ex-senador
  44. Demilton Antonio de Castro, ex-diretor financeiro da JBS
  45. Diogo Ferreira Rodrigues, ex-assessor do ex-senador Delcídio do Amaral
  46. Djean Vasconcelos Cruz, ex-executivo da Odebrecht
  47. Edison Coutinho Freire, engenheiro do grupo Schahin
  48. Edison Krummenauer, ex-gerente da Petrobrás
  49. Eduardo Beckheuser, executivo da Carioca Engenharia
  50. Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral da área Internacional da Petrobras
  51. Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  52. Eduardo Sales Moacyr de Vasconcellos, executivo da Cockett Marine Oil
  53. Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  54. Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  55. Emyr Diniz Costa Júnior, engenheiro da Odebrecht
  56. Expedito Machado Neto, filho de Sérgio Machado
  57. Fabiano Rodrigues Munhoz, ex-executivo da Odebrecht
  58. Fábio Andreani Gandolfo, ex-executivo da Odebrecht
  59. Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa
  60. Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, empresário
  61. Fernando Falcão Soares, lobista
  62. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental
  63. Fernando Luiz Guimarães Nicola, executivo da Cockett Marine Oil
  64. Fernando Migliaccio, ex-funcionário do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  65. Flávio Calazans de Freitas, advogado
  66. Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia
  67. Flávio Gomes Machado Filho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  68. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo J&F
  69. Francisco de Assis e Silva, ex-vice-presidente de Assuntos Jurídicos da JBS
  70. Frank Geyer Abubakir, empresário
  71. Guilherme Pamplona Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  72. Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  73. Hamylton Pinheiro Padilha Junior, empresário
  74. Henrique Pessoa Mendes Neto, ex-executivo da Odebrecht
  75. Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da Odebrecht
  76. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  77. Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa
  78. João Antônio Bernardi Filho, empresário
  79. João Antônio Pacífico Ferreira, ex-executivo da Odebrecht
  80. João Borba Filho, ex-executivo da Odebrecht
  81. João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil
  82. João Carlos Mariz Nogueira, ex-executivo da Odebrecht
  83. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador das contas de Alberto Youssef no exterior
  84. João Ricardo Auler, ex-executivo da Camargo Corrêa
  85. João Santana, marqueteiro
  86. Joesley Batista, dono da JBS
  87. John O’Donnell, dono do curso de inglês Brasas
  88. John O’Donnell Júnior, filho do empresário dono do Brasas
  89. Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-conselheiro do TCE-RJ
  90. Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-conselheiro
  91. Jorge Luz, lobista
  92. José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS
  93. José Adolfo Pascowitch, lobista
  94. José Antônio Marsilio Schwarz, engenheiro do grupo Schahin
  95. José de Carvalho Filho, ex-funcionário da equipe de Relações Institucionais da Odebrecht
  96. Juliana Sendai Nakandakari, filha do operador Shinko Nakandakari
  97. Júlio Faerman, ligado à SBM Offshore
  98. Julio Gerin de Almeida Camargo, lobista
  99. Juscelino Gil Velloso, irmão do ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso
  100. Leandro Andrade Azevedo, ex-executivo da Odebrecht
  101. Leonardo Meirelles, lobista, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef
  102. Luccas Pace Júnior, operador da doleira Nelma Kodama
  103. Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, empresário
  104. Luiz Fernando dos Santos Reis, executivo da Carioca Engenharia
  105. Luis Fernando Sendai Nakandakari, filho do operador Shinko Nakandakari
  106. Luís Mário da Costa Mattoni, engenheiro da Andrade Gutierrez
  107. Luiz Antonio Bueno Junior, ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura
  108. Luiz Augusto França, empresário
  109. Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transporte do Rio
  110. Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  111. Luiz Eduardo Loureiro de Andrade, representante de empresas internacionais na compra e venda de petróleo
