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Opinião|Quem é a vítima da corrupção policial?


Mais tangível é o caso do policial que aceita dinheiro para deixar de cumprir a lei. O agente público, o policial, ganha a sua parte. O embriagado também ganha: ele vai para casa, pois dessa vez não matou ninguém no trânsito. Todos ficam felizes enquanto a sociedade sangra sem poder reclamar

Por André Norcia

Após mais de 30 anos de experiência na área criminal, em torno de 20 em carreiras policiais e 10 como magistrado, tive vontade de escrever. Sem pretensões, publiquei a obra “Delegado Rodrigo”, uma ficção sobre os bastidores da Polícia Civil e os meandros da segurança pública no Brasil. Fui surpreendido com o sucesso que ela teve dentro da polícia de São Paulo. Recebi e ainda recebo inúmeros elogios: delegados que não conheço me enviam mensagens – com pedido expresso para que eu as mantenha no anonimato – dizendo que se identificam com o livro, ao ponto de quase representar uma biografia de suas carreiras. E isso é algo para se refletir.

Ingressei nos quadros da Polícia Civil de São Paulo muito novo, aos 19 anos de idade, como escrivão. Faz muito tempo, em 1991. Jovem, inexperiente, imaturo e idealista, fui inundado por informações difíceis de serem digeridas, como, por exemplo, a corrupção.

Não demorou muito para que eu percebesse o maior problema da corrupção: a sua vítima. Ela não se defende, não se alimenta, nem respira. A vítima da corrupção não possui nome completo, nem documento de identidade. Não conseguimos cumprimentá-la, nem perguntar o quanto ela sofre com esse mal.

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A maior vítima da corrupção é a sociedade.

Sem esgotar o tema, explico: corrupção é sinônimo de desigualdade em todos os seus níveis. Quando, por exemplo, agentes públicos e privados desviam dinheiro, podemos dizer que uma minoria de pessoas se apropria da riqueza produzida por toda a sociedade. Todos nós, membros dessa sociedade, não percebemos o quão pernicioso é esse processo. Não nos damos conta que o pouco que cabe a cada um deveria servir para todos, para hospitais, para escolas etc.

Mais tangível é o caso do policial que aceita dinheiro para deixar de cumprir a lei. Aquele empresário que foi surpreendido por estar embriagado dirigindo veículo automotor, pagou propina para os policiais e foi liberado, conseguiu fazer parte de uma casta superior de pessoas que não precisam cumprir as regras impostas à maioria. O agente público, o policial, ganha a sua parte. O embriagado também ganha: ele vai para casa, pois dessa vez não matou ninguém no trânsito. Todos ficam felizes enquanto a sociedade sangra sem poder reclamar. É tudo muito difuso.

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Dois pesos, duas medidas. É uma violação explícita da igualdade prevista na constituição, em seu art. 5º; porém, como já descreveu o gênio George Orwell: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

Por isso o delegado Rodrigo nasceu. Um personagem que representa os incontáveis policiais honestos, estes que não concordam com o sistema corrupto perigoso, uma máquina que não mede esforços para fomentar a desigualdade ou, em outras palavras, para manter esse sistema de castas vigente em nosso país.

O plantão policial é um mini Brasil. Enquanto os menos favorecidos esperam por horas para registrar um boletim de ocorrência, os importantes são prontamente atendidos em salas separadas. Pode-se prender os pobres por qualquer motivo, mal são ouvidos, mas quando policiais trazem pessoas com alguma influência política, tudo muda: o delegado recebe as mais variadas ligações, com os mais variados “pedidos” e “avisos”.

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O delegado Rodrigo, protagonista do meu livro, não se rendeu ao sistema, e, sem dar spoiler, pagou caro por isso. Cada leitor que se identifica com ele alimenta a minha esperança por um país que pratique a igualdade além do simples texto normativo; um lugar onde a influência política não seja mais valiosa do que um direito individual.

