Atualizada às 12h10*
A Polícia Federal abriu na manhã desta quinta-feira, 16, uma operação para investigar supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a cúpula do Governo do Acre. Entre os alvos das buscas cumpridas no âmbito da ofensiva está o governador Gladson Cameli (PP).
Um efetivo de 150 agentes da PF e de 10 auditores da Controladoria-Geral da União cumprem 41 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão nas cidades de Rio Branco (AC), Cruzeiro do Sul (AC), Manaus (AM) e Brasília (DF). Entre os endereços vasculhados pela PF estão o escritório do governador, o Palácio Rio Branco (sede do governo estadual) e a Secretaria da Casa Civil.
As ordens foram expedidas pela ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça. A magistrada ainda determinou ainda o bloqueio de cerca de R$ 7 milhões nas contas dos investigados, além do sequestro de veículos de luxo que teriam sido 'adquiridos com o proveito dos crimes'.
Além disso, a corte decretou medidas cautelares diversas da prisão contra alguns dos investigados, incluindo ordens de afastamento da função pública, a proibição de acesso a órgãos públicos e o proibição de contato.
A ofensiva foi batizada de Operação Ptolomeu em referência ao apelido utilizado por um dos principais operadores do esquema suspeita e à cidade natal de grande parte dos investigados.
"Ptolomeu foi um cientista, astrônomo e geógrafo de origem grega, que primeiro catalogou a Constelação do Cruzeiro do Sul em seu livro Almagesto, produzido no século II", explicou a corporação.
Segundo a PF, as investigações identificaram um 'grupo criminoso, controlado por empresários e agentes políticos ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos'.
"A apuração reuniu vasto conjunto de elementos probatórios que demonstram o aparelhamento da estrutura estatal, com a finalidade de promover diversos crimes contra a administração pública", diz a corporação.
As apurações da CGU indicam ainda que as empresas supostamente ligadas ao tem um grande volume de contratos com o poder público. "O valor total empenhado para sete empresas foi de R$ 142 milhões durante o período analisado, sendo R$ 17 milhões oriundos de convênios federais e repasses do SUS e do FUNDEB", informou a PF.
Os investigadores dizem ter identificado dezenas de transações financeiras suspeitas em contas correntes, pagamentos de boletos de cartão de crédito por 'laranjas', além de transações com imóveis de alto valor e aquisições subfaturadas de veículos de luxo.
O inquérito também verificou 'a prática constante de altas movimentações de valores em espécie, inclusive com uso do aparato de segurança pública', diz a PF.
A corporação também aponta que os valores movimentados pelos investigados ultrapassam R$ 800 milhões, 'montante totalmente incompatível com seu patrimônio e atividade empresarial'.
Veja as imagens da Operação
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR
O governo do Estado do Acre se coloca à disposição para colaborar com as investigações da Polícia Federal em relação à Operação Ptolomeu. Na realidade, incentiva essa e todas as ações de combate à corrupção. Prova disso é que foi criada pelo governo do Estado a Delegacia de Combate a Crimes de Corrupção. É a nossa obrigação colaborar com a missão dos agentes públicos em todas as investigações da Polícia Federal, que visam salvaguardar o bom uso de recursos públicos.