  112. Marcelo Hasson Chebar, operador
  113. Marcelo José Abbud, operador
  114. Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  115. Márcio Dutra Gonçalves, ex-presidente da Vitol do Brasil
  116. Márcio Faria da Silva, ex-executivo da Odebrecht
  117. Márcio Lewkowicz, genro de Paulo Roberto Costa
  118. Marco Pereira de Souza Bilinski, empresário
  119. Marcos de Queiroz Grillo, ex-executivo da Odebrecht
  120. Marcos Vidigal do Amaral, ex-executivo da Odebrecht
  121. Maria Cristina Mazzei de Almeida Prado, mulher de João Procópio
  122. Maria Lúcia Guimarães Tavares, ex-secretária do alto escalão da Odebrecht
  123. Mariano Marcondes Ferraz, vice-presidente da Decal Brasil
  124. Marici da Silva Azevedo Costa, esposa de Paulo Roberto Costa
  125. Mário Amaro da Silveira, ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental
  126. Mário Frederico de Mendonça Goes, lobista dono da Riomarine
  127. Mateus Coutinho de Sá, ex-executivo da OAS
  128. Milton Pascowitch, lobista
  129. Milton Schahin, empresário
  130. Mônica Moura, marqueteira
  131. Nelma Kodama, doleira
  132. Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras
  133. Newton de Azevedo Lima, ex-funcionário da Odebrecht
  134. Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  135. Olívio Rodrigues Júnior, operacionalizava repasses do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
  136. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
  137. Paul Elie Altit, ex-executivo da Odebrecht
  138. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, ex-funcionário da mesa de câmbio do Banco Paulista
  139. Paulo Cesena, ex-executivo da Odebrecht
  140. Paulo Falcão Corrêa Filho, ex-executivo da Odebrecht
  141. Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da área imobiliária da Odebrecht
  142. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
  143. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  144. Paulo Roberto Welzel, ex-executivo da Odebrecht
  145. Paulo Sergio Boghossian, ex-executivo da Odebrecht
  146. Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, ex-executivo da Odebrecht
  147. Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-diretor-presidente da holding Odebrecht
  148. Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras
  149. Pedro Corrêa, ex-deputado federal
  150. Rafael Ângulo Lopez, funcionário de Alberto Youssef
  151. Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht
  152. Renato Amaury Medeiros, ex-diretor regional da Odebrecht
  153. Renato Hasson Chebar, operador
  154. Ricardo Pernambuco, dono da Carioca Engenharia
  155. Ricardo Pernambuco Junior, dono da Carioca Engenharia
  156. Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia
  157. Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ex-diretor da Odebrecht
  158. Ricardo Saud, ex-diretor da JBS
  159. Roberto Cumplido, ex-executivo ligado à Odebrecht
  160. Roberto José Teixeira Gonçalves, executivo da Carioca Engenharia
  161. Roberto Trombeta, operador
  162. Rodrigo Costa Melo, ex-executivo da Odebrecht
  163. Rodrigo Morales, operador
  164. Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior
  165. Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  166. Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht
  167. Salim Schahin, empresário
  168. Samir Assad, irmão de Adir Assad
  169. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
  170. Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais
  171. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
  172. Sérgio Mizrahy, doleiro
  173. Shanni Azevedo Costa Bachmann, filha do Paulo Roberto Costa
  174. Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia
  175. Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia
  176. Valdir Aparecido Boni, ex-diretor de tributos da JBS
  177. Valter Luís Arruda Lana, ex-executivo da Odebrecht
  178. Victor Sérgio Colavitti, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  179. Vinicius Claret, o “Juca Bala”, doleiro
  180. Vinícius Veiga Borin, empresário
  181. Walmir Pinheiro Santana, ex-funcionário do setor financeiro da UTC Engenharia
  182. Wesley Batista, dono da JBS
  183. Zwi Skornicki, lobista

