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Lula, Cunha, Odebrecht, Zanin, Dirceu e Moro: relembre embates da Lava Jato


Trocas de farpas em audiências na operação, por vezes, evoluíram para discussões acaloradas e marcaram depoimentos, sobretudo nas primeiras fases da investigação

Por Rayssa Motta e Julia Affonso
Atualização:

“Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca está viva.” A provocação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 4 de março de 2016, logo após um depoimento de seis horas à Polícia Federal, tinha endereço: a Operação Lava Jato. Naquele dia, o petista havia sido alvo de um mandado de condução coercitiva do então juiz Sérgio Moro.

A ordem do então magistrado levou a Lava Jato a um dos seus momentos de maior tensão. A defesa não havia sido avisada previamente e, naquela manhã, Lula foi levado pela PF até uma sala da corporação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para falar sobre as suspeitas da operação. Deixou o local indignado.

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O petista não foi o único investigado da Lava Jato a protagonizar embates com os procuradores e com Moro. As trocas de farpas, por vezes, evoluíram para discussões acaloradas e marcaram audiências, sobretudo nas primeiras fases da operação. Durante os depoimentos de Lula à Lava Jato, o ex-advogado do petista e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, também discutiu várias vezes com o então juiz.

Em uma das audiências, o ex-magistrado chegou a dizer que marcaria um interrogatório para o “doutor Cristiano” em outra data. “Aí o doutor pode falar o tempo todo”, ironizou Moro.

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Quando a Lava Jato fechou o cerco ao mundo político, muitos alvos mudaram de postura e decidiram colaborar com a investigação para reduzir danos. Foi o caso do empresário Marcelo Odebrecht. Antes da mega-delação da construtora, homologada pela ministra do STF Cármen Lúcia em 2017, o herdeiro do grupo empresarial esteve frente a frente com Sérgio Moro na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba em outubro de 2015.

Na ocasião, Odebrecht se recusou a responder às perguntas do então juiz. Pediu para fazer um pronunciamento e chamou de “absurdas” as suspeitas levantadas contra ele. Ainda prestaram depoimento à Lava Jato nomes outrora poderosos da República, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (governo Lula I), o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Relembre embates na Lava Jato:

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Lula x Moro

Lula esteve no centro das cenas mais tensas. Um dos depoimentos mais estressados foi prestado em setembro de 2017, na investigação sobre o Instituto Lula.

“Se pudessem ressuscitar o Conde de Monte Cristo, ele viria aqui falar: ‘foi o Lula o culpado’”, debochou o presidente ao rebater as acusações de delatores.

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O presidente também aproveitou a plataforma para criticar os métodos da força-tarefa de Curitiba e chegou a atacar nominalmente o então procurador Deltan Dallagnol, que coordenava o grupo de trabalho.

“Delatar virou, na verdade, quase que o alvará de soltura dessa gente. Eu vou discutir, em algum momento, o contexto. O contexto está baseado em um Power Point malfeito, mentiroso, da Operação Lava Jato. Aliás, o doutor Dallagnol, que fez a apresentação, não está aqui. Deveria estar aqui para ele explicar aquele famoso Power Point. Aquilo é uma caçamba, onde cabe tudo.”

Em mais de um momento, o presidente respondeu às perguntas de Moro com ironia. Ao ser questionado, por exemplo, se sabia do esquema de corrupção da Petrobras, disparou: “Não. Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pega, no grampo, a conversa do Youssef com o Paulo Roberto (ex-diretor da Petrobras).”

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Presidente prestou um de seus depoimentos ao então juiz da operação em setembro de 2017, durante cerca de seis horas

Cabral x Bretas

Em outubro de 2017, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que na época estava preso na Operação Lava Jato, prestou um depoimento tenso ao juiz Marcelo Bretas em um processo sobre a compra de joias para lavar dinheiro.

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A audiência foi atravessada por provocações. Cabral disse que estava sendo “injustiçado” e acusou o magistrado de tentar usar os processos da Lava Jato para se autopromover.

“O senhor está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal e me fazendo um calvário, claramente”, disparou o ex-governador.

