A Polícia Federal faz buscas na manhã desta terça-feira, 27, contra um suposto financiador do 8 de janeiro - quando radicais invadiram e depredaram as dependências dos três Poderes em Brasília. A diligência faz parte da 13ª fase da Operação Lesa Pátria e é cumprida em Itapetininga, a 170 quilômetros da capital Paulista.
O alvo da ordem de busca e apreensão é o empresário Milton de Oliveira Júnior. Em abril, ele afirmou, durante comentário na rádio: “Eu ajudei patriotas a irem para Brasília fazer protestos contra um governo ilegítimo. Eu não tenho medo da Justiça. Eu contribui. Mando os recibos do pix. Está lá, com o número do CPF”.
O mandado foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A Operação Lesa Pátria é uma investigação permanente da PF que mira crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
A mais recente fase da ofensiva é aberta um dia depois de o STF tonar réus mais 45 denunciados pela ofensiva golpista. Ao todo, foram abertas 1.290 ações penais da esteira do levante antidemocrático.
Também desta segunda, 26, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes deu início às audiências em mais de 200 ações contra golpistas. Serão ouvidas testemunhas de acusação e de defesa e, posteriormente, os próprios réus. A expectativa é a de que os trabalhos durem até o final de julho.
Relembre as fases anteriores da Lesa Pátria
- Fase 1 - 20 de janeiro - Prisão de cinco suspeitos de participação, incitação e financiamento nos atos golpistas - entre eles ‘Ramiro dos Caminhoneiros’, Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Baccio.
- Fase 2 - 23 de janeiro - Prisão, em Uberlândia (MG), do extremista Antônio Cláudio Alves Ferreira, filmado destruindo um relógio histórico no Palácio do Planalto.
- Fase 3 - 27 de janeiro - Prisão de cinco pessoas incluindo a idosa Maria de Fátima Mendonça, de 67 anos, que viralizou ao dizer em um vídeo que ia ‘pegar o Xandão’. O sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, conhecido como Léo Índio, foi alvo de buscas na mesma etapa.
- Fase 4 - 3 de fevereiro - Prisão do empresário conhecido como Márcio Furacão, que se filmou ao participar da invasão ao Palácio do Planalto, e o sargento da Polícia Militar William Ferreira da Silva, conhecido como ‘Homem do Tempo’, que fez vídeos subindo a rampa do Congresso Nacional e dentro do STF.
- Fase 5 - 7 de fevereiro - Prisão de oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal suspeitos de convivência com os bolsonaristas radicais que invadiram os prédios do Planalto, Congresso e STF, entre eles o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, que era chefe do Departamento Operacional da corporação, setor responsável pelo planejamento da operação de segurança para o 8 de janeiro.
- Fase 6 - 14 de fevereiro - Prisão de seis radicais, além do cumpirmento de mandados de busca e apreensão em 13 endereços de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo.
- Fase 7 - 7 de março - Prisão de três radicais: Edmar Miguel, o ‘Miguel da Laranja’ que se filmou subindo no teto do Congresso nacional durante a ofensiva antidemocrática; Kennedy de Oliveira Alves, que fez um vídeo enquanto invadia o prédio do Supremo Tribunal Federal; e a Aline Cristina Monteiro Roque, que também se gravou invadindo a Praça dos Três Poderes durante os atos golpistas.
- Fase 8 - 17 de março - Na maior etapa da Lesa Pátria, 32 investigados com prisão preventiva decretada. A PF prendeu golpistas como a mulher responsável por pichar a estátua da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal com a frase ‘perdeu, mané’ e o homem que teria levado uma bola autografada pelo jogador Neymar da Câmara dos Deputados.
- Fase 9 - 23 de março - Prisão de major da Polícia Militar do Distrito Federal da reserva suspeito de incitar os atos golpistas e de administrar recursos que financiaram ações antidemocráticas. Claudio Mendes dos Santos teria ensinado táticas de guerrilha para os bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília.
- Fase 10 - 18 de abril - Prisão de 13 investigados, entre eles o tenente-coronel da reserva da Aeronáutica Euro Brasílico Vieira Magalhães; a professora Claudebir Beatriz da Silva Campos, suplente do PL na Assembleia Legislativa do Pará; e o empresário Leandro Muniz Ribeiro, que se candidatou a uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás pelo Democracia Cristã nas eleições 2022.
- Fase 11 - 11 de maio - Buscas contra investigados por supostamente bancarem os atos golpistas, entre eles empresários e produtores rurais. Durante as diligências, foi apreendido um arsenal - cinco armas foram encontradas na casa de um só alvo, em Mato Grosso do Sul. Na residência de um investigado de Bauru, no interior paulista, a PF apreendeu R$ 48.850 e US$ 142.600 - o equivalente a R$ 704.444 mil.
- Fase 12 - 23 de maio - Buscas para suposta ‘omissão’ ante a ofensiva antidemocrática que devastou as dependências dos três Poderes e prisão do major Flávio Silvestre de Alencar.