A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, 6, um empresário bolsonarista de Mato Grosso por incitar atos considerados antidemocráticos, contrários ao resultado das eleições. Em vídeo publicado nas redes sociais, o homem identificado como Milton Baldin conclamou caminhoneiros e atiradores a reforçarem protestos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro em Brasília.
A prisão de Baldin foi executada por ordem dada pelo ministro Alexandre de Moraes no bojo de uma petição sigilosa em trâmite do Supremo Tribunal federal. O magistrado é relator de investigações centrais na Corte máxima, como o inquérito das milícias digitais, o das fake news.
Antes de executar a ordem de prisão, a Polícia Federal cumpriu diligências preliminares e então capturou o empresário no final da tarde desta terça, 6. Baldin foi então conduzido e recolhido na prisão da Superintendência Regional do Distrito Federal.
O Estadão apurou que a prisão do empresário de Mato Grosso não foi pedida pela PF, mas houve manifestação preliminar da Procuradoria-Geral da República sobre a medida. Baldin deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira, 7.
Em gravação realizada no dia 26 de novembro, Baldin afirma: "Gostaria de pedir ao agronegócio, a todos os empresários, que deem férias aos caminhoneiros e mandem eles para Brasília, porque nós precisamos de peso e força aqui. É só 15 dias, não vai fazer diferença. E queria pedir também aos CACs, aos atiradores, que tem armas legais, atiradoras, hoje nós estamos, inclusive eu, 900 mil atiradores, venham aqui mostrar presença".
"Assim, se nós perdermos essa batalha o que vocês acham que vai acontecer dia 19 ? Vão entregar as armas e ai o que vão falar? 'Perdeu mané'. E como que a gente vai defender a nossa propriedade e a nossa família?", seguiu.
Alexandre também é relator da ação em que foi determinado o desbloqueio de rodovias em todo País travadas por bolsonaristas inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas. No bojo de tal ação, o Supremo tem recebido informações sobre possíveis líderes e financiadores das manifestações consideradas antidemocráticas.
Os atos considerados antidemocráticos ainda motivaram a abertura de uma apuração derivada do inquérito que mira a organização de manifestações antidemocráticas no dia da Independência em 2021. No bojo de tal petição, que também tramita em sigilo no STF, Alexandre decretou, no último dia 17, o bloqueio de contas de dez pessoas e 33 empresas diante da possibilidade de financiamento dos 'atos ilícitos e antidemocráticos.