Um dos pilares da Operação Lava Jato na investigação que atingiu partidos políticos como o PT, o acordo de colaboração premiada foi regulamentado na legislação durante o governo Dilma Rousseff. Em setembro de 2013, a Lei das Organizações Criminosas entrou em vigor e abriu caminho para que as colaborações se tornassem um meio de obtenção de provas de crimes. Críticos à operação afirmaram que a Lava Jato criou a “indústria de delações” e forçou confissões.

O método se tornou tão popular que, em alguns processos da Lava Jato, todos os réus se tornaram delatores. O mecanismo foi expandido, paulatinamente, para fechar o cerco à classe política. Apenas 12 agentes públicos aderiram ao acordo, segundo levantamento da reportagem, enquanto dezenas de empresários e lobistas confessaram crimes e ajudaram a reconstituir o esquema de corrupção na Petrobras (veja a lista abaixo).

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, foi um dos agentes públicos que fizeram delação premiada na Lava Jato Foto: Reprodução/Justiça Federal

A Lava Jato fechou mais de 200 acordos entre 2014 e 2021, quando foi aberta a última fase da operação, tocada pela força-tarefa do Ministério Público Federal. O ex-diretor da área de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi o primeiro investigado a firmar uma colaboração premiada, em agosto de 2014. Nos meses seguintes, os investigadores colheram mais relatos sobre corrupção na Petrobras e distribuição de propinas a ex-dirigentes da estatal e a políticos.

Embora tenham ajudado a força-tarefa a imprimir celeridade às investigações, o que foi fundamental para manter a sociedade civil engajada no auge da Lava Jato, as delações deram origem a denúncias que vêm sendo arquivadas por falta de provas complementares. O Poder Judiciário considera que o relato dos delatores não é suficiente para sustentar condenações e que o Ministério Público precisa apresentar elementos adicionais que corroborem as confissões.

O uso do instrumento se tornou tão recorrente que provocou uma reação da classe política. Em 2019, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o pacote anticrime, com mudanças na Lei das Organizações Criminosas e nas delações premiadas. Críticos da forma como o método era usado pela Lava Jato afirmaram, por exemplo, que havia benefícios excessivos a quem firmava os acordos.

O novo texto proibiu a divulgação dos termos do acordo da delação premiada enquanto a negociação estiver sob sigilo. Para casos de divulgação de acordos sigilosos, a lei classificou o ato como “violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé”. Se, durante a negociação, o acordo final não for assinado, nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo delator poderá ser usada para outra finalidade.

Confissões em vídeo

Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Antônio Palocci, que comandou o Ministério da Fazenda no primeiro mandato do petista, fechou delação com a Polícia Federal em Curitiba, após as negociações com o Ministério Público Federal fracassarem. O acordo foi assinado em 2018, quando Lula já havia sido condenado e preso no caso do triplex. O próprio ex-ministro estava há dois anos em prisão preventiva na Lava Jato quando decidiu colaborar com a investigação.

Antes de assinar o acordo, Palocci incriminou o presidente ao relatar a existência de um suposto “pacto de sangue” entre Lula e o empresário Emílio Odebrecht para repassar R$ 300 milhões ao PT. O depoimento foi prestado ao então juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela construtora.

Em um dos anexos de sua delação, o ex-ministro detalhou também a prática da venda de medidas provisórias a grandes empresários em troca de caixa dois.

“É muito comum, um ano antes de uma eleição, o empresariado criar um tempo de grande porte, normalmente tributário, para que ele possa na negociação desse tema trabalhar o financiamento das campanhas dos políticos com dinheiro público.”

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Ex-ministro da Fazenda no primeiro governo do presidente disse em delação premiada que oferta foi feita por Emílio Odebrecht, dono da construtora

“Tudo o que está acontecendo é um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal.” A frase é de Emílio Odebrecht. O empresário, dono do império que carrega seu sobrenome, fazia parte do “clube das empreiteiras” que controlava contratos com a Petrobras em troca de propina. Em delação premiada na Lava Jato, confessou um longo histórico de corrupção. “O que nós temos no Brasil não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos.”

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Dono da construtora detalhou em colaboração premiada na Lava Jato propinas em troca de favorecimento

Mais de 70 executivos da Odebrecht aderiram ao acordo de colaboração com a Lava Jato. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturadas, a “máquina de propinas” da empreiteira, por exemplo, detalhou as planilhas de contabilidade paralela para políticos e campanhas.

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Hilberto Mascarenhas Filho, ex-chefe do setor de propinas da Odebrecht, contou, sorridente, que seu trabalho era feito na base da confiança

Quando a investigação da Lava Jato avançou sobre os financiamentos de campanha, chegou ao publicitário baiano João Santana, marqueteiro que ajudou a reeleger Lula em 2006, na ressaca do escândalo do Mensalão. A vitória selou uma parceria que se estenderia por outras campanhas petistas. João e a mulher, Mônica Santana, fecharam acordo de delação com a força-tarefa e confessaram que foram pagos com doações “não oficiais”.