É urgente colocar em debate as garantias desse cargo: a independência funcional, a inamovibilidade e outras prerrogativas que não atendem às pessoas que exercem as funções de delegado de polícia; mas, sim, a vítima que ninguém enxerga: a sociedade. Sigo otimista.

Após mais de 30 anos de experiência na área criminal, em torno de 20 em carreiras policiais e 10 como magistrado, tive vontade de escrever. Sem pretensões, publiquei a obra “Delegado Rodrigo”, uma ficção sobre os bastidores da Polícia Civil e os meandros da segurança pública no Brasil. Fui surpreendido com o sucesso que ela teve dentro da polícia de São Paulo. Recebi e ainda recebo inúmeros elogios: delegados que não conheço me enviam mensagens – com pedido expresso para que eu as mantenha no anonimato – dizendo que se identificam com o livro, ao ponto de quase representar uma biografia de suas carreiras. E isso é algo para se refletir.

Ingressei nos quadros da Polícia Civil de São Paulo muito novo, aos 19 anos de idade, como escrivão. Faz muito tempo, em 1991. Jovem, inexperiente, imaturo e idealista, fui inundado por informações difíceis de serem digeridas, como, por exemplo, a corrupção.

Não demorou muito para que eu percebesse o maior problema da corrupção: a sua vítima. Ela não se defende, não se alimenta, nem respira. A vítima da corrupção não possui nome completo, nem documento de identidade. Não conseguimos cumprimentá-la, nem perguntar o quanto ela sofre com esse mal.

A maior vítima da corrupção é a sociedade.

Sem esgotar o tema, explico: corrupção é sinônimo de desigualdade em todos os seus níveis. Quando, por exemplo, agentes públicos e privados desviam dinheiro, podemos dizer que uma minoria de pessoas se apropria da riqueza produzida por toda a sociedade. Todos nós, membros dessa sociedade, não percebemos o quão pernicioso é esse processo. Não nos damos conta que o pouco que cabe a cada um deveria servir para todos, para hospitais, para escolas etc.

Mais tangível é o caso do policial que aceita dinheiro para deixar de cumprir a lei. Aquele empresário que foi surpreendido por estar embriagado dirigindo veículo automotor, pagou propina para os policiais e foi liberado, conseguiu fazer parte de uma casta superior de pessoas que não precisam cumprir as regras impostas à maioria. O agente público, o policial, ganha a sua parte. O embriagado também ganha: ele vai para casa, pois dessa vez não matou ninguém no trânsito. Todos ficam felizes enquanto a sociedade sangra sem poder reclamar. É tudo muito difuso.

Dois pesos, duas medidas. É uma violação explícita da igualdade prevista na constituição, em seu art. 5º; porém, como já descreveu o gênio George Orwell: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

Por isso o delegado Rodrigo nasceu. Um personagem que representa os incontáveis policiais honestos, estes que não concordam com o sistema corrupto perigoso, uma máquina que não mede esforços para fomentar a desigualdade ou, em outras palavras, para manter esse sistema de castas vigente em nosso país.

O plantão policial é um mini Brasil. Enquanto os menos favorecidos esperam por horas para registrar um boletim de ocorrência, os importantes são prontamente atendidos em salas separadas. Pode-se prender os pobres por qualquer motivo, mal são ouvidos, mas quando policiais trazem pessoas com alguma influência política, tudo muda: o delegado recebe as mais variadas ligações, com os mais variados “pedidos” e “avisos”.

O delegado Rodrigo, protagonista do meu livro, não se rendeu ao sistema, e, sem dar spoiler, pagou caro por isso. Cada leitor que se identifica com ele alimenta a minha esperança por um país que pratique a igualdade além do simples texto normativo; um lugar onde a influência política não seja mais valiosa do que um direito individual.

