A Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 170 mil em espécie na casa do desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, na Operação Churrascada. O imóvel fica na Cantareira, zona norte da capital.
Os investigadores querem identificar a origem do dinheiro. O desembargador tem rendimentos mensais de R$ 100 mil no Tribunal de Justiça. Aos 66 anos de idade, Ivo de Almeida é juiz desde 1987.
Os policiais também fizeram buscas no gabinete do desembargador, na rua Conselheiro Furtado, no Centro de São Paulo.
Além do dinheiro, foram apreendidos celulares e computadores. Do gabinete, foram levados apenas dispositivos eletrônicos.
A apreensão ocorreu na quinta-feira, 20, quando agentes federais vasculharam os endereços do desembargador, por ordem do ministro Og Fernandes, relator da investigação no Superior Tribunal de justiça.
O material recolhido passa agora por perícia. Os federais analisam arquivos e conversas em busca de provas que possam ajudar na investigação.
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Ivo de Almeida é suspeito de vender decisões judiciais e de operar um esquema de rachadinha no Tribunal de Justiça. Apesar dos pedidos de manifestação do Estadão, ele ainda não se pronunciou sobre o inquérito.
Os investigadores localizaram três processos que acreditam terem sido negociados em troca de propina.
Com a quebra do sigilo bancário, também foram identificados depósitos fracionados e em espécie na conta do desembargador - R$ 641 mil entre fevereiro de 2016 e setembro de 2022. Parte deles foi feita por servidores do Tribunal de Justiça, o que levantou a suspeita de rachadinha.
O magistrado foi afastado por um ano. No período, continuará a ter direito aos subsídios. Além da investigação criminal, ele responde a uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que pode levá-lo a perder o cargo. Se for aposentado compulsoriamente, pena disciplinar máxima da magistratura, ele mantém a remuneração.
A primeira etapa ostensiva da investigação foi batizada de Operação Churrascada em referência ao termo “churrasco”, uma das senhas usadas pelos investigados para remeter ao dia do plantão do desembargador.
Os criminalistas Alberto Zacharias Toron e Eduardo Pizarro Carnelós não defendem o desembargador, mas enviaram ao Estadão manifestações em desagravo sobre o magistrado.
“Conheço o desembargador há mais de 30 anos, e sempre o tive como um juiz sério, honesto, correto, preocupado com a realização da Justiça. Custo a acreditar que isso seja verdade”, afirma Toron.
“Magistrado que nunca se desviou do ordenamento jurídico nem da ética”, complementa Carnelós.