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Marqueteiro de campanhas petistas admitiu em colaboração premiada na Lava Jato que recebeu cachê via repasses paralelos da Odebrecht

O primeiro delator da Lava Jato foi Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que assinou o termo de colaboração em 27 de agosto de 2014, cinco meses após a primeira fase ostensiva da operação. Foi ele quem descreveu, de maneira inédita, a cartelização das obras da Petrobras pelas grandes empreiteiras do País. Costa admitiu ter recebido propinas em casa e em um shopping e afirmou que agentes políticos ganhavam uma porcentagem sobre contratos da estatal.

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Primeiro delator da Lava Jato admitiu recebimento de propinas e revelou que grandes empreiteiras haviam formado um cartel em obras da estatal

A partir do acordo de Costa, estava pavimentado o caminho para as colaborações entre dirigentes que haviam ocupado a cúpula da Petrobras. O ex-gerente Pedro Barusco Filho, por exemplo, entregou à Lava Jato planilhas de controle da entrada de propinas pagas, mês a mês, a executivos do setor de Engenharia e Serviços da estatal.

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Ex-gerente executivo da Petrobras disse ter recebido propina em contas no exterior e dinheiro vivo sobre contratos da estatal

Antes de alcançar expoentes da política nacional, a Lava Jato mirou um esquema prosaico de lavagem de dinheiro envolvendo um velho conhecido da Justiça do Paraná, o doleiro Alberto Youssef, e um posto de gasolina em Brasília - endereço que deu origem ao nome da operação. Youssef – protagonista de um outro escândalo, o caso Banestado – foi preso em um hotel, em São Luís (MA), em 17 de março de 2014. Fechou delação em setembro de 2014. O doleiro confessou ter operacionalizado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões em propina.

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Doleiro fechou acordo de colaboração premiada em setembro de 2014 e disse ter arrecadado entre R$ 150 e R$ 180 milhões em propinas

O Estadão identificou 183 investigados que fecharam acordos com a Lava Jato. Veja quem são:

