A Polícia Federal (PF) vai substituir o superintendente do órgão no Rio de Janeiro, delegado Ricardo Saadi, pelo atual superintendente em Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira Sousa, segundo o Estado apurou.
A saída de Saadi foi antecipada pelo presidente da República Jair Bolsonaro na manhã desta quinta-feira, 15, justificando que seria uma mudança por "produtividade" e que haveria "problemas" na superintendência.
A mudança já vinha sendo trabalhada, mas o anúncio por parte do presidente da República foi uma surpresa, uma vez que a definição dos superintendentes regionais é de responsabilidade apenas do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. O órgão é vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Sergio Moro.
Na cúpula do órgão, a afirmação de Jair Bolsonaro de baixa produtividade da superintendência do Rio de Janeiro não encontra respaldo.
O trabalho de Ricardo Saadi é muito bem avaliado e não há quem admita insuficiência de resultados.
A iniciativa para a saída do Rio de Janeiro, segundo pessoas que acompanharam o processo, teria vindo do próprio superintendente e vem sendo negociada desde o início do ano.
Segundo um dos envolvidos na discussão, o motivo principal é o desejo do superintendente atual de vir a Brasília, além de ser uma troca normal no cenário de um novo governo que assumiu.
Carlos Henrique Oliveira Sousa havia sido recém-empossado superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, em maio. Antes, ele já foi o número 2 da PF no Rio de Janeiro, abaixo do próprio Ricardo Saadi.
O presidente Jair Bolsonaro antecipou a informação da saída de Saadi à imprensa na manhã desta quinta-feira enquanto respondia a uma pergunta sobre modificações na Receita Federal.
"Todos os ministérios são passíveis de mudança. Eu vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivo: é questão de produtividade", afirmou o presidente.
Ao ser perguntado se há problemas na superintendência, Bolsonaro respondeu que tem problemas "em todas as áreas" no Brasil. "Eu não quero esperar acontecer o problema para encontrar uma solução", declarou. "Nome (de substituto) eu ainda não tenho. Não vou entrar em detalhes. É sentimento. Eu tenho que aprofundar, eu tenho que resolver os problemas do Brasil todo."
O presidente afirmou ainda que, em relação a qualquer cargo na administração, "se tiver que mudar, a gente muda". "O único que levou facada e ralou quatro anos para chegar aqui fui eu. Ponto final. O povo confiou em mim o destino da nação. Eu tenho que decidir."
Sob o comando de Saadi, a PF do Rio de Janeiro avança em frentes de investigação de diversas operações que levaram, por exemplo, à prisão do ex-presidente Michel Temer, do empresário Eike Batista, e de um dos maiores doleiros do país, Dario Messer.
Em um dos casos de maior repercussão no Estado do Rio de Janeiro, a PF tem atuado na operação Furna da Onça e desdobramento, que já levou à prisão diversos deputados estaduais.
A Furna da Onça apura, entre outros fatos, a chamada rachadinha entre servidores e deputados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A operação não inclui, no entanto, as movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão do ex-policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) em um relatório revelado pelo Estado.
A apuração era conduzida pelo Ministério Público Estadual, com auxílio da Polícia Civil estadual, e está suspensa por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.