A Polícia Rodoviária Federal concedeu aposentadoria voluntária a Silvinei Vasques, recém exonerado da chefia da corporação, réu por improbidade administrativa e alvo de investigação por suposta prevaricação. Silvinei tem 47 anos e vai manter os 'proventos integrais', com paridade, recebendo ao menos R$ 16,5 mil (topo da tabela salarial da PRF) acrescidos de vantagens. Ele ingressou na PRF em 1995 e deixa a corporação aos 27 anos de carreira de policial rodoviário federal.
A informação consta de portaria publicada no Diário oficial da União nesta sexta-feira, 23. O documento, no entanto, foi assinado na quarta, 21, um dia depois de Silvinei ser exonerado. A portaria é assinada pelo diretor de gestão de pessoas da PRF, Marcos Alves Pereira. O Estadão apurou que o pedido de aposentadoria de Silvinei tramitou em menos de 48 horas.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Silvinei é acusado de improbidade administrativa e uso indevido do cargo para beneficiar a candidatura do chefe do Executivo nas eleições de outubro. No último dia 6,foi escolhido para uma cadeira na Comissão de Coordenação da Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro.
Na ação levada à Justiça fluminense, a Procuradoria da República no Rio imputa a Silvinei 'intenção clara' de promover 'verdadeira propaganda político-partidária e promoção pessoal de autoridade com fins eleitorais'. O documento lista entrevistas e discursos do chefe da PRF em eventos oficiais que, na avaliação do MPF, associaram a imagem de Silvinei à 'instituição' e ao presidente no período eleitoral.
Outro ponto destacado pelo Ministério Público é o fato de Silvinei ter pedido votos para Bolsonaro nas redes sociais na véspera do segundo turno. O órgão defende que o episódio não pode ser 'dissociado' do 'clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE'.
Além de ser alvo da ação de improbidade, Silvinei está na mira da Polícia Federal sob suspeita de prevaricação, violência política e omissão. A investigação é conduzida pela Superintendência da PF no Distrito Federal e se debruça sobre a conduta do chefe da PRF em meio à desmobilização de atos que bloquearam estradas federais após a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas. Além disso, analisa a atuação de Silvinei diante das abordagens da corporação no segundo turno no pleito sob o pretexto de transporte irregular de eleitores.
A investigação sobre o diretor-geral da PRF foi requisitada a pedido de membros da 2.ª e da 7.ª Câmaras da Procuradoria Geral da República (PGR), compostas por subprocuradores-gerais da República. Eles apontaram "má conduta" na gestão da corporação e possível desvio de finalidade visando "interferir no processo eleitoral".