É urgente colocar em debate as garantias desse cargo: a independência funcional, a inamovibilidade e outras prerrogativas que não atendem às pessoas que exercem as funções de delegado de polícia; mas, sim, a vítima que ninguém enxerga: a sociedade. Sigo otimista.

Após mais de 30 anos de experiência na área criminal, em torno de 20 em carreiras policiais e 10 como magistrado, tive vontade de escrever. Sem pretensões, publiquei a obra “Delegado Rodrigo”, uma ficção sobre os bastidores da Polícia Civil e os meandros da segurança pública no Brasil. Fui surpreendido com o sucesso que ela teve dentro da polícia de São Paulo. Recebi e ainda recebo inúmeros elogios: delegados que não conheço me enviam mensagens – com pedido expresso para que eu as mantenha no anonimato – dizendo que se identificam com o livro, ao ponto de quase representar uma biografia de suas carreiras. E isso é algo para se refletir.

Ingressei nos quadros da Polícia Civil de São Paulo muito novo, aos 19 anos de idade, como escrivão. Faz muito tempo, em 1991. Jovem, inexperiente, imaturo e idealista, fui inundado por informações difíceis de serem digeridas, como, por exemplo, a corrupção.

Não demorou muito para que eu percebesse o maior problema da corrupção: a sua vítima. Ela não se defende, não se alimenta, nem respira. A vítima da corrupção não possui nome completo, nem documento de identidade. Não conseguimos cumprimentá-la, nem perguntar o quanto ela sofre com esse mal.

A maior vítima da corrupção é a sociedade.

Sem esgotar o tema, explico: corrupção é sinônimo de desigualdade em todos os seus níveis. Quando, por exemplo, agentes públicos e privados desviam dinheiro, podemos dizer que uma minoria de pessoas se apropria da riqueza produzida por toda a sociedade. Todos nós, membros dessa sociedade, não percebemos o quão pernicioso é esse processo. Não nos damos conta que o pouco que cabe a cada um deveria servir para todos, para hospitais, para escolas etc.

Mais tangível é o caso do policial que aceita dinheiro para deixar de cumprir a lei. Aquele empresário que foi surpreendido por estar embriagado dirigindo veículo automotor, pagou propina para os policiais e foi liberado, conseguiu fazer parte de uma casta superior de pessoas que não precisam cumprir as regras impostas à maioria. O agente público, o policial, ganha a sua parte. O embriagado também ganha: ele vai para casa, pois dessa vez não matou ninguém no trânsito. Todos ficam felizes enquanto a sociedade sangra sem poder reclamar. É tudo muito difuso.

Dois pesos, duas medidas. É uma violação explícita da igualdade prevista na constituição, em seu art. 5º; porém, como já descreveu o gênio George Orwell: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

Por isso o delegado Rodrigo nasceu. Um personagem que representa os incontáveis policiais honestos, estes que não concordam com o sistema corrupto perigoso, uma máquina que não mede esforços para fomentar a desigualdade ou, em outras palavras, para manter esse sistema de castas vigente em nosso país.

O plantão policial é um mini Brasil. Enquanto os menos favorecidos esperam por horas para registrar um boletim de ocorrência, os importantes são prontamente atendidos em salas separadas. Pode-se prender os pobres por qualquer motivo, mal são ouvidos, mas quando policiais trazem pessoas com alguma influência política, tudo muda: o delegado recebe as mais variadas ligações, com os mais variados “pedidos” e “avisos”.

O delegado Rodrigo, protagonista do meu livro, não se rendeu ao sistema, e, sem dar spoiler, pagou caro por isso. Cada leitor que se identifica com ele alimenta a minha esperança por um país que pratique a igualdade além do simples texto normativo; um lugar onde a influência política não seja mais valiosa do que um direito individual.

É urgente colocar em debate as garantias desse cargo: a independência funcional, a inamovibilidade e outras prerrogativas que não atendem às pessoas que exercem as funções de delegado de polícia; mas, sim, a vítima que ninguém enxerga: a sociedade. Sigo otimista.