Cabral foi o último alvo da Lava Jato a ser solto e é quem acumula mais condenações – 335 anos, 8 meses e 29 dias. Já Marcelo Bretas está afastado das funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) até a conclusão de três processos administrativos sobre sua conduta na Lava Jato, o que não tem prazo para ocorrer. Como mostrou o Estadão, ele virou uma espécie de influenciador nas redes sociais, onde posta vídeos sobre Direito, religião e autoajuda.

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Relembre bate-boca entre ex-governador do Rio e juiz em audiência da Lava Jato

Marcelo Odebrecht x Moro

Quando o empreiteiro Marcelo Odebrecht foi ouvido na Lava Jato pela primeira vez, havia grande expectativa sobre as respostas que o herdeiro do grupo daria às acusações do Ministério Público Federal. Em audiência em outubro de 2015, o empresário comunicou que não responderia oralmente às perguntas do então juiz Sérgio Moro e da força-tarefa da operação.

“Entendo que o formato de respostas orais a imputações contidas em uma extensa denúncia, cheia de ilações, não é a melhor forma de contribuir para o pleno esclarecimento dos fatos e o pleno exercício do meu direito de defesa”, argumentou, frustrando os investigadores, que queriam interrogá-lo.

A defesa de Marcelo Odebrecht entregou um documento com perguntas e respostas elaboradas pelo próprio empresário sobre sua carreira, funções que exercia na empresa, a relação que tinha com outros funcionários do grupo e trechos de uma denúncia que havia contra ele naquele momento. No documento, Odebrecht disse, por exemplo, que o executivo Hilberto Mascarenhas Filho trabalhava na “área administrativo-financeira”, como “consultor interno à disposição do grupo”, sem entrar em outros detalhes.

Mascarenhas Filho era o chefe do Setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propinas” da Odebrecht. Em depoimento, o executivo afirmou que foi Marcelo Odebrecht quem o convidou para assumir o cargo e montar a área.

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Em novembro de 2015, empresário decidiu entregar um documento com perguntas e respostas que ele mesmo havia preparado

Eduardo Cunha x Moro

O poderoso ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha esteve frente a frente com Moro em fevereiro de 2017. Naquele momento, o ex-parlamentar estava preso no Complexo Médico-Penal, na região metropolitana de Curitiba. O ex-deputado havia sido acusado de ter recebido R$ 5 milhões em contas na Suíça referentes à compra, pela Petrobras, de uma porcentagem de um bloco no campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

À Lava Jato, Cunha alegou que o dinheiro que mantinha fora do País era fruto de atividades com comércio exterior e aplicações no mercado financeiro. O ex-presidente da Câmara também declarou que os gastos que a mulher havia feito no exterior estavam amparados pelos recursos que ele havia juntado.

“Se eu quis gastar o patrimônio que eu detinha anteriormente da forma que eu quisesse, isso cabia a mim, não cabia a ninguém”, afirmou.

Moro perguntou a Cunha por que ele havia declarado “expressamente” não ter contas no exterior à uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ativa naquele momento na Câmara. O ex-deputado afirmou que havia contas ligadas a um Trust sobre o qual ele próprio tinha uma “expectativa de direito”.

“Se eu dissesse que tinha conta eu estaria mentindo, por que a conta é do Trust”, disse. “O correto é que eu não detinha conta, se tivesse me perguntado se a minha esposa detinha, eu teria falado a verdade.”

Cunha avaliou que respondeu “corretamente uma pergunta que foi feita”. “Eu não tinha razão nenhuma pra dar informação além daquilo que é me perguntado. Nós estamos no mundo da política, não estamos no mundo de um processo jurídico”, afirmou.

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Ex-presidente da Câmara foi preso por ordem do ex-juiz Sérgio Moro, na Lava Jato; em depoimento, ex-parlamentar falou sobre dinheiro mantido no exterior

Cristiano Zanin x Sérgio Moro

Antes de imaginar que assumiria uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin Martins ganhou projeção nacional por seu empenho na defesa de Lula nos processos da Operação Lava Jato, conduta que se estendia às audiências e depoimentos.

Com frequência, o advogado interrompia interrogatórios para protestar sobre a condução das sessões. Em mais de uma ocasião, foi repreendido por “tumultuar” o andamento das oitivas.

“Toda vez que houver uma violência à Lei, a defesa tem não só o direito como o dever de fazer observância”, reagiu, sem recuar, diante das reclamações de Sérgio Moro sobre suas intervenções no depoimento prestado por Lula em 2017.

