Atualizada às 09h14*
O secretário estadual de Educação do Rio, Pedro Fernandes, foi preso na manhã desta sexta-feira, 11, durante a segunda fase da Operação Catarata, que investiga supostos desvios em contratos de assistência social no governo do Estado e na capital fluminense, entre 2013 e 2018. Além dele, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB), que é pré-candidata à Prefeitura do Rio, também está com mandado de prisão expedido.
Deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Polícia Civil do Estado, a ofensiva visava cumprir mandados de prisão preventiva contra o empresário Flavio Salomão Chadud, seu pai, o delegado da PCERJ Mario Jamil Chadud e o ex-diretor de administração financeira (DAF) da Fundação Leão XIII, João Marcos Borges Mattos. Além disso, a ofensiva fez seis buscas em endereços dos bairros de Copacabana, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca.
Na primeira fase da 'Catarata', em julho do ano passado, sete empresários foram presos sob suspeita de fraudar licitações da Fundação Leão XIII, voltada à população de baixa renda e em situação de rua. Fernandes presidiu a fundação antes de assumir a secretaria de Educação. Ao ter voz de prisão anunciada pelos policiais na manhã desta sexta, 11, Pedro Fernandes apresentou um exame com resultado positivo para Covid-19, e por isso está em prisão domiciliar.
Já as suspeitas sobre Cristiane Brasil recaem sobre o período em que ela foi secretária de Envelhecimento Saudável da Prefeitura do Rio. A ex-deputada está fora do Rio e dessa maneira não foi encontrada em casa. No local, os policiais foram recebidos pela filha da pré-candidata à prefeitura do Rio. A assessoria da ex-parlamentar informou que ela vai se apresentar às autoridades na tarde desta sexta, 11.
Banco dos reús
Ao detalhar a investigação que culminou na ofensiva aberta na manhã desta sexta, 11, o Ministério Público do Rio informou que a 6ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro recebeu denúncia contra os cinco alvos da Operação Catarata 2 e outros 20 investigados. Entre os outros acusados estão os ex-presidentes da Fundação Leão XIII Sergio 'Fernandes' e Erika Yukiko Muraoka, o sócio da RIO MIX 10 Marcus Vinicius Azevedo da Silva, além de servidores públicos e representantes de empresas e organizações sociais.
O grupo é acusado de crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais, além do crime de embaraçar investigação de organização criminosa.
A Promotoria indicou que as investigações tiveram em 2019, quando a Controladoria-Geral do Estado detectou fraudes em quatro pregões eletrônicos, ocorridos entre 2015 e 2018 na Fundação Estadual Leão XIII, que foram vencidos fraudulentamente pela Servlog Rio. A licitação envolvia a execução do projeto social assistencial 'Novo Olhar', visando oferecer consultas oftalmológicas e distribuição de óculos para população de baixa renda.
As investigações passaram então para a alçada do Departamento Geral de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio e da 24ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, que constataram em outros projetos sociais assistenciais executados pela organização criminosa, entre 2013 e de 2018, na Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida do RJ, na Secretaria Municipal de Proteção à Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro e na Fundação Estadual Leão XIII.
De acordo com os investigadores, o grupo teria fraudado licitações e contratos para execução dos projetos sociais assistenciais 'Qualimóvel', 'Novo Olhar' e 'Agente Social', dentre outros.
COM A PALAVRA, O SECRETARIO DE EDUCAÇÃO DO RIO
"Pedro Fernandes ficou indignado com a ordem de prisão. O advogado dele vinha pedindo acesso ao processo desde o final de julho, mas não conseguiu. A defesa colocou Pedro à disposição das autoridades para esclarecimentos na oportunidade. No entanto, Pedro nunca foi ouvido e só soube pela imprensa de que estava sendo investigado por algo que ainda não tem certeza do que é. Pedro confia que tudo será esclarecido o mais rápido possível e a inocência dele provada."
COM A PALAVRA, A EX-DEPUTADA CRISTIANE BRASIL
"Tiveram oito anos para investigar essa denúncia sem fundamento, feita em 2012 contra mim, e não fizeram pois não quiseram. Mas aparecem agora que sou pré-candidata a prefeita numa tentativa clara de me perseguir politicamente, a mim e ao meu pai. Em menos de uma semana, Eduardo Paes, Crivella e eu viramos alvos. Basta um pingo de racionalidade para se ver que a busca contra mim é desproporcional. Isso deve ter dedo da candidata Martha Rocha, do Cowitzel e do André Ceciliano. Vingança e política não são papel do Ministério Público nem da Polícia Civil."
COM A PALAVRA, OS INVESTIGADOS
A reportagem busca contato com os investigados. O espaço está aberto para manifestações.