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Por que mandaram matar Marielle? PF aponta milícias e grilagem de terras como motivos de assassinato


Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes da vereadora e do motorista Anderson Gomes, Marielle estava ‘atrapalhando os interesses dos irmãos Brazão, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias’; o trio nega participação no crime

Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

Seis anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal aponta as possíveis principais motivações dos homicídios: a “repugnância” dos irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão (União-RJ), deputado federal, em relação à atuação da parlamentar “em face dos seus interesses escusos” – ligados à milícia e à exploração de terras griladas.

Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes e delator, Marielle estava “atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias, onde se concentra relevante parcela da base eleitoral” da família Brazão. A vereadora teria pedido para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia.

Investigados como mandantes da morte de Marielle Foto: Polícia Federal
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“Os elementos apresentados pelo discurso do colaborador podem ser sintetizados em duas questões primordiais: a suposta animosidade dos Brazão com integrantes do PSOL, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais”, diz a Polícia Federal.

A corporação aponta “verossimilhança” dos relatos de Lessa. Segundo o delator, a morte da vereadora “foi, possivelmente, uma reação ao estopim de um cenário político conturbado”: a atuação de Marielle na tramitação de um projeto de lei de autoria de Chiquinho Brazão, “de modo a ilidir frontalmente os interesses dos Brazão no tocante a políticas fundiárias, em especial, em áreas de milícia”. A proposta “flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização dos imóveis”, diz a PF. A bancada do PSOL foi contra o projeto, mas ele acabou aprovado. Depois, a lei foi derrubada pela Justiça.

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Segundo Lessa, a primeira menção à suposta motivação do assassinato de Marielle apareceu durante a primeira reunião com os irmãos Brazão, em setembro de 2017, “ocasião em que restou acertada a execução”. O delator mencionou reuniões que a vereadora teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na zona oeste Rio, para tratar de loteamentos de milícia. De acordo com Lessa, “os riscos decorrentes da atuação de Marielle Franco eram mais abrangentes e se estenderiam à problemática dos loteamentos ilegais de maneira geral”.

“Aqui impende destacar que esse cenário (de animosidade dos Irmãos Brazão em face dos políticos do PSOL) recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como sendo a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação do PLC n.º 174/2016, externada pelo assessor Arlei Assicena. No mesmo sentido, apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial de Domingos, com atividades criminosas, incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e ‘grilagem’ de terras, e, por fim, ficou delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia”, narrou a Polícia Federal na representação que culminou na Operação Murder Inc. neste domingo, 24.

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A ofensiva prendeu preventivamente o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos Brazão, e o advogado Alexandre Dumans, que representa o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, negam a participação deles no crime.

Tratativas clandestinas

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Os investigadores dizem que as conclusões do inquérito sobre a motivação do assassinato de Marielle se baseiam na busca por confirmar as declarações de Lessa, com “dados e evidências que pudessem comprovar a narrativa apresentada ou, ao menos, atestar sua plausibilidade”.

“Some-se a isso que as tratativas encetadas para a consecução do delito foram realizadas sob o manto da clandestinidade, mantidas durante breves encontros em local ermo, o que comprometeu demasiadamente a comprovação, por meios técnicos e diretos, do ajuste fatal e de sua respectiva motivação. Restando, portanto, apenas a aferição da aparente veracidade para valoração dos esclarecimentos ofertados por aquele que executou a vítima”, ressalvou a corporação.

Segundo a PF, apesar da “escassez de provas diretas”, em razão da “natureza clandestina das tratativas” entre Lessa e os Brazão, é possível inferir que as declarações do delator sobre o motivo da morte da vereadora “se mostram verossímeis diante dos dados e indícios ora apresentados”.

Seis anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal aponta as possíveis principais motivações dos homicídios: a “repugnância” dos irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão (União-RJ), deputado federal, em relação à atuação da parlamentar “em face dos seus interesses escusos” – ligados à milícia e à exploração de terras griladas.

Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes e delator, Marielle estava “atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias, onde se concentra relevante parcela da base eleitoral” da família Brazão. A vereadora teria pedido para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia.

Investigados como mandantes da morte de Marielle Foto: Polícia Federal

“Os elementos apresentados pelo discurso do colaborador podem ser sintetizados em duas questões primordiais: a suposta animosidade dos Brazão com integrantes do PSOL, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais”, diz a Polícia Federal.

A corporação aponta “verossimilhança” dos relatos de Lessa. Segundo o delator, a morte da vereadora “foi, possivelmente, uma reação ao estopim de um cenário político conturbado”: a atuação de Marielle na tramitação de um projeto de lei de autoria de Chiquinho Brazão, “de modo a ilidir frontalmente os interesses dos Brazão no tocante a políticas fundiárias, em especial, em áreas de milícia”. A proposta “flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização dos imóveis”, diz a PF. A bancada do PSOL foi contra o projeto, mas ele acabou aprovado. Depois, a lei foi derrubada pela Justiça.

Segundo Lessa, a primeira menção à suposta motivação do assassinato de Marielle apareceu durante a primeira reunião com os irmãos Brazão, em setembro de 2017, “ocasião em que restou acertada a execução”. O delator mencionou reuniões que a vereadora teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na zona oeste Rio, para tratar de loteamentos de milícia. De acordo com Lessa, “os riscos decorrentes da atuação de Marielle Franco eram mais abrangentes e se estenderiam à problemática dos loteamentos ilegais de maneira geral”.