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Ex-juiz Sérgio Moro e ex-advogado de Lula e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, tiveram embates durante audiências da Lava Jato

Nestor Cerveró x Moro

“Qual foi o critério que o senhor utilizou pra me colocar preso preventivamente?” O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró estava inconformado com a decisão do então juiz Sérgio Moro, que o havia colocado em prisão preventiva, quando ficou frente a frente com o magistrado em 2015. Ele estava há cinco meses no cárcere.

Cerveró aproveitou o final da audiência para cobrar o juiz. Moro reagiu: “Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais. O interrogado é o senhor.”

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Em depoimento prestado em 2015, ex-diretor da Petrobras cobrou então juiz da Lava Jato, que reagiu: "Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais"

Dirceu x Moro

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) foi um dos quadros históricos do PT a ser preso na Lava Jato. Dirceu foi alvo da Operação Pixuleco, 17ª fase da operação, em agosto de 2015. Em janeiro do ano seguinte, o petista foi ouvido pelo então juiz federal Sérgio Moro, em uma ação que o acusava de receber R$ 11 milhões em propinas da empreiteira Engevix, que mantinha contrato com a diretoria de Serviços da Petrobras.

Os valores teriam sido repassados por meio de contratos fictícios. No depoimento, Dirceu negou que os recursos fossem ilegais e disse ter feito consultorias para a empreiteira. “Ganhei o que ganha qualquer consultor, 60, 80 - e advogado - mil reais por mês. E trabalhei”, disse.

“Durante 10 anos, eu sofri uma campanha que me desqualificava do ponto de vista político profissional”, afirmou Dirceu.

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Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi o segundo quadro histórico do PT a ser preso na Lava Jato

“Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca está viva.” A provocação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 4 de março de 2016, logo após um depoimento de seis horas à Polícia Federal, tinha endereço: a Operação Lava Jato. Naquele dia, o petista havia sido alvo de um mandado de condução coercitiva do então juiz Sérgio Moro.

A ordem do então magistrado levou a Lava Jato a um dos seus momentos de maior tensão. A defesa não havia sido avisada previamente e, naquela manhã, Lula foi levado pela PF até uma sala da corporação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para falar sobre as suspeitas da operação. Deixou o local indignado.

O petista não foi o único investigado da Lava Jato a protagonizar embates com os procuradores e com Moro. As trocas de farpas, por vezes, evoluíram para discussões acaloradas e marcaram audiências, sobretudo nas primeiras fases da operação. Durante os depoimentos de Lula à Lava Jato, o ex-advogado do petista e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, também discutiu várias vezes com o então juiz.

Em uma das audiências, o ex-magistrado chegou a dizer que marcaria um interrogatório para o “doutor Cristiano” em outra data. “Aí o doutor pode falar o tempo todo”, ironizou Moro.

Quando a Lava Jato fechou o cerco ao mundo político, muitos alvos mudaram de postura e decidiram colaborar com a investigação para reduzir danos. Foi o caso do empresário Marcelo Odebrecht. Antes da mega-delação da construtora, homologada pela ministra do STF Cármen Lúcia em 2017, o herdeiro do grupo empresarial esteve frente a frente com Sérgio Moro na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba em outubro de 2015.

Na ocasião, Odebrecht se recusou a responder às perguntas do então juiz. Pediu para fazer um pronunciamento e chamou de “absurdas” as suspeitas levantadas contra ele. Ainda prestaram depoimento à Lava Jato nomes outrora poderosos da República, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (governo Lula I), o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Relembre embates na Lava Jato:

Lula x Moro

Lula esteve no centro das cenas mais tensas. Um dos depoimentos mais estressados foi prestado em setembro de 2017, na investigação sobre o Instituto Lula.

“Se pudessem ressuscitar o Conde de Monte Cristo, ele viria aqui falar: ‘foi o Lula o culpado’”, debochou o presidente ao rebater as acusações de delatores.

O presidente também aproveitou a plataforma para criticar os métodos da força-tarefa de Curitiba e chegou a atacar nominalmente o então procurador Deltan Dallagnol, que coordenava o grupo de trabalho.