  1. Adir Assad, doleiro
  2. Agenor Franklin Magalhães: ex-executivo da OAS
  3. Agosthilde Mônaco de Carvalho, ex-funcionário da Petrobrás
  4. Alberto Elisio Vilaça Gomes, executivo da Carioca Engenharia
  5. Alberto Youssef, doleiro
  6. Alexandre Açakura, executivo da Carioca Engenharia
  7. Albuíno de Azevedo, executivo da Carioca Engenharia
  8. Alexandre Biselli, ex-executivo da Odebrecht
  9. Alexandre José Lopes Barradas, ex-executivo da Odebrecht
  10. Alexandre Romano, ex-vereador do PT de Americana
  11. Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da holding da Odebrecht
  12. Álvaro Monerat, executivo da Carioca Engenharia
  13. Angela Ferreira Palmeira, assistente administrativa da Odebrecht
  14. André Cardoso de Magalhães, executivo da Cockett Marine Oil
  15. André Reis Santana, funcionário dos marqueteiros João e Mônica Santana
  16. André Vital Pessoa de Melo, ex-diretor superintendente da Construtora Norberto Odebrecht para Sergipe e Bahia
  17. Antônio Castro de Almeida, ex-executivo da Odebrecht
  18. Antônio Palocci, ex-ministro (Fazenda no governo Lula e Casa Civil no governo Dilma Roussef)
  19. Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-funcionário da Andrade Gutierrez
  20. Antônio Pessoa de Souza Couto, diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias
  21. Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa
  22. Ariel Parente Costa, ex-executivo da Odebrecht
  23. Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, ex-executivo da Odebrecht
  24. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, empresário ligado à Toyo Setal Empreendimentos
  25. Augusto Roque Dias Fernandes Filho, ex-executivo ligado à Odebrecht
  26. Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura
  27. Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz
  28. Carlos Alexandre de Souza Rocha, doleiro
  29. Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  30. Carlos Fernando do Vale Angeira, ex-executivo da Odebrecht
  31. Carlos Henrique Nogueira Herz, operador
  32. Carlos José Fadigas de Sousa, ex-presidente da Braskem
  33. Carlos José Vieira Machado da Cunha, ex-diretor Supervia, controlada pela Odebrecht Transport
  34. Carlos Miranda, operador financeiro
  35. Celso da Fonseca Rodrigues, ex-diretor de contratos da Odebrecht
  36. César Ramos Rocha, ex-executivo da Odebrecht
  37. Cid José Campos Barbosa da Silva
  38. Cláudio Barbosa, o “Tony”, doleiro
  39. Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
  40. Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  41. Dalton dos Santos Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa
  42. Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”
  43. Delcídio Amaral, ex-senador
  44. Demilton Antonio de Castro, ex-diretor financeiro da JBS
  45. Diogo Ferreira Rodrigues, ex-assessor do ex-senador Delcídio do Amaral
  46. Djean Vasconcelos Cruz, ex-executivo da Odebrecht
  47. Edison Coutinho Freire, engenheiro do grupo Schahin
  48. Edison Krummenauer, ex-gerente da Petrobrás
  49. Eduardo Beckheuser, executivo da Carioca Engenharia
  50. Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral da área Internacional da Petrobras
  51. Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  52. Eduardo Sales Moacyr de Vasconcellos, executivo da Cockett Marine Oil
  53. Elton Negrão de Azevedo Júnior, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  54. Emilio Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  55. Emyr Diniz Costa Júnior, engenheiro da Odebrecht
  56. Expedito Machado Neto, filho de Sérgio Machado
  57. Fabiano Rodrigues Munhoz, ex-executivo da Odebrecht
  58. Fábio Andreani Gandolfo, ex-executivo da Odebrecht
  59. Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa
  60. Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, empresário
  61. Fernando Falcão Soares, lobista
  62. Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental
  63. Fernando Luiz Guimarães Nicola, executivo da Cockett Marine Oil
  64. Fernando Migliaccio, ex-funcionário do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  65. Flávio Calazans de Freitas, advogado
  66. Flávio David Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia
  67. Flávio Gomes Machado Filho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  68. Florisvaldo Caetano de Oliveira, ex-funcionário do grupo J&F
  69. Francisco de Assis e Silva, ex-vice-presidente de Assuntos Jurídicos da JBS
  70. Frank Geyer Abubakir, empresário
  71. Guilherme Pamplona Paschoal, ex-executivo da Odebrecht
  72. Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  73. Hamylton Pinheiro Padilha Junior, empresário
  74. Henrique Pessoa Mendes Neto, ex-executivo da Odebrecht
  75. Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da Odebrecht
  76. Hilberto Mascarenhas, ex-chefe do Setor de Operações Estruturas da Odebrecht
  77. Humberto Sampaio de Mesquita, genro de Paulo Roberto Costa
  78. João Antônio Bernardi Filho, empresário
  79. João Antônio Pacífico Ferreira, ex-executivo da Odebrecht
  80. João Borba Filho, ex-executivo da Odebrecht
  81. João Carlos de Medeiros Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil
  82. João Carlos Mariz Nogueira, ex-executivo da Odebrecht
  83. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador das contas de Alberto Youssef no exterior
  84. João Ricardo Auler, ex-executivo da Camargo Corrêa
  85. João Santana, marqueteiro
  86. Joesley Batista, dono da JBS
  87. John O’Donnell, dono do curso de inglês Brasas
  88. John O’Donnell Júnior, filho do empresário dono do Brasas
  89. Jonas Lopes de Carvalho Júnior, ex-conselheiro do TCE-RJ
  90. Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-conselheiro