“Aqui impende destacar que esse cenário (de animosidade dos Irmãos Brazão em face dos políticos do PSOL) recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como sendo a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação do PLC n.º 174/2016, externada pelo assessor Arlei Assicena. No mesmo sentido, apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial de Domingos, com atividades criminosas, incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e ‘grilagem’ de terras, e, por fim, ficou delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia”, narrou a Polícia Federal na representação que culminou na Operação Murder Inc. neste domingo, 24.

A ofensiva prendeu preventivamente o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos Brazão, e o advogado Alexandre Dumans, que representa o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, negam a participação deles no crime.

Tratativas clandestinas

Os investigadores dizem que as conclusões do inquérito sobre a motivação do assassinato de Marielle se baseiam na busca por confirmar as declarações de Lessa, com “dados e evidências que pudessem comprovar a narrativa apresentada ou, ao menos, atestar sua plausibilidade”.

“Some-se a isso que as tratativas encetadas para a consecução do delito foram realizadas sob o manto da clandestinidade, mantidas durante breves encontros em local ermo, o que comprometeu demasiadamente a comprovação, por meios técnicos e diretos, do ajuste fatal e de sua respectiva motivação. Restando, portanto, apenas a aferição da aparente veracidade para valoração dos esclarecimentos ofertados por aquele que executou a vítima”, ressalvou a corporação.

Segundo a PF, apesar da “escassez de provas diretas”, em razão da “natureza clandestina das tratativas” entre Lessa e os Brazão, é possível inferir que as declarações do delator sobre o motivo da morte da vereadora “se mostram verossímeis diante dos dados e indícios ora apresentados”.

Seis anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal aponta as possíveis principais motivações dos homicídios: a “repugnância” dos irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão (União-RJ), deputado federal, em relação à atuação da parlamentar “em face dos seus interesses escusos” – ligados à milícia e à exploração de terras griladas.

Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das mortes e delator, Marielle estava “atrapalhando os interesses dos irmãos, em especial, sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua maioria dominadas por milícias, onde se concentra relevante parcela da base eleitoral” da família Brazão. A vereadora teria pedido para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia.

Investigados como mandantes da morte de Marielle Foto: Polícia Federal

“Os elementos apresentados pelo discurso do colaborador podem ser sintetizados em duas questões primordiais: a suposta animosidade dos Brazão com integrantes do PSOL, apontada por conta de levantamentos de políticos da legenda que teriam sido solicitados no interesse dos Irmãos, e a atuação de Marielle Franco junto a moradores de comunidades dominadas por milícias, notadamente no tocante à exploração da terra e aos loteamentos ilegais”, diz a Polícia Federal.

A corporação aponta “verossimilhança” dos relatos de Lessa. Segundo o delator, a morte da vereadora “foi, possivelmente, uma reação ao estopim de um cenário político conturbado”: a atuação de Marielle na tramitação de um projeto de lei de autoria de Chiquinho Brazão, “de modo a ilidir frontalmente os interesses dos Brazão no tocante a políticas fundiárias, em especial, em áreas de milícia”. A proposta “flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização dos imóveis”, diz a PF. A bancada do PSOL foi contra o projeto, mas ele acabou aprovado. Depois, a lei foi derrubada pela Justiça.

Segundo Lessa, a primeira menção à suposta motivação do assassinato de Marielle apareceu durante a primeira reunião com os irmãos Brazão, em setembro de 2017, “ocasião em que restou acertada a execução”. O delator mencionou reuniões que a vereadora teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na zona oeste Rio, para tratar de loteamentos de milícia. De acordo com Lessa, “os riscos decorrentes da atuação de Marielle Franco eram mais abrangentes e se estenderiam à problemática dos loteamentos ilegais de maneira geral”.

“Aqui impende destacar que esse cenário (de animosidade dos Irmãos Brazão em face dos políticos do PSOL) recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador como sendo a origem do planejamento da execução ora investigada, ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação do PLC n.º 174/2016, externada pelo assessor Arlei Assicena. No mesmo sentido, apontam diversos indícios do envolvimento dos Brazão, em especial de Domingos, com atividades criminosas, incluindo-se nesse diapasão as relacionadas com milícias e ‘grilagem’ de terras, e, por fim, ficou delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia”, narrou a Polícia Federal na representação que culminou na Operação Murder Inc. neste domingo, 24.

A ofensiva prendeu preventivamente o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos Brazão, e o advogado Alexandre Dumans, que representa o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, negam a participação deles no crime.

Tratativas clandestinas

Os investigadores dizem que as conclusões do inquérito sobre a motivação do assassinato de Marielle se baseiam na busca por confirmar as declarações de Lessa, com “dados e evidências que pudessem comprovar a narrativa apresentada ou, ao menos, atestar sua plausibilidade”.

“Some-se a isso que as tratativas encetadas para a consecução do delito foram realizadas sob o manto da clandestinidade, mantidas durante breves encontros em local ermo, o que comprometeu demasiadamente a comprovação, por meios técnicos e diretos, do ajuste fatal e de sua respectiva motivação. Restando, portanto, apenas a aferição da aparente veracidade para valoração dos esclarecimentos ofertados por aquele que executou a vítima”, ressalvou a corporação.

Segundo a PF, apesar da “escassez de provas diretas”, em razão da “natureza clandestina das tratativas” entre Lessa e os Brazão, é possível inferir que as declarações do delator sobre o motivo da morte da vereadora “se mostram verossímeis diante dos dados e indícios ora apresentados”.

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