A lista de atividades que vem recebendo autorização para voltar a funcionar está aumentando a cada dia. Em algumas cidades brasileiras, desde o final de abril os negócios do segmento health & fitness já tiveram a liberação de seus governos para reabrirem, com os devidos cuidados. E o que essas experiências podem nos mostrar mesmo em meio à pandemia da Covid-19?
Pelo menos quando falamos desse setor, eu diria que é uma lição de otimismo. Está acontecendo uma retomada das atividades em 19 estados que iniciaram a reabertura dos seus estabelecimentos e na nossa base de dados, de mais de 3 mil clientes, constata um resultado muito positivo. Apesar das academias, estúdios e centros de treinamento terem perdido em média 64,7% dos seus alunos durante o isolamento social, após o retorno das atividades a recuperação de clientes foi superior, com uma média de 72%. Ou seja, houve grande recuperação em pouco tempo de operação. A reativação dos estabelecimentos fitness tem sido feito com clientes antigos e também com a conquista de novos.
O levantamento acima foi coletado entre 27 de abril e 19 de julho. Para chegar nesses dados foram monitorados os negócios fitness subdivididos em: academias (low cost, intermediário, premium e piscina), centros de treinamento (box de crossfit, artes marciais, espaços de treinamento funcional e crosstraining) e estúdios (pilates, yoga, pole dance e dança).
Sem dúvidas esses percentuais indicam um dado bastante positivo para o setor e uma tendência clara nacional, já que na maioria dos estados a porcentagem de recuperação de alunos é maior do que a perda deles. E aqui é importante ressaltar: claro que haverá desafios, mas é importante estar preparado, porque as pessoas estão dispostas a retornar para suas atividades físicas.
Devemos levar em consideração que o cenário é ainda muito instável. De uma forma geral, o comportamento de retorno dos alunos foi gradativo. Em abril a frequência média dos alunos dos centros de treinamento era de 14%, em maio passou a ser 23,6%, em junho chegou na casa do 30,9% e em julho já atingiu 32%. Nas academias o cenário é um pouco diferente, diante das oscilações, mas ainda muito positivo se comparar ao início do período analisado. Em abril a média de alunos era de 15%, em maio chegou a 20,4%, em junho chegou a 22,8% e em julho houve uma queda na média contabilizando 21,5%.
Os números demonstram que com o passar dos dias a confiança aumenta e as pessoas sentem-se mais seguras em sair de casa. Claro que isso depende totalmente das medidas de segurança que cada estabelecimento vai oferecer neste momento.
Portanto, os proprietários devem repensar seus modelos de negócio, tornando-o mais seguro. Mas, como? Os dados que levantamos trazem as dicas: pagamentos recorrentes, por exemplo, são um dos que tiveram menor perda nesse período. E isso faz total sentido, até porque se modernizar com um sistema adequado não é apenas uma facilidade para o presente, mas um benefício para o futuro do negócio. Da mesma forma, os agendamentos online das aulas e do uso dos espaços da academia devem ser um requisito importante no retorno às aulas. Neste momento as pessoas só irão sair de casa com a garantia de que estará seguro e com o limite máximo de pessoas permitido naquele horário.
Outro aspecto bastante relevante é a comunicação, seja ela a virtual para este momento de pandemia, ou a corpo a corpo, quando os negócios abrirem de fato. Clientes mais engajados com a sua marca têm maior chance de serem fiéis. O uso de aplicativo, redes sociais, site, blog, whatsapp, newsletter e todas as ferramentas digitais disponíveis mostrou-se muito eficaz. O engajamento deve acontecer em todas as esferas. E no que diz respeito à online, siga dando dicas, gravando vídeos, mostrando os cuidados que têm tomado enquanto empresário. O mesmo deve ser reforçado presencialmente. O que vale e tem se mostrado cada vez mais essencial é ser relevante na vida dessas pessoas em todas as plataformas. Agora e sempre!
*Antonio Maganhotte Junior, CEO da Tecnofit, sócio do EBANX e Honey Island Capital.