“Delatar virou, na verdade, quase que o alvará de soltura dessa gente. Eu vou discutir, em algum momento, o contexto. O contexto está baseado em um Power Point malfeito, mentiroso, da Operação Lava Jato. Aliás, o doutor Dallagnol, que fez a apresentação, não está aqui. Deveria estar aqui para ele explicar aquele famoso Power Point. Aquilo é uma caçamba, onde cabe tudo.”

Em mais de um momento, o presidente respondeu às perguntas de Moro com ironia. Ao ser questionado, por exemplo, se sabia do esquema de corrupção da Petrobras, disparou: “Não. Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pega, no grampo, a conversa do Youssef com o Paulo Roberto (ex-diretor da Petrobras).”

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Presidente prestou um de seus depoimentos ao então juiz da operação em setembro de 2017, durante cerca de seis horas

Cabral x Bretas

Em outubro de 2017, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que na época estava preso na Operação Lava Jato, prestou um depoimento tenso ao juiz Marcelo Bretas em um processo sobre a compra de joias para lavar dinheiro.

A audiência foi atravessada por provocações. Cabral disse que estava sendo “injustiçado” e acusou o magistrado de tentar usar os processos da Lava Jato para se autopromover.

“O senhor está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal e me fazendo um calvário, claramente”, disparou o ex-governador.

Cabral foi o último alvo da Lava Jato a ser solto e é quem acumula mais condenações – 335 anos, 8 meses e 29 dias. Já Marcelo Bretas está afastado das funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) até a conclusão de três processos administrativos sobre sua conduta na Lava Jato, o que não tem prazo para ocorrer. Como mostrou o Estadão, ele virou uma espécie de influenciador nas redes sociais, onde posta vídeos sobre Direito, religião e autoajuda.

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Relembre bate-boca entre ex-governador do Rio e juiz em audiência da Lava Jato

Marcelo Odebrecht x Moro

Quando o empreiteiro Marcelo Odebrecht foi ouvido na Lava Jato pela primeira vez, havia grande expectativa sobre as respostas que o herdeiro do grupo daria às acusações do Ministério Público Federal. Em audiência em outubro de 2015, o empresário comunicou que não responderia oralmente às perguntas do então juiz Sérgio Moro e da força-tarefa da operação.

“Entendo que o formato de respostas orais a imputações contidas em uma extensa denúncia, cheia de ilações, não é a melhor forma de contribuir para o pleno esclarecimento dos fatos e o pleno exercício do meu direito de defesa”, argumentou, frustrando os investigadores, que queriam interrogá-lo.

A defesa de Marcelo Odebrecht entregou um documento com perguntas e respostas elaboradas pelo próprio empresário sobre sua carreira, funções que exercia na empresa, a relação que tinha com outros funcionários do grupo e trechos de uma denúncia que havia contra ele naquele momento. No documento, Odebrecht disse, por exemplo, que o executivo Hilberto Mascarenhas Filho trabalhava na “área administrativo-financeira”, como “consultor interno à disposição do grupo”, sem entrar em outros detalhes.

Mascarenhas Filho era o chefe do Setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propinas” da Odebrecht. Em depoimento, o executivo afirmou que foi Marcelo Odebrecht quem o convidou para assumir o cargo e montar a área.

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Em novembro de 2015, empresário decidiu entregar um documento com perguntas e respostas que ele mesmo havia preparado

Eduardo Cunha x Moro

O poderoso ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha esteve frente a frente com Moro em fevereiro de 2017. Naquele momento, o ex-parlamentar estava preso no Complexo Médico-Penal, na região metropolitana de Curitiba. O ex-deputado havia sido acusado de ter recebido R$ 5 milhões em contas na Suíça referentes à compra, pela Petrobras, de uma porcentagem de um bloco no campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

À Lava Jato, Cunha alegou que o dinheiro que mantinha fora do País era fruto de atividades com comércio exterior e aplicações no mercado financeiro. O ex-presidente da Câmara também declarou que os gastos que a mulher havia feito no exterior estavam amparados pelos recursos que ele havia juntado.

“Se eu quis gastar o patrimônio que eu detinha anteriormente da forma que eu quisesse, isso cabia a mim, não cabia a ninguém”, afirmou.

Moro perguntou a Cunha por que ele havia declarado “expressamente” não ter contas no exterior à uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ativa naquele momento na Câmara. O ex-deputado afirmou que havia contas ligadas a um Trust sobre o qual ele próprio tinha uma “expectativa de direito”.