  91. Jorge Luz, lobista
  92. José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS
  93. José Adolfo Pascowitch, lobista
  94. José Antônio Marsilio Schwarz, engenheiro do grupo Schahin
  95. José de Carvalho Filho, ex-funcionário da equipe de Relações Institucionais da Odebrecht
  96. Juliana Sendai Nakandakari, filha do operador Shinko Nakandakari
  97. Júlio Faerman, ligado à SBM Offshore
  98. Julio Gerin de Almeida Camargo, lobista
  99. Juscelino Gil Velloso, irmão do ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso
  100. Leandro Andrade Azevedo, ex-executivo da Odebrecht
  101. Leonardo Meirelles, lobista, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef
  102. Luccas Pace Júnior, operador da doleira Nelma Kodama
  103. Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, empresário
  104. Luiz Fernando dos Santos Reis, executivo da Carioca Engenharia
  105. Luis Fernando Sendai Nakandakari, filho do operador Shinko Nakandakari
  106. Luís Mário da Costa Mattoni, engenheiro da Andrade Gutierrez
  107. Luiz Antonio Bueno Junior, ex-diretor superintendente da Odebrecht Infraestrutura
  108. Luiz Augusto França, empresário
  109. Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transporte do Rio
  110. Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht
  111. Luiz Eduardo Loureiro de Andrade, representante de empresas internacionais na compra e venda de petróleo
  112. Marcelo Hasson Chebar, operador
  113. Marcelo José Abbud, operador
  114. Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
  115. Márcio Dutra Gonçalves, ex-presidente da Vitol do Brasil
  116. Márcio Faria da Silva, ex-executivo da Odebrecht
  117. Márcio Lewkowicz, genro de Paulo Roberto Costa
  118. Marco Pereira de Souza Bilinski, empresário
  119. Marcos de Queiroz Grillo, ex-executivo da Odebrecht
  120. Marcos Vidigal do Amaral, ex-executivo da Odebrecht
  121. Maria Cristina Mazzei de Almeida Prado, mulher de João Procópio
  122. Maria Lúcia Guimarães Tavares, ex-secretária do alto escalão da Odebrecht
  123. Mariano Marcondes Ferraz, vice-presidente da Decal Brasil
  124. Marici da Silva Azevedo Costa, esposa de Paulo Roberto Costa
  125. Mário Amaro da Silveira, ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental
  126. Mário Frederico de Mendonça Goes, lobista dono da Riomarine
  127. Mateus Coutinho de Sá, ex-executivo da OAS
  128. Milton Pascowitch, lobista
  129. Milton Schahin, empresário
  130. Mônica Moura, marqueteira
  131. Nelma Kodama, doleira
  132. Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras
  133. Newton de Azevedo Lima, ex-funcionário da Odebrecht
  134. Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  135. Olívio Rodrigues Júnior, operacionalizava repasses do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
  136. Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez
  137. Paul Elie Altit, ex-executivo da Odebrecht
  138. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, ex-funcionário da mesa de câmbio do Banco Paulista
  139. Paulo Cesena, ex-executivo da Odebrecht
  140. Paulo Falcão Corrêa Filho, ex-executivo da Odebrecht
  141. Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, ex-executivo da área imobiliária da Odebrecht
  142. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
  143. Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Andrade Gutierrez
  144. Paulo Roberto Welzel, ex-executivo da Odebrecht
  145. Paulo Sergio Boghossian, ex-executivo da Odebrecht
  146. Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, ex-executivo da Odebrecht
  147. Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-diretor-presidente da holding Odebrecht
  148. Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras
  149. Pedro Corrêa, ex-deputado federal
  150. Rafael Ângulo Lopez, funcionário de Alberto Youssef
  151. Raymundo Santos Filho, ex-executivo da Odebrecht
  152. Renato Amaury Medeiros, ex-diretor regional da Odebrecht
  153. Renato Hasson Chebar, operador
  154. Ricardo Pernambuco, dono da Carioca Engenharia
  155. Ricardo Pernambuco Junior, dono da Carioca Engenharia
  156. Ricardo Pessoa, empreiteiro da UTC Engenharia
  157. Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ex-diretor da Odebrecht
  158. Ricardo Saud, ex-diretor da JBS
  159. Roberto Cumplido, ex-executivo ligado à Odebrecht
  160. Roberto José Teixeira Gonçalves, executivo da Carioca Engenharia
  161. Roberto Trombeta, operador
  162. Rodrigo Costa Melo, ex-executivo da Odebrecht
  163. Rodrigo Morales, operador
  164. Rogério Cunha de Oliveira, ex-executivo da Mendes Júnior
  165. Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  166. Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht
  167. Salim Schahin, empresário
  168. Samir Assad, irmão de Adir Assad
  169. Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
  170. Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais
  171. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro
  172. Sérgio Mizrahy, doleiro
  173. Shanni Azevedo Costa Bachmann, filha do Paulo Roberto Costa
  174. Shinko Nakandakari, operador da Galvão Engenharia
  175. Tania Maria Silva Fontenelle, executiva da Carioca Engenharia
  176. Valdir Aparecido Boni, ex-diretor de tributos da JBS
  177. Valter Luís Arruda Lana, ex-executivo da Odebrecht
  178. Victor Sérgio Colavitti, ex-executivo da Andrade Gutierrez
  179. Vinicius Claret, o “Juca Bala”, doleiro
  180. Vinícius Veiga Borin, empresário
  181. Walmir Pinheiro Santana, ex-funcionário do setor financeiro da UTC Engenharia
  182. Wesley Batista, dono da JBS
  183. Zwi Skornicki, lobista

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