Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, há evidências de 'complexa rotina de ocultação do paradeiro' de Queiroz, sendo a mesma articulada por uma pessoa 'com notório poder de mando', sob o codinome 'Anjo'. O apelido deu nome à operação que teve Queiroz como principal alvo. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi encontrado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP-SP no escritório do advogado que presta serviços ao parlamentar, Frederick Wassef.
A Promotoria chegou ao endereço onde o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi preso na manhã desta quinta, 18, a partir do rastreamento de fotografias encaminhadas pelo ex-PM a sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar, entre elas imagens em ele que aparece fazendo churrasco na casa em Atibaia. Algumas das fotos também foram enviadas pelo filho do casal.
Além Queiroz, Márcia também foi alvo de mandado de prisão expedido a mando do juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A operação mirou ainda o servidor da Assembleia Legislativa do Rio Matheus Azeredo Coutinho, os ex-funcionários da casa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins, além do advogado Luis Gustavo Botto Maia.
Documento
A decisão de NicolauNa decisão que deflagrou a ofensiva, Nicolau apontou que parte da rotina de ocultação do paradeiro de Queiroz 'envolvia restrições em sua movimentação e em suas comunicações, sendo monitorado por uma terceira pessoa, que se reportava a um superior hierárquico referido como 'Anjo''.
"Insta ressaltar que os diálogos entre Fabrício Queiroz e Márcia Oliveira no mês de novembro de 2019 não só confirmam que o casal estaria obedecendo às instruções de alguém sob o condinome 'Anjo', mas também que, ao perceber que o julgamento do STF sobre o uso de relatórios do COAF em investigações criminais não lhes seria favorável, 'Anjo' manifestou a intenção de esconder toda a família do operador financeiro Fabrício Queiroz em São Paulo", registra o documento.
A mulher de Queiroz 'inclusive manifestou o desejo de se esconder caso fosse 'a prisão decretada'', apontou a Promotoria. Alvo de mandado de prisão na ofensiva de hoje, ela é considerada foragida pelo Ministério Público do Rio.
Os investigadores também indicaram que o padrão de vida de Queiroz 'parecia estar acima de suas posses', considerando sua remuneração de suboficial reformado da Polícia Militar. Destacaram ainda que através de mensagens trocadas entre a mulher de Queiroz e a filha do casal durante uma das visitas à casa em Atibaia, 'foi possível verificar que há indícios que a família de Queiroz recebia dinheiro de terceiros para se manter.
"Documentos apreendidos na residência de Márcia Oliveira de Aguiar demonstram que ela recebeu pelo menos R$ 174 mil em espécie de origem desconhecida e pagou as despesas do Hospital Israelita Albert Einstein também com dinheiro em espécie"