“Se eu dissesse que tinha conta eu estaria mentindo, por que a conta é do Trust”, disse. “O correto é que eu não detinha conta, se tivesse me perguntado se a minha esposa detinha, eu teria falado a verdade.”

Cunha avaliou que respondeu “corretamente uma pergunta que foi feita”. “Eu não tinha razão nenhuma pra dar informação além daquilo que é me perguntado. Nós estamos no mundo da política, não estamos no mundo de um processo jurídico”, afirmou.

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Ex-presidente da Câmara foi preso por ordem do ex-juiz Sérgio Moro, na Lava Jato; em depoimento, ex-parlamentar falou sobre dinheiro mantido no exterior

Cristiano Zanin x Sérgio Moro

Antes de imaginar que assumiria uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin Martins ganhou projeção nacional por seu empenho na defesa de Lula nos processos da Operação Lava Jato, conduta que se estendia às audiências e depoimentos.

Com frequência, o advogado interrompia interrogatórios para protestar sobre a condução das sessões. Em mais de uma ocasião, foi repreendido por “tumultuar” o andamento das oitivas.

“Toda vez que houver uma violência à Lei, a defesa tem não só o direito como o dever de fazer observância”, reagiu, sem recuar, diante das reclamações de Sérgio Moro sobre suas intervenções no depoimento prestado por Lula em 2017.

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Ex-juiz Sérgio Moro e ex-advogado de Lula e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, tiveram embates durante audiências da Lava Jato

Nestor Cerveró x Moro

“Qual foi o critério que o senhor utilizou pra me colocar preso preventivamente?” O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró estava inconformado com a decisão do então juiz Sérgio Moro, que o havia colocado em prisão preventiva, quando ficou frente a frente com o magistrado em 2015. Ele estava há cinco meses no cárcere.

Cerveró aproveitou o final da audiência para cobrar o juiz. Moro reagiu: “Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais. O interrogado é o senhor.”

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Em depoimento prestado em 2015, ex-diretor da Petrobras cobrou então juiz da Lava Jato, que reagiu: "Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais"

Dirceu x Moro

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) foi um dos quadros históricos do PT a ser preso na Lava Jato. Dirceu foi alvo da Operação Pixuleco, 17ª fase da operação, em agosto de 2015. Em janeiro do ano seguinte, o petista foi ouvido pelo então juiz federal Sérgio Moro, em uma ação que o acusava de receber R$ 11 milhões em propinas da empreiteira Engevix, que mantinha contrato com a diretoria de Serviços da Petrobras.

Os valores teriam sido repassados por meio de contratos fictícios. No depoimento, Dirceu negou que os recursos fossem ilegais e disse ter feito consultorias para a empreiteira. “Ganhei o que ganha qualquer consultor, 60, 80 - e advogado - mil reais por mês. E trabalhei”, disse.

“Durante 10 anos, eu sofri uma campanha que me desqualificava do ponto de vista político profissional”, afirmou Dirceu.

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Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi o segundo quadro histórico do PT a ser preso na Lava Jato

“Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca está viva.” A provocação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 4 de março de 2016, logo após um depoimento de seis horas à Polícia Federal, tinha endereço: a Operação Lava Jato. Naquele dia, o petista havia sido alvo de um mandado de condução coercitiva do então juiz Sérgio Moro.

A ordem do então magistrado levou a Lava Jato a um dos seus momentos de maior tensão. A defesa não havia sido avisada previamente e, naquela manhã, Lula foi levado pela PF até uma sala da corporação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para falar sobre as suspeitas da operação. Deixou o local indignado.

O petista não foi o único investigado da Lava Jato a protagonizar embates com os procuradores e com Moro. As trocas de farpas, por vezes, evoluíram para discussões acaloradas e marcaram audiências, sobretudo nas primeiras fases da operação. Durante os depoimentos de Lula à Lava Jato, o ex-advogado do petista e atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, também discutiu várias vezes com o então juiz.

Em uma das audiências, o ex-magistrado chegou a dizer que marcaria um interrogatório para o “doutor Cristiano” em outra data. “Aí o doutor pode falar o tempo todo”, ironizou Moro.

