Último a falar antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspender o julgamento que pode deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet, reiterou o pedido de condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A sessão será retomada na próxima terça-feira, 27, com os votos dos ministros.
O discurso foi duro e atribuiu ao ex-presidente uma tentativa de “degradar ardilosamente” a democracia.
“Relançar aos cidadãos proposições que abalam a legitimidade do pelito eleitoral às vésperas da sua realização, que já haviam sido desmentidas, sem a exposição de novas bases que as fundamente, não é contribuir para o progresso das estruturas da democracia, mas é degradá-la ardilosamente”, criticou.
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Bolsonaro está sendo julgado por uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022. No encontro, sem apresentar provas, o então presidente atacou o sistema de votação brasileiro, as urnas eletrônicas e levantou suspeitas sobre o processo eleitoral. As falas foram transmitidas pela TV Brasil.
A leitura do Ministério Público Eleitoral é a de que o evento foi usado para promover a narrativa falsa, explorada na campanha bolsonarista, de fraude nas urnas. Gonet afirmou que a reunião foi “deformada” em uma “manobra eleitoreira” e ganhou repercussão nas redes sociais.
“A reunião aconteceu exclusivamente para que fossem ouvidas palavras de desconfiança e descrédito com relação ao sistema eleitoral com sugestões desmerecedoras a integrantes da Corte”, defendeu.
O vice-procurador-geral Eleitoral deixou claro que, em sua avaliação, o discurso do ex-presidente ultrapassou a liberdade de expressão e tentou “manipular” eleitores.
Gonet também associou as declarações de Bolsonaro que colocaram em dúvida a segurança do processo eleitoral bloqueios em rodovias, acampamentos em frente aos QGs do Exército e aos atos do dia 8 de janeiro.
“O chamado à desconfiança das eleições não rendeu a maioria dos votos mas provocou reações de desconfiança de parcela da população sobre a legitimidade das urnas, como jamais se viu desde constituição de 1988″, disparou.