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Os impactos da insuficiência cardíaca na saúde pública e privada


Por José Francisco Kerr Saraiva
José Francisco Kerr Saraiva. FOTO: ANDREIA NAOMI/DIV. SOCESP  

A insuficiência cardíaca é uma doença grave, que mata e que atinge mais de 2 milhões de brasileiros¹, principalmente os idosos. E os números são alarmantes: a cada 100 pessoas com insuficiência, mais da metade se tornam vítimas fatais da doença em um período de cinco anos².

Soma-se a esse cenário o envelhecimento populacional, uma realidade cada vez mais presente no Brasil: se em 1950, apenas 4,9% dos brasileiros tinham mais de 60 anos, em 2020, essa fatia já saltou para 14% do total da população - mais de 29,9 milhões de pessoas. Esse percentual deverá aumentar rapidamente, e até 2100 a população idosa deverá ser de 40%, com mais de 72,4 milhões de pessoas idosas³.

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A alta taxa de mortalidade e morbidade da insuficiência cardíaca provoca hospitalizações constantes4, impactando de forma muito grande na qualidade de vida desses pacientes. Estamos falando de um indivíduo que não aguenta dar poucos passos sem se cansar, além de sofrer com outros sintomas, como retenção de líquidos, inchaço, falta de ar, e uma sensação de fadiga que o acompanha em quase todas as atividades5.

Atualmente, sabe-se que os impactos dessa doença vão muito além da saúde física. Há uma importante carga econômica e social atrelada à insuficiência cardíaca, e isso impacta, além dos pacientes, todo o sistema de saúde. No entanto, essa condição ainda não recebe a atenção devida de diversos setores da sociedade, o que resulta em uma banalização na prevenção dos fatores de risco, e na baixa adesão ao tratamento.

A insuficiência cardíaca começa, quase sempre, como um cansaço que aparece após um esforço6. Temos que pensar o coração como se fosse o motor de um carro. Esse motor, o coração, está funcionando perfeitamente, caso o carro não ande, não percebemos nenhuma alteração. Se o indivíduo é ativo, percebe-se muito mais facilmente qualquer alteração no funcionamento do organismo. No entanto, se a pessoa não faz exercícios, fica muito mais difícil perceber o comprometimento no coração. Dessa forma, quando os sintomas passam a ficar mais evidentes, a doença já está em estágios mais avançados, tornando o seu controle muito mais desafiador.

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Hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, diabetes, aterosclerose são fatores de risco para a insuficiência cardíaca5, mas ainda há uma baixa conscientização geral sobre os impactos de não tratar e controlar corretamente a doença. Nas últimas décadas, o Brasil avançou significativamente em políticas públicas voltadas a doenças infectocontagiosas, como por exemplo, com a criação de planos avançados e sofisticados de imunização. No entanto, o mesmo não ocorreu com algumas das principais doenças crônicas não-transmissíveis que atingem a população brasileira, como é o caso da insuficiência cardíaca. E quando uma doença silenciosa como a IC é negligenciada, todos os atores do sistema de saúde são penalizados.

Portanto, se faz necessário um engajamento ativo, tanto da comunidade médica quanto dos próprios pacientes, para que eles ajam como atores e protagonistas do tratamento.

O crescente envelhecimento populacional, aliado à retomada no período pós pandemia resultará em um desafio que só tenderá a aumentar nos próximos anos. Como aumentar o diagnóstico precoce de uma doença tão facilmente confundida com sintomas tão comuns ao envelhecimento? Para frear o avanço dessa doença tão incapacitante, vejo como essencial a formação de uma coalizão social em torno da conscientização, para que esse movimento possa vir de todos os lados. Só assim será possível mudar os rumos da insuficiência cardíaca no Brasil.

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Referências:

  1. https://www.scielo.br/j/abc/a/MzRn5Yyy5pyVTvLYDcwXvXH/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  2. https://www.scielo.br/j/ijcs/a/6MzZJF5YqHdwDSgypz6kzKC/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  3. https://cee.fiocruz.br/?q=envelhecimento-populacional-compromete-o-crescimento-economico [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  4. https://pebmed.com.br/dez-anos-de-insuficiencia-cardiaca-ic-em-um-brasil-subdesenvolvido-tendencia/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  5. https://saude.novartis.com.br/insuficiencia-cardiaca/sintomas-da-insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  6. https://www.tuasaude.com/insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]

*José Francisco Kerr Saraiva é médico cardiologista e professor titular da disciplina de cardiologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) no biênio 2018-2019

José Francisco Kerr Saraiva. FOTO: ANDREIA NAOMI/DIV. SOCESP  

A insuficiência cardíaca é uma doença grave, que mata e que atinge mais de 2 milhões de brasileiros¹, principalmente os idosos. E os números são alarmantes: a cada 100 pessoas com insuficiência, mais da metade se tornam vítimas fatais da doença em um período de cinco anos².