Quando a Lava Jato fechou o cerco ao mundo político, muitos alvos mudaram de postura e decidiram colaborar com a investigação para reduzir danos. Foi o caso do empresário Marcelo Odebrecht. Antes da mega-delação da construtora, homologada pela ministra do STF Cármen Lúcia em 2017, o herdeiro do grupo empresarial esteve frente a frente com Sérgio Moro na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba em outubro de 2015.

Na ocasião, Odebrecht se recusou a responder às perguntas do então juiz. Pediu para fazer um pronunciamento e chamou de “absurdas” as suspeitas levantadas contra ele. Ainda prestaram depoimento à Lava Jato nomes outrora poderosos da República, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (governo Lula I), o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Relembre embates na Lava Jato:

Lula x Moro

Lula esteve no centro das cenas mais tensas. Um dos depoimentos mais estressados foi prestado em setembro de 2017, na investigação sobre o Instituto Lula.

“Se pudessem ressuscitar o Conde de Monte Cristo, ele viria aqui falar: ‘foi o Lula o culpado’”, debochou o presidente ao rebater as acusações de delatores.

O presidente também aproveitou a plataforma para criticar os métodos da força-tarefa de Curitiba e chegou a atacar nominalmente o então procurador Deltan Dallagnol, que coordenava o grupo de trabalho.

“Delatar virou, na verdade, quase que o alvará de soltura dessa gente. Eu vou discutir, em algum momento, o contexto. O contexto está baseado em um Power Point malfeito, mentiroso, da Operação Lava Jato. Aliás, o doutor Dallagnol, que fez a apresentação, não está aqui. Deveria estar aqui para ele explicar aquele famoso Power Point. Aquilo é uma caçamba, onde cabe tudo.”

Em mais de um momento, o presidente respondeu às perguntas de Moro com ironia. Ao ser questionado, por exemplo, se sabia do esquema de corrupção da Petrobras, disparou: “Não. Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pega, no grampo, a conversa do Youssef com o Paulo Roberto (ex-diretor da Petrobras).”

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Cabral x Bretas

Em outubro de 2017, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que na época estava preso na Operação Lava Jato, prestou um depoimento tenso ao juiz Marcelo Bretas em um processo sobre a compra de joias para lavar dinheiro.

A audiência foi atravessada por provocações. Cabral disse que estava sendo “injustiçado” e acusou o magistrado de tentar usar os processos da Lava Jato para se autopromover.

“O senhor está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal e me fazendo um calvário, claramente”, disparou o ex-governador.

Cabral foi o último alvo da Lava Jato a ser solto e é quem acumula mais condenações – 335 anos, 8 meses e 29 dias. Já Marcelo Bretas está afastado das funções pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) até a conclusão de três processos administrativos sobre sua conduta na Lava Jato, o que não tem prazo para ocorrer. Como mostrou o Estadão, ele virou uma espécie de influenciador nas redes sociais, onde posta vídeos sobre Direito, religião e autoajuda.

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Relembre bate-boca entre ex-governador do Rio e juiz em audiência da Lava Jato

Marcelo Odebrecht x Moro

Quando o empreiteiro Marcelo Odebrecht foi ouvido na Lava Jato pela primeira vez, havia grande expectativa sobre as respostas que o herdeiro do grupo daria às acusações do Ministério Público Federal. Em audiência em outubro de 2015, o empresário comunicou que não responderia oralmente às perguntas do então juiz Sérgio Moro e da força-tarefa da operação.

“Entendo que o formato de respostas orais a imputações contidas em uma extensa denúncia, cheia de ilações, não é a melhor forma de contribuir para o pleno esclarecimento dos fatos e o pleno exercício do meu direito de defesa”, argumentou, frustrando os investigadores, que queriam interrogá-lo.

A defesa de Marcelo Odebrecht entregou um documento com perguntas e respostas elaboradas pelo próprio empresário sobre sua carreira, funções que exercia na empresa, a relação que tinha com outros funcionários do grupo e trechos de uma denúncia que havia contra ele naquele momento. No documento, Odebrecht disse, por exemplo, que o executivo Hilberto Mascarenhas Filho trabalhava na “área administrativo-financeira”, como “consultor interno à disposição do grupo”, sem entrar em outros detalhes.

Mascarenhas Filho era o chefe do Setor de Operações Estruturadas, o “departamento de propinas” da Odebrecht. Em depoimento, o executivo afirmou que foi Marcelo Odebrecht quem o convidou para assumir o cargo e montar a área.