Após mais de 30 anos de experiência na área criminal, em torno de 20 em carreiras policiais e 10 como magistrado, tive vontade de escrever. Sem pretensões, publiquei a obra “Delegado Rodrigo”, uma ficção sobre os bastidores da Polícia Civil e os meandros da segurança pública no Brasil. Fui surpreendido com o sucesso que ela teve dentro da polícia de São Paulo. Recebi e ainda recebo inúmeros elogios: delegados que não conheço me enviam mensagens – com pedido expresso para que eu as mantenha no anonimato – dizendo que se identificam com o livro, ao ponto de quase representar uma biografia de suas carreiras. E isso é algo para se refletir.

Ingressei nos quadros da Polícia Civil de São Paulo muito novo, aos 19 anos de idade, como escrivão. Faz muito tempo, em 1991. Jovem, inexperiente, imaturo e idealista, fui inundado por informações difíceis de serem digeridas, como, por exemplo, a corrupção.

Não demorou muito para que eu percebesse o maior problema da corrupção: a sua vítima. Ela não se defende, não se alimenta, nem respira. A vítima da corrupção não possui nome completo, nem documento de identidade. Não conseguimos cumprimentá-la, nem perguntar o quanto ela sofre com esse mal.

A maior vítima da corrupção é a sociedade.

Sem esgotar o tema, explico: corrupção é sinônimo de desigualdade em todos os seus níveis. Quando, por exemplo, agentes públicos e privados desviam dinheiro, podemos dizer que uma minoria de pessoas se apropria da riqueza produzida por toda a sociedade. Todos nós, membros dessa sociedade, não percebemos o quão pernicioso é esse processo. Não nos damos conta que o pouco que cabe a cada um deveria servir para todos, para hospitais, para escolas etc.

Mais tangível é o caso do policial que aceita dinheiro para deixar de cumprir a lei. Aquele empresário que foi surpreendido por estar embriagado dirigindo veículo automotor, pagou propina para os policiais e foi liberado, conseguiu fazer parte de uma casta superior de pessoas que não precisam cumprir as regras impostas à maioria. O agente público, o policial, ganha a sua parte. O embriagado também ganha: ele vai para casa, pois dessa vez não matou ninguém no trânsito. Todos ficam felizes enquanto a sociedade sangra sem poder reclamar. É tudo muito difuso.

Dois pesos, duas medidas. É uma violação explícita da igualdade prevista na constituição, em seu art. 5º; porém, como já descreveu o gênio George Orwell: “todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros”.

Por isso o delegado Rodrigo nasceu. Um personagem que representa os incontáveis policiais honestos, estes que não concordam com o sistema corrupto perigoso, uma máquina que não mede esforços para fomentar a desigualdade ou, em outras palavras, para manter esse sistema de castas vigente em nosso país.

O plantão policial é um mini Brasil. Enquanto os menos favorecidos esperam por horas para registrar um boletim de ocorrência, os importantes são prontamente atendidos em salas separadas. Pode-se prender os pobres por qualquer motivo, mal são ouvidos, mas quando policiais trazem pessoas com alguma influência política, tudo muda: o delegado recebe as mais variadas ligações, com os mais variados “pedidos” e “avisos”.

O delegado Rodrigo, protagonista do meu livro, não se rendeu ao sistema, e, sem dar spoiler, pagou caro por isso. Cada leitor que se identifica com ele alimenta a minha esperança por um país que pratique a igualdade além do simples texto normativo; um lugar onde a influência política não seja mais valiosa do que um direito individual.

É urgente colocar em debate as garantias desse cargo: a independência funcional, a inamovibilidade e outras prerrogativas que não atendem às pessoas que exercem as funções de delegado de polícia; mas, sim, a vítima que ninguém enxerga: a sociedade. Sigo otimista.

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