Soma-se a esse cenário o envelhecimento populacional, uma realidade cada vez mais presente no Brasil: se em 1950, apenas 4,9% dos brasileiros tinham mais de 60 anos, em 2020, essa fatia já saltou para 14% do total da população - mais de 29,9 milhões de pessoas. Esse percentual deverá aumentar rapidamente, e até 2100 a população idosa deverá ser de 40%, com mais de 72,4 milhões de pessoas idosas³.

A alta taxa de mortalidade e morbidade da insuficiência cardíaca provoca hospitalizações constantes4, impactando de forma muito grande na qualidade de vida desses pacientes. Estamos falando de um indivíduo que não aguenta dar poucos passos sem se cansar, além de sofrer com outros sintomas, como retenção de líquidos, inchaço, falta de ar, e uma sensação de fadiga que o acompanha em quase todas as atividades5.

Atualmente, sabe-se que os impactos dessa doença vão muito além da saúde física. Há uma importante carga econômica e social atrelada à insuficiência cardíaca, e isso impacta, além dos pacientes, todo o sistema de saúde. No entanto, essa condição ainda não recebe a atenção devida de diversos setores da sociedade, o que resulta em uma banalização na prevenção dos fatores de risco, e na baixa adesão ao tratamento.

A insuficiência cardíaca começa, quase sempre, como um cansaço que aparece após um esforço6. Temos que pensar o coração como se fosse o motor de um carro. Esse motor, o coração, está funcionando perfeitamente, caso o carro não ande, não percebemos nenhuma alteração. Se o indivíduo é ativo, percebe-se muito mais facilmente qualquer alteração no funcionamento do organismo. No entanto, se a pessoa não faz exercícios, fica muito mais difícil perceber o comprometimento no coração. Dessa forma, quando os sintomas passam a ficar mais evidentes, a doença já está em estágios mais avançados, tornando o seu controle muito mais desafiador.

Hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, diabetes, aterosclerose são fatores de risco para a insuficiência cardíaca5, mas ainda há uma baixa conscientização geral sobre os impactos de não tratar e controlar corretamente a doença. Nas últimas décadas, o Brasil avançou significativamente em políticas públicas voltadas a doenças infectocontagiosas, como por exemplo, com a criação de planos avançados e sofisticados de imunização. No entanto, o mesmo não ocorreu com algumas das principais doenças crônicas não-transmissíveis que atingem a população brasileira, como é o caso da insuficiência cardíaca. E quando uma doença silenciosa como a IC é negligenciada, todos os atores do sistema de saúde são penalizados.

Portanto, se faz necessário um engajamento ativo, tanto da comunidade médica quanto dos próprios pacientes, para que eles ajam como atores e protagonistas do tratamento.

O crescente envelhecimento populacional, aliado à retomada no período pós pandemia resultará em um desafio que só tenderá a aumentar nos próximos anos. Como aumentar o diagnóstico precoce de uma doença tão facilmente confundida com sintomas tão comuns ao envelhecimento? Para frear o avanço dessa doença tão incapacitante, vejo como essencial a formação de uma coalizão social em torno da conscientização, para que esse movimento possa vir de todos os lados. Só assim será possível mudar os rumos da insuficiência cardíaca no Brasil.

Referências:

  1. https://www.scielo.br/j/abc/a/MzRn5Yyy5pyVTvLYDcwXvXH/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  2. https://www.scielo.br/j/ijcs/a/6MzZJF5YqHdwDSgypz6kzKC/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  3. https://cee.fiocruz.br/?q=envelhecimento-populacional-compromete-o-crescimento-economico [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  4. https://pebmed.com.br/dez-anos-de-insuficiencia-cardiaca-ic-em-um-brasil-subdesenvolvido-tendencia/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  5. https://saude.novartis.com.br/insuficiencia-cardiaca/sintomas-da-insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  6. https://www.tuasaude.com/insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]

*José Francisco Kerr Saraiva é médico cardiologista e professor titular da disciplina de cardiologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) no biênio 2018-2019

José Francisco Kerr Saraiva. FOTO: ANDREIA NAOMI/DIV. SOCESP  

A insuficiência cardíaca é uma doença grave, que mata e que atinge mais de 2 milhões de brasileiros¹, principalmente os idosos. E os números são alarmantes: a cada 100 pessoas com insuficiência, mais da metade se tornam vítimas fatais da doença em um período de cinco anos².

