Em uma abordagem que se alinhava ao seu pensamento de que o espaço vazio era uma oportunidade para clareza e criatividade — permitindo foco no essencial e evitando distrações —, Steve Jobs não possuía móveis na sala de sua casa. O que é, no mínimo, uma extensão de sua visão para os produtos da Apple: simples, refinados e sem excessos.
Sua empresa está se sentindo afastada de seus clientes? Seus funcionários endireitam a postura quando você entra na sala? Sua família tem pouco acesso direto a você? Examine a quantidade de camadas.
Temos, todos, dificuldade de abrir mão do que chamo, em meu livro ‘Desinvente’, de ‘status imaginários’: quanto mais inevitável uma mudança, maior nossa tentativa de resistir criando camadas supostamente protetoras; nas quais vamos acumulando etapas, níveis de aprovação, convicções e mesmo orgulho excessivo por aquilo que criamos. A ponto de sequer considerarmos a hipótese de que nossos “clássicos” também merecem — precisam — ser desmontados e remontados.
No livro “A mágica da arrumação”, Marie Kondo defende que, para organizarmos nossos ambientes, devemos, antes, tirar tudo do lugar: camisas, calças, calcinhas e cuecas, quadros das paredes, livros das estantes, porta-retratos (muito importante) — para poder, primeiro, enxergar tudo o que temos. E depois, permanecer somente com aquilo que nos traz alegria: a bagunça física frequentemente está ligada à bagunça mental.
O mesmo vale para nossas empresas.
O perfeccionismo e a filosofia de design influenciada pelo Zen Budismo de Steve Jobs o levaram a preferir o vazio em vez de comprometer-se com algo que considerava supérfluo.
Já reparou em como a transformação quase sempre acontece fora de uma indústria, e geralmente não são nossos concorrentes que reinventam nossos negócios? Antes de investir em novos projetos, a gente deveria trabalhar em nossos times a cultura da ‘mente de iniciante’, perguntando: alguém que desejasse ingressar, com sucesso, em meu mercado, faria dessa forma?