“Carnes”, “Picanha”, “chefe da oficina”, “mecânico”, “carro”, “nosso amigo”, “churrasco. Essas eram as senhas que, segundo a Polícia Federal, os investigados da Operação Churrascada usavam para negociar a venda de decisões judiciais por parte do desembargador Ivo de Almeida, alvo principal da ofensiva aberta nesta quinta-feira, 20, por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça.
A reportagem busca contato com os investigados e entrou em contato com o gabinete do magistrado. O espaço está aberto para manifestações.
As cifras eram usadas para despistar a Polícia Federal e foram encontradas nos celulares de dois investigados da Churrascada - um advogado supostamente envolvido no esquema e um dos possíveis interlocutores do desembargador. Nessa linha, a PF diz que os indícios são “corroborados por diferentes fontes de prova”.
Em um dos diálogos interceptados, dois investigados - um guarda civil metropolitano e um advogado - citam nominalmente Ivo de Almeida e dizem que ele “estaria na mão”. O advogado diz que o “ajuste ilícito poderia alcançar outros integrantes da Câmara Criminal”, narrou o ministro Og Fernandes em seu despacho.
Segundo os investigadores, “as inequívocas referências a Ivo se deram em diferentes oportunidades, no contexto de manipulação de decisões judiciais, inclusive com discussões sobre os valores a serem pagos ao desembargador por seu suposto papel no esquema investigado”
Com relação às senhas, a primeira ligação que o investigadores fizeram - a qual motivou o nome da etapa ostensiva da apuração - foi relativa à expressão churrasco. As datas anunciadas por um dos investigados, já falecido, coincidam com aquelas que Ivo de Almeida rã designado para presidir o plantão judiciário. “Serviriam como oportunidades para o ajuizamento de medidas judiciais, forçando a distribuição dos procedimentos para o referido julgador, com propósito de obter favorecimentos”, alegou a PF.
Nos diálogos há expressa referência ao desembargador Ivo de Almeida, diz a corporação. “O homem lá, o Ivo”, “do HC do Ivo lá”, “tem uma milha pelo voto do Ivo” e “o Ivo, se falar que faz, como é que devolve pro rapaz?” são algumas das frases destacadas pela Polícia Federal.