Soma-se a esse cenário o envelhecimento populacional, uma realidade cada vez mais presente no Brasil: se em 1950, apenas 4,9% dos brasileiros tinham mais de 60 anos, em 2020, essa fatia já saltou para 14% do total da população - mais de 29,9 milhões de pessoas. Esse percentual deverá aumentar rapidamente, e até 2100 a população idosa deverá ser de 40%, com mais de 72,4 milhões de pessoas idosas³.

A alta taxa de mortalidade e morbidade da insuficiência cardíaca provoca hospitalizações constantes4, impactando de forma muito grande na qualidade de vida desses pacientes. Estamos falando de um indivíduo que não aguenta dar poucos passos sem se cansar, além de sofrer com outros sintomas, como retenção de líquidos, inchaço, falta de ar, e uma sensação de fadiga que o acompanha em quase todas as atividades5.

Atualmente, sabe-se que os impactos dessa doença vão muito além da saúde física. Há uma importante carga econômica e social atrelada à insuficiência cardíaca, e isso impacta, além dos pacientes, todo o sistema de saúde. No entanto, essa condição ainda não recebe a atenção devida de diversos setores da sociedade, o que resulta em uma banalização na prevenção dos fatores de risco, e na baixa adesão ao tratamento.

A insuficiência cardíaca começa, quase sempre, como um cansaço que aparece após um esforço6. Temos que pensar o coração como se fosse o motor de um carro. Esse motor, o coração, está funcionando perfeitamente, caso o carro não ande, não percebemos nenhuma alteração. Se o indivíduo é ativo, percebe-se muito mais facilmente qualquer alteração no funcionamento do organismo. No entanto, se a pessoa não faz exercícios, fica muito mais difícil perceber o comprometimento no coração. Dessa forma, quando os sintomas passam a ficar mais evidentes, a doença já está em estágios mais avançados, tornando o seu controle muito mais desafiador.

Hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, diabetes, aterosclerose são fatores de risco para a insuficiência cardíaca5, mas ainda há uma baixa conscientização geral sobre os impactos de não tratar e controlar corretamente a doença. Nas últimas décadas, o Brasil avançou significativamente em políticas públicas voltadas a doenças infectocontagiosas, como por exemplo, com a criação de planos avançados e sofisticados de imunização. No entanto, o mesmo não ocorreu com algumas das principais doenças crônicas não-transmissíveis que atingem a população brasileira, como é o caso da insuficiência cardíaca. E quando uma doença silenciosa como a IC é negligenciada, todos os atores do sistema de saúde são penalizados.

Portanto, se faz necessário um engajamento ativo, tanto da comunidade médica quanto dos próprios pacientes, para que eles ajam como atores e protagonistas do tratamento.

O crescente envelhecimento populacional, aliado à retomada no período pós pandemia resultará em um desafio que só tenderá a aumentar nos próximos anos. Como aumentar o diagnóstico precoce de uma doença tão facilmente confundida com sintomas tão comuns ao envelhecimento? Para frear o avanço dessa doença tão incapacitante, vejo como essencial a formação de uma coalizão social em torno da conscientização, para que esse movimento possa vir de todos os lados. Só assim será possível mudar os rumos da insuficiência cardíaca no Brasil.

Referências:

  1. https://www.scielo.br/j/abc/a/MzRn5Yyy5pyVTvLYDcwXvXH/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  2. https://www.scielo.br/j/ijcs/a/6MzZJF5YqHdwDSgypz6kzKC/?lang=pt [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  3. https://cee.fiocruz.br/?q=envelhecimento-populacional-compromete-o-crescimento-economico [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  4. https://pebmed.com.br/dez-anos-de-insuficiencia-cardiaca-ic-em-um-brasil-subdesenvolvido-tendencia/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  5. https://saude.novartis.com.br/insuficiencia-cardiaca/sintomas-da-insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]
  6. https://www.tuasaude.com/insuficiencia-cardiaca/ [acesso em 11 de janeiro de 2022]

*José Francisco Kerr Saraiva é médico cardiologista e professor titular da disciplina de cardiologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), foi presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) no biênio 2018-2019

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