O Ministério Público pediu nesta sexta-feira, 18, que o Tribunal de Contas da União (TCU) responsabilize o tenente-coronel Mauro Cid e todos os envolvidos nos esquemas de falsificação de dados de vacinação da covid-19 e de venda de joias e relógios da União.
A representação enviada ao TCU é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado. Ele pede uma investigação para verificar se Mauro Cid cumpria ordens ou se tinha autonomia para tomar decisões.
“Mauro Cid agia sozinho ou cumpria ordens? A resposta dessa pergunta poderá criar responsabilidade solidária”, escreveu. Isso quer dizer que, se ficar provado que o tenente-coronel agiu a mando de Bolsonaro, o ex-presidente também deve ser responsabilizado.
Leia também
Advogado nega que Bolsonaro tenha recebido dólares de Mauro Cid pela venda de joias e relógios
Bolsonaro contra-ataca e rebate Cid sobre venda de joias: ‘Ele tinha autonomia’; veja entrevista
Advogado de Mauro Cid recua e diz que auxiliar de Bolsonaro agiu para resolver ‘problema do Rolex’
Advogado indica que, na nova versão da defesa, Mauro Cid vai livrar pai e Bolsonaro e assumir culpa
O documento afirma ainda que “ninguém é obrigado cumprir ordens ilegais”. “Quando do recebimento de uma atividade, ao subalterno não compete discutir, em uma relação hierárquica”, afirma Furtado. “Porém, tal entendimento só faz sentido qual analisado sob o viés da legalidade! E não quando configurados atos ilícitos tipificados criminalmente.”
O subprocurador também pede que o TCU notifique o Ministério Público Federal para que órgão analise se há elementos para a abertura de uma investigação penal sobre Mauro Cid.
O tenente-coronel, que foi ajudante de ordens da Presidência da República no governo Jair Bolsonaro, está preso preventivamente desde maio. A prisão foi determinada na investigação sobre o esquema de fraudes em dados da vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde. O celular dele foi apreendido e, a partir das mensagens recuperadas pela Polícia Federal, ele também foi implicado na venda ilegal de presentes diplomáticos recebidos por Bolsonaro e que deveriam ter sido restituídos ao patrimônio da União.