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Eduardo Cunha x Moro

O poderoso ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha esteve frente a frente com Moro em fevereiro de 2017. Naquele momento, o ex-parlamentar estava preso no Complexo Médico-Penal, na região metropolitana de Curitiba. O ex-deputado havia sido acusado de ter recebido R$ 5 milhões em contas na Suíça referentes à compra, pela Petrobras, de uma porcentagem de um bloco no campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

À Lava Jato, Cunha alegou que o dinheiro que mantinha fora do País era fruto de atividades com comércio exterior e aplicações no mercado financeiro. O ex-presidente da Câmara também declarou que os gastos que a mulher havia feito no exterior estavam amparados pelos recursos que ele havia juntado.

“Se eu quis gastar o patrimônio que eu detinha anteriormente da forma que eu quisesse, isso cabia a mim, não cabia a ninguém”, afirmou.

Moro perguntou a Cunha por que ele havia declarado “expressamente” não ter contas no exterior à uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ativa naquele momento na Câmara. O ex-deputado afirmou que havia contas ligadas a um Trust sobre o qual ele próprio tinha uma “expectativa de direito”.

“Se eu dissesse que tinha conta eu estaria mentindo, por que a conta é do Trust”, disse. “O correto é que eu não detinha conta, se tivesse me perguntado se a minha esposa detinha, eu teria falado a verdade.”

Cunha avaliou que respondeu “corretamente uma pergunta que foi feita”. “Eu não tinha razão nenhuma pra dar informação além daquilo que é me perguntado. Nós estamos no mundo da política, não estamos no mundo de um processo jurídico”, afirmou.

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Ex-presidente da Câmara foi preso por ordem do ex-juiz Sérgio Moro, na Lava Jato; em depoimento, ex-parlamentar falou sobre dinheiro mantido no exterior

Cristiano Zanin x Sérgio Moro

Antes de imaginar que assumiria uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano Zanin Martins ganhou projeção nacional por seu empenho na defesa de Lula nos processos da Operação Lava Jato, conduta que se estendia às audiências e depoimentos.

Com frequência, o advogado interrompia interrogatórios para protestar sobre a condução das sessões. Em mais de uma ocasião, foi repreendido por “tumultuar” o andamento das oitivas.

“Toda vez que houver uma violência à Lei, a defesa tem não só o direito como o dever de fazer observância”, reagiu, sem recuar, diante das reclamações de Sérgio Moro sobre suas intervenções no depoimento prestado por Lula em 2017.

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Ex-juiz Sérgio Moro e ex-advogado de Lula e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, tiveram embates durante audiências da Lava Jato

Nestor Cerveró x Moro

“Qual foi o critério que o senhor utilizou pra me colocar preso preventivamente?” O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró estava inconformado com a decisão do então juiz Sérgio Moro, que o havia colocado em prisão preventiva, quando ficou frente a frente com o magistrado em 2015. Ele estava há cinco meses no cárcere.

Cerveró aproveitou o final da audiência para cobrar o juiz. Moro reagiu: “Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais. O interrogado é o senhor.”

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Em depoimento prestado em 2015, ex-diretor da Petrobras cobrou então juiz da Lava Jato, que reagiu: "Não vou ficar discutindo minhas decisões judiciais"

Dirceu x Moro

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) foi um dos quadros históricos do PT a ser preso na Lava Jato. Dirceu foi alvo da Operação Pixuleco, 17ª fase da operação, em agosto de 2015. Em janeiro do ano seguinte, o petista foi ouvido pelo então juiz federal Sérgio Moro, em uma ação que o acusava de receber R$ 11 milhões em propinas da empreiteira Engevix, que mantinha contrato com a diretoria de Serviços da Petrobras.

Os valores teriam sido repassados por meio de contratos fictícios. No depoimento, Dirceu negou que os recursos fossem ilegais e disse ter feito consultorias para a empreiteira. “Ganhei o que ganha qualquer consultor, 60, 80 - e advogado - mil reais por mês. E trabalhei”, disse.

“Durante 10 anos, eu sofri uma campanha que me desqualificava do ponto de vista político profissional”, afirmou Dirceu.

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Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi o segundo quadro histórico do PT a ser preso na Lava Jato

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