O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a tomar o depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) na investigação sobre os atos golpistas que aconteceram em Brasília no dia 8 de janeiro. A oitiva deve ser realizada em até cinco dias.
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'Intenção golpista': leia toda a decisãoMarcos do Val acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de tentar articular um golpe de Estado. Ao pedir autorização para marcar o interrogatório, o delegado federal Raphael Soares Astini disse que o senador 'recentemente divulgou em suas redes sociais possuir informações relevantes' para a investigação.
Em despacho nesta quinta-feira, 2, Moraes disse que a 'circunstância que deve ser esclarecida'. O ministro também sinalizou que a 'intenção golpista' pode ser enquadrada como crime de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O senador disse que Bolsonaro tentou coagi-lo para que se aliasse a um golpe de Estado.
"Eu ficava p... quando me chamavam de bolsonarista. 'Ah, o senador bolsonarista e tal'. Vocês esperem. Eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja, a tentativa do Bolsonaro, que me coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei", disse o senador em transmissão ao vivo nas redes sociais.
O pedido para ouvir o senador foi feito no inquérito que se debruça sobre o papel de autoridades nos protestos extremistas na Praça dos Três Poderes. O rol de investigados inclui o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança Anderson Torres, que está preso preventivamente.
A PF tem outras três linhas de investigação, divididas por núcleos por causa do volume de investigados. As frentes de apuração miram instigadores e autores intelectuais, executores e financiadores dos atos golpistas. Bolsonaro também está sendo investigado, sob suspeita de incitar os radiciais. O ex-presidente está nos Estados Unidos desde o final do ano passado.
Para o criminalista Fábio Tofic Simantob 'o País já havia visto golpe de Estado, mas é a primeira vez que um presidente, em pleno exercício do cargo, arma um golpe contra as instituições, para impedir a posse de um presidente eleito'. Na avaliação de Tofic, 'a quantidade de pena que (Bolsonaro) terá que cumprir pelos crimes que cometeu, entre eles o genocídio Yanomami, não caberia na expectativa de vida do ser humano mais longevo que há na Terra'.