O PDT apresentou nesta sexta-feira, 19, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja impedido de disputar a eleição deste ano. A sigla o acusa de ter cometido crimes de abuso de poder e propagação de notícias falsas durante o encontro com embaixadores, em julho deste ano, no qual o chefe do Executivo atacou o sistema eleitoral e acusou, sem provas, a Corte de fraudar as eleições deste ano.
O partido do pré-candidato Ciro Gomes na corrida pelo Planalto ainda acusou Bolsonaro de se aproveitar do evento para difundir discurso com finalidade eleitoral e cobrou uma investigação da reunião.
"O ataque à Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação faz parte da sua estratégia de campanha eleitoral, de modo que há nítida veiculação de atos abusivos em desfavor da integridade do sistema eleitoral, através de fake news, o que consubstancia-se em um fato de extrema gravidade, apto a ser apurado na ambiência desta Ação de Investigação Judicial Eleitoral", argumentou o partido no documento.
Na ocasião do evento com os embaixadores, Bolsonaro reproduziu fake news já desmentidas pelo próprio TSE e por agências de checagem de informações. O presidente afirmou, sem apresentar provas, que as urnas eletrônicas completaram automaticamente o voto no PT nas eleições de 2018. Ele ainda voltou a dizer que o sistema eletrônico de votação não possui mecanismos de auditoria e que a Corte Eleitoral não aceitou as sugestões das Forças Armadas para reforçar a segurança dos dispositivos.
Como mostrou o Estadão, o TSE já aceitou parte das sugestões dos militares. Diferentemente do que afirmou o presidente, as urnas possuem diversas fases de auditoria dos votos, sendo a principal delas a checagem dos boletins de votação, que permite a qualquer eleitor checar os votos depositados em cada seção eleitoral do País. Diante deste cenário, o PDT acusou Bolsonaro de ter se utilizado da sua "condição funcional" para reunir autoridades estrangeiras com o objetivo de "atacar a integridade do processo eleitoral com fake news".
O pedido de investigação foi encaminhado ao gabinete do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Mauro Campbell Marques, a quem cabe pedir a instauração de inquérito no TSE para apurar atos do presidente da República. A sigla também acusou Bolsonaro de usar indevidamente os meios de comunicação ao compartilhar os vídeos da reunião nas redes sociais e transmitir ao vivo o encontro pela TV Brasil. O PDT ainda pediu que os vídeos da reunião sejam removidos das redes sociais e do site da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
"O Senhor Jair Messias Bolsonaro, ao promover ataques descabidos ao sistema eletrônico de votação e à democracia, utilizando-se de seu poder político, beneficiou-se sobremodo da conduta ilícita, pois auferiu dividendos através da realização e difusão do ato ora questionado, de modo a abalar a normalidade e a legitimidade do pleito", escreveu o PDT.